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quarta-feira, 19 de junho de 2019

Como a robótica desperta o encanto pelo conhecimento

OParticipar da Olimpíada Brasileira de Robótica é uma experiência que promove descobertas não só às crianças e aos jovens, mas que reacende sonhos em professores, pais e voluntários


As participantes mais jovens: Sarah e Valentine participaram no nível zero da competição

Uma tem seis anos e a outra oito. Juntas, correm pelo salão de eventos da USP, em São Carlos, conduzindo nas pequenas mãos um robô neste domingo ensolarado de outono. Ao chegarem à arena de competição, a expressão no rosto das duas se transforma conforme o robô percorre seu caminho: obstáculos superados, lá vêm muitos sorrisos; fugas ou interrupções na pista, tensão nos semblantes. Ao redor delas, os olhares curiosos acompanham a cena: incontáveis smartphones tiram fotos e gravam vídeos. Certo momento, as meninas quase não resistem à tentação, mexem as mãos rapidamente no ar e assopram a pista na vã tentativa de dar uma forcinha na subida da ladeira. Quando o percurso do robô termina, Sarah Palmieri e Valentine Flório Ouchi recebem, orgulhosas, os broches marcando a primeira participação na Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR). 

A trajetória do robô das garotas chega ao fim depois de passar três vezes nas estradas das arenas, mas é muito provável que a jornada de Sarah e Valentine pela OBR esteja apenas começando. Os pais as inscreveram na etapa regional da OBR em São Carlos no nível zero, que é voltado a estudantes do 1º ao 3º ano do ensino fundamental e foi criado no ano passado para favorecer o contato, cada vez mais cedo, com o mundo da robótica. Nesse caso, não há pontuação e concorrência entre equipes, todos são premiados com broches e medalhas, pois a ideia é incentivar a participação na OBR nos próximos anos.

No nível zero, não há pontuação e concorrência entre equipes, todos são premiados com broches e medalhas

A proposta já está gerando bons resultados: a primeira equipe nível zero que participou de uma OBR no ano passado – formada por Caleb e João – voltou à competição este ano, dessa vez para competir no nível 1, que é voltado a alunos do 1º ao 8º ano do ensino fundamental. Tal como no ano passado, o técnico foi o pai deles, o desenvolvedor de software Jefferson Pereira Cezar, que inscreveu o time na categoria equipe de garagem, destinada à participação de grupos independentes, que não estão vinculados a uma escola.

João e Caleb: primeira equipe a participar da OBR no nível zero voltou à competição este ano no nível 1
(veja o depoimento dos dois na reportagem da EPTV:  icmc.usp.br/e/9bd74)

“Diferente de muitos outros times, nós somos uma equipe de garagem, limitada a um espaço com área de pouco mais de 10 metros quadrados que, nos dias de sol, é quente pra chuchu e, nos dias de chuva, temos que desviar das goteiras. Mas nada disso impede que a gente se reúna todos os sábados para desenvolver alguma coisa que seja útil e divertida”, explica o torneiro mecânico Carlos Renato da Silva. Ele criou o clube de ciências “O mundo das invenções”, em Batatais, no interior de São Paulo, e formou uma equipe que participou da OBR este ano pela primeira vez também na categoria equipe de garagem. Fazem parte do time o filho de Carlos – José Renato Pereira da Silva, 11 anos – e mais três amigos: Henrique Ferreira de Carvalho e Heitor Silva Santana, ambos com 11 anos, e Matheus Henrique Ferrão, 12 anos. 

Sentados em uma mesa no salão de eventos da USP, logo depois que o simpático robô que criaram participa da terceira rodada da OBR, explicam entusiasmados todos os componentes que usaram para construir Simprão, nome que deram ao robô porque ele é simples, mas nem tanto: resultado de um ano de muito trabalho e de aprimoramentos em versões desenvolvidas anteriormente. O que mais chama a atenção em Simprão é uma peça redonda: “Tentamos usar baterias menores, mas não davam conta. Então, compramos uma parafusadeira e retiramos a bateria de lítio de 12 volts para usar no robô”, explica José Renato. “Assim, depois a gente pode desmontar, colocar a bateria de volta na parafusadeira e usá-la normalmente”, completa Henrique.

Simprão e sua bateria proveniente de uma parafusadeira (é o cilindro à direita com a foto do He-Man)


Os garotos contam ainda que a estrutura amarela que sustenta Simprão foi construída em uma impressora 3D que Carlos comprou. “É feita em plástico ABS, que é um derivado do petróleo. Se usássemos um plástico biodegrável, como o PLA, teríamos problemas para fazer os furos e encaixar as peças porque o calor faria o material derreter”, revela José Renato. É assim durante toda a conversa: os garotos vão apresentando os componentes que fazem parte do robô e, quando usam um termo técnico, logo tentam encontrar um jeito de explicá-lo usando comparações de forma que até alguém formado na área de humanas – tal como a jornalista que os ouve – possa compreender. Mal sabem esses garotos quanto conhecimento compartilharam ali, nos poucos minutos que conversamos. Conceitos da área de eletrônica, mecânica, programação e até de sustentabilidade são, para eles, tão básicos quanto quaisquer outros que aprendemos nos primeiros anos do ensino fundamental. 

Aliás, há um aspecto comum que permeia o relato de todas as crianças e jovens que participam da OBR: eles têm habilidades para explicar conceitos científicos de um jeito descomplicado, defendem seus pontos de vista com afinco e carregam nas expressões faciais e no olhar os sinais típicos de quem vibra e se empolga diante das descobertas e da superação de desafios. De fato, entre os maiores legados da OBR está esse potencial para despertar, nas crianças e jovens, o encanto pela busca do conhecimento, levando-os a se divertir nesse processo de uma maneira que jamais vão querer interrompê-lo. Professores, pais, parentes e voluntários que têm o prazer de acompanhar as crianças e jovens nessa jornada sabem o quanto ela é emocionante.

Equipe Mundos das Invenções e o robô Simprão

Uma nova cultura desperta – Adam Moreira é voluntário da OBR desde a primeira edição da etapa regional em São Carlos, em 2014. Naquele ano, 99 equipes de escolas públicas e privadas da região se inscreveram na competição e 70 compareceram ao evento. Na época, Adam fazia mestrado no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, e destacava, na reportagem publicada no site do Instituto, que participar da competição ajudava as crianças a desenvolverem o raciocínio lógico. 

Depois de seis anos, Adam conta que as mudanças que viu aconteceram na região vão muito do evidente aprimoramento na organização local do evento e das alterações implantadas nacionalmente, tal como a criação do nível zero, a abertura à participação de equipes de garagem, a inserção de novas regras à competição, incluindo marcadores e desafios surpresa. Para ele, ao longo dos anos houve uma verdadeira transformação cultural: “A robótica deixou de ser um diferencial. Hoje, as escolas da região que não oferecem atividades nessa área estão ficando para trás.” 

Adam diz que a realização da etapa regional da OBR em São Carlos contribuiu muito para o desenvolvimento de uma cultura ligada à robótica na cidade, a qual se espalhou por outros municípios do entorno. A competição se tornou, assim, uma indutora da cultura robótica nas escolas de ensino básico da região. A etapa regional é um evento em que assistimos aos benefícios que podem ser alcançados quando os conhecimentos gerados nas universidades públicas de uma cidade – nesse caso, na USP e na UFSCar – são compartilhados com as escolas públicas e particulares.

Tabela mostra o número de equipes inscritas na OBR desde 2014, quando aconteceu a primeira etapa regional da competição em São Carlos

“Em 2014, quem participava da competição tinha muito pouco conhecimento sobre robótica, não questionava os juízes e não argumentava. Agora, o nível de conhecimento das crianças e jovens é muito maior: eles querem saber tudo, perguntam detalhes técnicos sobre as provas e sabem explicar conceitos muito mais complexos”, conta a professora Roseli Romero, do ICMC, que coordena a etapa regional da OBR em São Carlos desde 2014. 

Atuando como chefe da equipe de juízes da competição em São Carlos, Adam sentiu na pele essa transformação. “Eu tive que me qualificar para poder acompanhar o desenvolvimento das crianças. Em 2014, por exemplo, eu não tinha conhecimentos avançados sobre o kit Arduino. Ao longo dos anos, muitas equipes passaram a usar esse kit e eu precisei estudar mais”, diz o pós-graduando, que está prestes a concluir o doutorado no ICMC. Para poder solucionar todas as dúvidas dos times durante a competição, ele precisou fazer várias reuniões preparatórias com a equipe de juízes, já que, agora, qualquer equívoco no registro dos pontos é questionado, pois muitas crianças leem o manual de regras e instruções da OBR e o carregam debaixo do braço para a arena.

Aprendendo novas estratégias – Repleto de post-its coloridos e frases destacadas com canetas marca-texto fluorescentes amarelas, verdes, laranjas, rosas e azuis, o manual de regras e instruções que Sara Casatti levou à etapa regional da competição em São Carlos é um exemplo do quanto as crianças se esforçam para obter bons resultados. Segundo ela, a conquista do primeiro lugar no nível 1 da competição no domingo, dia 16 de junho, só foi possível por causa da estratégia adotada pela equipe. “Um robô nunca é perfeito. Então, você precisa conhecer no que ele é bom e no que ele é ruim. Assim, você pode pensar nos locais mais estratégicos para colocar os marcadores ao longo da pista”, ensina.

Sara colocando os marcadores estrategicamente na arena

Para quem nunca competiu na OBR, tal como eu, não é simples compreender o que essa garota de 11 anos está explicando. Confesso que fiz muitas perguntas a ela, enquanto comemorávamos a conquista tomando um sorvete, e no dia seguinte, enquanto a levava à escola. Nesses bate-papos, fui entendendo que o robô pode tentar superar um desafio três vezes – como passar por um ponto em que a pista desaparece ou em que há um redutor de velocidade. Se ele não conseguir, pode desistir e continuar andando na pista a partir do ponto em que a equipe colocou a marcação. Cada desafio ultrapassado rende pontos e, ao transpor o local onde a marcação foi colocada, o time ganha 60 pontos automaticamente. 

Então, a equipe de Sara chegava à arena sorteada para competir alguns minutos antes de entrarem em campo. Discutiam juntos onde deveriam colocar os marcadores a fim de maximizar o ganho de pontos. Como o robô já estava programado para identificar a linha a ser percorrida bem como ultrapassar falhas e outros desafios, o grupo optava por inserir os marcadores logo depois de obstáculos que o robô não havia sido programado para superar. Assim, se conseguisse ultrapassar esses pontos críticos, o time ganharia automaticamente 60 pontos. Por outro lado, se não fosse capaz de superá-los, após três tentativas, o grupo podia tocar no robô e colocá-lo depois do obstáculo, no local indicado pelo marcador, de onde era possível continuar a trajetória. 

Fiquei pensando em quanto a estratégia usada pela equipe de Sara estava relacionada com os mecanismos que usamos para ensinar nossos filhos. Eles também não são perfeitos, têm habilidades e limitações como qualquer outro ser humano. Se a gente os estimula a enfrentar novos desafios, eles podem seguir adiante na vida e ganhar muitos novos conhecimentos. Mas não adianta insistir para que ultrapassem obstáculos maiores do que aqueles que são capazes de superar. Se notarmos um grau elevado de dificuldade, podemos pegá-los nas mãos e levá-los até a próxima fase da jornada. De lá, eles prosseguirão pela estrada da vida e vão enfrentar novos desafios. Conhecendo-os bem, seremos capazes de dar as mãos a eles, caso precisem de um apoio para seguir adiante. Está aqui mais um exemplo do quanto a robótica pode despertar em nós novos conhecimentos: ser uma melhor educadora é só um deles.

Este ano, as escolas públicas que tiveram times melhor classificados no nível 1 e 2 da etapa regional da OBR em São Carlos ganharam kits robóticos Arduino, que foram doados pelo Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria e pela EPTV. A escola estadual Antonio Militão de Lima foi uma das contempladas, já que uma das equipes treinadas pela professora Eliane Botta conquistou o oitavo lugar no nível 1 e se classificou para a etapa estadual da competição, que ocorrerá dia 31 de agosto no Centro Universitário da FEI, em São Bernardo do Campo. Os alunos de Eliane Botta participam do evento desde 2014, ano em que um dos times da escola chegou à final nacional da OBR (leia mais).

Leia mais histórias da OBR: 


Veja o álbum de fotos disponível no Facebook e no Google Fotos 

Texto e fotos: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP 


Confira as equipes medalhistas na etapa regional da OBR em São Carlos 

Sábado, 15 de junho (veja todos os resultados no site da OBR
Nível 1 
Medalha de ouro: Pull_Down – Yadaa (São Carlos) 
Medalha de prata: O round já começou (Araras) 
Medalha de bronze: Legonel – Yadaa (São Carlos) 

Nível 2 
Medalha de ouro: Iron Robots (Franca) 
Medalha de prata: Tigers Team 1 (Novo Horizonte) 
Medalha de bronze: Duck to Space – Yadaa (São Carlos) 

Domingo, 16 de junho (veja todos os resultados no site da OBR
Nível zero 
Grok Team (Equipe de garagem – São Carlos) 

Nível 1 
Medalha de ouro: Oca Robótica I (São Carlos) 
Medalha de prata: Atomikos Jr. 2 (Limeira) 
Medalha de bronze: Super Genius 1 (Indaiatuba) 

Nível 2 
Medalha de ouro: Orc Alfa (Rio Claro) 
Medalha de prata: Atomikos Jr. (Limeira) 
Medalha de bronze: Akomitos (Limeira) 

Leia todas as reportagens sobre as etapas regionais da OBR em São Carlos 





2014

OBR 2019: a história de um pai

A partir do projeto O mundo das invenções, Carlos treinou a equipe  de garagem que participou da Olimpíada Brasileira de Robótica e conquistou uma vaga na etapa estadual da competição

Sou o Carlos Renato, pai do José Renato e incentivador dos garotos da equipe O mundo das Invenções. Gostaria primeiramente de agradecer pela recepção, atenção e dedicação que todos vocês, organizadores da etapa regional da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), tiveram com todos nós, pais e crianças. A experiência de ter participado de um evento como a OBR só me fez refletir sobre o valor e o fortalecimento que um evento como esse proporciona a toda sociedade, em especial às futuras gerações. 

Os garotos ficaram muito encantados com tudo o que vocês fizeram para com eles. A empolgação e brilho nos olhos estão contagiando todos. Estão muito felizes e esperançosos, ainda mais porque conseguiram passar para a etapa estadual. Nós, pais, estamos muito orgulhosos da capacidade e empenho deles. 

Gostaria também de apresentar um pouquinho da história da equipe O mundo das invenções. Diferente de muitas outras equipes, nós somos uma equipe de garagem, limitados em um espaço com área de pouco mais de 10 m², que nos dias de sol é quente pra chuchu e nos dias de chuva temos que desviar das goteiras. Mas nada disso impede que, todos os sábados, a gente se reúna para desenvolver alguma coisa que seja útil e divertido. Já fizemos muito, mais ainda falta um infinito para explorarmos e aprender cada vez mais. E isso é o que buscamos, o conhecimento. 

Nesse projeto além de aprender, se divertir, brincar e inventar, também buscamos valores um pouco esquecidos nessa sociedade, como a busca de novas amizades, companheirismo, reconhecimento no trabalho de outras pessoas, respeito, disciplina e o mais importante, ser pessoas felizes. 

Carlos Renato da Silva

OBR 2019: a história de um professor

Junior com os alunos da Oca dos Curumins: participar da Olimpíada Brasileira de Robótica reacendeu o sonho do professor de um dia estudar na USP ou na UFSCar

Esse não é mais um texto só para agradecer pelo empenho na organização dessa linda e gigantesca competição. Meu nome é Emidio Junior Manzini, sempre amei tecnologia, trabalho na área desde os 17 anos, tenho 39 hoje, só consegui meu diploma da graduação (curso noturno) em 2010.

Atualmente sou programador e atuo como professor de informática já há 20 anos. Essa foi minha terceira participação na OBR aqui em São Carlos, na primeira participação em 2017 minhas equipes não ficaram nem entre as 30 primeiras colocadas, em 2018 não ficamos entre as 20.

Trabalho para duas escolas particulares que me dão toda a condição de ter resultados melhores dos que havia conseguido até então. Isso me fez, pela primeira nesses anos de profissão, repensar se tecnicamente eu estava à altura desse desafio, estaria eu, aquém do que os meus alunos precisavam? Acredito que não exista coisa pior do que isso para qualquer profissional que sempre procurou fazer o melhor.

Após o segundo fracasso, mesmo desanimado, conversei com os alunos e decidimos: “Vamos estudar mais, vamos construir nossa pista e vamos nos classificar para a estadual de 2019”.

Também inscrevi alunos das duas escolas no curso preparatório da USP, enquanto eu estudava mais a fundo a programação EV3-G.

O trabalho foi árduo, cansativo e estressante em alguns momentos, já que tinha que conciliar meu outro emprego, o tempo com a minha filha (que tanto me cobrou nas intermináveis aulas-extra que fiz com os alunos no último mês) com essa responsabilidade que assumi com as crianças e com as respectivas escolas.

Nesse ano, classificamos duas das três equipes de nível I que inscrevi e minha equipe do colégio Oca dos Curumins foi campeã no domingo!

Quando a Professora Roseli discursava antes do anuncio das equipes melhores colocadas eu já estava muito feliz, porque sabia que dessa vez tínhamos feito um bom trabalho, a medalha seria um bônus.

Ela disse que o aprendizado que os alunos adquiriram durante esse tempo seria algo que os alunos levariam para o resto da vida, e é a mais pura verdade, mas não só para eles porque para mim também foi sensacional, a ponto de reacender, aos quase 40 anos, meu sonho de um dia estudar na USP ou na UFSCar, quem sabe fazendo uma especialização ou mestrado profissional...

A OBR foi um combustível para minha vida, espero que essa pequena história seja exemplo para vocês de como o trabalho que fazem é importante.

Muito obrigado!
Emidio Jr

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Venha torcer pelos robôs: regional da Olimpíada Brasileira de Robótica será na USP São Carlos dias 15 e 16

No próximo fim de semana, além de assistir à competição, você também poderá jogar futebol com robôs, experimentar games criados por estudantes da USP e conhecer iniciativas que buscam atrair mais meninas para a área de ciências exatas

Evento é gratuito, aberto a toda a comunidade e acontece das 8h30 às 18 horas no salão de eventos da USP, em São Carlos

“Em um ambiente hostil, muito perigoso para o ser humano, um robô completamente autônomo, desenvolvido por uma equipe de estudantes, recebe uma tarefa difícil: resgatar vítimas sem interferência humana”. É assim que começa o texto que explica como funciona a modalidade prática da Olimpíada Brasileira de Robótica e você poderá assistir aos robôs realizando essas ações de resgate, ao vivo e gratuitamente, no próximo final de semana, dias 15 e 16 de junho. É quando acontecerá a etapa regional da competição no salão de eventos da USP, em São Carlos, das 8h30 às 18 horas.

Os atletas-robôs entrarão em campo para superar terrenos irregulares, transpor caminhos desconhecidos, desviar de escombros e subir montanhas para conseguir salvar vítimas, nesse caso, bolinhas de isopor prateadas, que precisam ser transportadas para uma região segura nas arenas de madeira. Nesse caso, os atletas foram treinados por equipes de estudantes, compostas por dois a quatro integrantes. 

Em São Carlos, participarão da etapa regional cerca de 200 equipes divididas em dois níveis: o nível 1 é voltado aos alunos do 1º ao 8º ano do ensino fundamental e o nível 2 aos estudantes do 8º e 9º anos do ensino fundamental e a todos os alunos do ensino médio ou técnico. Basicamente, o que muda de um nível para outro é o grau de dificuldade a ser enfrentado pelos competidores. Além do desafio de resgatar vítimas, as equipes enfrentam desafios surpresas: tarefas especiais que são sorteadas na hora do evento para possibilitar aos participantes fazer adaptações na programação de seus robôs. 

Coordenada pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, a etapa regional da OBR em São Carlos selecionará as equipes que seguirão para disputar a fase estadual da competição, que ocorrerá dia 31 de agosto, no Centro Universitário FEI, em São Bernardo do Campo. E quem obtiver bons resultados na estadual vai competir na final nacional, que acontecerá na cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, de 22 a 26 de outubro. 

Equipes de estudantes são responsáveis por montar e programar os robôs, o que leva ao aprendizado de diversas habilidades relacionadas à resolução de problemas e ao trabalho em equipe 

Atrações adicionais – Quem for ao salão de eventos da USP, em São Carlos, assistir à etapa regional da OBR também poderá jogar futebol com os robôs desenvolvidos por um dos maiores grupos de extensão e pesquisa da USP, o Warthog Robotics; experimentar alguns games criados pelo grupo de desenvolvimento de jogos Fellowship of the Game; e conhecer as iniciativas do Grupo de Alunas de Ciências Exatas (GRACE), que busca atrair mais meninas para a área de ciências exatas. 

Durante os dois dias de competição, esses grupos vão mostrar os projetos que desenvolvem e esclarecer as dúvidas do público. A entrada no evento é gratuita e não demanda inscrições prévias, basta comparecer ao local. Segundo a professora Roseli Romero, que coordena a etapa regional em São Carlos, ao assistir às competições, a comunidade pode compreender como a robótica favorece o desenvolvimento de uma série de habilidades nas crianças e jovens. A OBR também contribui para a popularização da robótica, mostrando a todos que se trata de uma área acessível e que basta dedicação e persistência para obter os aprendizados que possibilitam criar e controlar robôs. 

A etapa regional da OBR em São Carlos é patrocinada pelo Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria, pelo Instituto EPTV, pelas escolas Happy Code e Yadaa e pelas empresas Ca and Ma e Pete. Tem, ainda, o apoio do Centro de Robótica de São Carlos e da Escola de Engenharia de São Carlos. Já em âmbito nacional, a competição é coordenada pela professora Tatiana Pazelli, do departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). 



Texto e fotos: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação ICMC/USP 


Modalidade prática da Olimpíada Brasileira de Robótica (etapa regional) 
Quando: sábado e domingo, 15 e 16 de junho, das 8h30 às 18 horas 
Local: salão de eventos do campus da USP em São Carlos 
Endereço: rua dos Inconfidentes, 85 - Centro 
Mais informações: (16) 3373.9622 ou eventos@icmc.usp.br

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Prepare-se para a Olimpíada Brasileira de Robótica em curso da USP São Carlos: inscrições abertas

Aulas terão teoria e prática de conceitos básicos sobre montagem e programação de robôs, com foco na modalidade prática da competição

Atividades serão realizadas aos sábados, das 9 às 12 horas


Estão abertas as inscrições para o curso Preparação para a Olimpíada Brasileira de Robótica – Modalidade prática. Oferecido pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, o curso será realizado de 4 a 25 de maio, aos sábados, das 9 às 12 horas. 

A iniciativa é destinada a alunos do ensino fundamental II (do 5º ao 9º ano) e do ensino médio (do 1º ao 3º ano) de escolas públicas e particulares, que tenham interesse em participar das competições da modalidade prática da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR). A atividade também é aberta para pais e professores que, com a oportunidade, podem se tornar técnicos das equipes que disputarão a OBR. 

O curso tem como objetivo preparar equipes competitivas, oferecendo conceitos básicos sobre montagem de diversos tipos de robôs mais usados nas competições da OBR (PETE, LegoMindstorm e Arduino). Princípios de programação e exercícios práticos também serão abordados. 

Há 100 vagas disponíveis e as inscrições devem ser realizadas até o dia 2 de maio ou enquanto houver vagas, no Sistema Apolo, por meio deste link: icmc.usp.br/e/5f9c2. Após a inscrição, o interessado também precisa encaminhar, para o e-mail ccex@icmc.usp.br, um atestado de matrícula comprovando o vínculo com a escola. 

A taxa de inscrição é de R$ 10 e deverá ser paga presencialmente, no primeiro dia do curso, para os coordenadores da iniciativa. Além disso, até dia 30 de abril, poderão ser feitas solicitações de isenção da taxa. O procedimento, nesse caso, é a realização da inscrição online e o envio de comprovante de matrícula para o e-mail ccex@icmc.usp.br, junto com uma justificativa para o pedido de isenção. Essa solicitação só pode ser efetuada por alunos e professores de escolas públicas, os contemplados serão informados, por e-mail, no dia 2 de maio. 

Caso o estudante possua um kit de robótica que é utilizado nas competições, recomenda-se que traga para o curso, pois existe um número limitado de materiais para empréstimo. Coordenado pela professora Roseli Romero, do ICMC, o curso será ministrado pelos alunos de pós-graduação e graduação: Adam Moreira, Daniel Tozadore, Guilherme Moreira, Maria Luiza Telles e Vinicius Luiz da Silva Genésio. A iniciativa conta com o apoio do Centro de Robótica de São Carlos (CRob). 

Para participar da OBR, estudantes precisam se inscrever gratuitamente no site da competição até 17 de maio

Participe da Olimpíada – É importante lembrar que a participação no curso não garante a inscrição na OBR. Para participar, é preciso se inscrever gratuitamente no site da competição até dia 17 de maio, onde também está disponível o manual de inscrições: www.obr.org.br

Os inscritos na modalidade prática deverão participar de eventos regionais e, conforme sua classificação, das etapas estaduais e da final nacional, que ocorrerá em Rio Grande, no Rio Grande do Sul, entre os dias 22 a 26 de outubro. 


Objetivo do curso é preparar equipes competitivas, oferecendo conceitos e práticas sobre montagem de diversos tipos de robôs

Texto: Assessoria de Comunicação do ICMC/USP
Fotos: Denise Casatti

Curso: Preparação para a Olimpíada Brasileira de Robótica – Modalidade Prática 
Inscrições: até 2 de maio, ou enquanto houver vagas, via formulário eletrônico disponível em icmc.usp.br/e/5f9c2
Aulas: de 4 a 25 de maio, aos sábados, das 9 às 12 horas. 
Onde: salas 4001, 4003 e 4005 do ICMC – avenida Trabalhador são-carlense, 400, área I do campus da USP, no centro de São Carlos 
Mais informações: (16) 3373.9146 ou ccex@icmc.usp.br 
Saiba mais sobre a OBR: www.obr.org.br
Curta a página da competição no Facebook: www.facebook.com/OBRobotica


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Oportunidade na USP São Carlos: cursos preparam professores para Olimpíada Brasileira de Robótica

Quatro cursos serão oferecidos aos sábados no ICMC nas áreas de programação e robótica; atividades começam dia 16 de março e se estendem até 27 de abril


Considerando experiências prévias, professores podem se inscrever até em dois cursos, desde que horários não sejam conflitantes
Os professores das escolas públicas e particulares da região de São Carlos poderão aprimorar os conhecimentos em computação e robótica nos cursos que serão oferecidos pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP. Em três cursos (Robótica I, II e III), o foco é o desenvolvimento de atividades práticas de montagem e programação de robôs. Haverá, ainda, uma opção (Computação I) para quem deseja aprender conceitos de programação, conhecer as linguagens utilizadas na área e as estruturas de construção de algoritmos. 

Todas as atividades serão realizadas aos sábados, na área I do campus da USP, em São Carlos, com início no dia 16 de março e término em 27 de abril. Quem não possui conhecimento prévio sobre programação de computadores e robôs pode se inscrever em dois cursos: Computação I, em que vai adquirir conhecimentos sobre a linguagem de programação C; e Robótica I, em que aprenderá a montar e programar robôs utilizando kits PETE. Aqueles que já têm experiência prévia podem escolher entre aprimorar as habilidades com foco nos kits robóticos Lego Mindstorms (Robótica II) ou aprofundar os conhecimentos com foco nos kits Arduino (Robótica III). Haverá kits PETE e Lego à disposição dos professores, mas quem se inscrever na opção Robótica III deverá trazer o próprio kit Arduino para a sala de aula do ICMC. 

O público-alvo das iniciativas são, prioritariamente, os professores de ensino fundamental e médio. Caso as 30 vagas oferecidas em cada curso não sejam totalmente preenchidas, poderão ser destinadas a outros interessados. A partir desta quarta-feira, 27 de fevereiro, as inscrições online estarão abertas a todos e poderão ser realizadas até 13 de março ou enquanto houver vagas. É possível se inscrever em mais de um curso, desde que os horários não sejam conflitantes. 

O custo da taxa de inscrição é de R$ 40 e cada curso poderá ter até três inscritos gratuitamente, desde que solicitem isenção na taxa. Para isso, basta efetuar a inscrição online e enviar, até terça-feira, 5 de março, um e-mail para ccex@icmc.usp.br, informando de qual curso deseja participar, com uma justificativa sobre o pedido de isenção. A solicitação será avaliada até quarta-feira, 6 de março, quando os inscritos receberão uma resposta por e-mail. 

A professora Roseli Romero, coordenadora das atividades, explica que o objetivo dos cursos é contribuir para que os professores sejam capazes de treinar os estudantes que participarão da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR). Este ano, as escolas poderão se inscrever na OBR a partir de 18 de março. 

Vale lembrar que os professores da rede estadual de ensino poderão validar o certificado dos cursos (30 horas cada) junto à Diretoria Regional de Ensino de São Carlos. Ressalta-se, ainda, que nenhum desses quatro cursos é apropriado para crianças e adolescentes, esse público poderá participar de outra iniciativa preparatória para a OBR, que será realizada em maio e cujas informações serão divulgadas futuramente no site do ICMC. 

Confira, a seguir, como realizar sua inscrição passo a passo: 

1. Faça o cadastro no sistema Apolo da USP, por meio de um desses links: 
2. Envie o comprovante de pagamento da taxa de inscrição junto com um documento atestando vínculo com a instituição de ensino em que atua (por exemplo: holerite, declaração da escola, cadastro funcional) para o e-mail ccex@icmc.usp.br

3. Aguarde o recebimento de um e-mail com a confirmação da matrícula no curso.

Custo da taxa de inscrição é de R$ 40 e cada curso poderá ter até três inscritos gratuitamente, desde que solicitem isenção

Texto e fotos: Denise Casatti– Assessoria de Comunicação ICMC/USP 


Mais informações 
Saiba mais sobre a OBR: www.obr.org.br
Confira a percepção dos professores sobre o curso oferecido em 2017: icmc.usp.br/e/5520f 
Comissão de Cultura e Extensão Universitária do ICMC: (16) 3373.9146 
E-mail: ccex@icmc.usp.br

sexta-feira, 6 de julho de 2018

USP oferece curso de robótica com a ferramenta Arduino: inscrições abertas para professores

Atividades serão realizadas no campus da Universidade em São Carlos, aos sábados, de 21 de julho a 11 de agosto, das 9 às 12 horas 

Ferramenta Arduino possibilita a criação de diversos robôs

Estão abertas as inscrições para o curso Arduino aplicado aos desafios da Olimpíada Brasileira de Robótica. A atividade será oferecida pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, aos sábados, das 9 às 12 horas, com início no dia 21 de julho e término em 11 de agosto. O público-alvo são os professores da rede pública de ensino, tanto do nível fundamental quanto médio. 

A professora Roseli Romero, que coordena o curso, destaca a importância dos professores participarem da iniciativa do ICMC, tendo em vista que a ferramenta Arduino possibilita a criação de diversos robôs e tem um custo mais acessível do que os tradicionais kits robóticos comercializados atualmente. Durante o curso, serão apresentados conceitos básicos sobre todos os componentes necessários para a montagem e programação de robôs, direcionados às tarefas que as equipes precisam realizar na Olimpíada Brasileira de Robótica. As atividades serão ministradas por José Alberto Diaz Amado, pós-doutorando do ICMC e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia.

A taxa de inscrição para participar da atividade é de R$ 50,00 e as inscrições devem ser efetuadas, até 18 de julho ou enquanto houver vagas, por meio do Sistema Apolo no seguinte link: icmc.usp.br/e/41ad0. A taxa também deve ser paga até dia 18 de julho, via boleto que será gerado pelo sistema de inscrição. Vale lembrar que as 25 vagas disponibilizadas serão destinadas prioritariamente a professores da rede pública de ensino, mas, caso não sejam preenchidas na totalidade, poderão ser oferecidas a outros públicos. 

O curso acontecerá na sala 6-303, no bloco 6 do ICMC, na área I do campus da USP, em São Carlos e, para ver o programa completo, acesse este link: icmc.usp.br/e/dc215. Confira, a seguir, como realizar sua inscrição passo a passo: 
  1. Faça o cadastro no sistema Apolo da USP, por meio desse link: icmc.usp.br/e/41ad0
  2. Para efetivar a inscrição, envie um documento comprovando vínculo com a instituição de ensino em que atua (holerite, declaração da escola, cadastral funcional) bem como o comprovante de pagamento da taxa para o e-mail ccex@icmc.usp.br. 
  3. Aguarde o recebimento de um e-mail com a confirmação da matrícula no curso. 


Texto e fotos: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação ICMC/USP 


Curso: Arduino aplicado aos desafios da Olimpíada Brasileira de Robótica 
Inscrições: até 18 de julho ou enquanto houver vagas via formulário eletrônico disponível em icmc.usp.br/e/41ad0
Aulas: de 21 de julho a 11 de agosto, aos sábados, das 9 às 12 horas 
Onde: ICMC - avenida Trabalhador são-carlense, 400, área I do campus da USP, no centro de São Carlos 
Mais informações: (16) 3373.9146 ou ccex@icmc.usp.br 
Saiba mais sobre a OBR: www.obr.org.br

quarta-feira, 20 de junho de 2018

As lições que os robôs podem ensinar às crianças

Mesmo nascendo sem inteligência nem sentimentos, essas máquinas se tornam um estímulo para que crianças e jovens aprendam matemática, física, português, além de motivá-las a trabalhar em equipe, ter paciência, perseverar e lidar com frustrações

Caleb e João formaram a primeira equipe do nível zero participante da OBR
 
Robôs são emaranhados de peças à primeira vista. Se você acompanha uma competição da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), vê um batalhão de mãos impacientes de crianças e jovens encaixando e desencaixando fios, cabos, placas, levando suas criações de um lado para outro. É um caos organizado acontecendo, que só é interrompido quando a equipe se reúne perto de uma das plataformas de madeira branca. Nesse momento, quem lidera o grupo solta o robô para que ganhe vida própria. A tensão invade a arena. Agora, aquele emaranhado de peças deve percorrer sozinho seu trajeto, seguindo a linha escura e enfrentando diversos obstáculos (como lombadas e prédios de papel), depois tem que subir uma rampa e capturar duas bolinhas. 

Muitos falham na missão, ainda que bem treinados, enquanto alguns seguem a jornada com sucesso e arrancam pulos, aplausos e sorrisos da equipe e da plateia. Acompanhando atentos ao percurso, parece que o próximo segundo das vidas dessas crianças e jovens depende do que aquelas máquinas farão. Eles sabem que, mesmo a robótica sendo uma ciência exata, imprevistos fazem parte da história dos robôs. Por mais bem programados e montados que estejam, há momentos que se comportam de forma inesperada. 

“A gente tem que ter muita paciência com os seres robóticos”, diz Sara, 10 anos, no fim do dia em que participou, pela primeira vez, da OBR. Nas quatro edições anteriores do evento que aconteceram em São Carlos, Sara assistiu às competições e a vontade de participar foi crescendo ano a ano. 

Em todas essas edições, as etapas regionais da modalidade prática foram coordenadas pela professora Roseli Romero, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP. Roseli explica por que o mundo dos robôs não é tão exato assim: “Existem os chamados comportamentos emergentes, os imprevistos. Dependendo da informação sensorial que está chegando à máquina, se houver algum ruído, pode acontecer algo que não estava planejado e o resultado será completamente diferente do programado”. Ela revela que, na área de tecnologia, por mais que os especialistas tentem prever tudo o que pode ocorrer, até sistemas que estão em desenvolvimento há anos estão sujeitos a problemas e, por isso, precisam de manutenção. Então, imagine só o que pode acontecer com esses robozinhos que acabaram de nascer. 

“O robô desmontou, a gente teve que reprogramar e mudar o robô inteiro. Às vezes, as coisas dão errado, mas você tem que tentar”, conta Sara ao deixar o salão de eventos da USP. “Você tem que dar seu melhor, senão, não consegue. Tem que treinar muito”, completa. É domingo, 17 de junho, e o segundo e último dia da etapa regional da OBR em São Carlos terminou há pouco, minutos antes de começar o primeiro jogo do Brasil na Copa do Mundo da Rússia 2018. “Fiquei com mais vontade de participar da OBR, quero treinar e voltar muitas vezes”. 

Quem escuta a pequena Sara até pode imaginar que, pela empolgação, ela está carregando uma medalha no peito. Na verdade, ela fez parte da equipe Quarteto Robótico e conquistou um modesto 21º lugar no nível 1 da OBR, destinado a alunos do 1º ao 8º ano do ensino fundamental. 

A equipe Quarteto Robótico com o treinador Emidio Manzini Junior: Giovanna, João, Victor e Sara

Motivados a errar – “Na minha opinião, não só como vice-coordenador nacional da OBR, mas também como pai de duas crianças, aprender a lidar com a frustração talvez seja um dos aspectos mais importantes da formação dessa nova geração”, conta Rafael Aroca, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de São Carlos. “Temos visto muitos problemas nos alunos do ensino médio e nos universitários relacionados à dificuldade em lidar com frustração. Há muitos estudos sobre isso. Por isso, acreditamos que a OBR é um bom momento para que esse aprendizado ocorra de uma forma divertida e lúdica, em que podem tentar de novo”, revela o professor. 

Não foi por acaso que uma das novidades deste ano da OBR foi a inclusão de um nível especialmente destinado a alunos matriculados do 1º ao 3º ano do ensino fundamental, o chamado nível zero. “Queríamos atrair os mais novos para estarem nesse ambiente, viverem essa experiência. Eles não recebem pontuação e fazem atividades bem simples”, explica Rafael. 

Nesse caso, se o robô consegue andar em uma linha reta, os pequenos já ganham um brinde: um broche da OBR. Se o robô parar no obstáculo, recebem mais um broche. No final, todos ganham medalhas. “É um incentivo para que estejam aqui e tentem fazer um robô. Se não der certo, não tem problema. No começo é mais difícil, mas logo eles aprendem que para fazer uma coisa de sucesso você tem que errar muito. A gente também quer que eles aprendam a errar numa boa. Errar muito e consertar.” Rafael perdeu a conta de quantos estudantes já acompanhou ao longo da história da OBR que tentaram uma vez, duas e, então, aos poucos, foram se desenvolvendo pessoalmente e tecnicamente, alcançando melhores resultados com o passar do tempo. 

“A gente pode fazer o robô andar com um número aleatório, que precisa de variáveis declaradas. Também tem a opção de habilitar e desabilitar. Quando ele for virar para a direita, vai ter que desabitar o movimento e, quando for andar, tem que habilitar”, explica Caleb com precisão técnica. Ao ouvir o garoto falando, parece que ele faz parte de um time veterano da OBR. Mas Caleb tem apenas 8 anos e surpreende quando conta entusiasmado tudo o que já aprendeu sobre robôs. 

É possível imaginá-lo neste salão de eventos nos anos que virão, aprimorando a cada edição suas habilidades. Apoio dos pais não lhe faltará: Jefferson e Márcia acompanham do andar superior do salão o trabalho de Caleb e João, da equipe LAO Robotic. Eles também estão prestigiando a equipe do filho mais velho, Yan, que tem 12 anos, e faz parceria com Bryan, também com 12 anos, na equipe BY Robotic

Para Bryan, que participou da competição ao lado do primo Yan, a parte mais difícil é programar o robô:
“Se você não souber programar, ele não vai fazer nada. Vamos supor: o robô é uma pessoa, um bebê.
Ele não sabe nada: não sabe andar, não sabe comer, não sabe falar”. 

Motivados a tentar – Formado em Física, Jefferson Pereira Cezar desenvolve softwares e não é apenas mais um pai que acompanha seus filhos na OBR. Ele acumulou a função de treinador das duas equipes. “A escola não os apoiou, não quis inscrevê-los. Então, eu mesmo treinei as crianças nos finais de semana. Tentamos, com esse exemplo, fazer a escola enxergar essa oportunidade e abrir a possibilidade para que outros participem”, revela Jefferson. 

No ano passado, Caleb e Yan assistiram à OBR, enquanto o pai acompanhava equipes da escola em que trabalhava. No final do evento, os garotos disseram para ele que, em 2018, queriam competir. Como a partir deste ano a OBR possibilitou a participação de equipes independentes – ou equipes de garagem – Jefferson resolveu inscrever os garotos, agregando aos grupos um primo das crianças e dois amigos de escola de Caleb. O treinamento foi reforçado com as aulas oferecidas em um curso preparatório para a OBR que acontece todos os anos no ICMC, ministrados por alunos da professora Roseli. 

“Caleb tem um talento nato para lógica e música. Não tem como podar algo assim”, diz o pai. No entanto, Jefferson enfatiza que, apesar de fazer parte do universo das ciências exatas e da tecnologia, não força as crianças a participarem dessas atividades. “Eu só quero dar um chão a eles. Se quisessem ser bailarinos, eu estaria fazendo a roupinha deles. Mas pediram para fazer robôs e passamos essa noite costurando os uniformes que estão usando. Foi trabalhoso, mas valeu a pena.” 

O vice-coordenador nacional da OBR explica que, ao possibilitar a participação das equipes de garagem, a competição atendeu a uma demanda do público, pois muitos alunos queriam participar, mas as escolas não queriam inscrever. “A equipe de garagem é uma provocação e dá liberdade, porque você pode unir crianças de várias escolas. A gente já viu resultados bem positivos”, destaca Rafael. 



Motivados a criar – Quando foi entregar as medalhas de participação a Caleb e João, a primeira equipe nível zero que participou de uma OBR, Roseli ficou com os olhos cheios d’água naquela tarde de sábado, 16 de junho: “Eles nos surpreendem, não têm aversão à tecnologia. Eles abraçam a ideia e enfrentam os desafios”. 

Para ela, as crianças e jovens que participam da OBR aprendem que tornar um robô inteligente não é uma coisa tão fácil, exige muito esforço. “Quando conseguem, eles veem que têm esse poder de criação. Se começam desde pequenos, vamos suscitar neles ainda mais o gosto por criar coisas novas, não só ligadas à robótica. Porque eles passam a acreditar neles próprios e, com certeza, poderão se tornar inovadores na área da tecnologia ou em qualquer área que venham a atuar”. 

Por mais contraditório que possa parecer, lidar com máquinas pode contribuir para que crianças e jovens lancem um novo olhar para si mesmos. “Quando notamos que não conseguimos transferir totalmente para as máquinas a inteligência que a gente tem, passamos a admirar e a respeitar mais os seres humanos”, ensina Roseli. 

É claro que os robôs continuam sendo um emaranhado de peças à primeira vista. Mas, como qualquer outro estímulo do mundo, quem estiver aberto ao aprendizado poderá lançar novos olhares para essas máquinas e enxergá-las com a mesma simpatia e admiração que nossos filhos. Este ano, Sara possibilitou que eu me tornasse, também pela primeira vez, mãe de uma participante da OBR. Sou grata a ela e aos seres robóticos. 

Entre as 154 equipes que compareceram ao evento nos dois dias de competição, 
duas são do projeto Pequeno Cidadão, da USP São Carlos. 
As crianças do projeto participaram, pela primeira vez, da OBR e 
conseguiram conquistar a 16ª e a 18ª colocação. 
Elas foram treinadas em um curso preparatório especial, ministrado por 
dois alunos do ICMC, Yuri Martins e Malu. Maria Luiza Telles

Texto e fotos: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP


Confira as equipes medalhistas na etapa regional da OBR em São Carlos

Sábado, 16 de junho (veja todos os resultados no site da OBR

Nível zero 
LAO Robotic (Equipe de garagem - São Carlos) 

Nível 1 
Medalha de ouro: AlfaLego (Franca) 
Medalha de prata: COC Franca 3 (Franca) 
Medalha de bronze: COC Franca 1 (Franca) 

Nível 2 
Medalha de ouro: SESI Jabuka Force (Jaboticabal) 
Medalha de prata: SESI Fran Robots (Franca) 
Medalha de bronze: SESI Codex (São Carlos) 

Domingo, 17 de junho (veja todos os resultados no site da OBR

Nível 1 
Medalha de ouro: AtomikosJr (Limeira) 
Medalha de prata: Insabots 1 (Araras) 
Medalha de bronze: Carreta furacão - o retorno – Yadaa (São Carlos) 

Nível 2 
Medalha de ouro: Akômitos (Limeira) 
Medalha de prata: ORC Alfa (Rio Claro) 
Medalha de bronze: Casa suja, chão sujo (Limeira)

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Os robôs estão prontos para receber sua visita na USP São Carlos

Você pode assistir às competições da Olimpíada Brasileira de Robótica no próximo fim de semana e também está convidado para participar de um projeto para conhecer um grupo da USP que fabrica robôs

Dias 16 e 17 de junho, o público pode assistir às competições no salão de eventos da USP

Como funciona um robô? Quais conhecimentos você precisa desenvolver para trabalhar com robôs? Perguntas como essas atiçam a curiosidade de quem não conhece o universo dessas criações que, a cada dia, têm nos surpreendido pelo potencial para realizar tarefas até então restritas aos seres humanos. Mostrar para a população que a área da robótica não é nenhum bicho de sete cabeças é um dos principais objetivos de duas iniciativas gratuitas que acontecerão na USP em São Carlos. 

No próximo final de semana, dias 16 e 17 de junho, 202 equipes formadas por crianças e jovens de escolas de São Carlos e região vão enfrentar uma série de desafios junto com seus robôs: é quando acontecerá a 5ª Regional da Modalidade Prática da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR). O público pode comparecer ao evento para assistir às competições, que serão realizadas no Salão de Eventos da USP, em São Carlos, das 8 às 14h30. A entrada no evento é gratuita e não demanda inscrições prévias, basta comparecer ao local e assistir aos robôs das equipes, que são programados para realizar um percurso em uma plataforma de madeira, onde enfrentam alguns desafios como subir uma rampa e capturar uma bola. 

Quem coordena a etapa regional em São Carlos é a professora Roseli Romero, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. Segundo ela, ao assistir às competições, a comunidade pode compreender quanto a robótica favorece o desenvolvimento de uma série de habilidades nas crianças e jovens que têm a oportunidade de montar e programar um robô. 

Equipes e seus robôs enfrentam desafios nas arenas da OBR

Conexão com as escolas – Outro evento gratuito que acontece na USP, em São Carlos, no próximo dia 21 de junho, quinta-feira, é o Conexão Warthog. A iniciativa é destinada a todas as escolas da região que desejam conhecer como funciona um dos maiores grupos de extensão e pesquisa da USP: o Warthog Robotics

O grupo desenvolve robôs autônomos para participar de competições de futebol e de combates, nas quais já conquistou diversas premiações no Brasil e no exterior. Ligado a duas unidades de ensino e pesquisa da USP – o ICMC e a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e também ao Centro de Robótica da USP – reúne alunos de graduação e pós-graduação de todo o campus. 

Durante o Conexão Warthog, os estudantes assistirão as apresentações dos robôs desenvolvidos pelo grupo, conhecerão o laboratório do grupo e os projetos desenvolvidos. Cada sessão da visita dura cerca de 1h30. Para participar da visita, basta o responsável pela escola ou um professor preencher, até dia 18 de junho, o formulário online disponível neste link: icmc.usp.br/e/44a60. A visita pode ser agendada das 14 às 15h30 ou das 15h30 às 17h30. É aconselhável que o número de alunos não seja superior a 25 por visita, mas caso aconteça da escola trazer um número maior de estudantes, é possível dividi-los em duas turmas: enquanto uma conhece o laboratório, outra visita o campus da Universidade. 

Ao abrir as portas do laboratório para a comunidade, a intenção do grupo é aproximar a Universidade e a robótica das crianças e dos adolescentes. “Nas visitas, nós pretendemos relacionar o conteúdo pedagógico da escola com o conhecimento da academia. Vários dos princípios básicos da física e da matemática que nós usamos nos robôs são ensinados no ensino médio, por exemplo”, explica o doutorando Adam Moreira, do ICMC, que é diretor de pesquisa do Warthog. A partir do segundo semestre deste ano, o grupo promoverá visitas uma vez por mês. O calendário com as próximas datas será divulgado no início de agosto.

Futebol de robôs será uma das atrações do evento Conexão Warthog

Texto e fotos: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação ICMC/USP 


Modalidade prática da Olimpíada Brasileira de Robótica (etapa regional) 
Quando: sábado e domingo, 16 e 17 de junho, das 8 às 14h30 
Local: Salão de Eventos do campus da USP em São Carlos 
Endereço: rua dos Inconfidentes, 80 - Centro 
Evento gratuito e aberto à participação de todos os interessados 

Conexão Warthog 
Quando: quinta-feira, 21 de junho, das 14 às 15h30 ou das 15h30 às 17h30 
Local: Prédio da Engenharia de Computação, na área II do campus da USP, em São Carlos 
Endereço: avenida João Dagnone, nº 1100 - Jardim Santa Angelina 
Evento gratuito e aberto à participação de todas as escolas interessadas mediante inscrição prévia: icmc.usp.br/e/44a60 

Contato com a imprensa 
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666 
E-mail: comunica@icmc.usp.br