Homenagem aconteceu durante o jantar oficial do Webmedia 2019, principal evento brasileiro da área
Quando a professora Maria da Graça Campos Pimentel se uniu a mais dois pesquisadores para construir a primeira edição do Workshop Sistemas Hipermídia Distribuídos, não imaginava que estava lançando ali, simbolicamente, a pedra fundamental de uma nova área de pesquisa em computação no Brasil. Depois de 25 anos, a pesquisadora do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP foi reconhecida por seu pioneirismo.
A homenagem aconteceu durante o jantar oficial do principal evento brasileiro da área: o Webmedia 2019 - XXV Simpósio Brasileiro de Sistemas Multimídia e Web, promovido pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC). O evento ganhou esse novo nome e cresceu em relevância e tamanho, mas sua semente foi lançada no ICMC em 1995 pelas mãos da professora Graça e dos professores Cesar Teixeira, do departamento de Computação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e Luiz Fernando Gomes Soares, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
A XXV edição do evento aconteceu no Rio de Janeiro, de 29 de novembro a 1º de dezembro. Já falecido, Soares foi homenageado in memoriam durante o Webmedia 2019.
A professora Maria da Graça é professora do ICMC desde 1987
Contexto – É preciso voltar a 1995 para compreender o contexto em que surge a proposta do Workshop Sistemas Hipermídia Distribuídos no ICMC. Naquele tempo, o mundo ainda não contava com redes sociais, TV Digital e computação móvel, tópicos que foram debatidos no Webmedia 2019.
Foi naquele ano que o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) aprovou dois projetos sobre sistemas multimídia em uma chamada do Programa Temático Multi-institucional em Ciência da Computação. Um deles foi coordenado por Teixeira e outro por Soares, sendo que ambos contavam com a colaboração da professora Graça.
Segundo Teixeira, esse Programa do CNPq marca o início da concessão de financiamento de grande porte e estável à área da computação. Juntos, os projetos reuniam pesquisadores de seis instituições: UFSCar, USP, PUC-Rio, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e IBM. Nesse cenário, surge a ideia do Workshop, com a finalidade de unir as equipes das duas iniciativas.
Sobre a professora – Após concluir o Bacharelado em Ciências de Computação pela UFSCar em 1986, a professora Graça finalizou o mestrado em Ciências de Computação e Matemática Computacional no ICMC em 1989 e o doutorado em Ciências da Computação na University of Kent at Canterbury em 1994. Pesquisadora do ICMC desde 1987, a professora faz parte da equipe do Laboratório de Intermídia e realiza estudos aplicados nas áreas de tecnologia assistiva, saúde e educação.
Texto: Denise Casatti - Com informações da Assessoria de Comunicação da UFSCar
Estudantes fazem parte de um grupo de estudos que vai oferecer treinamentos e simulações de desafios de programação de 2 a 6 de dezembro
Time Triple G recebeu medalha de prata na final realizada em Campina Grande, na Paraíba
Cinco horas e 13 problemas de programação. Esse é o resumo do desafio enfrentado pelos estudantes Guilherme Tubone, Gabriel Camargo e Gustavo Soares, que participaram da Maratona Brasileira de Programação. Membros do time Triple G, eles conseguiram medalha de prata e, com isso, se classificaram para a final mundial, que ocorrerá nos dias de 21 a 26 de junho de 2020, em Moscou, Rússia.
Alunos do curso de bacharelado de Ciências de Computação do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, os finalistas fazem parte do Grupo de Estudos para a Maratona de Programação (GEMA). O grupo realiza atividades ao longo de todo o ano para preparar os estudantes para competições de programação e, no início do próximo mês, de 2 a 6 de dezembro, promoverá um Training Camp para os estudantes interessados em treinar e participar de simulações de desafios de programação.
O objetivo do Training Camp é apresentar o que é programação competitiva e como estudar para a modalidade, com aulas sobre os tópicos mais usualmente abordados nas diversas competições que existem na área. Para se inscrever gratuitamente e conferir a programação do evento, basta acessar este link: http://gema.icmc.usp.br/camp.
Tradição no ICMC – “É muito gratificante poder representar o ICMC e conquistar uma medalha em uma competição desse nível”, diz Guilherme Tubone. O time Triple G ficou na 6ª colocação da final da Maratona Brasileira de Programação, realizada em Campina Grande, na Paraíba, de 7 a 9 de novembro. No total, 55 times participaram da iniciativa.
Times de universidade de todo o Brasil participaram do desafio
A competição é muito intensa. Para se ter uma ideia, das 13 perguntas que deveriam ser respondidas pelos times, duas não tiveram resposta de nenhuma equipe. A prova desafia os alunos nos quesitos de criatividade, capacidade de trabalho em equipe, busca de novas soluções de software e habilidade de resolver problemas sob pressão. Por isso, já é considerada um diferencial no currículo.
Com a conquista da vaga para a final mundial em 2020, o ICMC estará representado no International Collegiate Programming Contest (ICPC pela sexta vez. "Estamos muito felizes com esse resultado. São três anos consecutivos ganhando medalha e com participações em finais mundiais, isso é uma prova da força do nosso grupo de extensão”, afirmou Samuel Ferreira, técnico do time. Ele foi integrante da equipe do ICMC que venceu a competição brasileira em 2018.
Como avisa o vitorioso Gabriel Camargo, depois de cinco anos de dedicação ao GEMA, é preciso se esforçar para obter sucesso nas disputas: "A maior lição que tirei da maratona foi ser perseverante, não deixar de encarar desafios pelo medo de errar. Afinal, ninguém começa bom em alguma coisa, isso leva tempo, esforço e muitos tombos no meio do caminho".
O ICMC foi uma das cinco instituições que conseguiu classificar dois times para a final brasileira. Outra equipe do Instituto, chamada de Um minuto para o fim do coffee, formada pelos alunos Raphael Medeiros, Andre Fakhoury e Frederico Bulhões, conquistou a 12ª posição na final brasileira. Eles também tiveram como técnico o aluno Samuel Ferreira.
O ICMC foi uma das cinco instituições que conseguiu classificar dois times para a final
Ele concluiu a graduação em matemática em São Carlos e, depois, partiu para o Rio de Janeiro, onde defendeu o doutorado no IMPA; hoje, está na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, fazendo pós-doutorado
Pedro deu os primeiros passos da carreira acadêmica no ICMC, onde desenvolveu projetos de iniciação científica por três anos
(crédito da imagem: Assessoria de Comunicação do IMPA)
Quando o garoto mineiro, de 17 anos, entrou pela primeira vez na sala do professor Fernando Manfio, estava cursando o primeiro semestre do Bacharelado em Matemática. Recém-chegado da pequena cidade de Muzambinho, no sul de Minas Gerais, Pedro Henrique Gaspar Marques da Silva visitaria aquela mesma sala do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, inúmeras outras vezes.
Mas, desde a primeira vez, ele não bateu naquela porta tal como outros alunos costumam fazer no início de um curso de graduação. Pedro sequer conhecia Manfio e não queria esclarecer dúvidas, aliás, o professor nem ministrava aulas para a turma dos calouros naquele início de 2010. Só que os ouvidos atentos do garoto captaram uma valiosa informação: Manfio tinha uma bolsa de iniciação científica disponível. O melhor é que o professor pesquisava geometria, uma área da matemática que já encantava o garoto.
“Desde muito cedo, percebemos que o mundo de Pedrinho era o mundo científico”, revela Manfio, na tarde de quarta-feira, 7 de agosto. Na mesma sala em que acolheu Pedro pela primeira vez, o professor conta que recebeu com felicidade, mas sem surpresa, a notícia de que o ex-aluno é o ganhador, este ano, do Prêmio Carlos Gutierrez de Teses de Doutorado. O Prêmio reconhece, a cada ano, a melhor tese em matemática defendida no Brasil no ano anterior.
Sob orientação de Manfio, Pedro percorreu o início de sua jornada acadêmica: foram três anos de iniciação científica, todos com bolsas de estudo, um ano com recursos provenientes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e dois com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). “É o típico aluno que todo professor sonha ter: educado, pontual, escreve formidavelmente bem e com uma maturidade matemática excepcional. Ele está, com certeza, entre os melhores estudantes que tivemos em nosso Instituto nos últimos 10 anos, considerando a capacidade intelectual de compreender a matemática moderna”, ressalta o professor do ICMC.
Como resultado da pesquisa que realizou na iniciação científica, Pedro conheceu, em novembro de 2012, pela primeira vez, o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), quando foi participar da sexta edição do Simpósio Nacional Jornadas de Iniciação Científica no Rio de Janeiro. O garoto já surpreendeu o público na apresentação do trabalho Fibrações Localmente Triviais e os Grupos Fundamentais de Grupos de Lie Clássicos, realizada durante o evento (disponível no Youtube). Talvez ele já soubesse, naquele tempo, que seria apenas a primeira das inúmeras vezes que percorreria os corredores do IMPA.
Rumo ao doutorado – Quando estava finalizando a graduação, angustiado com o futuro, Pedro consultou Manfio. “Se você gosta de geometria diferencial, tem um pesquisador fenomenal nessa área lá no IMPA, o Fernando Codá”, respondeu o professor. Em janeiro de 2013, Pedro participou do Programa de Verão do IMPA e, logo depois de concluir a graduação no ICMC, o garoto de Minas partiu para o IMPA fazer seu doutorado sob supervisão de Codá.
“Passei diretamente da graduação ao doutorado. Os projetos de iniciação científica tiveram um papel fundamental na minha formação e em minhas escolhas acadêmicas", conta Pedro. "Em tais projetos, tive um primeiro contato com a atividade de fazer matemática, do ponto de vista da pesquisa, e logo me decidi pela área em que gostaria de trabalhar. Acredito que o suporte de meu orientador, nessa época, foi essencial para que eu desenvolvesse o gosto por aprender e por investigar”, completa.
Passados cinco anos depois da chegada ao IMPA, em 4 de julho de 2018, Pedro se despediu da instituição apresentando mais um trabalho: a defesa da tese de doutorado A equação de Allen-Cahn e aspectos variacionais de hipersuperfícies mínimas. O estudo garantiu a ele a conquista do Prêmio Professor Carlos Teobaldo Gutierrez Vidalon 2019, destinado à melhor tese em matemática defendida no Brasil no ano anterior à premiação, nos quesitos originalidade e qualidade. Ele receberá a premiação em uma cerimônia que acontecerá dia 27 de agosto, às 14 horas, no auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano, do ICMC. O evento é parte da programação do Workshop de Teses e Dissertações em Matemática do Instituto.
“Pedro nunca teve medo de enfrentar um problema matemático. Quando me procurava para tirar alguma dúvida, era porque já tinha esgotado todas as possibilidades de encontrar uma resposta”, conta Manfio. “É o tipo de aluno excepcional e o orientador deve tomar cuidado, nesse caso, para não exercer um papel de desorientador. É preciso fornecer desafios à altura, que façam o estudante se sentir motivado”, completa.
Ao recordar a história de Pedro, Manfio se lembra de sua trajetória e traça um paralelo: foi também um projeto de iniciação científica que o motivou a ingressar na carreira acadêmica. Sob orientação do professor João Batista Peneireiro, Manfio deu os primeiros passos na ciência quando ainda era um estudante de matemática na Universidade Federal de Santa Maria: “Todos os alunos deveriam ter a oportunidade de fazer um projeto de iniciação científica”. Ao finalizar, ele diz que os benefícios de um projeto desses não são colhidos apenas pelos estudantes: “Para mim, foi um privilégio ter o Pedro como aluno durante três anos. Com certeza, aprendi muito”.
Para Manfio, todos os alunos deveriam ter a oportunidade de fazer um projeto de iniciação científica
(crédito da imagem: arquivo pessoal)
Sobre o Prêmio – Com a finalidade de homenagear o pesquisador Carlos Teobaldo Gutierrez Vidalon, o Prêmio foi criado pelo ICMC em 2009 em parceria com a Sociedade Brasileira de Matemática. Atualmente, concede R$ 3 mil ao vencedor.
Gutierrez faleceu no dia 3 de dezembro de 2008, depois de atuar como professor titular no ICMC, onde contribuiu, a partir de 1999, com a fundação e consolidação do grupo de pesquisa em sistemas dinâmicos. Originário do Peru, sua chegada ao Brasil aconteceu em 1969, quando veio estudar no IMPA, onde se titulou mestre e doutor em matemática. Nessa instituição, na qual trabalhou até 1999, começou como professor assistente e chegou à posição de titular. Durante o período, visitou vários importantes centros em matemática como a University of California, em Berkeley, nos Estados Unidos, e o California Institute of Technology.
Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP
Equipe de São Carlos conquistou prêmio de US$ 17 mil depois de vencer três das quatro categorias em uma disputa internacional que envolveu 211 participantes
Os campeões fazem parte do Laboratório de Robótica Móvel do ICMC: ideia do grupo é que as melhorias testadas na plataforma da competição possam ser implementadas no Carro Robótico Inteligente para Navegação Autônoma (CARINA II), possibilitando a locomoção em situações mais complexas (crédito da imagem: divulgação LRM/ICMC)
Foi preciso percorrer 6.582 quilômetros por mais de 5,7 mil horas para que os 69 carros autônomos dos melhores laboratórios de pesquisa do mundo concluíssem uma competição inédita. São quilômetros mais do que suficientes para cruzar, de carro, a distância que separa o Oiapoque, no extremo norte do Brasil, do Chuí, no extremo sul. A questão é que esses carros não alcançaram a façanha enfrentando estradas pavimentadas ou de terra, mas usando uma plataforma virtual que simula percursos, o Car Learning to Act (CARLA).
Tal como em um rally da vida real, a competição internacional demandava que os veículos criados pelos 211 participantes percorressem rotas virtuais, encarando engarrafamento, chuva, placas de trânsito, semáforos, carros desavisados, pedestres incautos além de outros imprevistos. No entanto, diferentemente dos jogos eletrônicos, nesse caso não havia controle remoto: os participantes da disputa programavam seus veículos diretamente de seus laboratórios de pesquisa, espalhados por vários locais do planeta, e enviavam os códigos para computadores que processavam essas informações. Automaticamente, a plataforma de simulação verificava como cada veículo tinha se comportado e computava os pontos obtidos. Nesse rally virtual, não é quem anda mais rápido que se torna campeão, mas quem comete o menor número de infrações e acumula mais pontos.
Resultado: o carro autônomo criado por seis alunos de pós-graduação e dois professores da USP obteve o melhor desempenho em três das quatro categorias do Desafio de Direção Autônoma CARLA, que foi patrocinado por empresas líderes na corrida pelo desenvolvimento da tecnologia para veículos autônomos. O time ainda conseguiu o segundo lugar na única categoria que não venceu e conquistou um prêmio total de US$ 17 mil. “A principal motivação dos pesquisadores em direção autônoma é promover segurança. A ideia é, no futuro, ter um nível de automação em que os veículos autônomos sejam capazes de alcançar resultados melhores do que um ser humano”, explica Júnior Rodrigues da Silva, doutorando do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP e um dos membros da equipe campeã.
Coordenada pelos professores Denis Wolf e Fernando Osório, do Laboratório de Robótica Móvel do ICMC, a equipe foi composta por mais cinco pós-graduandos: Angelica Mizuno Nakamura; Iago Pachêco Gomes; Jean Amaro; Tiago Cesar dos Santos e Luis Alberto Rosero. O doutorando Júnior ressalta ainda que, para se tornarem mais competentes que os humanos, os veículos autônomos ainda têm uma longa estrada pela frente. Daí a relevância de participar de desafios de simulação, que possibilitem às máquinas passarem por situações muito próximas às que os motoristas vivenciam no mundo real.
“Essa primeira edição da competição ajudou a identificar em que patamar estão os trabalhos na área e como os pesquisadores lidam com os principais dilemas nesse campo de pesquisa. A ideia é que a disputa aconteça anualmente para que os cientistas acompanhem a evolução dos estudos”, conta o mestrando Iago Pachêco Gomes. “As estatísticas produzidas durante a competição servem para instigar as equipes a melhorarem seus sistemas. Por exemplo, nenhum time conseguiu, sem cometer qualquer infração, cumprir o trajeto com menor nível de dificuldade”, completa.
Reduzindo as incertezas – Até recentemente, não havia uma plataforma on-line aberta que possibilitasse realizar simulações com carros autônomos, propiciando uma aproximação razoável do mundo real. Os custos para fazer testes com esses veículos em vias públicas são muito altos, o que restringia a realização de pesquisas. Com o surgimento de uma plataforma como o CARLA, os pesquisadores têm à disposição um meio mais acessível e seguro para os testes.
“Como um carro autônomo vai agir ao se deparar com uma situação muito inusitada como, por exemplo, um cachorro que surge de repente na pista depois de sair detrás de uma árvore?”, questiona Júnior. Cenários inesperados como esses, que acontecem frequentemente na vida real, estão entre os obstáculos encontrados pelos pesquisadores da área. Afinal de contas, esse tipo de situação é desafiadora até mesmo para os seres humanos: muitas vezes, desviar do cão implicará atropelar uma criança que está do outro lado da rua ou até mesmo causar um acidente grave e colocar em risco a vida de muitas pessoas.
Note que diversos processos ocorrem nos poucos segundos em que um motorista capta os dados do cenário à frente – por meio dos órgãos de percepção que propiciam, por exemplo, ver e ouvir. A seguir, o condutor deve interpretar essas informações, analisar as opções de que dispõe e tomar, finalmente, uma decisão. Só então, caso necessário, os músculos serão movimentados e vão acionar os dispositivos do carro para desviar ou colidir com o animal. Agora imagine quanto trabalho demanda transformar todos esses processos em um passo a passo (algoritmos) a ser executado rapidamente por um computador.
“Se você está a 50 quilômetros por hora e vê uma placa com a indicação de 30 quilômetros por hora, precisa interpretar essa informação e, a seguir, tomar a decisão de reduzir a velocidade. No caso do carro autônomo, a nossa função é programá-lo para que, a partir dos dados provenientes dos sensores, as informações do ambiente sejam interpretadas adequadamente e as decisões possam ser tomadas”, explica Júnior.
Primeiro, é necessário substituir os órgãos perceptivos do motorista por câmeras, sensores a laser e GPS (sistema de posicionamento global). Depois, esses dados captados devem ser transformados em informações úteis para a posterior tomada de decisão. “Para o computador, uma imagem é uma matriz de números. Então, precisamos criar algoritmos que consigam extrair informações relevantes daquela imagem, possibilitando, por exemplo, identificá-la como sendo uma placa, um semáforo ou um ser vivo”, relata a doutoranda Angélica Nakamura.
A direção autônoma ficará comprometida caso a imagem tenha pouca qualidade e seja interpretada de forma inadequada. É o que acontece com muitos motoristas em dias de chuva. “Dependendo, por exemplo, da qualidade dos sensores de percepção empregados, é possível afirmar, com 90% de certeza, que o sinal está vermelho. Não é 100% porque sempre existe uma possibilidade de erro. Então, os pesquisadores precisam criar um sistema de tomada de decisão que leve em conta esse grau de incerteza”, explica Júnior.
Por isso, a qualidade do sistema de percepção e de tomada de decisão – desenvolvidos a partir de ferramentas da área de inteligência artificial – é fundamental. Só depois de realizados os processos de percepção, interpretação e tomada de decisão, o carro autônomo de fato partirá para a ação e, caso necessário, serão acionados dispositivos como volante, acelerador e freio.
O doutorando Júnior revela também que as quatro categorias do Desafio de Direção Autônoma CARLA se diferenciavam devido aos tipos de sensores disponíveis. Em algumas havia menos equipamentos à disposição – apenas câmera e GPS – já em outras era possível captar dados usando sensores a laser, por exemplo. “Em cada categoria, o veículo deveria percorrer várias rotas. E os pontos conseguidos na categoria eram calculados pela média obtida em cada rota”, completa Júnior.
Ilustrações retratam situações de tráfego apresentadas na plataforma de simulação para carros autônomos (crédito da imagem: site CARLA)
Ampliando os conhecimentos – O carro autônomo campeão, criado pelos seis alunos de pós-graduação e dois professores da USP, é resultado de um trabalho que vem sendo realizado desde 2010 no Laboratório de Robótica Móvel do ICMC. Responsável por promover o primeiro teste de carro autônomo em vias públicas da América Latina em 2013, o Laboratório também criou um caminhão autônomo em parceria com a Scania em 2015.
“Já tínhamos desenvolvido algoritmos de percepção para o projeto do Carro Robótico Inteligente para Navegação Autônoma (CARINA) e para o caminhão. Então, aproveitamos esses algoritmos no desafio internacional, fazendo os ajustes necessários. A ideia, agora, é que essas melhorias testadas na plataforma simulada possam ser implementadas no CARINA II, possibilitando que nosso carro possa se movimentar por cenários mais complexos”, afirma Júnior.
É fato que os benefícios potenciais dos veículos autônomos são imensos e vão desde a eliminação de acidentes causados por erros humanos até a redução da emissão de dióxido de carbono e o uso mais eficiente de energia e infraestrutura. No entanto, muitas questões tecnológicas permanecem sem resposta, tais como: qual é a melhor combinação de sensores para um carro autônomo? Quais componentes do sistema podem ser aprimorados com os próprios dados obtidos durante os percursos? Em quais situações de tráfego diferentes algoritmos falham?
Perguntas como essas poderão ser respondidas mais rapidamente com a participação das equipes de pesquisadores em competições como o Desafio de Direção Autônoma CARLA. Os brasileiros largaram na frente, mas estamos ainda no começo da era dos veículos autônomos. A manutenção da liderança depende da valorização da ciência brasileira e de futuros investimentos.
Laboratório também criou um caminhão autônomo em parceria com a Scania em 2015 (crédito da imagem: Paulo Arias)
Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP
Artigo científico foi elaborado em colaboração com pesquisadores do ICMC
A pesquisa abre caminho para aperfeiçoar as decisões de tratamentos para pacientes com câncer de boca
Uma professora e um doutorando do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, fazem parte de um grupo de pesquisadores reconhecidos durante o 4º Prêmio de Inovação do Grupo Fleury (PIF). O trabalho desenvolvido pela equipe conquistou tanto a preferência do júri técnico quanto a maioria dos votos populares na categoria “artigo científico”.
Coordenado por pesquisadoras do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), situado em Campinas, o artigo Combining discovery and targeted proteomics reveals a prognostic signature in oral câncer foi originalmente publicado na revista Nature Communications, em setembro, e contou com a contribuição da professora Rosane Minghim e do doutorando Henry Heberle, ambos do ICMC.
“O estudo descobriu uma assinatura de prognóstico para câncer de boca, por meio de exames clínicos e de imagens, que apresenta um grande potencial de orientar os profissionais da saúde a superarem as limitações do prognóstico realizado atualmente, assim como permite guiar as estratégias de tratamento personalizadas para pacientes com câncer de boca e, com isso, reduzir recorrências e metástases cervicais do câncer”, explica a primeira autora do trabalho, a pesquisadora Carolina Moretto Carnielli, do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio-CNPEM).
Ao contribuir para identificar, quantificar e compreender a relação entre abundância de proteínas, progressão de tumores e tratamentos, a pesquisa conseguiu abrir caminho para aperfeiçoar as decisões de tratamentos relacionados a esse tipo de câncer. Essa decisão é um grande desafio para os profissionais de saúde, levando em conta que as respostas aos tratamentos convencionais apresentam uma variação muito grande. Para se ter uma ideia, as taxas de recorrência dos tumores podem variar entre 18 e 76% entre pacientes. Estudos mostram que, a cada ano, são diagnosticados cerca de 300 mil novos casos da doença em todo o mundo, período em que se registra também uma taxa de mortalidade de 145 mil pacientes.
Além da participação do ICMC, o projeto contou, ainda, com a contribuição de pesquisadores do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), entre outras instituições nacionais e internacionais, e recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
De acordo com a coordenadora do projeto, Adriana Paes Leme, pesquisadora do LNBio-CNPEM, estudos futuros pretendem ser desenvolvidos para compreender os mecanismos de ação das proteínas distribuídas pelas diferentes áreas do tumor.
A cerimônia de premiação do IV Prêmio de Inovação do Grupo Fleury aconteceu dia 21 de novembro de 2018, em São Paulo.
Texto: Assessoria de Comunicação do ICMC com informações da Assessoria de Comunicação do CNPEM e da Assessoria de Imprensa do Grupo Fleury
Dos 136 cursos da USP avaliados com cinco estrelas pelo Guia do Estudante, 8 são do ICMC
Sete cursos do ICMC foram avaliados pelo Guia e receberam cinco estrelas
Se você ainda está na dúvida sobre qual curso e universidade escolher pode contar com a ajuda da avaliação do Guia do Estudante Profissões Vestibular 2019. O Guia concedeu cinco estrelas, a avaliação máxima, a todos os cursos de graduação oferecidos pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.
A nota máxima foi alcançada pelos cursos de Ciências de Computação, Sistemas de Informação, Licenciatura em Matemática, Bacharelado em Estatística, Engenharia de Computação (oferecido em parceira com a Escola de Engenharia de São Carlos) e Licenciatura em Ciências Exatas (oferecido em parceira com o Instituto de Física de São Carlos e com o Instituto de Química de São Carlos). Já os cursos de Bacharelado em Matemática e de Bacharelado em Matemática Aplicada e Computação Científica foram avaliados na mesma categoria e também receberam a nota máxima. Para obter mais informações sobre cada um desses cursos, consulte o site do ICMC.
Metodologia do Guia – Publicado pela Editora Abril, o Guia é um dos principais veículos de avaliação de cursos superiores de bacharelado e licenciatura. A metodologia utilizada pela publicação é constituída de uma pesquisa de opinião feita, basicamente, com professores e coordenadores de curso. Eles emitem conceitos que permitem classificar os cursos em bons (três estrelas), muito bons (quatro estrelas) e excelentes (cinco estrelas).
O questionário que é enviado para os educadores é composto por 15 questões com temas relativos ao corpo docente, produção científica e instalações físicas, entre outros. Vale lembrar que, por se tratar de uma pesquisa de opinião, os resultados refletem, sobretudo, a imagem que o curso tem perante a comunidade acadêmica.
Em competição latino-americana, robôs de pequeno porte conquistaram o primeiro lugar jogando futebol; já os que foram desenvolvidos para aplicações domésticas se consagraram vice-campeões
Warthog Robotics no pódio: campeão latino-americano no futebol de robôs de pequeno porte
Unir duas paixões em um mesmo campo: robôs e futebol. Esse é um dos desafios dos estudantes da USP, em São Carlos, que participam do grupo Warthog Robotics. Vinculado ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, à Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e ao Centro de Robótica de São Carlos (CRob), o grupo se consagrou pela segunda vez como campeão latino-americano no futebol de robôs de pequeno porte (small size). Além de conquistar o primeiro lugar na modalidade small size, ficaram na quarta colocação na categoria para robôs de muito pequeno porte (very small size) e também mostraram que são bons de bola em outro campo desafiador: o das aplicações domésticas (@Home), na qual foram vice-campeões.
As conquistas foram obtidas durante o Robótica 2018, o maior evento de robótica da América Latina, que englobou diversas competições, mostras, workshops e simpósios científicos realizados de 6 a 10 de novembro no Centro de Convenções de João Pessoa, na Paraíba. “Os resultados são, certamente, fruto da dedicação e do entrosamento dos estudantes que participaram das competições nas três categorias. Na @Home, que é considerada uma das mais desafiadoras, melhoramos nossa pontuação e conseguimos realizar a maioria das provas, o que demonstra um aprimoramento nas pesquisas desenvolvidas na área de interação humano-robô”, destaca Roseli Romero, professora do ICMC que coordena o Warthog Robotics.
Na categoria @Home, a equipe conquistou o segundo lugar
Um dos diretores do grupo, Adam Moreira, revela que três dos sete artigos científicos submetidos por integrantes do Warthog ao XV Simpósio Latino-americano de Robótica (LARS) tratavam de assuntos diretamente ligados à categoria @Home: “Isso também mostra que o grupo tem avançado na produção de novos conhecimentos”.
Já o diretor geral do grupo, Rafael Lang, ressalta que o Warthog tem conseguido se manter como uma das principais equipes de desenvolvimento de robôs do Brasil: “Desde 2009, estamos no pódio em pelo menos uma das categorias da competição Latino-Americana de Robótica. Além disso, temos conseguido abrir novas frentes de atuação, como a @Home, e disputar em alto nível.”
Doutorando na EESC e professor do Instituto Federal de São Paulo no campus São Carlos, Lang explica que os bons resultados do grupo ao longo do tempo têm sido conquistados devido ao trabalho de muita gente. “A organização é um dos fatores principais para manter a competência de uma equipe multidisciplinar como o Warthog, que envolve alunos de quase todos os cursos do campus da USP em São Carlos. A equipe é sempre renovada, o que permite ao time estar sempre capacitado para desenvolver novas tecnologias e aprimorar os projetos já existentes”, explica o doutorando.
Grupo também conquistou a quarta colocação na categoria para robôs de muito pequeno porte
Categorias – Na categoria small size, os times contam com seis robôs cada, um goleiro e mais cinco na linha, que disputam a partida de forma autônoma, ou seja, sem nenhuma intervenção humana. De acordo com Adam Moreira, que é doutorando do ICMC, para construir um robô capaz de jogar futebol sem precisar usar um controle remoto, é preciso levar em conta aspectos mecânicos, eletrônicos e computacionais.
Toda a estrutura do robô, o tamanho que terá, onde ele precisará ser furado, como serão as rodas, o motor, a bateria, o dispositivo de chute, entre diversos outros detalhes são definições que ficam a cargo dos responsáveis pela parte mecânica. Já quem cuida da eletrônica decide quantas placas de circuito ele possuirá, quais componentes serão colocados nessa placa, como será seu microcontrolador e deve compreender também quanta energia será necessária para executar suas tarefas e fazê-lo andar de forma adequada e na velocidade desejada.
Há, ainda, os especialistas do campo computacional. São eles que farão o robô compreender as informações captadas pela câmera que fica no alto do campo de futebol, superando desafios como a falta ou o excesso de iluminação no local. Nesse time, entra também a área de inteligência artificial. São os algoritmos dessa área – as sequências de comandos passadas para o computador a fim de definir uma tarefa – que farão o robô tomar as decisões certas em campo. “A visão computacional possibilita ao robô ter a visão completa do jogo, enxergar onde está a bola e como estão posicionados os adversários e os colegas de time. Já os algoritmos que criamos vão fazê-lo decidir chutar a bola para o gol ou repassá-la a um companheiro”, explica Moreira.
O que muda na categoria da competição voltada a robôs muito pequenos (very small size) é que, devido ao tamanho reduzido, a complexidade da máquina é menor: não há dispositivo de chute nem de drible, existem apenas duas rodinhas e uma placa eletrônica.
Quanto à categoria @Home, o objetivo é estimular o desenvolvimento de serviços e tecnologia de robôs assistivos que possam ter alta relevância para futuras aplicações domésticas pessoais. Na competição, há um conjunto de testes que são realizados para avaliar as habilidades e o desempenho dos robôs em tarefas como reconhecer objetos, mencionando seus respectivos nomes, pegar esses objetos e reposicioná-los, seguir uma pessoa, reconhecer uma determinada pessoa no meio de outras, andar pelo ambiente desviando de obstáculos, tais como cadeiras e sofás, por exemplo.
Rafael Lang com um dos robôs da categoria small size
O objetivo do workshop é viabilizar uma maior integração de alunos de pós-graduação com professores e pesquisadores que atuam na área, contribuindo para aumentar a visibilidade dos trabalhos realizados na academia junto à própria comunidade acadêmico-científica e à comunidade industrial.
Funcionário do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), em Campinas, Azevedo é um dos autores, em conjunto com José Pedro Belo e Roseli Romero, do artigo OntPercept: a perception ontology for robotic systems. O trabalho foi reconhecido como um dos 16 melhores artigos apresentados no XV LARS e os autores foram convidados para submeter uma versão estendida no Journal of Intelligent & Robotics Systems da Springer.
Roseli, Helio e o professor Fernando Osório: tese defendida no ICMC conquistou segundo lugar no concurso
Confira o álbum de fotos no Flickr e no Facebook!
Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP
Estudantes de Ciências de Computação conquistaram o primeiro lugar na Maratona de Programação
Campeões da Maratona de Programação: Cezar, Samuel, Lucas e o técnico Danilo (da esquerda para a direita, com camisetas azuis)
Depois de três anos de muita dedicação, três estudantes do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, conquistaram o sonhado primeiro lugar na final brasileira da Maratona de Programação. Formado por Lucas de Oliveira Pacheco, Samuel Santos e Cezar Guimarães, que cursam Ciências de Computação, o time foi comandado pelo técnico Danilo Tedeschi, mestrando do ICMC.
No total, 746 equipes brasileiras participaram da Maratona Brasileira de Programação, mas apenas 71 foram selecionadas para a etapa final, que aconteceu no dia 10 de novembro, no SENAI Cimatec, em Salvador, na Bahia. Considerando toda América Latina, foram 404 times competindo. Chamado Time do dia 10, a equipe do ICMC conseguiu resolver 10 dos 13 problemas de programação propostos no evento em um tempo menor do que todos os demais times que participaram da disputa em toda a região, o que resultou na conquista do primeiro lugar também entre os times da América Latina. “É sempre uma grande responsabilidade representar o ICMC em uma competição desse nível, estamos muito felizes com o resultado e determinados a continuar treinando para obtermos uma boa colocação no mundial”, conta Samuel.
É a segunda vez que uma equipe do ICMC é campeã na competição – que está na 23ª edição – e será a quinta vez que um time do Instituto representará o Brasil na final mundial da maratona, o International Collegiate Programming Contest (ICPC), que será realizado na cidade do Porto, em Portugal, de 31 de março a 5 de abril de 2019. “Estamos honrados em poder representar a USP São Carlos no mundial de programação, esperamos manter o alto nível na etapa mundial”, diz Lucas Pacheco.
71 equipes foram selecionadas para a etapa final da competição
Grupo de Estudos - Todos os participantes da Maratona são membros do Grupo de Estudos para a Maratona de Programação (GEMA), que exerce um papel crucial na preparação dos estudantes, possibilitando que se reúnam frequentemente, adquiram novos conhecimentos e formem equipes com alto grau de afinidade. Nas reuniões do grupo, são discutidos aspectos teóricos e práticos que servirão de base para os estudantes resolverem os desafios de programação. “Gostaria de agradecer aos integrantes do GEMA e aos nossos nossos professores, que foram fundamentais para o nosso desempenho. Espero que esse resultado inspire as próximas gerações de estudantes, como a conquista de 2013 nos inspirou”, ressalta Cézar Guimarães.
Outro time composto por membros do GEMA também participou da final da Maratona e conquistou o 14º lugar. Composto por Victor Forbes, Guilherme Tubone e Lucas Turci, o time foi comandado pelo técnico Rodrigo Weigert. Todos eles são alunos do curso de Ciências de Computação do ICMC.
Victor, Lucas, Guilherme e Rodrigo (da esquerda para a direita) conquistaram o 14º lugar
“Esses alunos têm como característica gostar de desafio e isso é um diferencial para as grandes empresas de tecnologia, que sempre estão em busca de profissionais capazes de desenvolver soluções inovadoras e com habilidade para assimilar novos conhecimentos de forma fácil e rápida. Eles têm uma excelente base matemática e uma capacidade de programação excepcional”, destaca o professor João Batista Neto, que coordena o GEMA.
Como as empresas já perceberam que podem se beneficiar diretamente dessa mão de obra altamente qualificada, muitas têm buscado apoiar a participação dos estudantes nas maratonas de programação. Este ano, por exemplo, a Vtex, multinacional brasileira de tecnologia com foco em cloud commerce, arcou com os custos das passagens aéreas de todos os alunos do ICMC que foram a Salvador. Já os custos da ida a Portugal ficarão sob responsabilidade da TFG, empresa de games mobile.
“Meu sonho, agora, é conseguir uma empresa para exercer o papel de investidor-anjo do GEMA. Assim, poderemos ter recursos disponíveis durante todo o ano para viabilizar as viagens e os treinamentos dos alunos”, finaliza o professor.
O professor João Batista Neto com os times do ICMC selecionados para a final da Maratona
Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP
Três estudantes de Ciências de Computação do ICMC conquistaram o primeiro lugar criando um jogo para celular sobre um tema nada trivial: educação financeira
A equipe Geleia de FoG comemora a vitória: eles criaram o jogo Pescando Sonhos
Falar sobre finanças com as crianças pode ser uma tarefa difícil para pais e professores, mas para a equipe Geleia de FoG foi um desafio e tanto. Selecionada entre as dez melhores do país para participar da Brasil Game Jam, uma das maiores competições de desenvolvimento de games da América Latina, a equipe criou um jogo sobre educação financeira infantil em apenas 48 horas. Representando o The Fellowship of the Game (FoG), um grupo de extensão vinculado ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, o time conquistou o primeiro lugar com um jogo de pesca para celular chamado Pescando Sonhos.
O objetivo é que o jogador acumule R$ 200 para comprar o barco dos sonhos. Mas, para isso, ele deve controlar um anzol e pescar coisas no fundo do mar como peixes, algas e até baús de tesouros. Cada um dos itens pescados rende dinheiro, que será usado na loja para comprar novas ferramentas, como mais anzóis ou linhas de pesca maiores, aprimorando a capacidade de pesca.
Além disso, é possível também que o jogador faça investimento em pérolas. Ou seja, ele compra uma ostra que fabrica pérolas dentro de si e, quanto mais tempo o jogador deixar a ostra no fundo do mar, maior será o tamanho da pérola e o seu retorno financeiro, simulando uma poupança. De acordo com os desenvolvedores do jogo, ensinar a criança a tomar decisões de como deve gastar seu dinheiro pode fazê-la aprender a investir seus recursos e saber em que momento deve gastá-los.
"A ideia é a criança jogar e aprender sobre educação financeira de forma natural”, explica Anayã Ferreira, uma das desenvolvedoras do jogo. Mais dois estudantes fizeram parte da equipe: Rafael Gallo e Gabriel Simmel. Os três são estudantes do curso de Ciências de Computação do ICMC. "Não teria conseguido sem ajuda dos meus colegas de equipe e a experiência que tive no FoG", conta Gabriel.
Anayã, Gabriel e Rafael (da esquerda para a direita) criaram um jogo sobre educação financeira infantil em apenas 48 horas
A Brasil Game Jam aconteceu durante a Brasil Game Show, uma feira que reúne as principais empresas do setor, em que são apresentadas as novidades do mercado de PC, console, mobile, realidade virtual, card games e jogos de tabuleiro. Realizada na cidade de São Paulo, a feira ocorreu de 10 a 14 de outubro.
Além da Geleia FoG, o ICMC também foi representando pela Vórtex Jelly, outra equipe classificada entre as dez melhores. Formada por Lui Franco, Oliver Becker e Willian Gonzaga, eles desenvolveram o jogo Hall If Streamers. No game, você deve virar um YouTuber de sucesso. “A ideia do nosso jogo é ser um streaming grande. O jogador começa com uma câmera e um microfone do notebook e precisa evoluir seu equipamento. A cada visualização, o jogador ganha uma quantidade de moedas e pode aplicar o dinheiro em cursos extras, como carisma e informática”, finaliza Lui.
Equipe Vórtex Jelly também representou o FoG durante a Brasil Game Jam
Texto: Talissa Fávero - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP
Evento destacou a importância da conquista da nota máxima (7) na última avaliação quadrienal realizada pela CAPES
Na última terça-feira, 12 de dezembro, professores e alunos do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, reuniram-se para falar sobre o passado, o presente e o futuro do Programa de Pós-Graduação em Ciências de Computação e Matemática Computacional.
Este ano, o Programa recebeu a nota máxima (7) na última avaliação quadrienal (2013-2016) realizada realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). "A nota 7 é atribuída apenas a programas que têm excelência internacional, ou seja, que são equivalentes aos oferecidos pelas melhores universidades do mundo", explica o professor Adenilso Simão, que coordena o Programa. Em todo Brasil, existem hoje 77 programas de pós-graduação na área de computação e apenas sete deles receberam a nota máxima da Capes.
Diversos ex-coordenadores do Programa participaram do evento, que ressaltou a importância do trabalho que vem sendo realizado desde 1983, quando o Programa foi criado, e que resultou no reconhecimento obtido este ano.
Veja o álbum de fotos disponível no Flickr e no Facebook!
Conferências e competições de robótica foram realizadas em Curitiba, de 7 a 11 de novembro
No maior evento de robótica da América Latina, o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, esteve em destaque. Na Competição Latino-americana e Brasileira de Robótica, as equipes do Warthog Robotics, grupo de extensão da USP São Carlos, subiram ao pódio três vezes. Já nas conferências realizadas durante o evento, cinco artigos de autoria de pesquisadores do ICMC foram reconhecidos entre os melhores.
Na competição, o Warthog participou de duas categorias no futebol de robôs, ficando com o 5º lugar na Very Small Size e com o 2º e 3º lugares na categoria Small Size. Nessa categoria Small Size, os jogos são disputados com seis robôs em cada time: um goleiro e cinco na linha, que competem sem nenhuma intervenção humana. Este ano, o grupo participou pela primeira vez da categoria @Home, que é voltada para o desenvolvimento de robôs com aplicações domésticas, e conquistou o 2º lugar.
O evento também reuniu conferências científicas da área: o Simpósio Brasileiro de Robótica (SBR), o IEEE Latin American Robotics Symposium (LARS) e o Workshop of Robotics in Education (WRE). As conferências selecionaram os melhores artigos e os autores foram convidados para compor edições especiais de duas importantes publicações. Entre esses melhores artigos estão cinco trabalhos de autoria de pesquisadores do ICMC indicados para duas publicações:
Robotics and Autonomous Systems Journal (RAS), editado pela Elsevier Press:
Artigo selecionado: A Study on the Effect of Human Proxemics Rules in Human Following by a Robot Team, de autoria da professora Roseli Romero e do doutorando Murillo Batista, ambos do ICMC, além do pesquisador Douglas Macharet, da Universidade Federal de Minas Gerias.
Communications in Computer and Information Science (CCIS), editado pela Springer:
Artigo selecionado: Coordinate Multi-robotic System for Image Taking and Visualization via Photogrammetry, de autoria da professora Roseli Romero, dos alunos Arthur Souza e Rita Raadm, do curso de Ciências da Computação, e do doutorando Murillo Batista, todos do ICMC.
Artigo selecionado: Cognitive and robotic systems: speeding up integration and results, de autoria da professora Roseli Romero e dos pós-graduandos Helio Azevedo e José Pedro Belo, todos do ICMC.
Artigo selecionado: Calibration and multi-sensor fusion for on-road obstacle detection, de autoria do professor Fernando Osório e do mestrando Luis Alberto Rosero, todos do ICMC.
Artigo selecionado: 3D Shape Descriptor for Objects Recognition, de autoria do professor Fernando Osório, do aluno Jean Amaro, do curso de Ciências da Computação, e do pesquisador Daniel Sales, que concluiu recentemente o doutorado no ICMC.
Texto: Alexandre Wolf - Assessoria de Imprensa do ICMC/USP
Obra escrita para descomplicar a computação está entre as dez finalistas na categoria Engenharias, Tecnologias e Informática
Com 200 páginas e oito capítulos, o livro mostra exemplos do dia a dia para ilustrar os diferentes cenários em que a computação é aplicada (crédito da imagem: Fernando Mazzola)
O livro Introdução à Computação – Hardware, Software e Dados está entre os finalistas do Prêmio Jabuti, considerado o mais importante do mercado editorial brasileiro. De autoria do professor André de Carvalho, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, e de Ana Carolina Lorena, professora da Universidade Federal de São Paulo e ex-aluna do ICMC, a obra explica conceitos técnicos de forma descomplicada, além de relatar curiosidades e fatos históricos.
“Para nós, estar entre os finalistas é um reconhecimento sobre a importância do tema apresentado e sobre a forma como escolhemos abordá-lo”, explica o professor André. “Tradicionalmente, as obras de introdução à computação são muito técnicas e tratam apenas de aspectos relacionados a hardware e a software. O nosso objetivo foi produzir um livro interdisciplinar, escrito para quem não é um especialista em computação”, completa o professor.
Nesse sentido, a obra inova ao explicar a importância da computação para outras áreas do conhecimento, mostrando exemplos de sua aplicação. Outro diferencial é que as diversas subáreas desse campo do conhecimento são apresentadas ao leitor, com um destaque especial para a ciência de dados, que está em franca expansão.
Diretor do Centro de Aprendizado de Máquina em Análise de Dados (NAP-AMDA), André também é vice-diretor do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas a Indústria (CeMEAI) e faz parte da Rede Nacional de Ciência para Educação (Rede CpE). Não é a primeira vez que ele e a professora Ana concorrem ao Jabuti. Em 2012, eles ganharam esse prêmio por causa do livro Inteligência Artificial: uma abordagem de aprendizado de máquina, redigido em parceria com mais dois autores: Katti Faceli, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e João Gama, da Universidade do Porto, em Portugal.
Este ano, 2.346 mil obras concorreram à 59ª edição do Jabuti, que tem 29 categorias. No último dia 3 de outubro, foram anunciados os finalistas de cada categoria. No momento, está acontecendo a segunda fase de avaliação, que termina em 31 de outubro, quando serão conhecidos os três primeiros colocados de cada categoria. Todos que ficarem em primeiro lugar receberão o troféu Jabuti e R$ 3,5 mil. Quem ficar na segunda e terceira colocação recebe apenas o troféu. A cerimônia de entrega do Jabuti acontecerá em 30 de novembro, no auditório do Ibirapuera, em São Paulo.
Para André, estar entre os finalistas é um reconhecimento em relação à importância do tema apresentado e à forma que os autores escolheram abordá-lo
(foto: João Terazani - CeMEAI)
Descomplicando a computação - Você sabia que a primeira pessoa a programar um computador foi uma mulher? Ou então que existe um teste que permite identificar se você está falando com um ser humano ou com uma máquina? Curiosidades como essas são encontradas durante a leitura de Introdução à Computação – Hardware, Software e Dados.
Segundo o professor, quem não é da área de computação, como estudantes de humanas, de engenharia e até do ensino médio, não tem acesso a um livro que fale sobre os aspectos sociais da computação, mostre como ela pode ajudar a resolver problemas de diferentes campos do conhecimento e como é feita a análise de diversos tipos de dados. Composta por 200 páginas e oito capítulos, o livro mescla exemplos reais do dia a dia para ilustrar os múltiplos cenários em que a computação é aplicada. Para tornar o conteúdo ainda mais atraente, temas atuais são debatidos, exercícios são propostos e uma série de fatos históricos e curiosidades são relatados.
Uma dessas curiosidade que está presente no livro ocorreu em 2008, na inauguração de um terminal de um aeroporto da Inglaterra. Um problema em um programa de computador fez com que 42 mil bagagens fossem enviadas para destinos incorretos e muitos voos cancelados, causando um prejuízo de meio bilhão de dólares. “Muitas coisas com as quais nos deparamos no cotidiano têm computação por trás, como em uma máquina de lavar roupa, no acelerador de um automóvel e nos aplicativos de redes sociais”, explica o professor.
Também é objetivo da obra promover uma maior conscientização nos leitores: “Nós tratamos da importância de aprender a como lidar com o descarte adequado de computadores, a reciclar e a utilizar máquinas que consumam menos energia, princípios que fazem parte da chamada Computação Verde”.
Produzido pela editora LTC, o livro levou cerca de cinco anos para ser escrito. A coautora, Ana Carolina Lorena, é ex-aluna de Ciências de Computação do ICMC. Seu contato com André teve início ainda na graduação, quando foi orientada pelo docente em sua iniciação científica. Mais tarde, eles se encontraram novamente para que o professor lhe orientasse no doutorado. A parceira tem gerado bons resultados e, quem sabe, até mesmo mais um Prêmio Jabuti.
Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação do ICMC