segunda-feira, 31 de julho de 2017

ICMC oferece vagas em oficina de origami para professores de ensino básico

Atividade gratuita faz parte da programação do Simpósio de Matemática para a Graduação 


Professores da rede pública poderão participar gratuitamente de uma oficina de origami que será realizada na USP em São Carlos. A atividade será promovida pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) no dia 23 de agosto, das 14h às 17h, e está inserida na programação do 20º Simpósio de Matemática para a Graduação (SiM). O objetivo do evento é disseminar e despertar o interesse pela matemática.

Há 20 vagas disponíveis para o público geral, sendo que a prioridade na inscrição é para professores da rede pública de ensino. A atividade será ministrada pelo professor Lee Yun Sheng, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.

Para se inscrever, é preciso preencher o formulário online disponível em icmc.usp.br/e/ccc74 até o dia 11 de agosto ou enquanto houver vagas. Os participantes precisam trazer lápis, borracha, apontador, régua e tesoura sem ponta.

Texto: Alexandre Wolf / Foto: Denise Casatti (Assessoria de Comunicação do ICMC)

Mais informações
Formulário de inscrição: icmc.usp.br/e/ccc74
Comissão de Cultura e Extensão: (16) 3373.9146
E-mail: ccex@icmc.usp.br

Inscrições abertas para a Semana de Computação do ICMC

Evento será realizado de 11 a 18 de agosto

Minicurso oferecido durante a 19ª Semcomp.
Estão abertas as inscrições para a 20ª Semana de Computação (Semcomp) do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. O evento, que tem como objetivo complementar a formação profissional e acadêmica dos participantes, será realizado de 11 a 18 de agosto, e contará com uma programação bastante diversificada: palestras, minicursos, atividades culturais e feira de recrutamento.

Qualquer pessoa interessada em computação pode participar da Semcomp. A inscrição é gratuita e deve ser feita no site do evento até o dia 10 de agosto. Quem deseja participar dos minicursos precisa pagar uma taxa de R$ 35, que dá direito a fazer dois deles. O participante também pode adquirir o plano que dá acesso a todos os coffee-breaks do evento, por R$ 60.

Programação ampla - A 20ª Semcomp contará, ao todo, com 12 palestras, 22 minicursos e oito atividades culturais. O evento terá início na sexta-feira com a tradicional Game Jam, onde os participantes deverão se reunir em equipes para desenvolver um jogo em apenas 48 horas. Um dos destaques é a feira de recrutamento, que aproxima os estudantes de empresas da área, além do Acadêmica, que pretende despertar o interesse pela iniciação científica e pós-graduação nos alunos.

A Semcomp também contará com atividades culturais, que promovem a integração entre os participantes, como a Gamenight, uma madrugada inteira com jogos de diversos consoles, sarau, feira do livro e luau. Neste ano, haverá ainda o Semcomp Legacy, um desafio que vai levar os participantes em uma viagem pelas 19 edições anteriores do evento. Veja a programação completa clicando aqui.

Realização - A Semcomp é promovida anualmente por alunos do ICMC em parceria com os grupos PET Computação e Fellowship of the Game (FoG). O evento é uma atividade obrigatória para os alunos dos cursos de Ciências de Computação e Sistemas de Informação do ICMC, cujas aulas ficam suspensas durante sua realização. Os estudantes devem participar de pelo menos 70% das atividades gratuitas para obterem presença nas disciplinas.


Texto: Alexandre Wolf - Assessoria de Comunicação do ICMC

Mais informações
Site do evento - semcomp.icmc.usp.br/20/
Seção de Eventos do ICMC: (16) 3373-9622

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Trajetória de professor do ICMC é reconhecida pela Sociedade Brasileira de Computação

José Carlos Maldonado recebeu o prêmio de mérito científico da instituição

Maldonado: “Ainda há muito a se fazer no país” (foto: Reinaldo Mizutani)

De aluno de graduação a diretor, ele sempre teve sua história ligada ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. Foi durante essa trajetória que José Carlos Maldonado desenvolveu grande parte de sua produção científica, reconhecida pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC).

No último dia 2 de julho, Maldonado recebeu o prêmio de Mérito Científico durante a abertura do congresso anual da SBC, realizado em São Paulo. A premiação é concedida uma vez por ano, a partir de indicações da comunidade avaliadas por uma comissão, aos membros da Sociedade que produziram contribuições científicas ou técnicas em computação.

O início dessa jornada deu-se em 1974, quando ele ingressou como aluno na USP, no curso de engenharia elétrica da Escola de Engenharia de São Carlos. Mas não demorou muito para que ele entrasse no mundo da computação. Junto com a engenharia, fez ênfase em computação eletrônica no ICMC, conquistando o diploma em 1978.

O caminho depois da graduação foi importante para definir o futuro da carreira do professor. Em 1979, conquistou uma vaga no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), onde foi assistente de pesquisa e, em 1982, concluiu seu mestrado. O projeto, intitulado Plataformas Experimentais de Rastreio Orientadas a Balões Estratosféricos, tratava sobre a implementação de um sistema de telemetria e telecomando em tempo real. "Era o início de uma relação duradoura com a área de teste de software", salienta. No ano seguinte, ainda como funcionário do INPE, Maldonado foi para o Canadá trabalhar com desenvolvimento de software para satélites, na SPAR Aerospace.

Retorno ao ICMC - Em 1984, Maldonado mudou-se para São Carlos por motivos familiares e tornou-se docente do ICMC. Iniciou seu doutorado na Unicamp e, durante o período, fez um estágio na Technical University of Denmark. “A política interna do ICMC sempre incentivou que os docentes fizessem doutorado, preferencialmente no exterior”. A linha de pesquisa de seu doutorado teve ligação com o período em que esteve no INPE. “O pensamento que norteou o trabalho tem a ver com enxergar softwares como produtos. Nós passamos a desenvolver teste de forma sistemática e rigorosa, baseado em critérios e ferramentas, produzindo evidências da qualidade do produto de software”.

Maldonado durante sua posse como diretor do ICMC, em 2010 (foto: Fukuhara)

Nessa mesma época, começaram a ser intensificados os eventos científicos nas mais diversas áreas da computação, também promovidos pela SBC. A participação de Maldonado nesses eventos foi importante para sua entrada nas primeiras redes de colaboração, que são projetos financiados por agências de fomento envolvendo a solução de problemas complexos, e por isso demandam a formação de equipes bem estruturadas. “Hoje, as redes de colaboração envolvendo a academia e a indústria são fundamentais para o desenvolvimento da ciência”, afirma.

A primeira rede de que Maldonado participou foi a do projeto Teste e Validação de Sistemas de Operação, patrocinado pela ONU, que visava estabelecer uma estratégia de teste e validação de software para o departamento responsável pelo desenvolvimento dos sistemas de operação para as empresas do sistema Telebrás. Em seguida, coordenou no Brasil o projeto Plataforma para Validação e Integração de Software em Sistemas Espaciais, que contou com pesquisadores brasileiros e franceses.

Durante uma edição do Simpósio Brasileiro de Engenharia de Software, no Rio de Janeiro, Maldonado estabeleceu um contato que o levou a fazer pós-doutorado na Purdue University, nos Estados Unidos. A partir dessa experiência, integrou como coordenador brasileiro o projeto Software Quality Across Different Regions, que envolvia pesquisadores da Venezuela, Chile, Brasil, Itália, Dinamarca e Inglaterra. Retornando ao Brasil, contribuiu com a edição do livro Qualidade de Software: Teoria e Prática, a partir da rede de colaboração existente em torno do Simpósio Brasileiro de Engenharia de Software, com envolvimento de pesquisadores da indústria.

Ampliando a rede - O QualiPSo (Quality Platform for Open Source Software) também foi coordenado no Brasil por Maldonado, e influenciou na criação do Centro de Competência em Software Livre da USP (CCSL-USP) e do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Software Livre (NAPSoL). “Tivemos resultados fantásticos na perspectiva de open source. Nós criamos um curso de teste de software que foi dado para a indústria e a academia, totalmente baseado em software livre. Nós já tivemos mais de 20 mil acessos nesse material”, afirma. A edição de um livro sobre essa experiência está em curso. Maldonado também coordenou, pelo lado brasileiro, o projeto READERS, uma parceria internacional que propiciou a criação da área de Engenharia de Software Experimental na América do Sul.

Maldonado e alguns dos pesquisadores da área de engenharia de software
que passaram pelo ICMC (foto: Reinaldo Mizutani)

Recentemente, coordenou o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sistemas Embarcados Críticos (INCT-SEC), rede que envolvia mais de 350 pesquisadores de 9 universidades, além de diversas indústrias. Essa iniciativa teve como objetivo encontrar soluções com veículos autônomos para aplicações estratégicas como agricultura, meio ambiente e defesa. 

Em um viés mais acadêmico, o pesquisador também coordenou um Projeto de Cooperação Acadêmica (Procad), da CAPES, envolvendo a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e a PUC-RS, que visava promover a integração e capacitar recursos humanos de alto nível em engenharia de software. Atualmente, coordena outro Procad, envolvendo a UEM e a Universidade Federal de Alagoas, com o mesmo objetivo, além de abordar Recursos Educacionais Abertos.

Para Maldonado, as redes de colaboração sempre propiciaram motivação em um contexto muito rico, com tópicos inovadores e grandes desafios. “Em todos esses projetos, a amizade permeava as relações. Eles dão oportunidade de se inserir em mais redes e elas levam à formação pessoal. Por exemplo, em várias delas, meus alunos faziam contatos com grandes pesquisadores do Brasil e do exterior, e iam fazer pós-doutorado ou trabalhar em centros de pesquisa avançada”, diz. Ele chegou a formar mais de 50 alunos, entre mestres e doutores, com envolvimento em redes de colaboração. Maldonado, que é pesquisador 1A do CNPq, publicou mais de 300 artigos em periódicos e eventos científicos e produziu diversos livros e capítulos de livros, um deles contemplado com o prêmio Jabuti em 2008.

SBC e agências de fomento - Maldonado começou a se envolver com a SBC participando de eventos e apresentando trabalhos, mas não demorou para passar a organizá-los. Em 1997, recebeu um convite para fazer parte atuar diretor de educação. Nessa função, contribuiu para a consolidação dos currículos de referência em computação. Também atuou como vice-presidente de 2003 a 2007 e, de 2007 a 2011, foi presidente da instituição. Este ano, foi eleito para o conselho da Sociedade, cargo que ocupará até 2021.


Além disso, Maldonado foi coordenador de área em agências de fomento, como CAPES, CNPq e FAPESP. “São nesses lugares onde se formulam políticas de avaliação dos cursos e de fomento à ciência”, afirma. Sua atuação o levou a receber o título de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico em 2008.

Atualmente, como professor sênior do ICMC, Maldonado afirma que é uma honra ganhar o prêmio de Mérito Científico da SBC: “Receber esse prêmio me leva, primeiro, a um sentimento de agradecimento a todos os colaboradores, amigos e pesquisadores que trilharam comigo os diversos caminhos, e às agências de fomento nacionais e internacionais. Também causa uma retrospectiva. Ele me faz olhar para o passado, e é muito gratificante relembrar de tudo que passei. E me leva a outro sentimento, de que não posso parar e que ainda há muito a se fazer no país”.

Texto: Alexandre Wolf - Assessoria de Comunicação do ICMC


Mais informações
Assessoria de Comunicação: (16) 3373.9666

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Veja como foi o International Meeting in Commutative Algebra and its Related Areas



Pesquisadores de diversos países se reuniram na USP em São Carlos durante o International Meeting in Commutative Algebra and its Related Areas (IMCARA). O evento foi realizado pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) no período de 17 a 21 de julho, e homenageou o professor Aron Simis.

Confira a íntegra de algumas apresentações no Youtube.

Veja as fotos no Flickr e no Facebook!


Mais informações
Seção de Eventos do ICMC: (16) 3373.9622
E-mail: eventos@icmc.usp.br


terça-feira, 25 de julho de 2017

Matemática aplicada e estatística: veja quais aulas você pode assistir neste semestre

Departamento de Matemática Aplicada e Estatística do ICMC promove a iniciativa Aulas Abertas, que permite a qualquer interessado participar de aulas da graduação e da pós-graduação



Você tem curiosidade em descobrir como é uma aula dentro da USP em São Carlos? O Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) tornou isso possível por meio do programa Aulas Abertas. A iniciativa do Departamento de Matemática Aplicada e Estatística (SME) permite que qualquer cidadão assista a algumas aulas ministradas por professores do ICMC aos estudantes de graduação e de pós-graduação. 

Podem participar da iniciativa estudantes do ensino médio, vestibulandos, alunos de outras universidades, docentes, pesquisadores, profissionais e toda a comunidade da região. As aulas tem duração de 50 minutos e contemplam diversos temas na área de ciências exatas. 

A participação é gratuita e não requer inscrição prévia. A relação de aulas abertas no segundo semestre de 2017 pode ser consultada neste link: www.icmc.usp.br/e/f3170. Como o programa é contínuo, novas aulas podem ser disponibilizadas e a agenda pode sofrer alterações. Para participar, basta comparecer nos locais, dias e horários indicados. 

Sobre o Aulas Abertas - O objetivo do programa é promover a aproximação do ICMC com a comunidade, possibilitando que os participantes sintam na pele como é a vida acadêmica na USP e como são as aulas de um curso regular, além de promover a interação com os alunos matriculados nesses cursos.

Segundo o professor Gustavo Buscaglia, chefe do SME, o conteúdo das aulas é adaptado para facilitar a interação dos participantes com os professores e estudantes. "Os professores farão uma descrição geral das disciplinas e das técnicas a serem aprendidas, ressaltando a importância dessas disciplinas no curso e na vida profissional", declarou o docente. 


Mais informações
Lista das disciplinas do Programa Aulas Abertas: www.icmc.usp.br/e/f3170
Departamento de Matemática Aplicada e Estatística do ICMC: (16) 3373-8121
E-mail: sme@icmc.usp.br


A matemática está em tudo: comece olhando para sua xícara de café

Se pudéssemos enxergar o mundo como os matemáticos fazem, veríamos que as equações diferenciais estão tão presentes no nosso dia a dia quanto o tique-taque dos relógios

Vindos de várias partes do mundo, pesquisadores da área de equações diferenciais reúnem-se anualmente no ICMC,
durante o tradicional Summer Meeting on Differential Equations (foto: Reinaldo Mizutani)

O café da manhã dos matemáticos pode ser bem mais complexo do que para os demais habitantes do planeta. Quando os matemáticos enchem suas xícaras de café e pegam o açúcar, eles reconhecem a mágica que acontece durante o tempo em que a colher gira para misturar aquelas substâncias. Mas que beleza oculta os matemáticos veem na transformação do líquido amargo em doce? 

Em primeiro lugar, eles sabem o quanto o caos é importante nesse processo e balançam a colher de forma desordenada. Se a mexessem em círculos, com movimentos periódicos, o açúcar se acumularia nas beiradas da xícara, onde o líquido se movimenta mais devagar. “O caos é usado em muitas aplicações práticas para fazer misturas de maneira a homogeneizar as substâncias”, conta o professor aposentado Hildebrando Rodrigues, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.

Ele explica que, ao promover o caos com a colher, possibilitamos que as partículas de açúcar se afastem rapidamente umas das outras e se mesclem com o líquido. “Essa é uma característica muito importante do caos: fazer o que está próximo se distanciar rapidamente”, revela o professor. Para analisar o fenômeno matematicamente, precisamos transformar o café e o açúcar em coordenadas: imagine, então, que o café se torna um “x” e o açúcar um “y”. A compreensão dessa mistura de “x” e “y” só acontece se levarmos em conta os movimentos que acontecem com eles ao longo do tempo em que a colher promove o deslocamento dessas duas coordenadas. 

Bem-vindo ao sistema dinâmico da xícara de café! Observe o açúcar se misturando. Trata-se de um fenômeno em que há uma variação e você já consegue imaginar que esse microssistema funciona de forma similar a muitos outros. Olhe agora para o céu e veja os corpos celestes descrevendo suas órbitas: eles também se movem ao longo do tempo. E tudo que apresenta variação pode ser traduzido matematicamente por uma equação diferencial.

“No embrião do estudo das equações diferenciais está a obra de Galileu Galilei ao pesquisar o movimento dos astros”, conta Plácido Táboas, outro professor aposentado do ICMC. Ele lembra que no tempo de Galileu ainda não existia o termo “equações diferenciais” nem “cálculo diferencial”, mas faz uma ressalva: “você tem que olhar a obra do homem no seu tempo. E no tempo dele, Galileu foi genial”. 

Plácido: "Você tem que olhar a obra do homem no seu tempo" (foto: Denise Casatti)

Precursor da física experimental e teórica, Galileu deu os primeiros passos rumo à compreensão dos sistemas dinâmicos ao pesquisar a trajetória dos planetas. De lá para cá, muita coisa mudou. Hoje, a maioria dos modelos matemáticos utilizados na física, na engenharia, na química, na biologia e nos mercados financeiros envolve equações diferenciais. Elas são a base da dinâmica de Isaac Newton e estão presentes nas equações de Albert Einstein que descrevem a força da gravidade. Elas permeiam nosso cotidiano e são aplicadas a problemas tão diversos e fascinantes que vão muito além da mistura de café e açúcar. Foram as equações diferenciais que ajudaram a descobrir por que algumas pontes caem, quais obras de arte são falsas, a diagnosticar doenças, a acompanhar a evolução de um tumor cancerígeno e o crescimento de populações. 

Ao vislumbrar essas diferentes aplicações, você verá que não é preciso fazer contas nem resolver equações para entender que a matemática está presente em tudo. É claro que talvez poucos sejamos capazes de resolver equações diferenciais, mas com certeza todos podemos reconhecer sua importância ao compreender para que elas servem. Basta pensar em tudo o que existe na vida que varia com o tempo e você começará a enxergar equações diferenciais por toda a parte.

A imagem acima é um exemplo de uma equação diferencial.
Nesse caso específico, temos a chamada equação da superfície mínima,
que é a forma codificada que os matemáticos encontraram para
entender o comportamento surpreendente das películas de sabão.

Uma ponte que cai – A terceira maior ponte pênsil do mundo foi inaugurada em 1940 no estreito de Tacoma, em Washington, nos Estados Unidos. Logo, virou atração: as pessoas vinham de centenas de quilômetros em seus carros apreciar a curiosa emoção de dirigir sobre uma ponte que oscilava e havia ganhado o apelido de “galopante”. Poucos imaginavam que, quatro meses depois, o galope seria incontrolável a ponto de fazer a ponte de Tacoma Narrows despencar.

No livro “Equações diferenciais e suas aplicações”, o matemático Martin Braun conta os detalhes da tragédia, relatando que a única vida perdida na catástrofe foi a do cachorro de estimação de um repórter pouco cauteloso. Ele precisou abandonar o carro às pressas antes que a ponte desabasse e abandonou o animal. “A partir de aproximadamente 7 horas da manhã de 7 de novembro de 1940, a ponte começou a ondular persistentemente por três horas”, relata Braun. A ponte só se despedaçou por completo às 11h10 daquela manhã. Mas o que essa queda tem a ver com as equações diferenciais?

“Imagine uma criança no balanço. Digamos que ela é pesada e, aos poucos, você a empurra e a faz se movimentar. Se você empurra na hora certa, ela vai embalando. Isso é ressonância: a força que você está fazendo ao empurrá-la entra em sintonia com a oscilação que já estava acontecendo e, então, ela vai oscilando com uma amplitude cada vez maior. E você faz isso com pouco esforço”, revela o professor Plácido. Foi esse fenômeno da ressonância que aconteceu na ponte de Takoma: a frequência de vibração natural da ponte foi amplificada pelo vento que havia no local. “Quanto perigo este tipo de movimento apresenta depende de como a frequência natural da estrutura (lembremos que as pontes são feitas de aço, um material altamente elástico) está próxima da frequência da forma que empurra. Se as duas frequências são as mesmas, ocorre ressonância, e as oscilações se tornarão destruidoras se o sistema não tiver uma suficiente quantidade de amortecimento”, escreve Braun. O gráfico a seguir ilustra o fenômeno da ressonância, que também pode ser traduzido por meio de uma equação diferencial.



No livro, Braun relata que o mesmo fenômeno foi responsável pela queda da ponte suspensa de Broughton, perto de Manchester, na Inglaterra, em 1831. Mas em vez do vento, o responsável pelo desastre foram os soldados. Ao marcharem de forma cadenciada sobre a ponte, eles produziram uma força periódica de amplitude bastante grande, tal como o vento fez com a ponte de Takoma. A frequência da força dos soldados foi igual à frequência natural da ponte e as oscilações foram aumentando até que a ponte ruiu: “É por essa razão que se ordena aos soldados para quebrarem a cadência quando atravessam uma ponte”.

Quando fala o coração – A marcha dos soldados pode ser comparada ao ritmo do nosso coração. Mas se a cadência desse órgão vital for quebrada, teremos um sério problema: arritmias cardíacas. Em um artigo publicado pelo professor Hildebrando em parceria com a professora Isabel Laboriau, da Universidade do Porto, em Portugal, eles usaram as equações diferenciais para modelar a atividade elétrica em sistemas biológicos. A grande contribuição da matemática para essa área é atuar na busca pela sincronização desses sistemas quando eles entram em caos. Porque se o caos é muito bem-vindo na xícara de café, ele é um desastre quando interfere em batimentos cardíacos, impulsos nervosos, fibras musculares e células pancreáticas.

“As células do coração têm que pulsar de forma sincronizada tal como as linhas de transmissão de energia. Se acontecer uma falha em uma linha por causa de um raio, por exemplo, todo o sistema pode cair. E o caos pode se propagar caso aquela linha com problema não seja desligada”, explica Hildebrando. “No Brasil, temos mais de 600 hidrelétricas e cada uma tem seu próprio modelo matemático. Elas são interligadas pelas linhas de transmissão e todas têm que trabalhar sincronizadamente”, acrescenta o professor.

Hildebrando ressalta ainda que, a partir de um trabalho de colaboração com pesquisadores da área de engenharia elétrica, foram aprimorados os modelos empregados nessa área no Brasil. “Posso afirmar que os resultados mais bem-sucedidos para encontrar a estabilidade nesses sistemas de potência são do nosso grupo de pesquisa e podem ser utilizados em outras áreas do conhecimento”. O professor é um dos principais expoentes da área de equações diferenciais no Brasil. Ele contribuiu para o desenvolvimento e a consolidação desse campo de pesquisa no país. Em 2013, ao completar 70 anos, ele foi homenageado durante o Summer Meeting on Differential Equations, um dos mais importantes eventos do mundo na área de equações diferenciais. Realizado anualmente pelo ICMC desde 1996, o evento é promovido pelo grupo de Sistemas Dinâmicos Não Lineares do ICMC e conta com o apoio das principais agências de fomento à pesquisa do país.

Hildebrando foi homenageado em 2013, durante o
Summer Meeting on Diffrential Equations (foto: divulgação)
“Em muitos casos, nós estudamos as equações diferenciais como objetos matemáticos. A razão é que nós nunca sabemos quando vamos precisar delas. Mas é necessário ter essa caixa de ferramentas, que é uma completa compreensão da teoria, exatamente por não sabermos quando vamos necessitar dela em uma aplicação”, destaca o professor John Mallet-Paret, da Brown University, nos Estados Unidos. Enquanto toma um café em um dos intervalos da última edição do Summer Meeting on Differential Equations, realizado de 6 a 8 de fevereiro no ICMC, John dá inúmeros exemplos das aplicações das equações diferenciais: na física, são elas que ajudam a compreender o comportamentos dos fluidos e possibilitam, por exemplo, construir um avião mais eficiente ou fazer previsões do tempo; na biologia, é essa ferramenta que se usa para entender como as bactérias e os vírus se propagam, assim como para verificar se novas terapias são, de fato, melhores do que as antes empregadas. 

Por isso, são muitos os desafios que instigam os pesquisadores dessa área. “Um dos campos de maior interesse está relacionado à interação entre sistemas determinísticos e sistemas randômicos. Tradicionalmente, na área de equações diferencias, nós tentamos prever exatamente o que vai acontecer no futuro (sistema determinístico). Mas, no mundo real, as coisas não são assim, pois sempre há alterações imprevisíveis (sistema randômico). Entender como essas mudanças interferem nos resultados das equações diferenciais é um grande desafio atualmente”, ressalta John. 

Uma das transformações que vem gerando impacto na área está ligada ao desenvolvimento tecnológico. “Ser capaz de resolver equações diferenciais no computador de forma acurada não era possível 20 anos atrás”, diz John. Para ele, com o aumento da capacidade dos computadores, abre-se um vasto leque para o desenvolvimento de novas aplicações de alta relevância empregando as equações diferenciais. 

Para aqueles que pensavam que tudo já estava resolvido quando o papo era matemática, vale dizer que, por estar presente em tudo, a matemática é tão infinita quanto a capacidade humana de criar. Como escreve o matemático Edward Frenkel no livro Amor e matemática: o coração da realidade escondida: “Eis como é em matemática: cada novo resultado remove o véu que cobre o desconhecido, mas o que então se torna conhecido não contém simplesmente respostas – inclui perguntas que não sabíamos formular, direções que não sabíamos que podíamos explorar. E, assim, cada descoberta nos inspira a dar novos passos e nunca nos deixa satisfeitos em nossa busca por conhecimento”.

Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP


Mais informações
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Impressão 3D: aprenda noções básicas em curso na USP em São Carlos

Aulas acontecerão durante as manhã de sábado, em agosto, e são abertas à comunidade


Estão abertas as inscrições para o curso de impressão 3D oferecido pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. O curso é aberto para toda a comunidade e possui 30 vagas.

A área de impressão 3D tem crescido significativamente nos últimos anos e suas aplicações abrangem diversos campos, tanto na academia quanto na indústria. Por isso, o objetivo do curso é difundir o conhecimento a respeito do funcionamento e utilização de impressoras 3D. Os participantes aprenderão noções básicas de funcionamento de uma impressora 3D, conhecerão as ferramentas necessárias para esse tipo de impressão e participarão de atividades práticas para produção de peças. Confira o programa completo neste link: icmc.usp.br/e/17da6.

Coordenado pela professora Roseli Romero, do ICMC, o curso será ministrado por Raphael Montanari, técnico do Centro de Robótica da USP, e por Amador de Souza Neto, aluno de graduação do Instituto. Para participar, é preciso pagar uma taxa de R$ 25,00 e preencher o formulário online, até dia 3 de agosto ou enquanto houver vagas. A confirmação da inscrição e o boleto para pagamento serão enviados para os e-mails dos inscritos.


Mais informações

Formulário de inscrição: icmc.usp.br/e/9ae2b
Programa do curso: icmc.usp.br/e/17da6
Comissão de Cultura e Extensão: (16) 3373.9146
E-mail: ccex@icmc.usp.br

Idosos podem se inscrever em disciplinas do ICMC

Programa Universidade Aberta à Terceira Idade é realizado em toda a USP e oferece mais de 4,6 mil vagas
Foto: Henrique Fontes
Quem tem mais de 60 anos e quer voltar à sala de aula, pode se inscrever em uma das disciplinas que serão oferecidas gratuitamente neste semestre pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. A iniciativa faz parte do programa Universidade Aberta à Terceira Idade, que contempla diversas oportunidades em disciplinas de graduação da USP e atividades complementares, como cursos, palestras, excursões, práticas esportivas e didático-culturais.

No ICMC, são oferecidas vagas em 21 disciplinas acadêmicas que fazem parte dos cursos de graduação. Por isso, recomenda-se a participação para aqueles que desejam aprofundar os conhecimentos nas áreas de matemática, estatística e computação, além de trocar informações e experiências com os jovens. Essas disciplinas terão início no dia 1º de agosto, com término em 15 de dezembro.

Os pré-requisitos para participar de uma das disciplinas são ter, pelo menos, 60 anos e ensino médio completo. As inscrições devem ser feitas presencialmente até o dia 4 de agosto.

Todas as informações sobre as atividades podem ser obtidas no catálogo, que está disponível neste link: icmc.usp.br/e/dc442. O programa é uma iniciativa da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária e é realizada pelo Núcleo de Direitos da USP.

Onde se inscrever
Secretaria da Comissão de Cultura e Extensão Universitária do ICMC: (16) 3373.9146.
Endereço: avenida Trabalhador São-carlense, 400, campus I da USP, centro de São Carlos (sala 3001).
Quando: até 4 de agosto.
Horário: das 9 às 11 horas e das 14 às 17 horas.


Disciplinas do ICMC disponíveis para o segundo semestre de 2017

  • Introdução à teoria das probabilidades
  • Séries temporais
  • Inferência Bayesiana
  • Métodos não-paramétricos
  • Análise de regressão
  • Análise multivariada
  • Modelos lineares generalizados
  • Funções de variável complexa
  • Métodos numéricos em equações diferenciais
  • Métodos de cálculo numérico I
  • Cálculo numérico
  • Otimização linear
  • Inferência estatística
  • Probabilidade I
  • Tópicos de matemática elementar e estatística I
  • Elementos de matemática
  • Seminários em computação I
  • Computadores, Sociedade e ética profissional
  • Álgebra linear
  • Introdução aos estudos da educação

terça-feira, 18 de julho de 2017

ICMC contrata professor temporário na área de otimização


O Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, está recebendo inscrições no processo seletivo para contratação de um docente temporário na área de otimização. O professor atuará no Departamento de Matemática Aplicada e Estatística, será contratado com jornada de 12 horas semanais e salário de R$ 1.849,66 (para o contratado com título de doutor) e R$ 1.322,41 (para o contratado com título de mestre), além de auxílio alimentação no valor de R$ 690,00 e assistência médica.

As inscrições devem ser realizadas exclusivamente via internet até às 17 horas do dia 27 de julho (horário oficial de Brasília) por meio deste link: https://uspdigital.usp.br/gr/admissao. Para obter mais detalhes sobre prazos, provas e documentações, acesse o edital completo: icmc.usp.br/e/e85a8

Mais informações
Edital ATAc/ICMC/SCC-USP nº 048/2017: icmc.usp.br/e/e85a8

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Você sabia que é possível pedir redução ou isenção da taxa de inscrição da Fuvest?

Benefícios garantem acesso de candidatos de baixa renda ao vestibular da USP

Vestibulandos durante a primeira fase da Fuvest 2017
Quer estudar na USP mas não tem como pagar a taxa de inscrição no vestibular? Na Fuvest, é possível pedir redução de 50% ou até mesmo isenção dessa taxa. Mas é preciso correr: você só tem até 7 de agosto para solicitar um dos benefícios. 

As inscrições para o vestibular começam dia 21 de agosto, quando será divulgado o valor da taxa, que, no ano passado, foi de R$ 160. Para obter a isenção, é preciso que a renda da sua família não ultrapasse R$ 1.405,50 por pessoa. Já no caso da redução de 50% da taxa, esse valor deve variar de R$ 1.406,00 até o máximo de R$ 2.811,00 por pessoa.

Também é possível solicitar a redução de 50% da taxa se sua renda individual for, no máximo, de R$ 1.873,99, ou você estiver desempregado. Nesse caso, é preciso estar regularmente matriculado no ensino médio, curso pré-vestibular ou ensino superior em 2017 (Lei Estadual 12.782).

Os pedidos de benefícios devem ser realizados no site da Fuvest, onde você precisa se cadastrar na área “usuários”, com seu CPF, e escolher uma das modalidades: isenção ou redução da taxa de inscrição. Em seguida, o candidato deve preencher e imprimir o formulário disponível e enviar pelos correios à Fuvest, junto com cópias simples dos documentos pessoais e comprovantes da situação socioeconômica (veja o edital completo). Os resultados serão disponibilizados no site até 18 de agosto. É importante lembrar que os contemplados não são automaticamente inscritos no vestibular, sendo necessário, de 21 de agosto a 11 de setembro, entrar novamente no site e fazer a inscrição no processo seletivo.

Dois caminhos - A Fuvest é a principal porta de entrada para a USP, mas também é possível ingressar na Universidade pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). A partir de 2018, por exemplo, todos os cursos do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), em São Carlos, oferecerão vagas pelos dois processos. Até o ano passado, só era possível entrar em Engenharia de Computação pela Fuvest, curso que é oferecido em parceria com a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC). 

Outra carreira do ICMC que terá alterações no próximo vestibular é o Bacharelado em Sistemas de Informação, que passa a oferecer 50 vagas em vez de 40.

Quanto custa estudar na USP - Vale lembrar que a USP é uma universidade gratuita e até quem não tem recursos financeiros para estudar pode ter acesso a diversas formas de auxílio para se manter durante a graduação. É possível, por exemplo, adquirir uma vaga na moradia estudantil ou auxílio moradia, apoio transporte, apoio alimentação ou apoio livros. Essas oportunidades estão detalhadas no vídeo Você sabe quanto custa estudar na USP? e no Guia Faça Parte do Futuro, criados pelo ICMC.

Texto: Alexandre Wolf - Assessoria de Comunicação do ICMC
Com informações do Jornal da USP
Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Mais informações
Site da Fuvest: www.fuvest.br

ICMC contrata dois professores temporários para áreas de computação

Inscrições podem ser realizadas até 26 de julho

O Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, está recebendo inscrições no processo seletivo para contratação de dois docentes temporários: um na área de ciências de computação e outro na área de sistemas de computação. Os professores serão contratados com jornada de 12 horas semanais e salários de R$ 1.849,66 (para os contratados com título de doutor) e R$ 1.322,41 (para os contratados com título de mestre), além de auxílio alimentação no valor de R$ 690,00 e assistência médica.

As inscrições devem ser realizadas exclusivamente via internet até às 17 horas do dia 26 de julho (horário oficial de Brasília) por meio deste link: https://uspdigital.usp.br/gr/admissao. Para obter mais detalhes sobre prazos, provas e documentações, acesse o edital completo para a área de ciências de computação (icmc.usp.br/e/16b1e) e para a área de sistemas de computação (icmc.usp.br/e/c1f4c). 

Mais informações
Edital ATAc/ICMC/SCC-USP nº 046/2017 (ciências de computação): icmc.usp.br/e/16b1e
Edital ATAc/ICMC/SSC-USP nº 047/2017 (sistemas de computação): icmc.usp.br/e/c1f4c

ICMC abre concurso para livre-docência

Inscrições podem ser realizadas até dia 31 de julho

Estão abertas, até 31 de julho, as inscrições para o concurso destinado à obtenção do título de livre-docente no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. O edital contempla os seguintes departamentos e áreas do conhecimento: 
  • Departamento de matemática: análise; álgebra comutativa e geometria algébrica; topologia e singularidades. 
  • Departamento de ciências de computação: ciências de computação. 
  • Departamento de matemática aplicada e estatística: otimização; matemática computacional; estatística e probabilidade; métodos analíticos em física-matemática e sistemas complexos. 
  • Departamento de sistemas de computação: sistemas de computação. 
As inscrições podem ser realizadas presencialmente, pelo candidato ou por representante legal, na assistência acadêmica do ICMC, situada à avenida Trabalhador são-carlense, 400, no campus da USP em São Carlos. Para obter mais informações sobre prazos, provas, documentações e demais informações, acesse o edital completo.

Mais informações
Edital ATAc/ICMC/USP nº 044/2017: icmc.usp.br/e/1da8a
Assistência Acadêmica do ICMC: (16) 3373-8163

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Defesas e qualificações - 17 a 21 de julho


Defesa de Mestrado no Programa Interinstitucional de Pós-Graduação em Estatística - PIPGES
Modelagem da volatilidade em séries temporais financeiras via modelos GARCH com abordagem Bayesiana
Aluna: Karen Fiorella Aquino Gutierrez
Orientador: Ricardo Sandes Ehlers
Coorientador: Marinho Gomes de Andrade Filho
Quando: terça-feira, 18 de julho, às 10h30
Onde: sala 3-002
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Defesa de Doutorado em Ciências de Computação e Matemática Computacional
Similaridade em big data
Aluno: Lúcio Fernandes Dutra Santos
Orientador: Caetano Traina Junior
Quando: quarta-feira, 19 de julho, às 14 horas
Onde: sala 3-002
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Mais informações
Agenda de defesas e qualificações: http://www.icmc.usp.br/eventos/defesas-e-qualificacoes
Serviço de Pós-Graduação do ICMC: (16) 3373.9638

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Por que poucos alunos de escolas públicas de São Carlos estão na USP?

Estudo realizado pelo ICMC em duas escolas mostra que adolescentes ainda não acreditam que podem cursar uma universidade pública

Gabriela, aluna de Estatística do ICMC, realizou a pesquisa sob orientação da professora Cynthia

“É difícil”. “Não tenho dinheiro”. “Não tenho capacidade”. “Prefiro fazer curso técnico”. Essas afirmações são de estudantes de duas escolas públicas de São Carlos e mostram a percepção que eles têm da universidade. Realizada pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, a pesquisa demonstra que existe uma separação entre a universidade pública e o aluno do ensino básico gratuito.

A estudante Gabriela Dall’Agnol, que faz Estatística no ICMC, ouviu, ao todo, 744 alunos do ensino médio – 423 da Escola Estadual Álvaro Guião e 321 da Escola Técnica Estadual (ETEC) Paulino Botelho. Orientada pela professora Cynthia Ferreira, Gabriela explica que um dos objetivos do projeto é apresentar aos estudantes as oportunidades existentes na USP: “Essas escolas estão próximas à faculdade, mas os alunos não estão aqui dentro. Temos que entender o porquê e trazer esse público para cá”. Elas contaram com o apoio dos professores Mário de Castro e Juliana Cobre, do ICMC, para a elaboração dos questionários aplicados nas escolas.

Gabriela estou em escola pública e sabe das dificuldades enfrentadas pelos estudantes: “o principal ponto é que eles sabem que, quando saírem do ensino médio, vão ter que trabalhar. Então, fazer um curso diurno é inviável. Eles não sabem que podem ter auxílios ou bolsas. Alguns até acham que precisa pagar. Muitos acreditam que não têm capacidade de passar no vestibular”. 

Para esclarecer que a USP é uma universidade gratuita, o ICMC produziu o vídeo Você sabe quanto custa estudar na USP?, destacando que até quem não tem recursos financeiros para estudar pode ter acesso a diversas oportunidades e conquistar um diploma. 

Nuvem de palavras com os motivos apontados pelos alunos da Álvaro Guião
para justificar a falta de interesse em fazer faculdade

Os resultados - A pesquisa indicou que a maioria dos estudantes da Álvaro Guião (66%) e da ETEC (82%) pretende fazer faculdade ao terminar o ensino médio. O estudo buscou, ainda, entender os motivos da falta de interesse daqueles que não almejam ir para o ensino superior. Foi então que surgiram as respostas: “é difícil”; “não tenho dinheiro”; “não tenho capacidade”; “prefiro fazer curso técnico”. De acordo com Gabriela, essas afirmações demonstram como a falta de informação ainda é muito presente nas escolas da rede pública.

Outro objetivo da pesquisa é identificar quanto os alunos da rede pública conhecem sobre a universidade – em especial sobre o ICMC e o curso de Estatística e o de Matemática Aplicada e Computação Científica. Entre as oito graduações oferecidas pelo Instituto, o trabalho analisou essas duas carreiras, que são as mais novas e com a menor relação candidato/vaga. Foi identificado que quase todos os alunos conhecem a USP em São Carlos, mas poucos sabem sobre os dois cursos em questão.

“Nós percebemos que o curso de Estatística é pouquíssimo conhecido pelos alunos, menos que Matemática Aplicada. Talvez porque, quando falamos de matemática, eles associam com a disciplina da escola, então é mais fácil. Mas estatística poucos sabem o que é”, afirma Gabriela.

A falta de conhecimento é ainda maior sobre os campos de atuação das duas áreas. A maioria dos estudantes não sabe que um matemático aplicado pode atuar em, basicamente, qualquer área: indústrias, empresas de software, bancos ou centros de pesquisa, que se beneficiam do conhecimento desse profissional para solucionar problemas reais utilizando modelos matemáticos e computação.


Poucos também sabem que um estatístico pode atuar nas áreas de marketing, finanças, saúde e comunicação, por exemplo, transformando dados brutos em informações importantes para esses setores. Com o objetivo de possibilitar aos futuros universitários saber o que é ensinado em cada curso de graduação oferecido pelo ICMC e onde poderão trabalhar depois de formados, o Instituto disponibiliza o Guia Faça Parte do Futuro.



O Guia foi um dos materiais utilizados pelas pesquisadoras para levar informações a respeito do ICMC e da USP aos estudantes. Como parte do projeto foram realizadas, ainda, palestras e rodas de discussão com os alunos. “Nós levamos o professor Mário de Castro e ele falou um pouco sobre o que um estatístico faz, mostramos alguns vídeos do ICMC e falamos sobre as bolsas. Quando fomos apresentar os resultados da pesquisa já levamos uma divulgação do ICMC para lá”, explica Gabriela. O projeto da estudante foi reconhecido como um dos melhores trabalhos apresentados durante a VII Semana da Estatística, que aconteceu de 6 a 9 de junho, em São Carlos.

“Como somos uma escola central, acreditamos que os alunos queiram estudar na USP ou pelo menos saibam o que tem lá. Eu estou há 12 anos na Álvaro Guião e me surpreendi com os resultados da pesquisa”, diz a professora de matemática da escola, Maria Laura Trindade. Segundo ela, o projeto foi muito benéfico para os estudantes: “isso é muito importante, porque a universidade parece uma coisa muito distante, eles acham que não vão conseguir passar no vestibular”.

Professora de matemática na Álvaro Guião, Maria Laura acompanhou a aplicação das pesquisas

Ela acredita que o conteúdo dessa pesquisa vai ajudar a escola a entender melhor os estudantes: “Podemos identificar o perfil dos alunos e trabalhar no interesse deles pela Universidade”. De acordo com a professora Cynthia, orientadora do projeto, entre os candidatos aprovados no vestibular, o número de jovens originários de São Carlos é bastante reduzido, comparado à quantidade de vagas oferecidas. Sendo assim, é importante despertar vocações e descobrir talentos entre os estudantes da região.

A intenção de Cynthia é dar continuidade à análise e coleta de dados com alunos de ensino médio, pré-vestibulandos e ingressantes no ICMC: “pretendemos realizar uma série de pesquisas para entendermos desde como e onde o jovem busca informação, até o que os motiva a escolher uma determinada carreira”. Os dados coletados servirão para subsidiar possíveis alterações nas grades curriculares dos cursos e contribuir com a divulgação das áreas de saber do ICMC. “Por meio da identificação das necessidades desse público, o Instituto será capaz de planejar ações estratégicas de marketing e comunicação para suprir essas demandas”, conclui.

Texto e fotos: Alexandre Wolf - Assessoria de Comunicação do ICMC

Mais informações
Guia Faça Parte do Futuroicmc.usp.br/e/c9f86
Assessoria de Comunicação: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Como a era do Big Data impacta a carreira dos estatísticos

Se antes eles eram chamados para estimar a quantidade de peixes que havia em um lago, agora precisam enfrentar um desafio bem maior, comparável à imensidão dos oceanos


Para Marcos, você está sempre sujeito ao erro quando trabalha com estatísticas

“Na estatística, as conclusões envolvem sempre uma incerteza”, diz o professor Marcos Magalhães para uma plateia atenta de cerca de 180 estudantes que assistem a sua palestra na tarde desta quarta-feira, em São Carlos. Para exemplificar, ele conta a história de uma de suas filhas, que, aos 5 anos, enquanto passeavam no lago, perguntou onde ele trabalhava. O pai respondeu: no Departamento de Estatística. A filha logo emendou: “É como descobrir quantos peixes têm no lago, né?”. 

Para Marcos, essa imagem do estatístico diante do lago, tentando contar os peixes, é capaz de sintetizar o papel de um estatístico: buscar técnicas e procedimentos para obter as respostas desejadas. Professor do Instituto de Matemática e Estatística da USP, ele ressalta que contar os peixes de um lago é mais complicado do que contar os que estão no aquário de uma casa. Imagine, então, estimar a quantidade de animais que existem em todos os oceanos da Terra? “Nesse novo cenário dos grandes bancos de dados, do Big Data, o estatístico precisa ter mais cautela. Como a massa de dados é imensa, quando ele tira suas conclusões, ninguém tem a possibilidade de checá-las. Isso requer que esse profissional aprimore cada vez mais suas possibilidades de reflexão, de analisar as hipóteses e avaliar o que, de fato, pode concluir”, pondera o professor, tomando um café depois do fim de sua palestra, ao lado do anfiteatro Bento Prado Júnior, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). 

Foi nesse anfiteatro que aconteceram as palestras da VII Semana de Estatística, realizada em parceria por estudantes de estatística do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP e da UFSCar, de 6 a 9 de junho. No último dia do evento, o estatístico Raniere Ramos compartilhou sua trajetória e explicou que sua vida mudou com o sucesso alcançado por meio do blog O Estatístico, destinado a discutir assuntos dessa área do conhecimento de um jeito simples e divertido. 

Quando o papo é Big Data, Raniere concorda com o professor Marcos: “ao analisar bancos de dados pequenos, com algumas mil linhas e poucas colunas, eu me dou a oportunidade de me preocupar menos porque é mais fácil encontrar erros e alguém pode checar minhas análises. Já em bancos de dados muito grandes, em que há correlações entre as variáveis, esse trabalho é muito mais complexo e a chance de ter algo errado é bem maior.” Ele explica que, neste limiar da era do Big Data, os estatísticos investem de 70 a 80% do tempo limpando, organizando e validando as grandes bases de dados. 

Para compreender a complexidade do problema, pense em tudo o que é postado nas redes sociais e imagine a quantidade de lixo que existe misturado às palavras, números, sons e imagens que realmente podem ser valiosos. Assim, as instituições que querem usar os dados disponíveis nas redes sociais, por exemplo, precisam jogar todo o lixo fora para, só depois, enfrentar o desafio de analisar esse oceano e extrair informações que realmente poderão nortear suas futuras decisões.

Semana da Estatística foi realizada por alunos da UFSCar e do ICMC; ao centro, Raniere segura o mascote do evento

Perspectivas promissoras – Se é ponto pacífico que a era do Big Data lança novos desafios aos profissionais que se dedicam a investigar informações em meio aos dados, por outro lado, há controvérsias sobre quem tem mais capacidade para desempenhar esse trabalho. O cargo de cientista de dados pode ser ocupado tanto por um estatístico quanto por profissionais da computação, da engenharia, da matemática, do marketing, entre outros. 

“É claro que o estatístico tem uma vocação natural para analisar esse oceano de dados”, afirma o professor Marcos. “O estatístico é o profissional mais direcionando para trabalhar com dados e tecnologia. Um estatístico aprender tecnologia é muito mais fácil do que um cara de tecnologia aprender estatística”, assegura Raniere, que é estatístico sênior da Unimed de Santa Catarina.

Talvez seja esse um dos motivos que levam os estatísticos a aparecem sempre nas primeiras posições dos diversos rankings que tentam prever as profissões mais promissoras no futuro. Apenas para citar um exemplo: em ranking divulgado recentemente pelo CareerCast.com, portal norte-americano especializado em empregos, a profissão alcançou o topo entre as 200 carreiras avaliadas. Divulgado anualmente, o ranking leva em conta demandas físicas, ambiente de trabalho, renda, estresse e perspectivas de contratação. 

No entanto, há quem discorde dessa opinião, como o estatístico Guilherme Fernandes, que trabalha na Serasa: “Uma pessoa da área de computação caminha muito bem nesse mundo. Os estatísticos não”. Segundo ele, para processar os grandes bancos de dados é imprescindível ter conhecimento sobre a computação e suas linguagens de programação. “Ninguém é dono de uma área de conhecimento. Mas dentro da computação, os estudantes já adquirem conhecimentos de aprendizado de máquina, inteligência artificial, redes neurais, algoritmos genéticos. Eles têm esses métodos para extrair conhecimento dos dados. Podem não usar todo o ferramental de teoria estatística, mas chegam a resultados similares aos dos estatísticos. Esse é o ponto: você vai por caminhos diferentes, mas quem chegar mais rápido será mais valorizado.”

Guilherme, da Serasa, ministrou um dos quatro minicursos oferecidos durante a Semana da Estatística

De volta ao lago – Marcos conta que uma técnica frequentemente empregada para a contagem de peixes no lago é a captura e recaptura. É um método bem simples: alguns peixes são capturados, marcados e colocados de volta no lago. Aguarda-se certo tempo e captura-se novamente uma amostra de peixes no mesmo local. Por meio da análise do número de animais marcados recapturados, os estatísticos conseguem estimar a quantidade de peixes que há no lago: “Observe que, por conta da aleatoriedade, você está sempre sujeito ao erro”.

Considerando a escala de um lago, a técnica da captura e recaptura alcançará resultados com um nível aceitável de precisão. No entanto, se pensarmos em quantos peixes existem em todos os oceanos da Terra, é evidente que não será possível empregar a mesma técnica estatística. É por isso que, no universo de grandeza dos oceanos, que pode ser comparado ao mundo do Big Data, os estatísticos precisam das ferramentas computacionais para desenvolver novas técnicas e métodos a fim de obter respostas satisfatórias a perguntas como: em qual série a Netflix deve continuar investindo? Como podemos melhorar os serviços públicos de transporte, de saúde e de justiça?

Um caso de sucesso nesse sentido foi o trabalho realizado por Anne Milgram nos Estados Unidos. Quando ela se tornou procuradora geral de Nova Jersey, descobriu que sua equipe não sabia quem estavam colocando na prisão e não possuíam meios para entender se suas decisões estavam realmente deixando a população mais segura. Na palestra Por que as estatísticas inteligentes são a chave para combater o crime, realizada no TED@BCG em São Francisco (disponível neste link), Anne relata sua jornada para tornar o sistema de justiça criminal dos norte-americanos mais eficiente por meio da utilização de dados e análises estatísticas rigorosas. 

De acordo com Anne, dos 12 milhões de detenções realizadas por ano nos Estados Unidos, menos de 5% correspondem a crimes violentos e 67% das pessoas que saem da cadeia voltam a ser presas. “Decidi buscar uma ferramenta de dados e análises para avaliação de risco, algo que permitiria aos juízes entenderem, com base científica e objetiva, qual é o risco apresentado pelo réu a sua frente”, diz na palestra. Para possibilitar que os crimes violentos sejam punidos e evitar que as cadeias norte-americanas fiquem abarrotadas por pessoas que não precisariam estar lá já que não oferecem risco à sociedade, Anne tem uma solução: “Devíamos pegar essas avaliações de risco por dados e combiná-las com o instinto e a experiência dos juízes para nos guiar a tomar decisões melhores”.



O trabalho de Anne é citado em um dos muitos textos que Raniere disponibiliza no blog O Estatístico. Recentemente, Raniere participou de uma reunião para discutir como os dados abertos da cidade de Joinville poderiam ser utilizados para melhorar a gestão na área de saúde: “será que os recursos estão sendo destinados de forma correta? Verificando a demanda na saúde, quais são os lugares mais indicados para instalar um novo posto de saúde? Não conseguiremos achar as respostas para essas perguntas se não olharmos os dados.”

Segundo ele, só agora as instituições e empresas brasileiras estão começando a acordar para a era do Big Data. “Os dados brutos são o novo dinheiro das empresas. Se elas não souberem o que esses dados significam, não saberão para onde ir e vão quebrar”, profetiza Raniere. Ele cita exemplos de empresas que estão coletando dados em tempo real como o metrô de Santiago, em que a tarifa não é fixa, mas se altera de acordo com a demanda. O Uber também segue essa política do preço dinâmico, nos momentos do dia em que a população mais solicita o serviço, o custo da locomoção aumenta: “Tem que existir uma boa tecnologia para analisar dados não estruturados em tempo real e não são todas as empresas que têm condições de fazer isso hoje. Mas é algo cada vez mais comum, até aeroportos já estão usando esses dados para controlar o fluxo aéreo”.

Raniere diz que as principais questões que as empresas estão tentando responder ao olhar para a imensidão de dados existentes em seus sistemas e nas redes sociais é: quem são meus clientes? Como eles se comportam? Será que o produto oferecido é adequado? Essas perguntas aparentemente simples têm feito muitos pesquisadores perderem noites de sono para respondê-las estatisticamente. “Fundamental nessa área é a construção de modelos estatísticos que possam refletir com maior precisão a história e o perfil dos clientes. Esses modelos não são triviais devido ao tamanho dos bancos de dados”, explica Josemar Rodrigues, professor aposentado do ICMC.

Na apresentação que ele fez durante o 5º Workshop de Métodos Estatísticos e Probabilísticos, realizado em fevereiro no Instituto, Josemar abordou os desafios metodológicos que há para as empresas conhecerem quem são seus clientes e o que eles vão fazer no futuro. “A maioria dos modelos que existem nessa área supõe que o número de vendas de um produto para cada cliente segue uma lógica pré-determinada, que não leva em conta o padrão real de dispersão de compras ao longo do tempo. Nesses modelos tradicionais, só se considera o instante em que o cliente faz a compra”. Josemar explica que a informação sobre o instante da compra não é suficiente para avaliar quanto tempo o cliente ficou interessado por um produto ou serviço e muito menos para identificar a probabilidade desse cliente realizar futuras compras. Durante sua apresentação, o professor evidenciou que os pesquisadores têm buscado construir modelos mais flexíveis e citou como exemplo o trabalho Bridging the Gap: A Generalized Stochastic Process for Count Data.

Josemar falou sobre o desafio de desenvolver modelos estatísticos mais flexíveis

Partindo para florestas e oceanos – Será que esses novos modelos estatísticos permitirão à humanidade escutar o som da extinção surgindo no interior de uma floresta? Soa como uma questão típica dos filmes de ficção científica, mas esse é o objeto de estudo de Diego Carvalho do Nascimento, doutorando do Programa Interinstitucional de Programa Interinstitucional de Pós-Graduação em Estatística (PIPGEs). Orientado pelo professor Francisco Louzada, do ICMC, Diego está trabalhando em conjunto com pesquisadores da área de computação nas gravações realizadas na estação de pesquisa biológica La Selva, na Costa Rica. Durante o 5º Workshop de Métodos Estatísticos e Probabilísticos, Diego apresentou o projeto Wilcoxon test for transformation on soundscape: a feature extraction task no formato de pôster.

O trabalho analisou gravações que foram realizadas de 6 de março a 20 de abril de 2015 na selva. A cada 15 minutos, os pesquisadores da Costa Rica gravaram um minuto dos sons de La Selva, o que gerou 3.061 gravações, totalizando mais de 8 mil minutos. “Em 30 segundos de gravação podemos escutar pássaros, grilos e até um cachorro. Porém, quando começa a chover, não conseguimos ouvir mais nada. Então, antes de analisar, precisamos fazer uma limpeza nos sons, pré-processar os dados, tirar o som da chuva e separar o que é o som de cada animal.”

Se os pesquisadores obtiverem sucesso nessa verdadeira limpeza sonora, a técnica estatística desenvolvida poderá ser aplicada tanto para sondar o possível desaparecimento de uma espécie quanto, por exemplo, para aprimorar a segurança pública. Imagine se o disparo de uma arma de fogo em uma cidade pudesse ser ouvido em tempo real pelas forças de segurança? Isso seria viável se o som pudesse ser identificado automaticamente a partir da exclusão de outros barulhos do ambiente urbano (carros, motos, vozes, etc.). “A ideia é usar essa técnica também para estudar sons subaquáticos que estão sendo captados na Bacia de Santos. Por meio desses áudios, queremos avaliar a quantidade de baleias que habitam a região e reconhecer quantas são machos, fêmeas, jovens e adultos”.

Nesse momento, até parece que os oceanos da realidade se aproximam dos filmes de ficção. Não é difícil imaginar esse novo modelo estatístico identificando a existência de vida em outros planetas a partir da captação de sons. Porém, antes que isso aconteça, caro leitor, há muitos dados na Terra que precisarão ser estudados. “O mundo está se tornando um mundo de dados. Acredito que todos nós, no futuro, seremos pessoas capazes de analisar dados. Se o mundo está se tornando digital, por que você não vai se tornar analítico?”, finaliza Raniere.

Duas sessões de pôsteres aconteceram no Workshop

Confira o álbum de fotos da Semana da Estatística: https://flic.kr/s/aHskYuSx9y

Confira o álbum de fotos do Workshop de Métodos Estatísticos e Probabilísticos: https://flic.kr/s/aHsm4o1pCk


Texto e fotos: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

Mais informações
Blog O Estatístico: www.oestatistico.com.br
Portal para auxiliar no ensino de estatística: www.ime.usp.br/ativestat
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br