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quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Semana da Licenciatura em Ciências Exatas da USP discute a formação docente frente à realidade escolar

Evento gratuito e aberto a todos os interessados acontecerá de 23 a 26 de setembro, das 19 às 22h40, no campus da Universidade, em São Carlos




Destinada a alunos de licenciatura, professores e profissionais da área de educação, a 14ª Semana da Licenciatura em Ciências Exatas (SeLic) da USP São Carlos começa na próxima segunda-feira, 23 de setembro, e se estenderá até quinta, dia 26. Entre as atrações do evento, que é gratuito, estão mesas redondas, oficinas, minicursos, palestras e apresentações de trabalhos. Todas as atividades acontecem das 19 às 22h40. 

Para participar, basta se inscrever no site da SeLic. No caso dos minicursos e das oficinas, o interessado deverá escolher uma das atividades oferecidas em cada período, já que são simultâneas. Por exemplo, na noite de abertura do evento, o participante poderá se inscrever em um desses três minicursos: A inclusão e seus desafios: possibilidades de materiais didáticos adaptados no ensino de ciência; Rompendo as barreiras para a aprendizagem: experiências e possibilidades; Ensino de física para deficientes visuais. Já na noite de quarta, a escolha deve ser realizada entre uma dessas três oficinas: Recursos tecnológicos em sala de aula; Adaptações curriculares para alunos com deficiência; Jogos matemáticos

A formação docente frente à realidade escolar é o tema que permeia toda a programação da SeLic deste ano, a qual pode ser consultada no site do evento. Na quinta-feira, haverá a mesa redonda Realidades da escola brasileira, com o professor Reginaldo Anselmo Teixeira e a secretária municipal de Educação de Oeiras, Tiana Tapety. A cidade, que fica no sertão do Piauí, é reconhecida por ter obtido um verdadeiro salto na educação, atestado pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). 

Coordenada por alunos do curso de Licenciatura em Ciências Exatas, que é oferecido em parceira pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC) e pelo Instituto de Química de São Carlos (IQSC), a SeLic não tem taxa de inscrição. Solicita-se apenas que os participantes façam a doação de 1 kg de alimento não perecível, na abertura do evento, que será encaminhado à comunidade Divina Misericórdia, entidade que oferece apoio e abrigo a pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social em São Carlos. 

Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP 

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quarta-feira, 10 de abril de 2019

ICMC promove palestra sobre física biológica com José Nelson Onuchic

Professor José Nelson Onuchic conduzirá encontro no próximo sábado, 13 de abril




No próximo sábado, 13 de abril, o Instituto de Ciências Matemáticas e Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, realizará a conferência Física biológica, com o professor José Nelson Onuchic, da Rice University, nos Estados Unidos. Promovida pelo Programa de Iniciação Científica dos professores Hildebrando Rodrigues e Márcio Gameiro, a palestra será no auditório Luiz Antonio Favaro (sala 4-111), às 8h30, é gratuita, aberta a todos os interessados e não demanda inscrições prévias. 

Codiretor do Centro para Física Biológica Teórica, um dos dez centros de excelência em física criados pela Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos, o acadêmico é ex-aluno do Instituto de Física de São Carlos (IFSC). Onuchic é uma referência na área de física biológica, um campo que desenvolve e utiliza métodos modernos de física teórica para tentar solucionar fenômenos biológicos complexos, tais como o dobramento de proteínas.

O professor é um dos quatro filhos do casal Nelson Onuchic e Lourdes de la Rosa Onuchic, ambos foram pesquisadores de destaque no ICMC e contribuíram significativamente para o desenvolvimento da matemática no Brasil.

No dia anterior à conferência, na sexta-feira, dia 12, José Nelson Onuchic receberá a Medalha de Honra e o Diploma de Professor Honorário do IFSC, onde ministrará a aula magna Exploring the Energy Landscape for Protein Folding and Function: Integrating Structural Models and Sequence Coevolution Information.

Convidado pelo ICMC para palestra, Onuchic é professor da Rice University, nos Estados Unidos

Conferência Física biológica
Local: auditório Luiz Antonio Favaro, sala 4-111, bloco 4 do ICMC
Endereço: avenida Trabalhador são-carlense, 400, área I do campus da USP, no centro de São Carlos
Dia e horário: sábado, 13 de abril, a partir das 8h30
Mais informações: (16) 3373.9622 ou eventos@icmc.usp.br

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Workshop discute os desafios da ciência na agricultura e na produção de alimentos

Jovens pesquisadores do Brasil, do Uruguai e do Reino Unido podem solicitar que a FAPESP e o British Council cubram os custos de participação no evento, incluindo viagens, acomodação e refeições

Público do evento são pesquisadores que estudam matéria mole
(crédito da imagem: revista Soft Matter)

Matemáticos, físicos e biólogos se reunirão no Brasil, de 19 a 23 de março, para discutir como transformar o conhecimento que produzem em inovações para a agricultura e a produção de alimentos. Eles participarão do workshop internacional Translating knowledge into innovation: exploring the potential of biological soft matter science in agrifood challenges, que vai debater como a ciência pode ajudar o Brasil e o Uruguai a enfrentar os desafios que têm em comum na área agroalimentar.

A falta de saneamento básico, o crescimento da resistência das bactérias e o uso extensivo de antibióticos e hormônios são exemplos de alguns dos temas que surgirão no workshop. Essas questões são pesquisadas por cientistas que estudam matéria mole (soft matter), a qual abrange todos os materiais biológicos existentes, incluindo os tecidos e órgãos de animais e vegetais. Micróbios, organismos que podem causar doenças, plásticos, borrachas e fluidos complexos também são classificados como matéria mole, um termo criado pelo físico francês Pierre-Gilles de Gennes para identificar os compostos que sofrem deformações devido a variações de temperatura.

De acordo com o site do workshop, o impacto dos estudos sobre matéria mole na agricultura e na produção de alimentos é incontestável. Por isso, um dos objetivos do evento é justamente identificar descobertas e avanços cruciais nessa área científica nos próximos 10 anos, bem como analisar os desafios prioritários a serem enfrentados nos próximos anos. O workshop é promovido pelo programa Newton Fund Researcher Links, do Fundo Newton. No Brasil, a iniciativa é coordenada pelo professor José Cuminato, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, que é diretor do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CEPID-CeMEAI). 

Inscrições - Os interessados em participar do workshop – que ocorrerá no hotel Blue Tree Towers, no Guarujá, litoral de São Paulo – podem se inscrever, até 19 de fevereiro, no site do evento. Os jovens pesquisadores do Brasil, do Uruguai e do Reino Unido podem solicitar que a FAPESP e o British Council cubram os custos de participação no workshop, incluindo viagens, acomodação e refeições. A divulgação da relação dos pesquisadores selecionados será no dia 26 de fevereiro.

Durante o evento, os jovens pesquisadores poderão realizar breves apresentações orais sobre seus estudos e conversar com pesquisadores já estabelecidos do Brasil, do Uruguai, do Reino Unido e de outros países. Assim, terão a oportunidade de compartilhar conhecimentos e estabelecer redes de colaboração. A expectativa é de que o evento reúna especialistas de diferentes campos do saber como biologia matemática, biofísica, mecânica de fluidos, mecânica sólida e elasticidade, sistemas estocásticos e dinâmicos, ciências da água, ciência reprodutiva e pecuária, ciência vegetal e animal (incluindo sistemas marinhos), produção de biocombustíveis, formação de biofilmes, produção de carne ou peixe, crescimento bacteriano e resistência antibiótica.

Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação ICMC/USP

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Seção de eventos do ICMC: (16) 3373.9622

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Quando a matemática e a física se encontram: evento internacional reunirá pesquisadores na USP em São Carlos

A matemática que nos ajuda a compreender tudo o que podemos enxergar no planeta Terra será a mesma que nos leva a explicar como funciona o universo dentro dos átomos ou no interior de um buraco negro?


Você sabia que as ferramentas, os métodos e os conceitos matemáticos que são utilizados para explicar o mundo macroscópio – esse espaço e tempo onde se inserem todos os objetos que podemos enxergar a olho nu –, muitas vezes são inapropriados para compreendermos como funciona o mundo dentro dos átomos ou o que acontece dentro de um buraco negro? 

Muitas pesquisas estão sendo realizadas por matemáticos e físicos no Brasil e no exterior em prol do desenvolvimento de novas ferramentas, métodos e conceitos matemáticos que possam conciliar e incorporar os conceitos do espaço-tempo da Relatividade Geral de Einstein com a física quântica, que só podemos acessar usando instrumentos especiais que enxergam fenômenos na escala dos átomos. Há muito para descobrir também sobre os locais do universo que têm características bem diferentes do planeta em que vivemos, tal como o interior dos buracos negros.

“O espaço-tempo quântico tem uma geometria própria. Sabemos apenas que os fenômenos que acontecem nesse mundo são completamente diferentes dos que ocorrem em nível macroscópico, mas não sabemos como esses dois mundos se relacionam”, explica o professor Paulo da Veiga, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.

Ele faz parte da comissão organizadora da II Escola Patricio Letelier de Física-Matemática, que está com inscrições abertas e reunirá pesquisadores brasileiros e estrangeiros no ICMC de 19 a 23 de fevereiro de 2018. “O diálogo entre físicos e matemáticos é muito profícuo: estimula que novos modelos matemáticos sejam desenvolvidos para compreender o que ocorre no nosso universo em constante expansão agora”, explica Veiga.

Durante o evento, serão oferecidos seis minicursos e quatro seminários avançados. Haverá também sessões de pôsteres e sessões para proposição de problemas abertos. Confira a programação completa no site do evento: http://eplfm2018.galoa.com.br.

Os estudantes de pós-graduação e pesquisadores interessados em participar da iniciativa podem se inscrever até 18 de janeiro de 2018. O valor da taxa de inscrição é de R$ 200, mas será oferecido um desconto (R$ 50,00) a quem se inscrever até dia 17 de dezembro pelo site. 

Além do professor Veiga, participam do comitê organizador do evento os professores Samuel de Oliveira e João Pitelli, ambos da UNICAMP, e o professor Julio Fabris, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Entre as diversas instituições que apoiam a iniciativa está a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Na opinião de Veiga, o diálogo entre físicos e matemáticos é muito profícuo

Quem foi Patricio Letelier – Ele estudou os buracos negros, o caos, os defeitos topológicos, as soluções exatas e aspectos matemáticos e físicos da Teoria da Relatividade Geral. Relevantes para todas essas áreas de pesquisa foram as contribuições científicas de Patricio Letelier, que foi professor no Departamento de Matemática Aplicada da UNICAMP até 2011, ano em que faleceu. 

Sua extensa e diversificada lista de publicações bem como o grande número de estudantes que orientou e de colaboradores com os quais estabeleceu parcerias demonstram a influência que exerceu na ciência brasileira e mundial. Depois de se formar na Universidade do Chile, Letelier fez doutorado na Universidade de Boston e, em 1978, assumiu uma posição no Departamento de Física da Universidade de Brasília, onde ficou até 1988, ano em que se transferiu para a UNICAMP.

Além de homenagear o professor por meio do evento, o comitê organizador da Escola está buscando atribuir o nome de Letelier a um asteroide descoberto por um de seus orientados. “Ao reunirmos os especialistas da física e da matemática em um encontro como esse, podemos discutir juntos os problemas atuais e contribuir para sedimentar esse campo de pesquisa no Brasil”, afirma Veiga. 

Vale lembrar que a física e a matemática sempre se desenvolveram em paralelo ao longo da história. Alguns especialistas afirmam que a matemática é a linguagem natural da física. Na história dessa relação, surgem a cada dia novas teorias físicas que requerem constantemente o desenvolvimento de ferramentas matemáticas cada vez mais complexas.

Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

Mais informações
Inscrições e programação completa: http://eplfm2018.galoa.com.br
Seção de eventos do ICMC: (16) 3373.9622
E-mail: eventos@icmc.usp.br

segunda-feira, 19 de junho de 2017

A ciência que elas fazem: ciclo de seminários estreia na USP

Divulgar as trajetórias e as pesquisas de mulheres cientistas é o objetivo da iniciativa que acontece pela primeira vez nesta quarta-feira, 21 de junho, a partir das 13 horas, no ICMC

Primeira palestra da iniciativa abordará a história e as contribuições da astrônomo Vera Rubin

Elas são matemáticas e físicas cooperando para o desenvolvimento científico de suas respectivas áreas de atuação. Divulgar o trabalho que essas mulheres estão realizando ou já realizaram, apresentando a trajetória de cada uma, é o objetivo do ciclo de seminários Ciência que elas fazem. Uma iniciativa do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.

"Muitas vezes e por todos os lados, garotas são desencorajadas a fazer ciência desde sua infância ou têm seus trabalhos acadêmicos negligenciados. Dar a chance às próprias garotas de mostrarem o que fazem, ou falarem de outras cientistas que representam algo para elas, não é apenas uma fonte de inspiração para outras mulheres que gostariam de estar na ciência, mas também um processo de autovalorização das próprias cientistas”, diz Natália Palivanas, que está cursando o último ano do Bacharelado em Física Computacional no Instituto de Física de São Carlos (IFSC). Natália vai ministrar a palestra Vera Rubin: a rainha das galáxias, que marcará o início do Ciência que elas fazem. O evento acontecerá na próxima quarta-feira, 21 de junho, às 13 horas, no auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano do ICMC (sala 6-001).

Natália falará sobre a astrônoma que se tornou a primeira mulher a trabalhar no maior telescópio de seu tempo. Vera Rubin foi pioneira nos estudos do movimento de galáxias, os quais levaram às evidências da existência da matéria escura, antes prevista pelo astrônomo Fritz Zwicky. “Toda sua história é bastante inspiradora não só para mulheres, mas para todos aqueles que, por qualquer preconceito, são considerados pelo senso comum como incapazes de fazer ciência”, ressalta a palestrante que, desde 2014, atua como monitora no Observatório Dietrich Schiel, no campus da USP, em São Carlos, contribuindo para a divulgação da astronomia para o público em geral.

O ciclo de seminários foi idealizado a partir de uma parceria entre a professora Thaís Jordão, do ICMC, e duas estudantes: Juliana Gimenez, mestranda em matemática no ICMC, e Jacqueline Lopes, graduanda em física no IFSC. “A ideia surgiu de um crescente movimento da sociedade em busca de divulgar o trabalho das mulheres e suas histórias, em particular a trajetória de cientistas e de suas pesquisas. Muitos desses relatos são pouco conhecidos até em âmbito acadêmico”, explica Thaís.

Os seminários ocorrerão mensalmente, às quartas-feiras, durante a terceira ou quarta semana de cada mês, das 13 às 13h45, sempre no auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano. As atividades só não acontecerão em julho, durante o período de recesso escolar.

Inspiração motivadora – O segundo seminário do ciclo já está agendado para o dia 23 de agosto e terá como tema Lógica e pensamento crítico. A palestrante será Itala Loffredo D’Ottaviano, professora da Universidade Estadual de Campinas e a primeira mulher latino-americana eleita para a Académie Internationale de Philosophie des Sciences. Itala discutirá o desenvolvimento histórico da lógica, considerada como a ciência do raciocínio, o estudo da razão. A partir das leis básicas do pensamento aristotélico, ela vai analisar o significado lógico de contradição, consistência, inconsistência e completude, e sua relevância para o paradigma lógico-clássico da racionalidade durante mais de vinte séculos. Também serão debatidas as características da lógica contemporânea, da lógica dita “matemática” e das lógicas não clássicas, além de seu papel nos fundamentos da matemática e das ciências em geral.

As organizadoras da iniciativa ressaltam que graduandas, mestrandas, doutorandas e pesquisadoras que atuam no campo da matemática e da física, bem como em áreas correlatas, são bem-vindas a apresentar seus trabalhos. Elas poderão falar sobre as pesquisas que realizam ou abordar a evolução e a contribuição do trabalho de outras pesquisadoras. Para participar, basta entrar em contato com as organizadoras por meio do site http://elascientistas.icmc.usp.br.

“Ter contato com as pesquisadoras e aspirantes ajuda a derrubar aquela visão de que cientistas são gênios intocáveis com grandes ideias. É uma carreira que demanda dedicação, mas está ao alcance de todos”, conta Natália. “Com este projeto, queremos encorajar as mulheres interessadas em atuar na matemática e na física, áreas hoje, infelizmente, reconhecidas pelo senso comum como tipicamente masculinas. Esperamos que, em pouco tempo, atitudes como a desta iniciativa sirvam para promover oportunidades e tratamento iguais para as mulheres na ciência”, finaliza Thaís.

Acompanhe a agenda de palestras no site http://elascientistas.icmc.usp.br


Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação ICMC/USP

Mais informações
Evento no Facebook: icmc.usp.br/e/7943d


Contato com a imprensa
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Identificação da síndrome do olho seco poderá ser mais fácil e barata com o uso de técnicas computacionais

Em parceria com empresa, pesquisador do ICMC desenvolverá projeto na área de processamento de imagens e vídeos: objetivo é criar protótipo de baixo custo para simplificar o diagnóstico da doença

Trojahn explica que há vários desafios computacionais a serem enfrentados
Sensação de areia nos olhos, incômodo, irritabilidade, ardor, vermelhidão, dificuldade para permanecer em frente ao computador, em ambientes com ar condicionado e para realizar tarefas rotineiras como leitura prolongada. Se você está sentindo esses sintomas, é possível que seja mais um dos cerca de 18 milhões de brasileiros que sofrem com a síndrome do olho seco, a segunda maior causa de atendimento nos consultórios de acordo com o oftlmologista e presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, Claudio Lottenberg. Tornar o diagnóstico dessa doença mais fácil e barato é o desafio que está mobilizando um pesquisador do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.

“A ideia do projeto é desenvolver um método não invasivo. Vamos construir um protótipo: serão óculos com microcâmeras acopladas e diodos emissores de luz (LEDs). Por meio da análise das imagens captadas e de outros recursos, poderemos identificar se a pessoa possui a síndrome”, explica Tiago Trojahn, doutorando do ICMC e professor do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), campus São Carlos. A proposta parece muito simples, no entanto, computacionalmente, há vários obstáculos a serem enfrentados para que seja possível disponibilizar o produto no mercado.

O potencial da iniciativa foi reconhecido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP): o projeto está entre os 46 selecionados no 3º ciclo do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE). Nos próximos nove meses, Trojahn trabalhará com os pesquisadores da empresa de tecnologia e equipamentos médicos WaveTek, sediada em São Carlos, para comprovar a viabilidade técnico-científica do projeto e terá à disposição até 120 mil reais (fase 1 do PIPE). Para isso, contará com o apoio de mais quatro profissionais com bolsas FAPESP: dois destinados a solucionar os desafios computacionais e dois voltados para o desenvolvimento do protótipo em si (aspectos ópticos, mecânicos e eletrônicos). Se a pesquisa for bem-sucedida nessa primeira etapa, os pesquisadores podem solicitar mais recursos para o Programa em busca de consolidar a proposta (fase 2). A FAPESP poderá, ainda, em uma etapa posterior (fase 3), apoiar o desenvolvimento comercial e industrial do produto.

De olho no olho – São as lágrimas que lubrificam a superfície dos nossos olhos, tornando-a homogênea e criando o que os especialistas chamam de filme lacrimal. A síndrome do olho seco surge quando há uma diminuição da produção das lágrimas ou uma deficiência em alguns de seus componentes. Entre os métodos mais comuns utilizados atualmente para diagnosticar a doença estão dois testes. Um deles consiste na colocação de uma tira de papel de filtro no olho do paciente (teste de Schirmer) e, após cinco minutos, mede-se a quantidade de umidade da tira. O outro método (teste de Rosa Bengala) é feito por meio da colocação de um colírio com propriedades corantes e da análise da resposta do olho: se houver pontos secos, eles irão absorver diferentemente o corante, delimitando a área afetada. 



Tornar esse diagnóstico muito mais rápido e confortável para os pacientes, além de barateá-lo, é a principal meta do estudo coordenado por Trojahn. O protótipo possuirá LEDs acoplados, que serão as fontes emissoras de luzes para os olhos, bem como microcâmeras para registrar tudo o que acontece com os pacientes. Um programa de computador será criado para analisar automaticamente os vídeos que serão gerados, pois será preciso avaliar todos os momentos em que houve uma perturbação no fluxo da luz, seja porque ocorreu uma ruptura no filme lacrimal ou porque a pessoa piscou. 

“Primeiro, é necessário selecionar as imagens significativas que devem ser analisadas. Quando gravamos o que está acontecendo no olho da pessoa, captamos também a imagem da pálpebra, dos cílios, além das perturbações que ocorrem quando a pessoa se mexe. Será preciso excluir todas essas informações das imagens”, explica Trojahn. Selecionar apenas o que é relevante é fundamental nesse trabalho, pois um vídeo contém uma imensa quantidade de dados (big data) e quanto mais informações temos, mais tempo levamos para avaliá-las. 

Outro aspecto que facilita o trabalho de análise é dividir as imagens em diferentes partes (segmentação). “Se a pessoa piscar o olho, podemos separar as imagens entre o que aconteceu antes e depois, por exemplo. Assim, consigo verificar quanto tempo se passou desde a última vez que ela piscou”, conta o doutorando. Segundo ele, o protótipo também permitirá identificar onde está acontecendo a ruptura do filme lacrimal, o que torna mais fácil averiguar se há alterações em uma das glândulas lacrimais.

Para Trojahn, os conhecimentos adquiridos no ICMC estão sendo essenciais para o desenvolvimento do projeto: “Fiz uma disciplina sobre processamento digital de imagens que será de grande utilidade no projeto. Embora meus objetivos no doutorado sejam diferentes, o objeto que analiso é o mesmo: vídeos”.

Como o projeto nasceu – A ideia surgiu quando o fundador da empresa Wavetek, Luis Alberto de Carvalho, desenvolvia seu pós-doutorado nos Estados Unidos, na University of Rochester New York, durante os anos de 2005 e 2006. “Havia um professor no laboratório em que eu atuava que estava tentando simplificar o diagnóstico da síndrome do olho seco. Ele possuía um equipamento enorme e muito caro, que era inviável comercialmente e, por isso, nunca se tornou um produto disponível no mercado”, conta Carvalho. Quando esse professor notou que o pós-doutorando brasileiro às vezes ficava com os olhos vermelhos, convido-o a ser um dos voluntários em sua pesquisa. Resultado: Carvalho descobriu que tinha a síndrome do olho seco, mas em um grau leve. 

“Desde aquele tempo, a tecnologia evoluiu muito e, no ano passado, resolvi buscar parceiros na área de processamento de imagens para tentar desenvolver um produto voltado ao diagnóstico da síndrome”, afirma Carvalho, que é pesquisador colaborador do Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CEPOF), sediado no Instituto de Física de São Carlos (IFSC), e também professor de pós-graduação na Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo. Ele chegou a Trojahn por indicação de uma de suas estagiárias,  Miriam Numajiri, que é aluna da Universidade Federal de São Carlos e colaboradora do projeto.

Possíveis aplicações – Ver o equipamento que ajudará a criar disponível nos consultórios de oftalmologistas e em farmácias é o que motiva Carvalho e Trojahn. Mas o doutorando do ICMC adianta que, se as técnicas computacionais que está pesquisando forem eficientes na detecção da síndrome do olho seco, poderão ser aplicadas para outras finalidades: “Se der certo, começa a se tornar possível identificarmos outras enfermidades como deformações no globo ocular, pressão no olho e poderemos até evitar derrames oculares, um problema bem mais sério que causa cegueira”.

Outra possível utilidade da pesquisa é a realização de diagnósticos em massa. Isso é necessário, por exemplo, em casos de desastres químicos, tal como o vazamento de gás que aconteceu no Porto de Santos no último dia 14 de janeiro e liberou uma nuvem tóxica sobre a região atingida. “Caso muitas pessoas apresentem sintomas de irritação nos olhos, poderemos usar nosso equipamento para identificar o problema rapidamente”, afirma Trojahn. 

No futuro, o doutorando acredita que também vai se beneficiar de seu próprio estudo: “Como fico muito tempo no computador e esse é um dos fatores ambientais de risco para o desenvolvimento da síndrome do olho seco, tenho quase certeza de que sou um forte candidato a adquirir a doença”. Sair do consultório do oftalmologista com o diagnóstico, sem precisar colocar uma fita no olho ou pingar um colírio, será a grande vitória de Trojahn.

Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação ICMC/USP
Créditos das imagens: Reinaldo Mizutani (foto de Trojahn) e National Eye Institute

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