Mostrando postagens com marcador matemática. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador matemática. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Departamento de Ciências de Computação do ICMC oferece bolsas de monitoria

Os alunos interessados devem se inscrever até o dia 17 de fevereiro




Alunos de graduação e de pós-graduação da USP em São Carlos podem se candidatar, até 17 de fevereiro, para atuar como monitores em disciplinas oferecidas pelo Departamento de Ciências de Computação do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC).

Para concorrer às vagas é necessário não receber bolsas de agência de fomento ou da Universidade e ter aprovação na disciplina em que o aluno pretende atuar. Os selecionados poderão receber bolsa no valor de R$300,00 mensais, durante quatro meses, contados a partir de 1º de março.

As inscrições podem ser feitas diretamente no link icmc.usp.br/e/319f4, onde também consta a lista das disciplinas disponíveis.


Mais informações
Formulário de inscrição: icmc.usp.br/e/319f4
Departamento de Ciências de Computação (SCC): (16) 3373-9671

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Inscrições abertas para monitoria no Departamento de Matemática Aplicada e Estatística do ICMC

As atividades serão realizadas ainda neste semestre e os selecionados poderão receber bolsa no valor mensal de R$ 300

Imagem: Morguefile.com

Alunos de graduação e pós-graduação da USP em São Carlos podem se candidatar, até o dia 7 de fevereiro, para atuarem como monitores em disciplinas do Departamento de Matemática Aplicada e Estatística (SME) do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC). As atividades serão realizadas ainda neste semestre, entre os meses de março e junho, e os selecionados podem receber bolsa no valor mensal de R$ 300. 

Podem se candidatar alunos que não possuam outras bolsas e que já tenham cursado a disciplina para a qual estão se candidatando como monitores (ou outra de conteúdo equivalente). Estudantes de graduação deverão ter concluído os dois primeiros semestres do curso. Caso o interessado já possua outra bolsa e queira participar do programa, poderá se inscrever como monitor voluntário.

Os interessados podem conferir a lista de disciplinas disponíveis e realizar a inscrição diretamente neste link: icmc.usp.br/e/5e9a8.


Mais informações
Formulário para inscrições: icmc.usp.br/e/5e9a8
Departamento de Matemática Aplicada e Estatística (SME): (16) 3373.8121

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

USP abre concursos para professores nas áreas de computação e matemática

Aprovados terão salário inicial de R$ 11.069,17 e vão atuar no ICMC, que se localiza no campus da Universidade em São Carlos

O ICMC tem hoje cerca de dois mil alunos divididos em oito cursos de graduação e cinco programas de pós-graduação, e conta com 126 docentes e 103 funcionários técnico-administrativos.

Estão abertas as inscrições em dois concursos públicos para o cargo de professor doutor no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. Os docentes aprovados deverão manter vínculo empregatício exclusivo com a USP (Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa) e terão salário inicial de R$ 11.069,17. 

Uma das vagas é para atuar junto ao Departamento de Ciências de Computação (SCC) do Instituto, na especialidade inteligência artificial. Para obter mais detalhes sobre as etapas do concurso bem como sobre os prazos, as provas e demais informações, acesse o edital completo disponível neste link: icmc.usp.br/e/9c815

Já a outra vaga é vinculada ao Departamento de Matemática (SMA) do ICMC, na área de conhecimento álgebra. Para obter mais detalhes sobre as etapas do concurso bem como sobre os prazos, as provas e demais informações, acesse o edital completo disponível neste link: icmc.usp.br/e/c0a52

As inscrições para os dois concursos devem ser realizadas exclusivamente via internet até 17 horas do dia 3 de fevereiro de 2020 (horário oficial de Brasília/DF) por meio do sistema de admissão docente: https://uspdigital.usp.br/gr/admissao

Texto: Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

Mais informações
Computação - Edital ATAc/ICMC/USP nº 99/2019: icmc.usp.br/e/9c815
Matemática - Edital ATAc/ICMC/USP nº 100/2019: icmc.usp.br/e/c0a52
Assistência Acadêmica do ICMC: (16) 3373-8163 ou (16) 3373.8109
E-mail: sacadem@icmc.usp.br

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Inscrições abertas para bolsas de monitoria no ICMC

As monitorias começarão em março e terão duração de quatro meses; valor da bolsa é de R$ 300 mensais



Estão abertas, até 7 de dezembro, as inscrições para bolsas de monitoria no Departamento de Matemática (SMA) do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. Podem participar alunos de graduação e de pós-graduação de todo o campus. 

As monitorias começarão em março de 2020 e terão duração de quatro meses. O aluno receberá uma bolsa de R$ 300 mensais. Para ser selecionado, é preciso ter cursado a disciplina que pretende dar monitoria ou equivalente, além de não possuir outra bolsa. As inscrições devem ser realizadas por meio do formulário online disponível em icmc.usp.br/e/d421f. Além disso, é necessário enviar o histórico escolar atualizado (em PDF) e uma foto 3×4 digitalizada para o e-mail sma@icmc.usp.br. As disciplinas que possuem vaga de monitoria são: 
  • SMA 0300 - Geometria Analítica
  • SMA 0800 - Geometria Analítica 
  • SMA 0301 - Cálculo I 
  • SMA 0353 - Cálculo I 
  • SMA 0801 - Cálculo I 
  • SMA 0354 - Cálculo II 
  • SMA 0333 - Cálculo III 
  • SMA 0355 - Cálculo III 
  • SMA 0803 - Cálculo III 
  • SMA 0356 - Cálculo IV 
  • SMA 0334 - Fundamentos para a Matemática do Ensino Superior 
  • SMA 0374 - Álgebra Linear e Geometria Analítica 
  • SMA 0505 - Matrizes, Vetores e Geometria Analítica 
  • SMA 0805 - Tópicos de Matemática 
  • SLC 0601 - Matemática I 
  • SLC 0607 - Cálculo I 
  • Laboratório de Ensino de Matemática (LEM) 
Texto: Assessoria de Comunicação do ICMC/USP 
Imagem: Freepik

Mais informações 
Formulário para inscrições: icmc.usp.br/e/d421f 
Departamento de Matemática (SMA): (16) 3373.9711 
E-mail: sma@icmc.usp.br

Evento internacional de equações diferenciais recebe trabalhos até 16 de dezembro


ICMC Summer Meeting on Differential Equations acontecerá de 3 a 5 de fevereiro


Na edição de 2019, 210 pesquisadores de diversos países compareceram ao encontro

O Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, promoverá, de 3 a 5 de fevereiro de 2020, um dos mais importantes eventos na área de equações diferenciais: o ICMC Summer Meeting on Differential Equations.

Na programação, estão previstas palestras, seções especiais temáticas e seções de pôsteres, em que pesquisadores já experientes e estudantes de pós-graduação de diversas partes do mundo apresentarão seus trabalhos. Além de debater as novas pesquisas que estão sendo desenvolvidas na área, o evento tem por objetivo promover a internacionalização dos diversos grupos que pesquisam equações diferenciais e atuam no Estado de São Paulo. Promovido anualmente pelo ICMC desde 1996, o encontro faz parte do calendário científico nacional e internacional.

Quem deseja submeter trabalhos pode enviar os resumos até 16 de dezembro por meio do site do evento. Já as inscrições para ouvintes podem ser realizadas até dia 10 de janeiro no mesmo site.

Programa de Verão – O ICMC Summer Meeting on Differential Equations integra a agenda do Programa de Verão em Matemática do ICMC, que ocorre de 6 de janeiro a 14 de fevereiro de 2020. Realizado anualmente desde 1983, o Programa é um catalisador de interações entre os pesquisadores de diversos grupos do Brasil e do exterior. Também oferece atualização e formação por meio de reuniões científicas e cursos de nivelamento e avançados.

Além disso, o desempenho dos participantes nas disciplinas do Programa pode contar significativos pontos no processo seletivo para ingresso no Mestrado em Matemática do ICMC. As atividades são promovidas pelo Programa de Pós-Graduação em Matemática do ICMC, contando com a participação de pesquisadores visitantes, alunos de graduação e de pós-graduação.

Este ano, evento celebrará o aniversário de 60 anos do pesquisador Tomás Caraballo, da Universidade de Sevilla, na Espanha

Texto: Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

ICMC Summer Meeting on Differential Equations
Data máxima para submissão de trabalhos: 16 de dezembro
Data do evento: 3 a 5 de fevereiro de 2020
E-mail: summer@icmc.usp.br

Programa de Verão em Matemática 2020
Data do evento: 6 de janeiro a 14 de fevereiro de 2020
E-mail: verao@icmc.usp.br

Mais informações
Área de eventos do ICMC: (16) 3373.9622
E-mail: eventos@icmc.usp.br

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Inscrições abertas no ICMC para curso sobre a teoria dos índices e o teorema de Poincaré-Hopf

As ferramentas matemáticas que serão apresentadas no curso podem ser utilizadas para compreender, por exemplo, a estrutura de substância que possuem um estado intermediário entre o cristal e o líquido
(crédito da imagem: Wikipedia)

Muitos fenômenos naturais provenientes da física, química, economia, biologia, podem ser modelados usando ferramentas matemáticas. Mostrar como descrever a dinâmica global desses diversos fenômenos empregando recursos da teoria qualitativa das equações diferenciais ordinárias é o objetivo de um curso que será oferecido pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. 

Entre os conteúdos que serão abordados no curso estão a compactação de Poincaré e o teorema de Poincaré-Hopf. A iniciativa, que é gratuita, ocorrerá nas tardes das próximas quarta e quinta, 4 e 5 de dezembro, das 14 às 16 horas, e também na manhã de sexta-feira, 6 de dezembro, das 10 às 12 horas. Todas as atividades acontecerão no auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano, no bloco 6 do ICMC. 

Voltado para alunos de graduação, pós-graduação e demais pesquisadores interessados em aprofundar os conhecimentos na área de equações diferenciais ordinárias, o curso está com inscrições abertas até a próxima segunda-feira, 2 de dezembro. Para participar, basta acessar o Sistema Apolo da USP neste link: icmc.usp.br/e/5758e

Coordenado pela professora Regilene Oliveira, o curso será ministrado pelo professor Jaume Llibre, da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB), na Espanha. Pesquisador de reconhecimento internacional na área de sistemas dinâmicos polinomiais, Llibre lidera o grupo de sistemas dinâmicos da UAB e já foi contemplado com diversos prêmios internacionais como, por exemplo, o Icrea Academia Awarded 2009 e o Narcís Monturiol Medal 2015. Ele foi o único matemático contemplado com recursos provenientes de um edital do Programa Institucional de Internacionalização da USP, para professor visitante do exterior (PRINT-USP-CAPES). Foram esses recursos que possibilitaram ao pesquisador visitar o ICMC, onde permanecerá de 2 a 14 de dezembro. 

“A presença do professor Jaume Llibre como ministrante do curso será um diferencial para nosso Instituto. É uma oportunidade ímpar para nossos alunos de graduação e de pós-graduação interagirem com o pesquisador, trazendo dúvidas e considerações sobre o tema do curso ou de áreas afins, e até de iniciarem trabalhos em colaboração”, ressalta a professora Regilene. “Na pesquisa em matemática, a prática de motivar o contato entre jovens pesquisadores e pesquisadores experientes têm sido empregada com frequência em muitas áreas por todo o mundo e tem alcançado resultados relevantes, dentre eles, o aumento dos grupos de pesquisa e de alunos de pós-graduação atuando na área”, finaliza a professora, que preside a Comissão de Pesquisa do ICMC.

Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP 

On the index theory and the Poincaré-Hopf Theorem 
Inscreva-se até dia 2 de dezembro ou enquanto houver vagas: icmc.usp.br/e/5758e
Confira o programa do curso: icmc.usp.br/e/79689
Onde será o curso: auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano, no bloco 6 do ICMC 
Endereço: avenida Trabalhador são-carlense, 400 
Mais informações: (16) 3373.9146 ou ccex@icmc.usp.br

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Futuros matemáticos visitam um dos mais complexos centros de pesquisa da América Latina

Em uma viagem didática, 15 alunos do ICMC puderam conhecer o Centro que abriga o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron

Os 15 alunos do ICMC durante a visita ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, em Campínas

O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) foi o palco de uma aula diferente para 15 alunos dos cursos de Bacharelado em Matemática e de Bacharelado em Matemática Aplicada e Computação Científica da USP em São Carlos. Em uma viagem didática, os estudantes do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) visitaram as instalações do Centro, que abriga, entre outros espaços de pesquisa, o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS)

A luz síncrotron permite investigar a estrutura da matéria na escala dos átomos e das moléculas, daí a relevância da viagem para esses alunos, que cursam a disciplina Mecânica Quântica para Matemáticos. “A visita ao CNPEM forneceu uma perspectiva prática e aplicada de conceitos encontrados nas aulas. A interação da luz síncrotron com materiais utilizados nos experimentos revela comportamentos de natureza quântica que, não só ajudam a entender como a mecânica quântica descreve a realidade, mas também indicam como aplicar esse entendimento em várias áreas do conhecimento, como física, biologia e química”, afirmou o professor Carlos Grossi, que ministra a disciplina. 

São 68 mil metros quadrados isolados de variações de temperatura e vibrações do exterior que abrigam, entre outros equipamentos, o Sirius, que produz a luz síncrotron e está em construção desde 2014 no CNPEM, a 15 quilômetros de Campinas: “A visita foi espetacular. Conhecemos várias instalações do CNPEM, incluindo aquelas da novíssima fonte de luz síncrotron, a mais complexa infraestrutura científica já construída no Brasil, que é impressionante”. 

Durante a visita, os estudantes também assistiram a uma aula da líder do grupo de Física de Aceleradores, professora Liu Lin, além de uma palestra do líder da área de projetos do LNLS, Regis Terenzi Neuenschwander. Financiada pela Pró-Reitoria de Graduação da USP, a atividade ocorreu no dia 25 de outubro. 

Foi a primeira vez que os alunos dos cursos de bacharelado em matemática realizaram uma visita didática, prática que já é comum nas licenciaturas. “Acho que a iniciativa não poderia ter sido mais bem-sucedida. Espero que outras visitas deste tipo sejam realizadas”, finalizou Grossi. 

Sirius, a nova fonte de luz síncrotron brasileira, é a maior e mais complexa infraestrutura de pesquisa já construída no Brasil

Sobre o CNPEM - O Centro é uma organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Localizado em Campinas, possui quatro laboratórios referências mundiais e abertos à comunidade científica e empresarial: 
  • o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), que opera a única fonte de luz síncrotron da América Latina e está, nesse momento, construindo Sirius, o novo acelerador brasileiro, de quarta geração, para análise dos mais diversos tipos de materiais, orgânicos e inorgânicos; 
  • o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), que desenvolve pesquisas em áreas de fronteira da biociência, com foco em biotecnologia e fármacos; 
  • o Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR), que pesquisa soluções biotecnológicas para o desenvolvimento sustentável de biocombustíveis avançados, bioquímicos e biomateriais, empregando a biomassa e a biodiversidade brasileira; 
  • e o Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), que realiza pesquisas com materiais avançados, com grande potencial econômico para o país. 
Os quatro Laboratórios têm, ainda, projetos próprios de pesquisa e participam da agenda transversal de investigação coordenada pelo CNPEM, que articula instalações e competências científicas em torno de temas estratégicos. 



Texto: Assessoria de Comunicação do ICMC

Saiba mais
Sobre o CNPEM: http://cnpem.br/
Sobre o Sirius: www.lnls.cnpem.br/sirius/
Matéria da Revista Pesquisa FAPESP: Salto para um brilho maior

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

USP lidera força-tarefa para descobrir as conexões entre as espécies

Dois professores da USP se uniram a pesquisadores brasileiros e estrangeiros para construir um novo modo de compreender a teia da vida; estudo poderá prever consequências de desastres ecológicos como o que está ocorrendo no Nordeste

O professor Francisco Rodrigues, do ICMC, explica que as ferramentas computacionais e matemáticas desenvolvidas para estudar as relações entre os morcegos e as plantas podem ser aplicadas a qualquer outro ecossistema

O que leva um grupo de pesquisadores das instituições mais qualificadas do planeta a se unirem para estudar morcegos e suas relações com plantas? As descobertas desses cientistas – à primeira vista, sem muita importância – ganharam as páginas de uma das revistas mais relevantes do mundo nas áreas de ecologia e evolução, a Nature Ecology & Evolution

Para compreender o trabalho dessa força-tarefa da ciência, formada por dois professores da USP e mais oito pesquisadores, três brasileiros e cinco estrangeiros, basta esquecer os morcegos e as plantas (temporariamente), e pensar no desastre ecológico que está ocorrendo agora no litoral do Nordeste. Hoje, é impossível calcular as consequências que o óleo pode trazer ao ecossistema da região. 

No entanto, o impacto da contaminação poderia ser calculado se houvesse um banco de dados com informações sobre os animais que vivem no local bem como as relações que são estabelecidas entre as diferentes espécies. Foram dados desse tipo, nesse caso mostrando as interações entre morcegos e plantas registradas ao longo de 70 anos por centenas de naturalistas, que deram origem ao estudo Compreendendo as regras de montagem de uma rede multicamadas continental (Insights on the assembly rules of a continente-wide multilayer network). 

“Nosso estudo mostra que é possível analisar como a extinção de espécies de animais e plantas afeta o equilíbrio de um ecossistema, alterando a biodiversidade em diversas regiões do planeta”, explica o professor Marco Mello, do Instituto de Biociências da USP, que liderou a força-tarefa do estudo. 

“As ferramentas computacionais e matemáticas que desenvolvemos para estudar as relações entre os morcegos e as plantas podem ser aplicadas a qualquer outro ecossistema”, completa o professor Francisco Rodrigues, do Instituto de Ciências Matemática e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. 

Então, imagine se esses cientistas tivessem à disposição dados sobre as tartarugas-marinhas, os peixes, as aves, os corais e os demais animais que habitam as áreas contaminadas do litoral do Nordeste ao longo de muitos anos. Ora, eles poderiam utilizar as mesmas ferramentas empregadas no estudo sobre morcegos e plantas. Assim, seriam capazes de prever as consequências que o óleo traria à teia da vida nordestina, incluindo aí os seres humanos. 

Mello revela que, no mundo, quase 70% dos morcegos se alimentam de insetos em maior ou menor grau. Nas Américas, metade das espécies se alimenta de plantas, só que muitas delas também são capazes de comer insetos. Ou seja, os morcegos têm a dieta mais diversificada entre os mamíferos.

Uma teia com muitas camadas – “Com efeito, um dos aspectos inovadores do trabalho é analisar a miríade de relações entre espécies de morcegos e plantas com ferramentas computacionais, mais ou menos como quem estuda as múltiplas conexões entre pessoas num aplicativo de rede social”, escreve o jornalista José Reinaldo Lopes no artigo Morcegos são cruciais para a saúde dos ecossistemas em que vivem. Publicado pela Folha de S. Paulo dia 3 de novembro, o artigo destaca como funciona a teia que une 73 espécies de morcegos e 439 espécies de plantas, estudadas pela equipe de pesquisadores de que Mello e Rodrigues fazem parte. 

O jornalista conta que os pesquisadores usaram dados coletados em campo sobre a dieta dos bichos para montar as várias camadas de redes de interação: “Uma dessas camadas corresponde às mais de 900 interações morcego-planta em que há frugivoria (consumo de frutas); outra equivale a 301 interações em que há consumo de néctar; e assim por diante.” Para relatar esses processos, os pesquisadores consideram, ainda, a história evolutiva, o grau de parentesco e a distribuição geográfica das diferentes espécies. 

“O mapeamento multicamadas que resultou desse esforço mostra, entre outras coisas, quais as espécies que funcionam como as figuras mais “populares” da “rede social” ecológica – mais ou menos como o sujeito com milhares de amigos ou seguidores cuja conta conecta as pessoas mais disparatadas entre si”, escreve Lopes. 

Nesse caso, vale lembrar que os morcegos mais populares são os que estão no centro da rede. “Isso significa que os animais dessa espécie se alimentam de uma variedade maior de frutos e propagam uma maior diversidade de sementes pelo ecossistema. Se essa espécie é extinta, afetará mais o todo, porque esses animais têm uma função mais relevante na manutenção do ecossistema. Por isso, é fundamental determinar quem são essas espécies porque elas podem levar à extinção de outras”, conta o professor Francisco Rodrigues. “Com a análise dessas redes complexas multicamadas, o que estamos mostrando é como as conexões entre as espécies são formadas, como são as estruturas dessas redes e qual impacto pode ter a extinção de algumas espécies”, adiciona Rodrigues. 

Ele foi um dos responsáveis por desenvolver as soluções matemáticas e computacionais que possibilitam a análise de redes multicamadas juntamente com a pesquisadora iraniana Nastaran Lotfi. Vinda da Universidade de Zanjan, Irã, Nastaran foi aluna visitante de doutorado no ICMC, sob orientação de Rodrigues, e hoje é pós-doutoranda na Universidade Federal de Pernambuco. Já os doutorandos Rafael Pinheiro, da Universidade Federal de Minas Gerais, e Gabriel Félix, da Unicamp, desenvolveram novos métodos para entender a estrutura de cada camada das redes. 

Segundo Rodrigues, a análise de redes multicamadas é bastante nova e os primeiros estudos começaram a ser produzidos há cerca de seis anos. No ano passado, o professor lançou um livro sobre o assunto em parceria com mais três pesquisadores intitulado An Introduction to Multiplex Networks: Basic Formalism and Structural Properties

Na imagem, uma síntese do processo de pesquisa realizado pela força-tarefa


Um caminho com muitas redes – “A ciência das redes complexas tem mais de 300 anos, mas foi em 2016 que nosso grupo de pesquisa, hoje na USP, publicou um dos primeiros estudos na área da ecologia levando em conta múltiplas camadas de redes”, destaca Mello. A equipe de cientistas lideradas pelo professor têm na bagagem várias pesquisas anteriores publicadas ao longo dos últimos dez anos. 

Para chegar este ano às páginas de uma das revistas científicas mais importantes do mundo nas áreas de ecologia e evolução, a Nature Ecology & Evolution, foram necessários três anos de pesquisa. O início dessa trajetória está registrado em uma imagem datada de 2016, quando seis pesquisadores que estavam na Conferência Internacional de Pesquisa sobre Morcegos (International Bat Research Conference), em Durban, na África do Sul, foram almoçar juntos e se propuseram a construir um projeto. Ao longo do caminho, mais quatro cientistas se uniram ao grupo. 

Nessa época, já fazia cerca de sete anos que Mello havia pedido autorização para usar o banco de dados on-line criado pela pesquisadora Cullen Geiselman, do Centro de Conservação de Morcegos de Austin, nos Estados Unidos. Ao longo desse tempo, o pesquisador brasileiro e sua equipe refinaram as informações disponibilizadas por Geiselman e adicionaram estudos brasileiros. Esses dados, que compreendem cerca de 70 anos de trabalhos de campo feitos por centenas de pesquisadores na região, foram utilizados no artigo publicada na Nature Ecology & Evolution

“Começamos estudando conjuntos de organismos de diferentes espécies (isto é, comunidades) e hoje analisamos também sistemas no sentido estrito, formados por interações entre esses organismos (isto é, redes). Entender essas regras é crucial para compreendermos a arquitetura da biodiversidade, melhorarmos a produtividade de sistemas agroflorestais e controlarmos doenças emergentes, entre muitas outras aplicações”, escreve Mello na introdução da sua tese de livre-docência apresentada em agosto deste ano à USP. 

No texto, o professor faz uma síntese do caminho que percorreu ao longo de suas descobertas científicas. Um caminho que é similar ao percorrido por tantos outros pesquisadores na extensa e gratificante jornada da ciência: “Em uma floresta, ou mesmo em uma lavoura ou jardim urbano, o que começa com um par de organismos escalona para múltiplos pares, chegando ao nível das respectivas populações. E delas, ao nível de todo o ecossistema. Isso é que o poeticamente chamamos de ‘a teia da vida’. O mais incrível é que diferentes cientistas ao redor do mundo, ao longo de séculos e perpassando diferentes gerações, encontraram padrões muito interessantes nessa teia. Ou seja, coisas que se repetem regularmente, desde a forma de partes dela até os processos que geram essas formas. É extremamente empolgante tentar entender o que mantém unidos esses emaranhados de organismos e interações, também conhecidos como sistemas complexos.” 

Para finalizar, Rodrigues destaca que os sistemas complexos são estudados no ICMC tanto no campo da ecologia como em medicina, epidemiologia, ciências sociais e economia. Em todas essas áreas, os pesquisadores buscam entender, por exemplo, como os neurônios estão organizados no cérebro ou como as doenças se propagam em nossa sociedade. 

Da esquerda para a direita, de cima para baixo: Marco Mello, Cullen Geiselman, Sharlene Santana, Ana Vogler, Marco Tschapka e Jan

Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP 

Saiba mais 
Contato com a imprensa
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666 
E-mail: comunica@icmc.usp.br

terça-feira, 22 de outubro de 2019

História da matemática no Brasil: assista à Aula Magna do professor Marcelo Viana

O diretor do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) também ministrou um Seminário de Coisas Legais sobre simetria e arte; os dois vídeos já estão disponíveis 


O diretor do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), Marcelo Viana, ministrou no dia 16 de outubro a Aula Magna A matemática brasileira: dos anos 1950 aos anos 2020, no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. O vídeo completo do evento pode ser conferido em icmc.usp.br/e/70b79.

Viana também apresentou, no mesmo dia, um Seminário de Coisas Legais sobre a simetria presente na arte e na matemática. Esse evento também foi gravado, e o vídeo completo está disponível em icmc.usp.br/e/25233.

Confira, ainda, o álbum com as fotos da Aula Magna no Facebook e no Google Fotos.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Programa de Verão em Matemática promove formação especializada e interação entre pesquisadores

Iniciativa ocorrerá de 6 de janeiro a 14 de fevereiro, e as inscrições estão abertas até 15 de novembro

O ICMC Summer Meeting on Differencial Equations faz parte do Programa de Verão em Matemática do ICMC

O Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, promoverá de 6 de janeiro a 14 de fevereiro de 2020 o Programa de Verão em Matemática. As atividades são gratuitas, destinadas a todos os interessados, e as inscrições estão abertas até o dia 15 de novembro. 

Realizado anualmente desde 1983, o Programa é um catalisador de interações entre os pesquisadores de diversos grupos do Brasil e do exterior. Também oferece atualização e formação por meio de reuniões científicas e cursos de nivelamento e avançados. 

Além disso, o desempenho dos participantes nas disciplinas do Programa pode contar significativos pontos no processo seletivo para ingresso no Mestrado em Matemática do ICMC, que está com inscrições abertas até 30 de outubro (saiba mais). 

As atividades são promovidas pelo Programa de Pós-Graduação em Matemática do ICMC, contando com a participação de pesquisadores visitantes, alunos de graduação e de pós-graduação. 

Equações Diferenciais – Integrando a agenda do Programa de Verão ocorre, de 3 a 5 de fevereiro, o ICMC Summer Meeting on Differential Equations que visa debater as novas pesquisas que estão sendo desenvolvidas nessa área. 

O encontro faz parte do calendário científico nacional e internacional e é promovido anualmente pelo Instituto desde 1996. A programação contará com palestras, seções especiais temáticas e seções de pôsteres, em que pesquisadores já experientes e estudantes de pós-graduação de diversas partes do mundo apresentarão seus trabalhos. 

Quem deseja submeter trabalhos para ICMC Summer Meeting pode enviar os resumos até 16 de dezembro por meio do site do evento. Já as inscrições para ouvintes podem ser realizadas até dia 10 de janeiro no mesmo site. 

Participantes da edição de 2019 do ICMC Summer Meeting on Differencial Equations


Texto: Gabriela Bidin - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

Programa de Verão em Matemática 2020 
Data máxima para inscrições: 15 de novembro 
Data do evento: 6 de janeiro a 14 de fevereiro de 2020
Inscrições: icmc.usp.br/e/f6e36

ICMC Summer Meeting on Differential Equations 
Data máxima para submissão de trabalhos: 16 de dezembro 
Data do evento: 3 a 5 de fevereiro de 2020 

Mais informações 
Sobre a Pós-Graduação do ICMC: https://www.icmc.usp.br/pos-graduacao 
Serviço de Pós-Graduação do ICMC: (16) 3373.9638 
E-mail: posgrad@icmc.usp.br

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Quando a matemática das bolhas de sabão ajuda a explicar os problemas da vida real

Ao estudar uma simples bolha de sabão, os matemáticos abrem caminhos para compreender, por exemplo, o que acontece em volta dos buracos negros e também no interior das ligas metálicas

Calcular matematicamente o tamanho dessas diferentes estruturas que nascem a partir de uma experiência com água e sabão não é algo trivial
(crédito da imagem: Pinterest)
O que há em comum entre a bolha de sabão que uma criança assopra no ar, as ligas metálicas que sustentam uma construção e os arredores dos buracos negros que nos rondam? Há um elo invisível que os conecta: a matemática, uma ciência capaz de aproximar os mais diferentes fenômenos na busca por compreendê-los. 

Os primeiros matemáticos que se dedicaram ao estudo das bolhas de sabão não imaginavam que seus conhecimentos um dia poderiam ser utilizados para investigar fenômenos celestes tão inusitados quanto os buracos negros, mas essa é outra característica dessa ciência: a imprevisibilidade de suas futuras aplicações. Com a suspeita de que a matemática das bolhas de sabão se assemelha à que permeia os arredores dos buracos negros, há ainda mais motivos para pesquisar as bolhas de sabão, muito mais acessíveis e seguras. 

Essas superfícies que encantam as crianças podem ser estudadas em praticamente todo lugar: basta misturar água e sabão em uma concentração tal que, ao pegar um arame com o formato clássico do círculo, e mergulhá-lo na solução, uma película fina, flexível e resistente surgirá. Ao assoprar essa película, que está grudada nas bordas do arame, você poderá formar uma bolha de sabão e, se tiver alguma habilidade, ela se desprenderá e voará pelo espaço até estourar. Continue a experiência matemática usando sua criatividade para moldar o arame em diversos formatos. Note que uma película surge unida às bordas toda vez que o objeto metálico é mergulhado na solução e, à medida que você muda o formato do arame, altera-se também o formato da película. 

No entanto, calcular matematicamente o tamanho dessas diferentes estruturas que nascem a partir da experiência com água e sabão não é algo trivial. “A tentativa de entender essas superfícies mínimas foi o que motivou a construção de áreas novas de pesquisa”, explica Pedro Henrique Gaspar Marques da Silva, 27 anos, formado em matemática pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. “Os matemáticos têm sido desafiados a pensar sobre essas superfícies mínimas há mais de um século”, completa o rapaz, que está fazendo pós-doutorado na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. 

Ele voltou ao ICMC no dia 27 de agosto para receber o Prêmio Carlos Gutierrez de Teses de Doutorado, que reconhece, a cada ano, a melhor tese em matemática defendida no Brasil no ano anterior: “Meu trabalho está no meio do caminho entre a geometria e as equações diferenciais. Aliás, os matemáticos construíram a ponte entre essas duas áreas exatamente para tentar entender as superfícies mínimas”. 

Pedro durante sua palestra no auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano
(crédito da imagem: Denise Casatti)

Depois de receber a premiação, Pedro ministrou uma palestra no auditório Fernão Stella Rodrigues Germano, em que abordou os principais resultados de sua tese. Na plateia, professores e participantes do Workshop de Teses e Dissertações do ICMC acompanhavam atentos às explicações técnicas. A seguir, subimos até o terceiro andar da Biblioteca Achille Bassi para admirar, de perto, o Ipê Amarelo florido. Ao nos sentarmos em uma das mesas, Pedro volta a explicar, pacientemente, alguns conceitos matemáticos com os quais trabalha. Diante de uma jornalista, depara-se com a impossibilidade de usar os mesmos termos e equações que apresentou na palestra. Mas isso não o incomoda: perspicaz, Pedro encontra metáforas e exemplos para compartilhar o que sabe. 

Aliás, ele tem essa facilidade para ensinar desde criança, revela o avô materno, Paulo Afonso Marques. Presente na cerimônia de premiação, Paulo conta que, quando o neto estava no ensino fundamental e o semestre próximo do fim, o garoto continuava indo à escola. Então, o avô perguntava: “Pedro, você já eliminou todas as matérias, pra que está indo à escola?” O garoto respondia: “Meus colegas não terminaram ainda, tenho que ajudá-los”. 

A mãe, Ana Paula Gaspar Marques da Silva, completa: “Ele sempre gostou muito de ensinar. Quando estava no ensino médio, minha casa vivia cheia de amigos e colegas”. Para ela, a qualidade mais marcante do garoto, desde sempre, é a humildade.

Pedro abraçado à mãe, Ana Paula, acompanhado pelo pai e os avós
(crédito da imagem: Denise Casatti)

Forças em equilíbrio – Mas o que torna as películas de sabão atraentes aos olhos dos matemáticos e aos olhos de Pedro, em especial? “Essas superfícies são resultado de um estado de equilíbrio de forças físicas: há pressão de um lado e de outro da película. E a forma final adquirida pela superfície é resultado do equilíbrio dessas forças”. Nesse estado de equilíbrio, a película adquire também uma interessante propriedade geométrica: possui a menor área entre todas as superfícies que são limitadas por uma curva fechada. É daí que vem o nome desses objetos matemáticos: superfícies mínimas. 

Há muitas situações do cotidiano em que as superfícies mínimas aparecem e os conhecimentos matemáticos da área podem ser aplicados. Pedro cita como exemplo o desafio de unir várias antenas, receptores ou radares, de maneira a otimizar a captação de sinais. Outro exemplo vem da arquitetura: “Imagine que você tem um palito na mão e vai girá-lo, sem completar a volta, e deslocá-lo para cima. A superfície que será criada pela trajetória descrita por esse palito é uma superfície mínima. Então, se eu fizer uma casa cujo telhado tem esse formato, terei que calcular matematicamente onde colocar as vigas para manter a estrutura em equilíbrio”. 

O nome dessa simpática superfície descrita por Pedro é helicoide e, para recriá-la, basta modelar um arame em formato de espiral e mergulhá-lo no mesmo recipiente com água e sabão usado para produzir as bolhas. Se você quiser pesquisar ainda mais as interessantes propriedades matemáticas desse estranho objeto, pode construí-lo usando palitos de picolé. Os palitos farão você visualizar com clareza que, em cada ponto do helicoide, passa uma reta, a qual está inteiramente contida nessa superfície mínima. 

Helicoide: modele um arame em formato de espiral e o mergulhe em um recipiente com água e sabão
(Crédito da imagem: Paul Nylander)

O helicoide de palitos de picolé foi um dos muitos experimentos que encantou um grupo de estudantes do segundo ano do ensino médio da Escola Antonio Raimundo de Melo, na cidade de Carnaubal, no Ceará. A pesquisadora Lucimara Andrade realizou uma série de atividades com esses alunos para discutir as propriedades básicas das superfícies mínimas. O projeto é fruto do mestrado profissional em matemática (PROFMAT) que Lucimara desenvolveu na Universidade Federal do Ceará, sob orientação do professor Marcelo Melo. O trabalho resultou também na publicação do artigo Superfícies mínimas e bolhas de sabão no Ensino Médio, na revista Thema. 

“O estudo contribuiu muito para a formação educacional dos estudantes, possibilitando a eles um contato teórico e prático com tópicos matemáticos voltados quase exclusivamente para alunos de pós-graduação em matemática”, ressaltam Marcos e Lucimara no artigo. “Esta experiência comprova que com iniciativa e criatividade, a matemática (mesmo aquela matemática que aparentemente faz parte apenas da rotina de pesquisadores de alto nível) pode deixar de ser temida e rejeitada por muitos estudantes, e passar a ser vista como uma ferramenta indispensável e presente no dia a dia dos alunos do ensino médio”, concluem os autores. 

Imagem da helicoide com palitos de sorvete feita pelos alunos da professora Lucimara Andrade
(crédito da imagem: arquivo da professora)

Dimensões além – Se estudar as superfícies mínimas no planeta Terra já é desafiador, imagine só fazer isso em outro planeta. A questão parece totalmente fora de propósito, mas é usando essa brincadeira que Pedro nos lança para outras dimensões: “Uma criança entediada, que está em outro planeta, no qual há várias dimensões, resolve fazer uma bolha de sabão. Em vez de sair uma esfera voando, a bolha tem um formato estranho, que se parece com o que a gente chama de hipersuperfíceis”. 

Para entender uma hipersuperfície, precisamos mesmo usar nossa imaginação. Isso acontece porque, aqui na Terra, bastam três números para definirmos matematicamente os objetos tridimensionais que vemos. Pense em uma caixa, para saber o espaço que ela ocupa, é só identificar a largura, a profundidade e a altura, ou seja, suas três dimensões. Então, por que os matemáticos insistem em pensar em mais dimensões se no nosso mundo tem só três? 

Pedro explica: “Cada dimensão pode ser considerada como uma quantidade que a gente quer medir. Imagine que vamos estudar o problema de uma empresa: ela quer minimizar o quanto gasta para produzir um produto e tem um monte de fatores para levar em consideração – custo de materiais, das pessoas, do transporte do material, do transporte do produto final até o local de venda, etc. Bem, cada um desses fatores pode ser considerado como se fosse uma dimensão. Para tentar achar um valor ótimo, temos que estudar mais dimensões além de três”. 

Se você achava que bastavam três dimensões para resolver os problemas do nosso mundo, acaba de descobrir que já vivemos em um planeta que demanda pesquisar muitas outras dimensões, mesmo que elas sejam invisíveis. O que Pedro estudou em sua tese é como o calcular o espaço ocupado pelas superfícies mínimas quando temos mais do que três dimensões: “Para criar uma liga de metal, por exemplo, várias substâncias são unidas e, olhando para o interior desse material, podemos localizar espaços em que as substâncias estão em equilíbrio. A superfície que aparece entre esses diferentes materiais se parece com aquelas que ocorrem nas bolhas de sabão.” 

Para compreender as hipersuperfícies, é preciso usar a imaginação
(Crédito da imagem: Paul Nylander)

De volta ao começo – Ao receber o Prêmio Gutierrez pela tese de doutorado A equação de Allen-Cahn e aspectos variacionais de hipersuperfícies mínimas, defendida no IMPA e orientada pelo professor Fernando Codá, Pedro se lembrou de seus primeiros passos em matemática: “Voltar para o ICMC é quase como voltar para casa. Foi realmente onde eu comecei a gostar de fazer matemática. Um dos fatores fundamentais que construíram a ponte para o que aconteceu depois – o meu doutorado – foi a iniciação científica”. 

Sob orientação do professor Fernando Manfio, do ICMC, Pedro desenvolveu projetos de iniciação científica durante três anos, todos com bolsas de estudo: um ano com recursos provenientes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e dois com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). “A iniciação científica me abriu várias portas, possibilitando ir a eventos, simpósios, conferências, workshops”. 

Quando visitou o ICMC pela primeira vez, um pouco antes de ficar sabendo que havia sido aprovado no vestibular da Fuvest, Pedro se encantou pelo ambiente acolhedor. “Algo que se confirmou ao longo da graduação: é um ambiente quase familiar, os professores são muito acessíveis e os colegas de turma dispostos a ajudar”. Foram as forças desse espaço, em equilíbrio, que possibilitaram a Pedro explorar muitas superfícies matemáticas. 

A professora Maria Aparecida Soares Ruas falou sobre a relevância do pesquisador Carlos Teobaldo Gutierrez Vidalon durante a cerimônia de premiação; à esquerda, estão o professor Daniel Smania, Pedro e o professor Fernando Manfio
(crédito da imagem: Denise Casatti)

Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP 

Leia mais 
Ex-aluno do ICMC é reconhecido pela melhor tese de doutorado em matemática, defendida no IMPA: 
Pedro Gaspar defende tese na área de Análise Geométrica:
Dissertação Superfícies mínimas e bolhas de sabão no ensino médio:
Artigo Superfícies mínimas e bolhas de sabão no ensino médio:
Vídeo sobre superfícies mínimas:
Vídeo sobre a quarta dimensão (Isto É Matemática):

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Marcelo Viana explica o sucesso brasileiro na pesquisa matemática em Aula Magna no ICMC

Diretor do Instituto de Matemática Pura e Aplicada falará sobre “A matemática brasileira: dos anos 1950 aos anos 2020” dia 16 de outubro, às 14h30; evento é gratuito e aberto a todos os interessados 

“É um prazer e uma honra poder dar essa Aula Magna no ICMC, uma de nossas mais destacadas instituições de ensino e pesquisa, que tanto tem contribuído para a matemática brasileira, e onde tenho tantos amigos”, destaca Viana
(crédito da imagem: IMPA)

O Brasil se tornou referência em pesquisa matemática nos últimos anos. Um marco dessa história de sucesso é a ascensão do país ao grupo de elite da matemática mundial em 2018, anunciada pela União Matemática Internacional (IMU, na sigla em inglês). Como ocorreu esse processo? Quais são os desafios para o futuro? Essas são algumas perguntas que o diretor do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), Marcelo Viana, responderá durante a Aula Magna que vai ministrar no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. 

“É um prazer e uma honra poder dar essa Aula Magna no ICMC, uma de nossas mais destacadas instituições de ensino e pesquisa, que tanto tem contribuído para a matemática brasileira, e onde tenho tantos amigos”, destaca Viana, que foi o primeiro brasileiro e matemático a receber, em 2016, o Prêmio Louis D. do Institut de France, maior honraria científica da França. 

Concebida como uma aula inaugural em cursos de graduação, a Aula Magna é realizada, tradicionalmente, por uma personalidade representativa da área de atuação da unidade de ensino e pesquisa em que é ministrada. Trata-se, portanto, de uma atividade relevante para os estudantes, que têm a oportunidade de conhecer mais a fundo o campo profissional em que atuarão. 

“Em março deste ano teve lugar na sede da UNESCO, em Paris, um evento intitulado Matemática e Desenvolvimento. O exemplo brasileiro ocupou uma posição de destaque na programação”, explica o diretor do IMPA. “Esse processo de desenvolvimento da pesquisa matemática decolou no Brasil nos anos 1950. Não é certamente coincidência que essa tenha sido também a década em que o país se lançou de forma definitiva no processo de industrialização, na sequência do resultado da Segunda Guerra Mundial. E o caminho da constituição de uma comunidade matemática de primeiro nível fechou um ciclo em 2018”, completa Viana. 

Além da promoção do Brasil ao grupo de elite da União Matemática Internacional em 2018, a matemática brasileira ganhou destaque mundial com a realização, pela primeira vez em uma cidade da América Latina, do Congresso Internacional de Matemáticos no Rio de Janeiro. Maior encontro mundial da comunidade, o evento reuniu 2,5 mil matemáticos na cidade e integrou o Biênio da Matemática no Brasil (2017-2018), projeto concebido e liderado por Viana, que foi proclamado pelo Congresso Nacional por meio da Lei 13.358, e gerou um sólido movimento para desmistificar e popularizar a disciplina em todo território nacional. 

No primeiro dia do Congresso Internacional de Matemáticos, aconteceu também a premiação dos medalhistas da OBMEP; na imagem, além de Marcelo Viana (último à direita), estão presentes dois professores do ICMC: José Alberto Cuminato (último à esquerda) e Ires Dias (em pé, ao fundo)
(crédito da imagem: Denise Casatti)

Trajetória – Nascido no Rio de Janeiro, Viana mudou-se para Portugal ainda na infância, onde concluiu a graduação em matemática pela Universidade do Porto. Em 1990, voltou ao Brasil para fazer doutorado no IMPA, instituição que dirige desde 2016. Pesquisador das áreas de sistemas dinâmicos e teoria do caos, fez pós-doutoramento em Princeton e na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, nos Estados Unidos. 

Viana também dirigiu a Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), foi vice-presidente da União Matemática Internacional e é membro das Academias de Ciências do Brasil, do Chile, de Portugal e do Mundo em Desenvolvimento (TWAS). Juntamente com Hilário Alencar, idealizou e liderou o Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional. Viana é também um dos principais idealizadores da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), promovida pelo IMPA desde 2005, com apoio da SBM. 

A Aula Magna A matemática brasileira: dos anos 1950 aos anos 2020 é gratuita, aberta a todos os interessados e não demanda inscrições prévias. O evento acontecerá no auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano do ICMC na quarta-feira, 16 de outubro, a partir das 14h30.

Congresso Internacional de Matemáticos reuniu 2,5 mil matemáticos no Rio de Janeiro em 2018
(crédito da imagem: Denise Casatti)

Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP
Com informação da Assessoria de Comunicação do IMPA


“A matemática brasileira: dos anos 1950 aos anos 2020” – Aula Magna com Marcelo Viana 
Quando: quarta-feira, 16 de outubro, às 14h30 
Local: auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano, sala 6-001, bloco 6 do ICMC 
Endereço: avenida Trabalhador são-carlense, 400, área I do campus da USP, no centro de São Carlos 
Mais informações: (16) 3373.9622 ou eventos@icmc.usp.br

Saiba mais
Colunas de Marcelo Viana no jornal Folha de S. Paulo: www1.folha.uol.com.br/colunas/marceloviana/
Sobre a OBMEP: www.obmep.org.br
Sobre o Congresso Internacional de Matemáticos: www.icm2018.org
Sobre o Biênio da Matemática: www.bieniodamatematica.org.br

terça-feira, 1 de outubro de 2019

MBA em ciências de dados na USP: inscreva-se na nova pós-graduação a distância

Curso, que começa em janeiro do próximo ano, terá disciplinas como aprendizado de máquina, estatística, programação, redes neurais e processamento em paralelo

Inscrições terminam em 31 de outubro ou podem ser encerradas antes, caso seja atingido o limite de 600 inscritos

Preparar profissionais para enfrentarem o desafio de obter informações úteis a partir dos enormes bancos de dados que empresas e instituições têm hoje à disposição. Esse é o principal objetivo do primeiro curso de pós-graduação a distância em ciência de dados lançado pelo Instituto de Ciência Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. 

“O curso vem para suprir uma demanda de vários segmentos do mercado perante a nova era da informação digital, com bancos de dados imensos e complexos”, explica o coordenador do MBA em ciências de dados, Francisco Louzada, que é professor do ICMC e também diretor do Centro de Matemática e Estatística Aplicadas à Indústria (CeMEAI). 

Planejado para atender às necessidades de quem atua em diferentes empresas e instituições, o curso de um ano é uma pós-graduação lato sensu. Pode se inscrever na especialização qualquer pessoa que queira obter mais conhecimentos em ciência de dados e tenha formação universitária em administração, economia, engenharia, estatística, ciências de computação, sistemas de informação e áreas correlatas. 

“Trata-se de um novo campo de atuação, que demanda profissionais com formação interdisciplinar, capazes de solucionar os diversos problemas com os quais precisarão lidar no universo da ciência de dados”, acrescenta Louzada. Composto por módulos de disciplinas teóricas e práticas que se integram, o curso propicia aos alunos aprenderem os fundamentos da ciência de dados bem como ter contato com tópicos específicos referentes, por exemplo, à captura e tratamento de grandes bancos de dados, a metodologias estatísticas e matemáticas para análise de dados, a técnicas básicas e avançadas em aprendizados de máquina e deep learning

“Além disso, o MBA oferece a oportunidade para os alunos trazerem um problema real da empresa ou instituição em que atuam a fim de que possam solucioná-lo no decorrer do curso. Para isso, contarão, desde o início, com o apoio de tutores com experiência em projetos que aproximam a academia do mercado”, revela o professor. 

Invista em você – Para se inscrever na especialização, basta preencher o formulário e pagar a taxa de inscrição, que é de R$ 501,20, a qual não será devolvida, exceto no caso de concessão de bolsas de estudo. As inscrições terminam em 31 de outubro ou podem ser encerradas antes, caso seja atingido o limite de 600 inscritos. 

Serão selecionados, no máximo, 167 participantes. O processo seletivo consistirá na análise dos documentos enviados e o resultado final será informado via e-mail. Após a divulgação, o candidato aprovado deverá manifestar interesse na vaga, também via e-mail, e efetuar o pagamento da taxa de matrícula e das mensalidades, em até 12 vezes. Os valores variam dependendo se é individual a participação no curso ou em grupo (empresas) e, se o pagamento é à vista, há um desconto de 7,5%. A mensalidade, por exemplo, varia de R$ 1.307,59 a R$ 1.499,90. Para receber a tabela, basta preencher a ficha disponível em: http://cemeai.icmc.usp.br/MBA/#investimento

Serão oferecidas, ainda, bolsas de estudos para alguns alunos matriculados, os quais terão isenção total no pagamento da matrícula e das mensalidades. Todas as informações referentes ao acesso ao ambiente online de aprendizagem serão enviadas aos alunos logo após a confirmação da matrícula. As aulas no ambiente online começarão em janeiro e terminarão em dezembro. Ao final do curso, acontecerão dois encontros presenciais para realização de provas e defesa de monografia. 



Com informações da Assessoria de Comunicação do CeMEAI/USP 

Mais informações 
Telefone: (16) 3373-8159