Ganhar um milhão de dólares jogando Mario. Embora ninguém ainda tenha realizado a façanha, esse é um dos temas que já passaram pelo Seminário de Coisas Legais, evento que acontece periodicamente no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP em São Carlos. “É um encontro informal em que alunos e professores têm a oportunidade de contar coisas ‘legais’ em Matemática. A ideia é apresentar problemas atraentes, seja na formulação, seja na solução”, explica Leandro Aurichi, professor do Departamento de Matemática do ICMC e organizador dos encontros, que acontecem desde 2011.
As apresentações duram entre 10 e 40 minutos e começam sempre às 13:13 – segundo Leandro, por ser um horário fácil de lembrar, além de ser acessível a boa parte dos alunos. Normalmente são os próprios palestrantes, em geral alunos do Instituto, que sugerem os temas. Mas para quem está em busca de ideias, no início de cada ano há também um seminário organizado apenas para apresentar sugestões de temas legais. “Temos adotado a regra de que se você quer apresentar um, tem que assistir algum antes também. Isso facilita manter o clima informal e agradável que temos no seminário”, comenta Leandro.
O evento apresentado pelo estudante de mestrado Érik Amorim discutiu um artigo que prova que passar de fase no jogo Super Mario World, entre outros jogos semelhantes, é computacionalmente uma tarefa muito difícil, cuja solução poderia ser usada para resolver um dos sete problemas do milênio da matemática, propostos pelo Clay Mathematics Institute. Apenas um deles já foi resolvido – os demais, aguardam a solução com o prêmio de um milhão de dólares cada um.
Já o último seminário deste ano, apresentado no dia 8 de novembro pelo professor Alysson Costa, do ICMC, discutiu “O problema do prisioneiro viajante”: um carcereiro sádico propõe um jogo a oito prisioneiros que pode levá-los à liberdade ou à morte. São apresentadas oito caixas, cada uma correspondendo ao número de cada um dos prisioneiros. Eles podem abrir até quatro caixas para encontrar seu número. Se todos conseguirem encontrar sua caixa, garantem sua vida e liberdade. O seminário utiliza o conhecimento de otimização combinatória para calcular as chances de sobrevivência.
Matemática: chata ou legal? Para Leandro Aurichi, essa abordagem da matemática poderia estar mais presente tanto na formação acadêmica como na fase escolar. Segundo o organizador do Seminário de Coisas Legais, grande parte dos temas apresentados no evento é acessível a alunos do ensino médio e poderia ser trabalhada, estimulando o interesse pela área. “Acredito até que uma parte do motivo de termos um público tão grande no seminário é que as pessoas querem isso mas não encontram”.
O mestrando Érik Amorim apresenta seminário no ICMC |
Matemática: chata ou legal? Para Leandro Aurichi, essa abordagem da matemática poderia estar mais presente tanto na formação acadêmica como na fase escolar. Segundo o organizador do Seminário de Coisas Legais, grande parte dos temas apresentados no evento é acessível a alunos do ensino médio e poderia ser trabalhada, estimulando o interesse pela área. “Acredito até que uma parte do motivo de termos um público tão grande no seminário é que as pessoas querem isso mas não encontram”.
Este é, segundo o professor, um dos possíveis motivos da matemática ser considerada um assunto difícil. “Isso cria uma cultura (com certa razão) de que matemática é chata. Conclusão: você pega um GPS e fala ‘nossa, isso é uma coisa incrível que só é possível pelos avanços da engenharia e da física’. E nele tem muita matemática avançada – mas a maioria das pessoas, ao escutar que GPS tem matemática, vai pensar ‘claro, para fazer as contas’, que é a parte chata”, conta Aurichi.
Inicialmente, o público dos seminários era predominantemente formado por alunos do Bacharelado em Matemática e alguns alunos de pós. No segundo ano, começaram a participar também alunos do curso de Física que, inclusive, já se apresentaram como palestrantes. Leandro conta que, embora alguns seminários sejam mais “avançados”, a maior parte deles é acessível para quem tem conhecimentos básicos em cálculo.
Saindo do Instituto - Leandro Aurichi conta que alguns eventos já aconteceram fora do ICMC. O professor do Instituto Eduardo Tengan, que é o idealizador dos Seminários, por exemplo, já esteve na Unesp de Rio Claro apresentando temas legais. E embora ainda não tenham visitado escolas, o ICMC promove apresentações para alunos quando recebem visitas à universidade. Algumas atividades já foram desenvolvidas também com alunos de olimpíadas de matemática, na Feira de Profissões da USP e no Colóquio de Matemática da Região Sudeste, organizado pela Sociedade Brasileira de Matemática.
As palestras de 2013 no ICMC já encerraram, mas devem ser retomadas no meio do primeiro semestre de 2014 – segundo Leandro, para não coincidir com período de provas e outras atividades.
“Sempre tentamos fazer algo de novo. O que estamos tentando organizar agora é uma espécie de versão escrita do seminário e também estamos estudando transmitir o seminário ao vivo pelo IPTV da USP”, adianta o organizador dos Seminários de Coisas Legais.
Mais informações sobre as apresentações podem ser acessadas na página http://legal.icmc.usp.br/. O grupo também tem uma comunidade onde são postados os cartazes e vídeos das apresentações.
Texto: Aline Naoe - USP Online
Imagem: Alysson Costa
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