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segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Escola Avançada em Big Data Analysis prorroga inscrições com desconto

Valores só serão reajustados após 27 de agosto; evento começa dia 2 de setembro



A 3ª Escola Avançada em Big Data Analysis (EABDA 2019) acontecerá de 2 a 6 de setembro no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. O evento apresentará as principais técnicas usadas para a análise de grandes volumes de dados, destacando as mais avançadas e promissoras ferramentas para análise, extração de conhecimento e visualização de dados. 

A escola oferece dez cursos sobre temas como ciência de dados, aprendizado de máquina, deep learning, mineração de dados, processamento de línguas naturais, sistemas de recomendação e redes complexas. Além dos cursos, serão oferecidas cinco palestras sobre temas relacionados à área de big data

Para se inscrever, basta acessar o site do evento. O valor da matrícula para cada curso é de R$ 100 para estudantes e R$ 150 para profissionais formados. Já o pacote com os dez cursos custa R$ 700 para estudantes e R$ 1.200 para profissionais. Esses valores são acrescidos de uma taxa de 10% referente ao uso da plataforma on-line e são válidos até o dia 27 de agosto, quando serão reajustados. 

Podem participar da iniciativa estudantes de pós-graduação e profissionais graduados nas áreas de engenharia, computação, estatística, economia e afins, além de alunos de graduação, desde que estejam no último ano do curso. A Escola é organizada pelo Departamento de Ciências da Computação do ICMC e recebe o apoio do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), do Centro de Robótica de São Carlos (CRob) e do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI-Campinas). 

Texto: Assessoria de Comunicação do ICMC/USP 
Com informações de Leonardo Zacarin - Comunicação CeMEAI 

Mais informações 
Site do evento: cemeai.icmc.usp.br/3EABDA 
Assessoria de Comunicação do CeMEAI: (16) 3373-6609 / contatocemeai@icmc.usp.br

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Projeto do ICMC leva o universo da computação para alunos do ensino fundamental em escolas públicas

Objetivo do projeto é estimular o raciocínio lógico e facilitar o aprendizado na área de exatas


Ensinar conceitos básicos de programação por meio de brincadeiras e dinâmicas para alunos do ensino fundamental de escolas públicas periféricas. Esse é o principal objetivo do projeto CodifiKIDS, uma iniciativa do Programa de Educação Tutorial (PET-Computação) do Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.

O CodifiKIDS é um curso é presencial oferecido gratuitamente por estudantes de graduação e pós-graduação do ICMC em escolas públicas. O projeto teve início em agosto de 2017 e, desde então, duas turmas do terceiro ano do ensino fundamental já concluíram o treinamento. O curso é uma extensão do projeto Codifique, um cursinho de computação para alunos do ensino médio que querem entrar na universidade. E para dar continuidade ao projeto, as inscrições estão abertas para outras unidades públicas de ensino de São Carlos que tenham interesse. 

Para participar, é necessário que a escola ofereça um laboratório de informática com computadores em bom estado e em quantidade suficiente para cada aluno ter o seu. As escolas interessadas devem se inscrever até o dia 30 de julho por meio deste link: icmc.usp.br/e/78690. As vagas são limitadas e escolas em áreas periféricas de São Carlos terão prioridade.

Começando cedo - Gabriel Baltazar, aluno do ICMC e um dos coordenadores do projeto, fala da importância de ensinar computação para as crianças: “Aprender programação de computadores ainda na infância ajuda a estimular o raciocínio lógico e facilita o aprendizado, sobretudo na área de exatas”. Para ele, é importante mostrar às crianças que existem essas profissões, para que eles possam ter a oportunidade de conhecer o trabalho do cientista da computação e quem sabe até desenvolver essa carreira no futuro.

Aplicar conhecimento teórico de informática e ainda manter a concentração das crianças é um desafio que qualquer professor enfrenta. Para isso, Gabriel explica como foi transformar o vocabulário acadêmico em uma linguagem acessível e atrativa para as crianças: “Além de ensinar os conceitos passo a passo, nós tínhamos que fazer com que eles ficassem interessados no conteúdo. Por isso, nós criamos alguns exemplos dinâmicos, por exemplo, fazendo uma criança ensinar às outras como fazer um sanduíche. Dessa maneira, a gente podia explicar que as instruções dessa criança eram como os algoritmos”.

George Tamanaka, também coordenador do projeto, ressalta porque as escolas da periferia são prioridade do CodifiKIDS: "Não é só pela distância geográfica que devemos aproximar essas crianças da universidade, mas também pela distância social em que elas vivem. Existe uma desigualdade muito grande entre o que é produzido na universidade e o que é absorvido na sociedade. A gente vê que não há diálogo entre as instituições e a comunidade". 

Colhendo resultados - Em 13 de junho aconteceu o último dia de aula na Escola Municipal de Educação Básica Professora Dalila Galli, localizada no Jardim Jockey Club, em São Carlos. Nesse dia, também aconteceu a formatura da turma, com entrega de certificados.

Turma da Escola Municipal de Educação Básica Professora Dalila Galli, 
no último dia do curso

George conta que a desigualdade social era uma dificuldade que teve de ser enfrentada: "Alguns estudantes já tinham alguma familiaridade com um computador, outros nunca tiveram contato. Então, ensinar para uma sala em que as pessoas estão em vários níveis de aprendizado é muito difícil, pois exige um acompanhamento individual. Mas apesar de tudo isso, conseguimos superar essas barreiras e o resultado desse trabalho foi um sucesso".

E quando a última aula do curso chegava ao fim, Sheila Carreire, de 11 anos, se destacava pela habilidade com o conteúdo. E não só isso, ela ainda ajudava seus colegas que estavam com dificuldades. "As aulas sempre eram muito divertidas e participativas e, por isso, eu consegui aprender bastante. Foi muito legal quando ele nos ensinaram a criar um jogo. Queria que sempre tivesse aula no laboratório", ela conta.

Texto/fotos: Talissa Fávero - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP


Mais informações:
Inscrições até 30 de julho
Link de inscrição: icmc.usp.br/e/78690

Assessoria de Comunicação do ICMC-USP
Tel. (16) 3373-9666 / comunica@icmc.usp.br

quarta-feira, 20 de junho de 2018

As lições que os robôs podem ensinar às crianças

Mesmo nascendo sem inteligência nem sentimentos, essas máquinas se tornam um estímulo para que crianças e jovens aprendam matemática, física, português, além de motivá-las a trabalhar em equipe, ter paciência, perseverar e lidar com frustrações

Caleb e João formaram a primeira equipe do nível zero participante da OBR
 
Robôs são emaranhados de peças à primeira vista. Se você acompanha uma competição da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), vê um batalhão de mãos impacientes de crianças e jovens encaixando e desencaixando fios, cabos, placas, levando suas criações de um lado para outro. É um caos organizado acontecendo, que só é interrompido quando a equipe se reúne perto de uma das plataformas de madeira branca. Nesse momento, quem lidera o grupo solta o robô para que ganhe vida própria. A tensão invade a arena. Agora, aquele emaranhado de peças deve percorrer sozinho seu trajeto, seguindo a linha escura e enfrentando diversos obstáculos (como lombadas e prédios de papel), depois tem que subir uma rampa e capturar duas bolinhas. 

Muitos falham na missão, ainda que bem treinados, enquanto alguns seguem a jornada com sucesso e arrancam pulos, aplausos e sorrisos da equipe e da plateia. Acompanhando atentos ao percurso, parece que o próximo segundo das vidas dessas crianças e jovens depende do que aquelas máquinas farão. Eles sabem que, mesmo a robótica sendo uma ciência exata, imprevistos fazem parte da história dos robôs. Por mais bem programados e montados que estejam, há momentos que se comportam de forma inesperada. 

“A gente tem que ter muita paciência com os seres robóticos”, diz Sara, 10 anos, no fim do dia em que participou, pela primeira vez, da OBR. Nas quatro edições anteriores do evento que aconteceram em São Carlos, Sara assistiu às competições e a vontade de participar foi crescendo ano a ano. 

Em todas essas edições, as etapas regionais da modalidade prática foram coordenadas pela professora Roseli Romero, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP. Roseli explica por que o mundo dos robôs não é tão exato assim: “Existem os chamados comportamentos emergentes, os imprevistos. Dependendo da informação sensorial que está chegando à máquina, se houver algum ruído, pode acontecer algo que não estava planejado e o resultado será completamente diferente do programado”. Ela revela que, na área de tecnologia, por mais que os especialistas tentem prever tudo o que pode ocorrer, até sistemas que estão em desenvolvimento há anos estão sujeitos a problemas e, por isso, precisam de manutenção. Então, imagine só o que pode acontecer com esses robozinhos que acabaram de nascer. 

“O robô desmontou, a gente teve que reprogramar e mudar o robô inteiro. Às vezes, as coisas dão errado, mas você tem que tentar”, conta Sara ao deixar o salão de eventos da USP. “Você tem que dar seu melhor, senão, não consegue. Tem que treinar muito”, completa. É domingo, 17 de junho, e o segundo e último dia da etapa regional da OBR em São Carlos terminou há pouco, minutos antes de começar o primeiro jogo do Brasil na Copa do Mundo da Rússia 2018. “Fiquei com mais vontade de participar da OBR, quero treinar e voltar muitas vezes”. 

Quem escuta a pequena Sara até pode imaginar que, pela empolgação, ela está carregando uma medalha no peito. Na verdade, ela fez parte da equipe Quarteto Robótico e conquistou um modesto 21º lugar no nível 1 da OBR, destinado a alunos do 1º ao 8º ano do ensino fundamental. 

A equipe Quarteto Robótico com o treinador Emidio Manzini Junior: Giovanna, João, Victor e Sara

Motivados a errar – “Na minha opinião, não só como vice-coordenador nacional da OBR, mas também como pai de duas crianças, aprender a lidar com a frustração talvez seja um dos aspectos mais importantes da formação dessa nova geração”, conta Rafael Aroca, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de São Carlos. “Temos visto muitos problemas nos alunos do ensino médio e nos universitários relacionados à dificuldade em lidar com frustração. Há muitos estudos sobre isso. Por isso, acreditamos que a OBR é um bom momento para que esse aprendizado ocorra de uma forma divertida e lúdica, em que podem tentar de novo”, revela o professor. 

Não foi por acaso que uma das novidades deste ano da OBR foi a inclusão de um nível especialmente destinado a alunos matriculados do 1º ao 3º ano do ensino fundamental, o chamado nível zero. “Queríamos atrair os mais novos para estarem nesse ambiente, viverem essa experiência. Eles não recebem pontuação e fazem atividades bem simples”, explica Rafael. 

Nesse caso, se o robô consegue andar em uma linha reta, os pequenos já ganham um brinde: um broche da OBR. Se o robô parar no obstáculo, recebem mais um broche. No final, todos ganham medalhas. “É um incentivo para que estejam aqui e tentem fazer um robô. Se não der certo, não tem problema. No começo é mais difícil, mas logo eles aprendem que para fazer uma coisa de sucesso você tem que errar muito. A gente também quer que eles aprendam a errar numa boa. Errar muito e consertar.” Rafael perdeu a conta de quantos estudantes já acompanhou ao longo da história da OBR que tentaram uma vez, duas e, então, aos poucos, foram se desenvolvendo pessoalmente e tecnicamente, alcançando melhores resultados com o passar do tempo. 

“A gente pode fazer o robô andar com um número aleatório, que precisa de variáveis declaradas. Também tem a opção de habilitar e desabilitar. Quando ele for virar para a direita, vai ter que desabitar o movimento e, quando for andar, tem que habilitar”, explica Caleb com precisão técnica. Ao ouvir o garoto falando, parece que ele faz parte de um time veterano da OBR. Mas Caleb tem apenas 8 anos e surpreende quando conta entusiasmado tudo o que já aprendeu sobre robôs. 

É possível imaginá-lo neste salão de eventos nos anos que virão, aprimorando a cada edição suas habilidades. Apoio dos pais não lhe faltará: Jefferson e Márcia acompanham do andar superior do salão o trabalho de Caleb e João, da equipe LAO Robotic. Eles também estão prestigiando a equipe do filho mais velho, Yan, que tem 12 anos, e faz parceria com Bryan, também com 12 anos, na equipe BY Robotic

Para Bryan, que participou da competição ao lado do primo Yan, a parte mais difícil é programar o robô:
“Se você não souber programar, ele não vai fazer nada. Vamos supor: o robô é uma pessoa, um bebê.
Ele não sabe nada: não sabe andar, não sabe comer, não sabe falar”. 

Motivados a tentar – Formado em Física, Jefferson Pereira Cezar desenvolve softwares e não é apenas mais um pai que acompanha seus filhos na OBR. Ele acumulou a função de treinador das duas equipes. “A escola não os apoiou, não quis inscrevê-los. Então, eu mesmo treinei as crianças nos finais de semana. Tentamos, com esse exemplo, fazer a escola enxergar essa oportunidade e abrir a possibilidade para que outros participem”, revela Jefferson. 

No ano passado, Caleb e Yan assistiram à OBR, enquanto o pai acompanhava equipes da escola em que trabalhava. No final do evento, os garotos disseram para ele que, em 2018, queriam competir. Como a partir deste ano a OBR possibilitou a participação de equipes independentes – ou equipes de garagem – Jefferson resolveu inscrever os garotos, agregando aos grupos um primo das crianças e dois amigos de escola de Caleb. O treinamento foi reforçado com as aulas oferecidas em um curso preparatório para a OBR que acontece todos os anos no ICMC, ministrados por alunos da professora Roseli. 

“Caleb tem um talento nato para lógica e música. Não tem como podar algo assim”, diz o pai. No entanto, Jefferson enfatiza que, apesar de fazer parte do universo das ciências exatas e da tecnologia, não força as crianças a participarem dessas atividades. “Eu só quero dar um chão a eles. Se quisessem ser bailarinos, eu estaria fazendo a roupinha deles. Mas pediram para fazer robôs e passamos essa noite costurando os uniformes que estão usando. Foi trabalhoso, mas valeu a pena.” 

O vice-coordenador nacional da OBR explica que, ao possibilitar a participação das equipes de garagem, a competição atendeu a uma demanda do público, pois muitos alunos queriam participar, mas as escolas não queriam inscrever. “A equipe de garagem é uma provocação e dá liberdade, porque você pode unir crianças de várias escolas. A gente já viu resultados bem positivos”, destaca Rafael. 



Motivados a criar – Quando foi entregar as medalhas de participação a Caleb e João, a primeira equipe nível zero que participou de uma OBR, Roseli ficou com os olhos cheios d’água naquela tarde de sábado, 16 de junho: “Eles nos surpreendem, não têm aversão à tecnologia. Eles abraçam a ideia e enfrentam os desafios”. 

Para ela, as crianças e jovens que participam da OBR aprendem que tornar um robô inteligente não é uma coisa tão fácil, exige muito esforço. “Quando conseguem, eles veem que têm esse poder de criação. Se começam desde pequenos, vamos suscitar neles ainda mais o gosto por criar coisas novas, não só ligadas à robótica. Porque eles passam a acreditar neles próprios e, com certeza, poderão se tornar inovadores na área da tecnologia ou em qualquer área que venham a atuar”. 

Por mais contraditório que possa parecer, lidar com máquinas pode contribuir para que crianças e jovens lancem um novo olhar para si mesmos. “Quando notamos que não conseguimos transferir totalmente para as máquinas a inteligência que a gente tem, passamos a admirar e a respeitar mais os seres humanos”, ensina Roseli. 

É claro que os robôs continuam sendo um emaranhado de peças à primeira vista. Mas, como qualquer outro estímulo do mundo, quem estiver aberto ao aprendizado poderá lançar novos olhares para essas máquinas e enxergá-las com a mesma simpatia e admiração que nossos filhos. Este ano, Sara possibilitou que eu me tornasse, também pela primeira vez, mãe de uma participante da OBR. Sou grata a ela e aos seres robóticos. 

Entre as 154 equipes que compareceram ao evento nos dois dias de competição, 
duas são do projeto Pequeno Cidadão, da USP São Carlos. 
As crianças do projeto participaram, pela primeira vez, da OBR e 
conseguiram conquistar a 16ª e a 18ª colocação. 
Elas foram treinadas em um curso preparatório especial, ministrado por 
dois alunos do ICMC, Yuri Martins e Malu. Maria Luiza Telles

Texto e fotos: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP


Confira as equipes medalhistas na etapa regional da OBR em São Carlos

Sábado, 16 de junho (veja todos os resultados no site da OBR

Nível zero 
LAO Robotic (Equipe de garagem - São Carlos) 

Nível 1 
Medalha de ouro: AlfaLego (Franca) 
Medalha de prata: COC Franca 3 (Franca) 
Medalha de bronze: COC Franca 1 (Franca) 

Nível 2 
Medalha de ouro: SESI Jabuka Force (Jaboticabal) 
Medalha de prata: SESI Fran Robots (Franca) 
Medalha de bronze: SESI Codex (São Carlos) 

Domingo, 17 de junho (veja todos os resultados no site da OBR

Nível 1 
Medalha de ouro: AtomikosJr (Limeira) 
Medalha de prata: Insabots 1 (Araras) 
Medalha de bronze: Carreta furacão - o retorno – Yadaa (São Carlos) 

Nível 2 
Medalha de ouro: Akômitos (Limeira) 
Medalha de prata: ORC Alfa (Rio Claro) 
Medalha de bronze: Casa suja, chão sujo (Limeira)

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Oportunidade: Inscrições para a Escola Latino-americana de Matemática já estão abertas

Evento acontece de 27 de agosto a 6 de setembro



Estão abertas as inscrições para participar da Escola Latino-americana de Matemática (ELAM). O evento será realizado de 27 de agosto a 6 de setembro na Universidade Federal do ABC (UFABC), em Santo André, região metropolitana de São Paulo. A iniciativa é organizada pelo Centro de Matemática, Computação e Cognição (CMCC) da UFABC e pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.

“O objetivo do evento é oferecer, em um curto período de tempo, cursos com conteúdos que geralmente não fazem parte da grade curricular da graduação ou da pós-graduação. Além disso, haverá palestras sobre resultados atuais de pesquisa em diferentes áreas de matemática”, diz Pablo Rodriguez, coordenador do comitê de organização local da ELAM e professor do ICMC.

O professor explica que a Escola é destinada a todos os interessados na área de exatas: “É importante a participação de alunos e pesquisadores, sejam eles da área de matemática, computação, estatística ou engenharia”. As inscrições podem ser feitas até o dia do evento no site da Escola, onde estão disponíveis o valor da taxa de inscrição para graduandos, pós-graduandos e demais pesquisadores. O pagamento será recebido em dinheiro no primeiro dia de cada semana do evento. 

Os participantes que desejarem um auxílio parcial para participar do evento devem fazer o pedido até dia 13 de julho. Alunos que apresentarem trabalho durante o evento terão prioridade em receber esse auxílio. Se os participantes quiserem fazer submissões de resumos para apresentação de trabalhos, podem se inscrever até 29 de julho. Ambos os pedidos podem ser realizados no site do evento, juntamente com a inscrição: http://eventos.ufabc.edu.br/elam2018.

Na Escola, haverá palestras com diversos pesquisadores nacionais e internacionais. Os cursos nas áreas de álgebra e biomatemática começam a partir de terça-feira, dia 28, e se encerram na sexta. Na segunda semana, é a vez dos cursos das área de probabilidade e teoria de grafos, que começam na segunda-feira, dia 3, e vão até quinta-feira. Confira o cronograma completo no site do evento

Patrocinada pela Unión Matemática de América Latina y el Caribe (UMALCA), a ELAM tem o apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), da Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Texto: Talissa Fávero - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

Mais informações 
Pedidos de auxílio para participar do evento: até 13/07/2018 
Submissão de resumos para apresentação de trabalho: até 29/07/2018 
Inscrição no evento: até o dia do evento
Contatos: (11) 4996-7950 ou elam2018.ufabc@gmail.com

Contato para esta pauta
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br

terça-feira, 5 de junho de 2018

Aprender ficou mais divertido: estudantes da USP ensinam xadrez para alunos do ensino fundamental

O jogo facilita o aprendizado em matemática e ajuda a aumentar a concentração

Cerca de 40 alunos participaram da atividade


A aula de matemática começa em sala, mas logo os alunos se dirigem para a biblioteca. Na aula sobre jogos e números, incomum mesmo é a lousa e o giz serem as ferramentas de aprendizado. Estamos na Escola Estadual Sebastião de Oliveira Rocha, em São Carlos, no interior de São Paulo. Foi aqui que, enquanto ensinava alguns jogos pedagógicos, a professora de matemática Rosemeire Ribeiro dos Santos percebeu que os alunos se interessavam muito por xadrez.

“Meu filho, que é aluno da USP, me contou que em uma das bibliotecas do campus tinha um encontro de pessoas que jogavam xadrez e que essa atividade era aberta ao público. Então, pedi que me levasse até a USP para conhecer”. Assim, a professora Rosemeire foi apresentada aos alunos João dos Reis Junior, Uirá de Almeida, Felipe Ramos e Vinícius da Silva. Todos eles são estudantes do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP e fazem parte do projeto Xadrez na biblioteca, que acontece toda terça-feira no terceiro andar da biblioteca Achille Bassi. 

“O xadrez aprimora o raciocínio e a concentração no estudo das jogadas, técnicas essenciais na matemática, por isso convidei os meninos para que fossem à escola levar isso aos meus alunos”, conta a professora. Então, no dia 25 de maio, os estudantes do ICMC visitaram a escola para ensinar xadrez aos 40 alunos do oitavo e do nono ano. E se o objetivo da atividade era incentivar o trabalho em equipe, a colaboração e o respeito, eles cumpriram com sucesso. 

Os alunos ouviam atentos cada explicação do jogo, que conquistou até os que nunca tiveram contato. “Eu nunca joguei xadrez, mas aprendi a jogar hoje. Foi muito legal e divertida essa experiência, espero aprimorar meus conhecimentos para participar de campeonatos. Quero ensinar meus pais e meus amigos a jogar também”, conta entusiasmado Felipe Martins, aluno do oitavo ano. 

“Aprender a jogar xadrez foi uma atividade muito interessante. Percebi que durante o jogo nós estimulamos a memória e também faz a gente raciocinar porque temos que pensar antes de mover as peças. O objetivo é ganhar o jogo, mas o mais importante é aprender”, expõe a aluna Kethely Bernardo de Brito.

Felipe e Kethely se enfrentam em uma partida de xadrez

O saldo positivo também ficou evidente para os alunos do ICMC que ensinaram xadrez. Apesar da maioria dos estudantes do ensino fundamental não saberem jogar, Uirá diz que eles aprenderam muito rápido. João também tem essa opinião e gostaria de participar mais vezes desse tipo de atividade. “Os alunos são iniciantes e o xadrez é muito complexo, é preciso mais aulas para poder ensinar as técnicas do jogo”, explica João.

Uirá também acredita que essa atividade deva ser periódica: “Apesar de ser um hobby para a gente, desenvolver essa atividade com crianças faz com que a concentração seja muito estimulada. A partir do momento em que essa prática se torna frequente, você começa a desenvolver outras aptidões. Durante o jogo, tem que pensar nos movimentos das suas peças e nas do seu adversário, assim você começa a considerar possibilidades. Isso faz com que também comece a refletir sobre as consequências das suas próprias atitudes. É um jogo que traz benefícios para a vida”, revela Uirá.

Alunos jogam uma partida de xadrez cronometrando o tempo das jogadas

A professora Rosemeire também vê os benefícios da visita: “Esta atividade foi muito boa para os alunos, eles ficaram encantados com a presença dos alunos da USP aqui. Muitos já me procuraram querendo aprender xadrez e perguntando se os garotos da USP iriam voltar”.

Xadrez na biblioteca - João começou a jogar xadrez ainda na escola, no ensino fundamental, assim como essa turma de alunos. Hoje, com 22 anos, considera o xadrez um dos seus hobbies favoritos. Uirá também conta que se apaixonou pelo jogo ainda na infância e fala os porquês de gostar tanto dessa atividade: “Existe uma etiqueta para jogar xadrez e uma das principais regras é respeitar o adversário. É um jogo competitivo, mas é uma competição muito saudável, puramente intelectual. Toda a ritualística da competição envolve respeito, tanto que vários competidores acabam desistindo da partida quando percebem que o jogo já está perdido. Tudo isso pelo respeito ao tempo do outro”.

E para manter esse passatempo tão prazeroso para ambos, eles contam como trouxeram o projeto para a biblioteca. “Jogar xadrez sempre foi uma atividade comum no campus, mas nunca tinha um lugar fixo para a gente jogar e isso atrapalhava muito, porque as pessoas acabavam se dispersando. Então, surgiu a ideia de usar o espaço da biblioteca para facilitar o acesso”, conta João. 

Uma personagem crucial para a efetivação do projeto foi Juliana Moraes, que chefia a biblioteca Achille Bassi. Segundo ela, o apoio para a oficina de xadrez vem ao encontro da mudança no comportamento das pessoas que usam o espaço da biblioteca: “Grande parte dos livros estão disponíveis na internet e todo mundo tem acesso. Então, o acervo de uma biblioteca não pode ser mais o único pilar da instituição. Hoje, a gente entende que a biblioteca é mais do que isso. Ela é o pilar do serviço e do espaço. Porque esse espaço já não é mais super silencioso e cheio de regras, mas sim um lugar de aprendizado".

Juliana explica que a aprendizagem não acontece apenas com leitura e escrita, mas sim com outros tipos de interações, daí a relevância da biblioteca na vida de uma comunidade. "É um espaço de cultura, de convivência, de conversa, do diálogo. Por isso, nós apoiamos o projeto do xadrez, que ilustra essa mudança no uso do espaço da biblioteca”.

O Xadrez na biblioteca é realizado desde março e acontece todas as terças-feiras, das 18 às 22 horas. A atividade é gratuita e aberta ao público.

Quem desejar propor outros projetos ou oficinas para a serem realizados na biblioteca Achille Bassi, basta entrar em contato com Juliana pelo e-mail jumoraes@icmc.usp.br ou biblio@icmc.usp.br. As propostas serão analisadas pela equipe responsável pelo espaço, que aprovará as ideias que possam  contribuir para tornar o ambiente ainda mais propício a diversos aprendizados.

Texto: Talissa Fávero - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

Mais informações
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br

terça-feira, 8 de maio de 2018

Escola sobre ciência de dados na USP: ainda dá tempo de se inscrever

Destinado a pesquisadores e estudantes, evento acontece nos dias 15 e 16 de maio no ICMC, em São Carlos 



Preparar estudantes e pesquisadores para construírem o futuro da inteligência artificial. Esse é um dos objetivos da Escola de Aprendizado de Máquina Automático em Ciência de Dados, que será realizada no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, nos dias 15 e 16 de maio. 

Conforme explica o coordenador do evento, professor André de Carvalho, a ideia da escola é fornecer conhecimentos sobre uma nova área de pesquisa: auto-aprendizado de máquina ou aprendizado de máquina automatizado (em inglês, o termo empregado é automated machine learning, ou simplesmente AutoML). Segundo o professor, essa nova área é destinada à pesquisa e ao desenvolvimento de sistemas capazes de realizar automaticamente as etapas fundamentais do aprendizado de máquina. Isso possibilita, em suma, otimizar a extração de conhecimento útil a partir de quaisquer dados. 

André explica que, por meio do AutoML, os cientistas de dados não precisarão mais desenvolver uma ferramenta para cada tipo de aplicação e deixarão de executar tarefas repetitivas e demoradas, podendo alocar o tempo em atividades mais difíceis e prioritárias, como analisar novas soluções para um problema e criar novas técnicas computacionais (como algoritmos mais eficientes, por exemplo). “O objetivo do AutoML é apoiar os cientistas de dados em seu trabalho, não substituí-los”, explica o professor, que está empenhado em preparar estudantes de graduação e de pós-graduação para construírem esse futuro da inteligência artificial. 

Como se inscrever - Para se inscrever na Escola, que terá minicurso, tutoriais e oficinas, basta acessar o site do evento: www.cemeai.icmc.usp.br/AutoMLSchool. As taxas de inscrição variam de acordo com as atividades escolhidas pelos participantes e começam a partir de R$ 37,50.

Entre as atrações está o tutorial Democratizing and automating machine learning, que será ministrado pelo professor Joaquin Vanschoren, da Eindhoven University of Technology, localizada nos Países Baixos.  Haverá, ainda, o tutorial Recent advances in metalearning: from metafeatures to streams, que será ministrado pelo professor Carlos Soares, da Universidade do Porto, de Portugal. Já o minicurso Super aceleração de algoritmos usando GPUs de última geração será conduzido pelo professor Mário Gazziro, que é professor da Universidade Federal do ABC e pós-doutorando no ICMC. No site do evento, é possível consultar a programação completa.

A iniciativa tem o apoio do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria e do Centro de Pesquisa de Aprendizado de Máquina em Análise de Dados.  

Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC 

Mais informações
Escola de Aprendizado de Máquina Automático em Ciência de Dados: www.cemeai.icmc.usp.br/AutoMLSchool
Setor de Eventos do ICMC: (16) 3373.9622
E-mail: eventos@icmc.usp.br

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Quando a matemática e a física se encontram: evento internacional reunirá pesquisadores na USP em São Carlos

A matemática que nos ajuda a compreender tudo o que podemos enxergar no planeta Terra será a mesma que nos leva a explicar como funciona o universo dentro dos átomos ou no interior de um buraco negro?


Você sabia que as ferramentas, os métodos e os conceitos matemáticos que são utilizados para explicar o mundo macroscópio – esse espaço e tempo onde se inserem todos os objetos que podemos enxergar a olho nu –, muitas vezes são inapropriados para compreendermos como funciona o mundo dentro dos átomos ou o que acontece dentro de um buraco negro? 

Muitas pesquisas estão sendo realizadas por matemáticos e físicos no Brasil e no exterior em prol do desenvolvimento de novas ferramentas, métodos e conceitos matemáticos que possam conciliar e incorporar os conceitos do espaço-tempo da Relatividade Geral de Einstein com a física quântica, que só podemos acessar usando instrumentos especiais que enxergam fenômenos na escala dos átomos. Há muito para descobrir também sobre os locais do universo que têm características bem diferentes do planeta em que vivemos, tal como o interior dos buracos negros.

“O espaço-tempo quântico tem uma geometria própria. Sabemos apenas que os fenômenos que acontecem nesse mundo são completamente diferentes dos que ocorrem em nível macroscópico, mas não sabemos como esses dois mundos se relacionam”, explica o professor Paulo da Veiga, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.

Ele faz parte da comissão organizadora da II Escola Patricio Letelier de Física-Matemática, que está com inscrições abertas e reunirá pesquisadores brasileiros e estrangeiros no ICMC de 19 a 23 de fevereiro de 2018. “O diálogo entre físicos e matemáticos é muito profícuo: estimula que novos modelos matemáticos sejam desenvolvidos para compreender o que ocorre no nosso universo em constante expansão agora”, explica Veiga.

Durante o evento, serão oferecidos seis minicursos e quatro seminários avançados. Haverá também sessões de pôsteres e sessões para proposição de problemas abertos. Confira a programação completa no site do evento: http://eplfm2018.galoa.com.br.

Os estudantes de pós-graduação e pesquisadores interessados em participar da iniciativa podem se inscrever até 18 de janeiro de 2018. O valor da taxa de inscrição é de R$ 200, mas será oferecido um desconto (R$ 50,00) a quem se inscrever até dia 17 de dezembro pelo site. 

Além do professor Veiga, participam do comitê organizador do evento os professores Samuel de Oliveira e João Pitelli, ambos da UNICAMP, e o professor Julio Fabris, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Entre as diversas instituições que apoiam a iniciativa está a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Na opinião de Veiga, o diálogo entre físicos e matemáticos é muito profícuo

Quem foi Patricio Letelier – Ele estudou os buracos negros, o caos, os defeitos topológicos, as soluções exatas e aspectos matemáticos e físicos da Teoria da Relatividade Geral. Relevantes para todas essas áreas de pesquisa foram as contribuições científicas de Patricio Letelier, que foi professor no Departamento de Matemática Aplicada da UNICAMP até 2011, ano em que faleceu. 

Sua extensa e diversificada lista de publicações bem como o grande número de estudantes que orientou e de colaboradores com os quais estabeleceu parcerias demonstram a influência que exerceu na ciência brasileira e mundial. Depois de se formar na Universidade do Chile, Letelier fez doutorado na Universidade de Boston e, em 1978, assumiu uma posição no Departamento de Física da Universidade de Brasília, onde ficou até 1988, ano em que se transferiu para a UNICAMP.

Além de homenagear o professor por meio do evento, o comitê organizador da Escola está buscando atribuir o nome de Letelier a um asteroide descoberto por um de seus orientados. “Ao reunirmos os especialistas da física e da matemática em um encontro como esse, podemos discutir juntos os problemas atuais e contribuir para sedimentar esse campo de pesquisa no Brasil”, afirma Veiga. 

Vale lembrar que a física e a matemática sempre se desenvolveram em paralelo ao longo da história. Alguns especialistas afirmam que a matemática é a linguagem natural da física. Na história dessa relação, surgem a cada dia novas teorias físicas que requerem constantemente o desenvolvimento de ferramentas matemáticas cada vez mais complexas.

Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

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Inscrições e programação completa: http://eplfm2018.galoa.com.br
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terça-feira, 13 de junho de 2017

O potencial transformador da robótica

Professores, alunos e pais relatam que participar da Olimpíada Brasileira de Robótica pode contribuir para tornar as aulas mais atraentes e participativas, favorecendo o desenvolvimento da autonomia dos estudantes e o processo de ensino e de aprendizado

Para participar da competição, é fundamental o trabalho em equipe e a colaboração

A medalha de bronze se destaca no peito de quatro estudantes que comemoram a conquista alcançada na Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR). É início da noite de sábado, 10 de junho, e a alegria de Eduardo Fernandes, Guilherme da Luz, Matheus Barbirato e Richard Fowler invade o palco do salão de eventos da USP, em São Carlos. Alunos do sétimo ano da escola estadual Coronel Franco, de Pirassununga, esses estudantes só estão aqui hoje por causa de uma história que começou três anos atrás.

Naquele tempo, a robótica não tinha invadido a escola. Mas a coordenadora pedagógica Kátia Schimidt enxergou que participar da OBR era uma oportunidade imperdível: conseguiu um kit emprestado com a professora Roseli Romero, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. Era 2014 e a escola conseguiu, pela primeira vez, participar da competição. Kátia se lembra das lágrimas invadindo o rosto no momento em que assistiu aos estudantes da Coronel Franco conquistando medalhas de prata e de bronze. 

De lá para cá, muita coisa mudou. Em 2015, a robótica tomou conta da escola de vez. Com a obtenção de 57 kits, por meio de doações, as aulas de “Tecnologia e Sociedade”, ministradas pela professora Flávia de Oliveira, alcançaram 300 crianças. O trabalho começa no sexto ano, quando os alunos têm aulas de programação com jogos. No ano seguinte, começam a montar os próprios robôs e a programá-los. “O projeto transformou a escola. Professores de diferentes áreas do conhecimento aprenderam a fazer robôs. Muitos deles enfrentaram dificuldades e, a partir dessa experiência, passaram a enxergar os alunos de outra forma”, explica Kátia. “Geralmente, o aluno que é indisciplinado tem, na verdade, dificuldade de aprendizagem. Quando ele é estimulado a desenvolver suas habilidades e competências, tal como nos projetos de robótica, acaba se engajando no aprendizado e a indisciplina diminui”, completa a coordenadora pedagógica. 

Kátia ressalta também que, ao estimular os alunos a colocarem a mão na massa e buscarem novos conhecimentos para superarem os desafios que surgem ao montar e programar os robôs, existe um ganho adicional: o protagonismo dos estudantes passa a ser valorizado. “Aconteceu uma mudança pedagógica. Hoje, muitos estudantes me procuram para apresentar seus projetos e ver como podem colocá-los em prática dentro da escola”, conta a coordenadora. Os resultados impactaram o Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp), um dos principais parâmetros para avaliar a qualidade do ensino na rede estadual paulista. Criado em 2007, o índice estabelece metas que as escolas devem alcançar ano a ano. Desde que a robótica invadiu a Coronel Franco, essas metas são superadas. 

“Meu interesse pela robótica nasceu depois que eu comecei a ver o pessoal montando os robôs. Eu sempre gostei de montar e desmontar coisas e quis participar”, diz Eduardo Fernandes. “Tem que ter calma com o robô. Ele vai obedecer o que você mandou ele fazer. Então, precisa programar à risca”, ensina o estudante. Antes de saber que conquistaria uma medalha de bronze, ele confirmou que voltará à OBR: “Gostei muito de participar. Eu não sabia que era tão tenso colocar o robô na pista”.

Eduardo Fernandes (à esquerda) com sua equipe da escola estadual Coronel Franco, de Pirassununga 

A robótica surpreende – No primeiro andar do salão de eventos da USP, em São Carlos, a mãe de Luiz Henrique da Silva acompanha atenta o desempenho do filho, que tem 15 anos. Lá embaixo, Luiz e sua colega de equipe estão sentados na mesa fazendo ajustes no robô. “Ele ficou muito nervoso porque não deu nada certo na primeira rodada da competição”, conta Lucimara Ferrante da Silva.

Toda a família veio acompanhar a estreia de Luiz na OBR: a mãe, o pai e os irmãos Mateus da Silva, de 10 anos, e Gisele da Silva, de 5 anos. “Foi a primeira vez que eu não precisei cobrar o Luiz para estudar. Ele me surpreendeu muito”, revela Lucimara. Ela conta que o filho sempre gostou de robôs, de brincar com Lego e que fez até uma pasta com o material de estudo. 

O pequeno Mateus quer seguir o exemplo do irmão mais velho. Acompanhou Luiz durante algumas fases da montagem do robô e aprendeu a mexer com os fios e soldá-los. No futuro, ele tem certeza de onde quer estar: competindo na OBR.

Lucimara com os dois filhos menores: Matheus e Gisele
O técnico da equipe, Emerson Gajardoni, analista de suporte em informática na unidade 108 do Centro Educacional SESI, em São Carlos, diz que Luiz é muito curioso e que os estudantes da equipe ficaram encantados quando conseguiram fazer o robô acender as luzes: “Eu também aprendi muito. Nunca tinha trabalhado com equipamentos eletrônicos e tive que comprar livros e analisar os componentes para ver quais se encaixavam melhor”.

O estudante Renan Sachetto – da escola Sesi Joelmir Beting, em Tambaú – descreve, com maestria, o encanto de assistir ao funcionando, pela primeira vez, do robô que colocou no mundo: “É como ver seu filho andando de bicicleta pela primeira vez. É uma alegria e uma felicidade que não dá para descrever”. A professora Roseli Romero, coordenadora da etapa regional da OBR em São Carlos, compreende bem como é essa emoção: “Quando o robô começa a se movimentar, a gente fica com medo, com as mãos prontas no ar para socorrê-lo, como a gente faz com o filho que dá as primeiras pedaladas”.

Luiz e sua colega de equipe fazendo ajustes no robô para enfrentar a segunda rodada da OBR

A robótica mobiliza – Um robô que tem até certidão de nascimento. Assim é Asimov, que conquistou a medalha de ouro para a equipe de seus criadores. “Ele surgiu de um desenho que fizemos no caderno durante uma aula chata”, explica Felipe Visioli, de 16 anos, que está no segundo ano do ensino médio na unidade 407 do Centro Educacional SESI, em São Carlos. Ele e sua colega de sala, Audreih dos Santos, ficaram tão felizes com aquele esboço que logo quiseram construir um protótipo. 

Primeiro, fizeram uma versão com Lego, depois montaram em papelão, a seguir, construíram a primeira versão em MDF, contratando o serviço de uma empresa que faz impressão a laser em São Carlos. A cada etapa do processo, foram remodelando o projeto inicial, aprimorando o design de Asimov. Na última e derradeira fase, ficaram dois dias trabalhando no Fab Lab do Sesi, um espaço em que a instituição disponibiliza vários equipamentos de última geração aos estudantes, em São Paulo. Lá, eles usaram a impressora a laser para cortar as peças em MDF da versão final do robô. “Precisamos elaborar o projeto dele em 3D e usar ferramentas que não conhecíamos como os softwares AutoCAD e Fusion 360”, revela Felipe.

O esforço valeu a pena. Com a colaboração de Luiz Rodrigo Neto, que ficou responsável por programar o robô, a equipe conquistou o primeiro lugar no nível II da OBR durante a etapa regional e, junto com mais 120 times, vai disputar a etapa estadual da competição, em São Bernardo do Campo, dia 9 de setembro. 

Mostrando a apostila em que registraram todo o processo de criação de Asimov, uma verdadeira certidão de nascimento, os estudantes explicam que o nome do robô é uma homenagem a Isaac Asimov, um escritor russo de ficção científica e de obras científicas, que se tornou famoso com livros como "Eu, Robô". Ele criou as famosas Três Leis da Robótica, princípios para permitir o controle e limitar o comportamento dos robôs.

Asimov nasceu de um desenho, feito em julho de 2016 em uma folha de caderno

A robótica transforma – Entrevistas realizadas com professores e participantes da OBR demonstram que a competição contribui para que os estudantes se tornem mais persistentes, criativos, educados e colaborativos. Os resultados dessas entrevistas estão no artigo Brazilian Robotics Olympiad: A successful paradigm for science and technology dissemination, publicado no ano passado no International Journal of Advanced Robotic Systems

Para obter os resultados do estudo, os pesquisadores encaminharam questionários a estudantes e professores que já participaram da OBR. Segundo os 389 professores que responderam o questionário, 72% dos alunos que participam da modalidade prática ampliam suas habilidades de cooperação e trabalho em equipe; 68% demonstram mais interesse e motivação; e 62% tornam-se mais dedicados.

Já 68% dos 536 estudantes que responderam o questionário afirmam que a OBR ajudou a escolher o curso de graduação. Daqueles que já estavam matriculados em um curso universitário, 99% estão nas áreas de ciências, tecnologia e engenharia. "Um dos objetivos da Olimpíada é, justamente, incentivar os alunos a escolher uma dessas áreas", afirma Rafael Aroca, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), um dos autores do artigo e coordenador nacional da OBR.

“Em vez de ficarmos forçando as crianças a aprenderem matemática, física, química, português e outras matérias, sem uma aplicação prática, nós invertemos o processo”, explica o professor Flávio Tonidandel, do Centro Universitário FEI. “O método de ensino que usamos na robótica é assim: primeiro vem a aplicação prática. Os estudantes vão aprender matemática, física, química, português e as outras matérias para resolver os desafios que aparecerão nessa aplicação”, completa.

De acordo com ele, o sucesso dessa nova abordagem pedagógica, que não se restringe à robótica, tem contribuído efetivamente para que o número de participantes da OBR cresça ano a ano. Em 2012, a OBR contabilizou 300 equipes inscritas na competição em todo o Brasil. Em 2013, esse número subiu para 800. Em 2014, foram 1,9 mil equipes e, em 2015, chegou-se a 2,5 mil. No ano passado, 2,9 mil equipes se inscreveram e, este ano, houve 3.375 inscrições.

A coordenadora Kátia não tem dúvida de que essa nova abordagem pedagógica tem alto poder transformador. “Se investíssemos mais na robótica nas escolas, mudaríamos todo o ensino no país. Para isso, é necessário mais boa vontade do que recursos financeiros”, finaliza. 

Número de participantes na OBR aumenta a cada ano

Confira, abaixo, a relação das equipes que ganharam medalhas na primeira etapa regional da OBR 2017, realizada em São Carlos no último final de semana, dias 10 e 11 de junho:

Sábado, 10 de junho - Nível 1 (ensino fundamental)
Medalha de ouro: equipe BRH – Brasil Robotic House, de Franca.
Medalha de prata: The Master Chester Samaritano, de Franca.
Medalha de bronze: Team Bionic, de Pirassununga.

Sábado, 10 de junho - Nível 2 (ensino médio e técnico)
Medalha de ouro: equipe SESI Asimov, de São Carlos.
Medalha de prata: equipe SESI T-Rex, de Monte Alto.
Medalha de bronze: Sesi Robrótica, de Brotas.

Domingo, 11 de junho - Nível 1 (ensino fundamental)
Medalha de ouro: SOR1, de São Carlos.
Medalha de prata: Tigers Team Three, de Novo Horizonte.
Medalha de bronze: Thunders of the Universe – Yadaa, de São Carlos.

Domingo, 11 de junho - Nível 2 (ensino médio e técnico)
Medalha de ouro: Tigers Team One, de Novo Horizonte.
Medalha de prata: Irenaus Sie wissen nicht einmal mich – Yadaa, de São Carlos.
Medalha de bronze: IFSP O Demolidor, de São Carlos.

Com os desafios, estudantes são estimulados a se tornarem
protagonistas no processo de ensino e de aprendizado

Texto e fotos: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação ICMC/USP

Contato com a imprensa
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br

quarta-feira, 10 de junho de 2015

New Interactions of Combinatorics and Probability: inscrições até 21 de junho


Os pesquisadores têm até 21 de junho para se inscrever na escola New Interactions of Combinatorics and Probability, que acontece entre os dias 24 de agosto e 4 de setembro, no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. O evento é promovido pelo ICMC em conjunto com o Centro Internacional de Matemática Pura e Aplicada (CIMPA) e com a Comissão para Países em Desenvolvimento da União Internacional de Matemáticos (IMU-CDC).

A escola terá cursos, palestras e debates sobre diversas áreas da probabilidade, combinatória e processos estocásticos. Durante a primeira semana do evento serão ministrados minicursos sobre probabilidade livre, matrizes aleatórias, caminhos rugosos e combinatória algébrica e enumerativa.

O objetivo dos minicursos é fazer com que os participantes tenham noções básicas e exemplos sobre esses campos de estudo, que estão entre os mais pesquisados na matemática moderna. Já durante a segunda semana serão oferecidas palestras dedicadas a discutir tópicos mais aprofundados com o intuito de apresentar o desenvolvimento mais recente nas áreas estudadas.

Para se inscrever, os participantes devem acessar o site do evento. Os estudantes que precisarem de auxílio para participar da escola podem escrever para os organizadores mencionando essa questão. Confira, abaixo, a lista de pesquisadores que participarão do evento e os temas que abordarão.

Minicursos:
• Alice Guionnet (MIT, Estados Unidos): Random matrices, Free probability and the Enumeration of maps.
• Anke Wiese (Heriot-Watt University, Escócia): Stochastic calculus.
• Frédéric Patras (CNRS, França): Algebraic combinatorics.
• Massimiliano Gubinelli (Université Paris Dauphine, França): Rough path theory.
• Hans Munthe-Kaas (Universtity of Bergen, Noruega): Numeric integration, structure preservation and combinatorics.
• Kurusch Ebrahimi-Fard (ICMAT, Espanha): Algebraic combinatorics.
• Roland Speicher (University of Saarbrucken, Alemanha): Free probabality

Palestras:
• Anatoli Lambartsev (IME-USP, Brasil): Peierls argument for Gibbs fields with chess-board symmetric external field
• Carlos Tomei (PUC-RJ, Brasil): Universality in discrete copulas and Brownian bridges
• Philippe Biane (CNRS-Université Paris Est, França): Free probability and representation theory.
• Paulo Ruffino (IMECC-UNICAMP, Brasil): Decomposition of stochastic flows in dual foliated manifolds: extension of time.

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