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terça-feira, 1 de outubro de 2019

MBA em ciências de dados na USP: inscreva-se na nova pós-graduação a distância

Curso, que começa em janeiro do próximo ano, terá disciplinas como aprendizado de máquina, estatística, programação, redes neurais e processamento em paralelo

Inscrições terminam em 31 de outubro ou podem ser encerradas antes, caso seja atingido o limite de 600 inscritos

Preparar profissionais para enfrentarem o desafio de obter informações úteis a partir dos enormes bancos de dados que empresas e instituições têm hoje à disposição. Esse é o principal objetivo do primeiro curso de pós-graduação a distância em ciência de dados lançado pelo Instituto de Ciência Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. 

“O curso vem para suprir uma demanda de vários segmentos do mercado perante a nova era da informação digital, com bancos de dados imensos e complexos”, explica o coordenador do MBA em ciências de dados, Francisco Louzada, que é professor do ICMC e também diretor do Centro de Matemática e Estatística Aplicadas à Indústria (CeMEAI). 

Planejado para atender às necessidades de quem atua em diferentes empresas e instituições, o curso de um ano é uma pós-graduação lato sensu. Pode se inscrever na especialização qualquer pessoa que queira obter mais conhecimentos em ciência de dados e tenha formação universitária em administração, economia, engenharia, estatística, ciências de computação, sistemas de informação e áreas correlatas. 

“Trata-se de um novo campo de atuação, que demanda profissionais com formação interdisciplinar, capazes de solucionar os diversos problemas com os quais precisarão lidar no universo da ciência de dados”, acrescenta Louzada. Composto por módulos de disciplinas teóricas e práticas que se integram, o curso propicia aos alunos aprenderem os fundamentos da ciência de dados bem como ter contato com tópicos específicos referentes, por exemplo, à captura e tratamento de grandes bancos de dados, a metodologias estatísticas e matemáticas para análise de dados, a técnicas básicas e avançadas em aprendizados de máquina e deep learning

“Além disso, o MBA oferece a oportunidade para os alunos trazerem um problema real da empresa ou instituição em que atuam a fim de que possam solucioná-lo no decorrer do curso. Para isso, contarão, desde o início, com o apoio de tutores com experiência em projetos que aproximam a academia do mercado”, revela o professor. 

Invista em você – Para se inscrever na especialização, basta preencher o formulário e pagar a taxa de inscrição, que é de R$ 501,20, a qual não será devolvida, exceto no caso de concessão de bolsas de estudo. As inscrições terminam em 31 de outubro ou podem ser encerradas antes, caso seja atingido o limite de 600 inscritos. 

Serão selecionados, no máximo, 167 participantes. O processo seletivo consistirá na análise dos documentos enviados e o resultado final será informado via e-mail. Após a divulgação, o candidato aprovado deverá manifestar interesse na vaga, também via e-mail, e efetuar o pagamento da taxa de matrícula e das mensalidades, em até 12 vezes. Os valores variam dependendo se é individual a participação no curso ou em grupo (empresas) e, se o pagamento é à vista, há um desconto de 7,5%. A mensalidade, por exemplo, varia de R$ 1.307,59 a R$ 1.499,90. Para receber a tabela, basta preencher a ficha disponível em: http://cemeai.icmc.usp.br/MBA/#investimento

Serão oferecidas, ainda, bolsas de estudos para alguns alunos matriculados, os quais terão isenção total no pagamento da matrícula e das mensalidades. Todas as informações referentes ao acesso ao ambiente online de aprendizagem serão enviadas aos alunos logo após a confirmação da matrícula. As aulas no ambiente online começarão em janeiro e terminarão em dezembro. Ao final do curso, acontecerão dois encontros presenciais para realização de provas e defesa de monografia. 



Com informações da Assessoria de Comunicação do CeMEAI/USP 

Mais informações 
Telefone: (16) 3373-8159 

terça-feira, 25 de junho de 2019

Centro Avançado ICMC para Apoio à Inovação: apresente sua proposta até 4 de julho

Chamada visa estimular alunos, ex-alunos e professores a apresentarem projetos que favoreçam o empreendedorismo e a inovação

Propostas selecionadas poderão usar espaço disponível na área 2 do campus para pré-incubação de empresas

Estimular iniciativas que contribuam para a formação empreendedora dos estudantes do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, promovendo uma aproximação com as empresas de base tecnológica e os demais atores que fazem parte do ecossistema de inovação da região. Esses são alguns dos objetivos do Centro Avançado ICMC para Apoio à Inovação

A primeira chamada pública de projetos está com inscrições abertas até dia 4 de julho. Os interessados podem apresentar propostas para estimular a formação empreendedora no ICMC ou elaborar projetos para angariar espaço destinado à pré-incubação de empresas. 

As propostas podem se encaixar em diversas modalidades, tais como: projetos de inovação com parcerias de empresas, institutos de pesquisa e órgãos governamentais para o desenvolvimento de protótipos ou provas de conceito de produtos ou tecnologias criadas no ICMC; projetos de preparação para participar de competições de inovação ou de editais de fomento voltados à incubação ou ao desenvolvimento de tecnologia; projetos para ensino que visem à aplicação de conhecimentos em casos reais. 

Para conhecer detalhadamente quais propostas podem ser apresentadas, acesse o edital completo: icmc.usp.br/e/5326a. Para enviar seu projeto acesse o formulário disponível neste link: icmc.usp.br/e/36919. Pelo menos metade das iniciativas selecionadas deverão contemplar a participação de alunos de graduação. Os resultados serão divulgados até dia 25 de julho e os projetos contemplados terão início em agosto. 

Propostas podem ser enviadas até 4 de julho

Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP


Mais informações
Centro Avançado ICMC para Apoio à Inovação (ICMCin): www.icmc.usp.br/institucional/icmcin
Acesse o edital completo: icmc.usp.br/e/5326a 
Formulário para envio das propostas: icmc.usp.br/e/36919 

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Estudantes criam operadora digital de telefonia e representarão Brasil em competição nos EUA

Alunos de três universidades se reuniram para desenvolver a Fluke, startup que traz como prioridade o relacionamento com o cliente; Empresa deve começar a operar no Brasil em 2019

Yuki, Marcos e Matheus (da esquerda para a direita) estudam na USP, em São Carlos, e ajudaram a criar a Fluke

E se sua operadora de celular deixasse de ser um problema? Foi essa a pergunta que motivou um grupo de seis estudantes universitários a criar a Fluke, empresa digital de telefonia móvel que pretende facilitar a vida dos clientes. Desenvolvida por alunos da USP, em São Carlos e São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Universidade Paulista (Unip), a nova operadora virtual representará o Brasil, nos dias 10 e 11 de maio, na International Business Model Competition (IBMC), competição que premia o melhor modelo de negócio universitário do mundo.

“Nosso cliente poderá contratar serviços da forma mais personalizada possível. Ele vai escolher o pacote que desejar, sem passar por intermediários, e não será obrigado a comprar planos extras que não utilizaria como forma de obter descontos em seu produto de interesse. Os valores de cada serviço ainda estão sendo estipulados”, explica Marcos de Oliveira Junior, aluno do curso de Engenharia de Produção da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP e um dos idealizadores da startup fundada em junho do ano passado.

O processo para contratação de serviços da Fluke será rápido, transparente e intuitivo, bastando apenas o interessado acessar o aplicativo da empresa e selecionar o que deseja. Dentro do app, será possível trocar de plano, alterar os dados pessoais, acompanhar o consumo em tempo real, contratar o acesso a redes sociais, minutos de ligações, SMS, internet, além de solicitar ajuda pelo chat ou diretamente pelo telefone. A melhor notícia é que tudo isso poderá ser solicitado sem precisar se aborrecer com músicas intermináveis durante as chamadas e desgastantes transferências de ligação entre os atendentes de telemarketing.

Priorizar o bom relacionamento com os clientes é uma das principais vantagens das operadoras digitais de telefonia. Diferentemente das empresas físicas, as virtuais não precisam se preocupar, por exemplo, com responsabilidades como suporte técnico e infraestrutura de rede, já que alugam a mesma plataforma utilizada por uma operadora convencional.

Além de se beneficiarem financeiramente, as companhias tradicionais ainda podem reduzir a ociosidade de suas redes, pois muitas delas não operam em sua capacidade máxima. Assim, essas operadoras terão os mesmos gastos mensais, mas com uma receita maior. Os planos de ligação, internet, SMS e demais serviços serão comprados das empresas físicas pela Fluke em uma espécie de “atacado” e, posteriormente, disponibilizados ao consumidor final. Pensando no custo mensal para a manutenção da startup universitária, também deve ser contabilizado, além do aluguel pago às operadoras convencionais, os gastos com contratação e manutenção de softwares e os custos com os setores jurídico e de marketing.

Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), o Brasil possui mais de 235 milhões de linhas móveis ativas, o que torna o país o 5º maior mercado do mundo na área. As operadoras Vivo, Claro, TIM e Oi contemplam mais de 98% das escolhas dos clientes e a falta de alternativas a essas quatro opções, muitas vezes, faz com que o usuário sinta-se refém dessas empresas.

“As grandes operadoras de telefonia possuem uma base enorme de clientes, tornando o mercado oligopolizado. Porém, muitos consumidores contestam a qualidade dos serviços prestados e, frequentemente, as reclamações desencadeiam problemas jurídicos às empresas. Foi por isso que escolhemos o caminho das operadoras virtuais, pois assim conseguimos focar em uma relação de excelência com os clientes”, afirma Yuki Watanabe, aluno do curso de Engenharia Elétrica – Ênfase em eletrônica da EESC.

Tratando-se apenas de chips móveis pré-pagos, o número de clientes que trocam de operadora por ano gira em torno de 60 milhões. “Falta transparência às operadoras. Algumas pessoas mal sabem o valor exato que irá pagar na fatura do mês seguinte ou se o serviço está realmente sendo entregue, por exemplo. Para piorar, a comunicação com as empresas físicas é difícil e muitos clientes até deixam de mudar de operadora por pensar que na concorrente o serviço também será ruim”, explica Matheus Uema, aluno do curso de Engenharia de Computação, oferecido pela EESC em parceria com o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), também da USP em São Carlos.

Durante a graduação, os jovens estudaram algumas disciplinas que contribuíram na elaboração da startup. Oficinas de inovação e matérias sobre empreendedorismo universitário fizeram parte da grade dos alunos. “Durante as disciplinas, eu tive a oportunidade de assistir a palestras com referências na área, além de participar de dinâmicas em grupo com alunos de todos os campi da USP sobre o mercado empreendedor”, conta Marcos.

O foco da Fluke é o público jovem, e a escolha por São Carlos para desenvolver o projeto foi estratégica: “É uma população mais adepta a inovações digitais e que está inserida no campo da tecnologia. Muitos estudantes se mudam para São Carlos a fim de estudar e acabam trocando de operadora para falar com os pais. Pode ser um momento oportuno para nós”, diz Yuki.

Na Fluke, será possível contratar planos personalizados

Reconhecimento – A ideia empreendedora dos jovens já trouxe grandes resultados, tanto que a Fluke venceu a seletiva nacional da International Business Model Competitions (IBMC) 2018. Agora, eles serão os responsáveis por representar o Brasil na etapa mundial da competição que contará com outros 39 países e será realizada na cidade de Provo, em Utah, nos Estados Unidos. O evento é organizado pela Universidade Brigham Young.

Só que para viajarem ao país norte-americano os jovens estão realizando uma campanha de financiamento coletivo na internet. Quem puder contribuir pode acessar o seguinte link. Os estudantes precisam de pouco mais de R$ 30 mil para arcar com todos os gastos da viagem, e as contribuições podem ser feitas online até o dia 24 de abril. No momento, os integrantes da Fluke já estão negociando com algumas operadoras e em busca de investidores para a empresa. A previsão é de que a startup de São Carlos comece a operar em 2019.

Além de Marcos, Yuki e Matheus, também fazem parte da equipe Vinícius Ito, estudante do curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da USP, Leonardo Santos, aluno de administração da FGV e Augusto Pinheiro, que estuda Ciências de Computação na Unip.

Texto e fotos: Henrique Fontes – Assessoria de Comunicação do SEL

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Assessoria de Comunicação do SEL
Telefone: (16) 3373-8740
E-mail: comunica.sel@usp.br

sexta-feira, 7 de abril de 2017

O código para ingressar nas grandes empresas de tecnologia

Ser um bom programador é apenas um dos pré-requisitos para concorrer a uma vaga nas áreas de pesquisa e desenvolvimento das grandes empresas de tecnologia, também é necessário ter fluência em inglês e capacidade para trabalhar em equipe


Da esquerda para a direita: Henrique, Danilo e Bruno são alunos do ICMC
e foram selecionados para atuar na Microsoft

O estudante Henrique Silveira tem apenas 23 anos, mas já tem muita história para contar. Uma plateia escuta atenta seu relato: são cerca de 130 jovens que lotam dois dos maiores laboratórios de informática do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. “No ano passado, eu estava aí no lugar de vocês”, diz ele, revelando que chegou dos Estados Unidos há menos de uma semana, depois de passar três meses estagiando na sede da Microsoft, em Redmond, Washington.

Nesses laboratórios, Henrique deu os primeiros passos rumos a Redmond. Foi aqui que, no ano passado, ele participou de uma competição de programação organizada pela Microsoft e entregou seu currículo a Elizabeth Arredón, recrutadora da empresa na América Latina. Naquele momento, ele não podia imaginar que, no dia 31 de março, um ano depois, estaria novamente no mesmo local, contando para aquela plateia como foi sua experiência.

No telão, as imagens de Henrique em Seattle parecem reluzir os olhos daqueles jovens. Muitos deles têm o sonho de, um dia, atuar em uma grande empresa de tecnologia como a Microsoft. “O que descobri lá é que nós somos muito bem preparados aqui na USP. É claro que a gente precisa aprender muita coisa quando começa a trabalhar em uma empresa, mas todos os fundamentos de que precisamos já temos”, explica Henrique, que está cursando o último ano de Engenharia de Computação, curso oferecido pelo ICMC em parceria com a Escola de Engenharia de São Carlos.

“Eu tive todo o apoio da empresa para desenvolver meu projeto, contei com a supervisão de um mentor e de um gerente. O mais interessante é que tive a chance de ser avaliado pelo que eu fiz lá e consegui provar meu valor”, conta o estudante. No final da apresentação, ele revela que recebeu um convite para voltar a Redmond e que, assim que finalizar seu trabalho de conclusão de curso, trabalhará como engenheiro de software na Microsoft.

Cerca de 130 jovens acompanharam a palestra da Microsoft,
realizada antes do início da competição de programação

A trajetória de sucesso de Henrique não é um caso isolado. Muitos outros estudantes do ICMC têm uma história parecida para contar. Danilo Tedeschi também participou da competição de programação da Microsoft no ano passado e, tal como Henrique, contou para a plateia como foi sua experiência de estágio na empresa: “Não pense que é algo difícil, que você não poderá conseguir porque todos que estão aqui têm capacidade para estagiar lá”. Danilo está cursando o último ano de Ciências de Computação no ICMC e, logo depois, continuará seus estudos fazendo mestrado no Instituto. Por isso, apesar de ser convidado para trabalhar na Microsoft em tempo integral, optou por fazer um segundo período de estágio de três meses no final deste ano para que possa retornar ao ICMC em 2018.

No ano passado, na competição de programação da Microsoft, Danilo conquistou o terceiro lugar no pódio junto com seu time, do qual fizeram parte Tomás Fonseca e Bruno Sanches. Essa equipe representou o ICMC na última edição da Maratona de Programação e se consagrou como a terceira melhor da América Latina. Em maio do ano passado, eles embarcaram para a Tailândia, com o apoio do Google, e disputaram o mundial de programação (ICPC) na ilha de Phuket. Tomás e Bruno também foram contratados pela Microsoft e aguardam apenas a emissão dos últimos documentos para fazer parte da equipe da empresa, que contabiliza 192 mil funcionários no mundo.

Da esquerda para a direita: Bruno, Tomás, Bianca (técnica do time) e Danilo
durante o mundial de programação na ilha de Phuket

Grupo de estudos – Os bons resultados alcançados por Danilo, Tomás e Bruno se devem a um intenso trabalho de preparação que vem sendo realizado pelo Grupo de Estudos para a Maratona de Programação (GEMA). Criado em 2007, o grupo organiza treinamentos em laboratório e reuniões semanais para preparar os estudantes para as competições de programação. Não é à toa que, no desafio proposto pela Microsoft dia 31 de março, das 10 equipes melhor classificadas, sete eram compostas por membros do GEMA.

O estudante Victor Forbes e seu time, todos integrantes do GEMA, conquistaram a primeira colocação na competição. “Eu me interesso muito pela área de aprendizado de máquina e, se receber uma oferta, com certeza vou estagiar na Microsoft. Eles desenvolvem muitas tecnologias interessantes na área de reconhecimento de imagens e de processamento de linguagem natural”, diz Victor, que faz Ciências de Computação no ICMC. No ano passado, ele também fez parte do time que conquistou o primeiro lugar no desafio organizado pela Microsoft.

Este ano, além de Victor, o time vencedor contou com a participação de Cezar Guimaraes e de Nicolas Oe. O sobrenome de Nicolas já é conhecido pela comunidade do ICMC. A irmã dele, Bianca Oe, fez parte do time que trouxe para o ICMC, pela primeira vez, a medalha de ouro da Maratona Brasileira de Programação em 2013. Por causa de Bianca, que está trabalhando na Microsoft, Nicolas começou a fazer mestrado no ICMC e a participar do GEMA, seguindo os passos da irmã. Formado em Ciências de Computação pela Universidade Federal de São Carlos, ele tem 24 anos e está aberto para possibilidades de carreira no futuro, trabalhar em uma grande empresa de tecnologia pode ser uma delas ou atuar na área de animação, um campo que, segundo Nicolas, está em franca expansão no Brasil.

Time vencedor: Nicolas (segundo à esquerda) ao lado de Victor (ao centro) e de Cezar

Já os caminhos que levaram Cezar para o GEMA começaram a ser percorridos quando ele tinha apenas 10 anos e começou a programar: “Meu pai, formado em engenharia elétrica, estimulava aquele hobby porque conhecia um pouco sobre programação”. Antes de ingressar no curso de Ciências de Computação no ICMC, em 2016, Cezar nunca havia ouvido falar sobre competições de programação. Durante a semana de recepção aos calouros, descobriu que o GEMA existia e entrou para o grupo. “Muita gente critica quem participa das competições de programação dizendo que isso não tem aplicação prática porque, na vida real, os problemas não vêm prontos para a gente resolver. O que essas pessoas esquecem é que, resolvendo esses problemas, a gente desenvolve o nosso raciocínio lógico”, explica Cezar. Nicolas completa: “É assim que aprendemos estratégias para resolver problemas, um conhecimento que podemos aplicar em todas as áreas da nossa vida”.

Outro aprendizado relevante destacado pelos dois estudantes está relacionado ao trabalho em equipe. “Na maratona de programação, você precisa confiar muito na sua equipe porque o erro de um poderá derrubar todo o time. Por isso, a gente deve ser capaz de dar suporte aos colegas e suprir os possíveis erros que cometerem”, ensina Nicolas. Com certeza, esse é um aprendizado que contará muitos pontos na hora que esses estudantes se tornarem profissionais, não importa se optem por trabalhar em uma grande, média ou pequena empresa.

Ser um bom programador é apenas um dos pré-requisitos para
concorrer a uma vaga nas grandes empresas de tecnologia

Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

Crédito das imagens: três primeiras - Denise Casatti; foto do mundial de programação - divulgação; foto com Nicolas, Victor e Cezar - Neylor Fabiano; última imagem - Denise Casatti.

Mais informações
Grupo de Estudos para a Maratona de Programação: www.facebook.com/groups/gemaicmc
Veja como foi o Microsoft Coding Competition no ICMC em 2016: icmc.usp.br/e/def6b
Saiba mais sobre o processo seletivo da Microsoft: https://careers.microsoft.com/students

Contato para esta pauta
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Problemas da vida real despertam o espírito empreendedor nos alunos da USP

Ao desenvolverem projetos em sala de aula para participar de competições como Ideas for Milk, Be an Icon ou resolver problemas reais de empresas, os estudantes do ICMC passam a compreender melhor quais desafios permeiam a jornada de um empreendedor

Os alunos do ICMC Lucas e Jéssika durante a apresentação do projeto Vet24hs
na final local do Ideas for Milk

Uma solução mobile e web para que produtores rurais entrem em contato com profissionais de saúde animal como veterinários e zootecnistas a fim de agendar consultas, realizar consultorias e receber alerta da situação agropecuária na região. Essa foi uma das cinco propostas finalistas apresentadas na etapa regional da competição Ideas for Milk em São Carlos. Chamado de Vet24hs, o projeto surgiu nas salas de aula do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. Apesar de não ter sido classificado para a etapa final do desafio, o grupo que desenvolveu a ideia pretende dar continuidade à iniciativa. 

“Foi uma experiência indescritível e totalmente diversa do que normalmente se faz em sala de aula. Precisamos unir nossa técnica com as necessidades do cliente e pesquisar sobre o agronegócio do leite, uma área sobre a qual não conhecíamos nada”, revela Lucas dos Santos, aluno do curso de Estatística do ICMC, um dos responsáveis pelo Vet24hs. “Foi um desafio que conciliou academia e mercado e fez a gente enxergar um universo amplo de aplicações tecnológicas no campo”, completa o estudante. Na opinião de Lucas, o Ideas for Milk possibilitou a aproximação de profissionais que não costumam dialogar: “Poucas pessoas que trabalham na área tecnológica se interessam pelos problemas enfrentados pelo homem do campo, bem como poucos que atuam no agronegócio se interessam pela tecnologia”. 

O estudante explica que, inicialmente, o Vet24hs era apenas um projeto desenvolvido para a disciplina Empreendedorismo: “Mas a professora Simone Souza nos falou sobre a competição e nos incentivou a participar”. Lucas coordenou o desenvolvimento da proposta junto com a estudante Jéssika Darambaris, que estuda Engenharia de Computação – curso oferecido em parceira pelo ICMC e pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC). “O Ideas for Milk me fez ter mais confiança em mim mesma e aprender a defender uma ideia como se fosse a melhor já inventada. Essa confiança e motivação contam muito na hora de conversar com os avaliadores ou futuros investidores”, conta Jéssika. Também fizeram parte da equipe a gestora de recursos humanos Lígia Rissardi e mais três estudantes de Engenharia de Computação: Guilherme Bordignon, Lais Fortes e Yuri Robin.

Para a professora Simone, os jovens se empolgam quando conseguem vislumbrar a aplicação dos conceitos que estão aprendendo em sala de aula na solução de problemas da vida real. Divulgar as competições em que eles podem inscrever seus projetos é um estímulo adicional. “Ao participar dessas iniciativas, eles têm um amadurecimento, passam a enxergar qual caminho deve ser percorrido para que uma ideia inovadora, nascida dentro da Universidade, transforme-se em um produto e chegue ao mercado”, conta Simone.

Segundo Jéssika, as aulas de empreendedorismo foram fundamentais para definir o formato da proposta, já que, inicialmente, o grupo não tinha nenhuma experiência na elaboração de um modelo de negócio: “Não sabíamos responder perguntas básicas: como você vai ganhar dinheiro? De quem vai cobrar esse dinheiro? Por que as pessoas pagariam ou investiriam na sua ideia?".

Durante as aulas, a estudante revela que houve várias apresentações e, a cada etapa, a professora Simone e os demais colegas de sala levantavam questões importantes para as equipes e faziam os grupos refletirem mais sobre o assunto e aprimorarem as propostas. “A ideia inicial foi apenas um embrião que foi se desenvolvendo ao longo da disciplina e chegou à forma que apresentamos para a Embrapa.” Na final local realizada em São Carlos dia 28 de novembro, durante os 15 minutos em que os avaliadores questionaram o grupo, não houve nenhum imprevisto porque todas as perguntas já haviam sido respondidas em sala de aula. “Acredito que o maior aprendizado foi: não basta ter uma ideia boa, ela precisa ser bem desenvolvida, é necessário estudar o mercado”, completa Jéssika.

Participantes da final local do Ideas for Milk, realizada dia 28 de novembro em São Carlos




Aproximando academia e indústria – O ICMC foi uma das instituições correalizadoras do Ideas for Milk em São Carlos e o responsável por articular a parceria com a Embrapa foi o professor José Carlos Maldonado. “No ICMC, temos visto várias iniciativas, algumas delas no âmbito de disciplinas e outras no âmbito de projetos em rede, com o intuito de trazer os problemas e demandas sociais para dentro da Universidade, procurando estabelecer redes de colaboração entre a academia e a indústria, ou com o próprio governo”, ressalta o professor. 

Na opinião de Maldonado, o aluno, enquanto cidadão, deve desenvolver, na Universidade e em sua vida profissional, um conhecimento mais amplo sobre os problemas e demandas sociais nos mais diversos domínios de aplicação: “Esse conhecimento pode motivá-lo a desenvolver habilidades e competências na busca de soluções para esses problemas e demandas”. 

Considerando-se as oito cidades-sede que realizaram o Ideas for Milk (São Carlos, Belo Horizonte, Campinas, Juiz de Fora, Lavras, Piracicaba, Porto Alegre e Viçosa), 131 propostas foram submetidas e São Carlos foi a que recebeu o maior número de projetos, 29 no total. “São Carlos e região constituem um solo rico na formação de profissionais de altíssima qualidade na área de tecnologia da informação e comunicação. Esse cenário leva, certamente, à proposição de diversas e inúmeras soluções, assim como propiciará altos investimentos, num futuro próximo, constituindo um ecossistema de inovação e empreendedorismo fértil, cenário que hoje em dia já se delineia”, esclarece Maldonado.
O professor José Carlos Maldonado no lançamento do desafio Ideas for Milk em São Carlos

A final nacional do Ideas for Milk aconteceu dia 13 de dezembro, em Brasília. A equipe SCL Rota – Sistema de Coleta de Leite, finalista de Belo Horizonte, ficou em primeiro lugar ao propor uma plataforma que acompanha e gerencia a rota do leite desde o produtor até a indústria. “O papel das universidades foi importantíssimo em unir a turma da tecnologia da informação com a das ciências agrárias. Estamos deixando um caminho sólido para que outros segmentos do agronegócio possam repetir essa experiência de acordo com suas particularidades”, diz o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo Martins Paulo Martins.

Be an Icon – Outro estudante de Engenharia de Computação do ICMC que só ingressou em uma competição por causa das aulas de empreendedorismo foi Rafael Farah. O projeto que ele desenvolveu, SmartGuide, um guia automático destinado a auxiliar pessoas com deficiência visual a terem uma experiência mais completa em ambientes culturais, como museus e exposições, ficou entre os finalistas no concurso Be an Icon. Realizado pelo Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria, sediado no ICMC, em parceria com a empresa Siena Idea, o concurso tem como objetivo promover aplicações para a tecnologia dos beacons, pequenos dispositivos físicos que emitem curtos pacotes de dados bluetooth com certa frequência e raio de alcance programáveis.

“As aulas de empreendedorismo foram de grande importância. Eu só fiquei sabendo do concurso por causa disso e precisei desenvolver um modelo de negócio em Canvas, tópico que a professora Simone ensinou em sala”, conta Rafael. Ele explica que a ideia de desenvolver uma solução voltada a pessoas com deficiência visual surgiu por ele acreditar que todos devem ter acesso a atividades culturais: “Embora esse acesso seja único para cada pessoa, ele não pode ser negligenciado a certa parcela da população. A ideia do SmartGuide é justamente essa: proporcionar uma experiência mais completa, de modo que todos possam aproveitar a ida ao museu ou a exposições de arte”.

Agora, Rafael está trabalhando no desenvolvimento do aplicativo e estudando como realizar a comunicação com os beacons físicos. Ele e os demais responsáveis pelos cinco projetos classificados para a segunda fase do concurso têm até o dia 24 de fevereiro para entregarem as propostas detalhadas de seus projetos. “A utilização de beacons para sinalização de itens de acervo em museus, de produtos para venda e em guias eletrônicas para turismo é bem conhecida. Pretende-se, com esse concurso, expandir o universo de utilização desses dispositivos dentro do que se convencionou chamar de Internet das Coisas”, explica Edson Moreira, professor do ICMC e um dos coordenadores do concurso. 
O professor Edson Moreira durante o workshop de lançamento do concurso Be an Icon

Edson é um dos pioneiros do Instituto na apresentação de problemas reais aos alunos em sala de aula, estimulando-os a propor soluções para empresas. Há seis anos o professor inclui a demonstração do protótipo de um produto e a construção de um plano de negócio na avaliação de uma das disciplinas que ministra no ICMC, Tópicos Avançados em Comunicação. “O aluno tem que demonstrar que entendeu a teoria e que conseguiu transformar essa teoria em um produto vendável, com clientes, com mercado, com a ideia da cadeia de custos e tudo mais”, conta o professor.

Chamada de Projeto como Produto, a iniciativa de Edson prevê uma feira de problemas no início do processo, quando os alunos entram em contato com desafios propostos por diversas empresas. Durante o semestre, os estudantes têm várias reuniões para avaliar o andamento do estudo do problema e, no fim da disciplina, participam de uma feira de produtos, na qual apresentam as soluções que desenvolveram. Na edição de 2016 da feira de produtos, realizada dia 9 de dezembro, 14 equipes apresentaram seus projetos no saguão da Biblioteca Achille Bassi.

Muitas dessas ideias que surgem nas salas de aula do ICMC servirão de embrião para futuros aplicativos, serviços, produtos e startups. A equipe de Jéssika e Lucas, por exemplo, pretende amadurecer mais a proposta do Vet24hs, incorporar as várias dicas recebidas dos especialistas do Ideas for Milk e dar continuidade à proposta. “Termos chegado à final local da competição já foi uma vitória”, diz Lucas. “Essa experiência acendeu uma faísca na gente. Quero seguir na linha do empreendedorismo”, finaliza o estudante.

No dia 9 de dezembro aconteceu mais uma feira de produtos no ICMC
Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC

Créditos das fotos - duas primeiras imagens (final local do Ideas for Milk): Renan Alcântara; imagem do professor Maldonado: Denise Casatti; imagem do professor Edson: assessoria de comunicação do CeMEAI; imagem da feira de produtos: Reinaldo Mizutani

Mais informações
Site do Ideas for Milk: www.cnpgl.embrapa.br/ideasformilk
Site do Be an Icon: www.cemeai.icmc.usp.br/beanicon
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Identificação da síndrome do olho seco poderá ser mais fácil e barata com o uso de técnicas computacionais

Em parceria com empresa, pesquisador do ICMC desenvolverá projeto na área de processamento de imagens e vídeos: objetivo é criar protótipo de baixo custo para simplificar o diagnóstico da doença

Trojahn explica que há vários desafios computacionais a serem enfrentados
Sensação de areia nos olhos, incômodo, irritabilidade, ardor, vermelhidão, dificuldade para permanecer em frente ao computador, em ambientes com ar condicionado e para realizar tarefas rotineiras como leitura prolongada. Se você está sentindo esses sintomas, é possível que seja mais um dos cerca de 18 milhões de brasileiros que sofrem com a síndrome do olho seco, a segunda maior causa de atendimento nos consultórios de acordo com o oftlmologista e presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, Claudio Lottenberg. Tornar o diagnóstico dessa doença mais fácil e barato é o desafio que está mobilizando um pesquisador do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.

“A ideia do projeto é desenvolver um método não invasivo. Vamos construir um protótipo: serão óculos com microcâmeras acopladas e diodos emissores de luz (LEDs). Por meio da análise das imagens captadas e de outros recursos, poderemos identificar se a pessoa possui a síndrome”, explica Tiago Trojahn, doutorando do ICMC e professor do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), campus São Carlos. A proposta parece muito simples, no entanto, computacionalmente, há vários obstáculos a serem enfrentados para que seja possível disponibilizar o produto no mercado.

O potencial da iniciativa foi reconhecido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP): o projeto está entre os 46 selecionados no 3º ciclo do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE). Nos próximos nove meses, Trojahn trabalhará com os pesquisadores da empresa de tecnologia e equipamentos médicos WaveTek, sediada em São Carlos, para comprovar a viabilidade técnico-científica do projeto e terá à disposição até 120 mil reais (fase 1 do PIPE). Para isso, contará com o apoio de mais quatro profissionais com bolsas FAPESP: dois destinados a solucionar os desafios computacionais e dois voltados para o desenvolvimento do protótipo em si (aspectos ópticos, mecânicos e eletrônicos). Se a pesquisa for bem-sucedida nessa primeira etapa, os pesquisadores podem solicitar mais recursos para o Programa em busca de consolidar a proposta (fase 2). A FAPESP poderá, ainda, em uma etapa posterior (fase 3), apoiar o desenvolvimento comercial e industrial do produto.

De olho no olho – São as lágrimas que lubrificam a superfície dos nossos olhos, tornando-a homogênea e criando o que os especialistas chamam de filme lacrimal. A síndrome do olho seco surge quando há uma diminuição da produção das lágrimas ou uma deficiência em alguns de seus componentes. Entre os métodos mais comuns utilizados atualmente para diagnosticar a doença estão dois testes. Um deles consiste na colocação de uma tira de papel de filtro no olho do paciente (teste de Schirmer) e, após cinco minutos, mede-se a quantidade de umidade da tira. O outro método (teste de Rosa Bengala) é feito por meio da colocação de um colírio com propriedades corantes e da análise da resposta do olho: se houver pontos secos, eles irão absorver diferentemente o corante, delimitando a área afetada. 



Tornar esse diagnóstico muito mais rápido e confortável para os pacientes, além de barateá-lo, é a principal meta do estudo coordenado por Trojahn. O protótipo possuirá LEDs acoplados, que serão as fontes emissoras de luzes para os olhos, bem como microcâmeras para registrar tudo o que acontece com os pacientes. Um programa de computador será criado para analisar automaticamente os vídeos que serão gerados, pois será preciso avaliar todos os momentos em que houve uma perturbação no fluxo da luz, seja porque ocorreu uma ruptura no filme lacrimal ou porque a pessoa piscou. 

“Primeiro, é necessário selecionar as imagens significativas que devem ser analisadas. Quando gravamos o que está acontecendo no olho da pessoa, captamos também a imagem da pálpebra, dos cílios, além das perturbações que ocorrem quando a pessoa se mexe. Será preciso excluir todas essas informações das imagens”, explica Trojahn. Selecionar apenas o que é relevante é fundamental nesse trabalho, pois um vídeo contém uma imensa quantidade de dados (big data) e quanto mais informações temos, mais tempo levamos para avaliá-las. 

Outro aspecto que facilita o trabalho de análise é dividir as imagens em diferentes partes (segmentação). “Se a pessoa piscar o olho, podemos separar as imagens entre o que aconteceu antes e depois, por exemplo. Assim, consigo verificar quanto tempo se passou desde a última vez que ela piscou”, conta o doutorando. Segundo ele, o protótipo também permitirá identificar onde está acontecendo a ruptura do filme lacrimal, o que torna mais fácil averiguar se há alterações em uma das glândulas lacrimais.

Para Trojahn, os conhecimentos adquiridos no ICMC estão sendo essenciais para o desenvolvimento do projeto: “Fiz uma disciplina sobre processamento digital de imagens que será de grande utilidade no projeto. Embora meus objetivos no doutorado sejam diferentes, o objeto que analiso é o mesmo: vídeos”.

Como o projeto nasceu – A ideia surgiu quando o fundador da empresa Wavetek, Luis Alberto de Carvalho, desenvolvia seu pós-doutorado nos Estados Unidos, na University of Rochester New York, durante os anos de 2005 e 2006. “Havia um professor no laboratório em que eu atuava que estava tentando simplificar o diagnóstico da síndrome do olho seco. Ele possuía um equipamento enorme e muito caro, que era inviável comercialmente e, por isso, nunca se tornou um produto disponível no mercado”, conta Carvalho. Quando esse professor notou que o pós-doutorando brasileiro às vezes ficava com os olhos vermelhos, convido-o a ser um dos voluntários em sua pesquisa. Resultado: Carvalho descobriu que tinha a síndrome do olho seco, mas em um grau leve. 

“Desde aquele tempo, a tecnologia evoluiu muito e, no ano passado, resolvi buscar parceiros na área de processamento de imagens para tentar desenvolver um produto voltado ao diagnóstico da síndrome”, afirma Carvalho, que é pesquisador colaborador do Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CEPOF), sediado no Instituto de Física de São Carlos (IFSC), e também professor de pós-graduação na Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo. Ele chegou a Trojahn por indicação de uma de suas estagiárias,  Miriam Numajiri, que é aluna da Universidade Federal de São Carlos e colaboradora do projeto.

Possíveis aplicações – Ver o equipamento que ajudará a criar disponível nos consultórios de oftalmologistas e em farmácias é o que motiva Carvalho e Trojahn. Mas o doutorando do ICMC adianta que, se as técnicas computacionais que está pesquisando forem eficientes na detecção da síndrome do olho seco, poderão ser aplicadas para outras finalidades: “Se der certo, começa a se tornar possível identificarmos outras enfermidades como deformações no globo ocular, pressão no olho e poderemos até evitar derrames oculares, um problema bem mais sério que causa cegueira”.

Outra possível utilidade da pesquisa é a realização de diagnósticos em massa. Isso é necessário, por exemplo, em casos de desastres químicos, tal como o vazamento de gás que aconteceu no Porto de Santos no último dia 14 de janeiro e liberou uma nuvem tóxica sobre a região atingida. “Caso muitas pessoas apresentem sintomas de irritação nos olhos, poderemos usar nosso equipamento para identificar o problema rapidamente”, afirma Trojahn. 

No futuro, o doutorando acredita que também vai se beneficiar de seu próprio estudo: “Como fico muito tempo no computador e esse é um dos fatores ambientais de risco para o desenvolvimento da síndrome do olho seco, tenho quase certeza de que sou um forte candidato a adquirir a doença”. Sair do consultório do oftalmologista com o diagnóstico, sem precisar colocar uma fita no olho ou pingar um colírio, será a grande vitória de Trojahn.

Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação ICMC/USP
Créditos das imagens: Reinaldo Mizutani (foto de Trojahn) e National Eye Institute

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terça-feira, 23 de junho de 2015

Uma ideia na cabeça e um smartphone na mão: estudantes do ICMC criam aplicativos e são reconhecidos

Eles ainda estão cursando a graduação, mas já estão de olho no mercado de aplicativos brasileiro


Douglas, Joyce e Pedro: reconhecimento pela criação do CheckProvas
Uma ideia na cabeça e um smartphone na mão. A frase sintetiza o que está acontecendo na vida de inúmeros estudantes de graduação brasileiros matriculados em cursos de computação. A maioria deles tem entre 18 e 25 anos e é movida pelo entusiasmo que caracteriza quem tem vontade de inovar e empreender. Duas histórias de sucesso surgidas recentemente nos corredores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, exemplificam como nascem essas ideias e aplicativos.

Imagine se você pudesse desbloquear seu smartphone simplesmente olhando para a tela do dispositivo? Foi com essa intenção que três alunos do ICMC criaram um projeto para aumentar a segurança em celulares. Outras opções oferecidas pelo aplicativo é o desbloqueio por meio da realização de uma sequência de movimentos ou de um desenho. É possível, ainda, desativar essas opções quando você estiver em uma determinada “zona de segurança”, em sua casa ou em seu ambiente de trabalho, por exemplo.

Chamado 3Pi Unlocker, o projeto nasceu pelas mãos de Marcos Cruz e Fábio Alves, alunos do curso de Ciências de Computação do ICMC, e por Rogério Souza, que está fazendo Sistemas de Informação no Instituto. A iniciativa ficou em segundo lugar no concurso cultural Fast Forward, promovido pela empresa alemã Visual-Meta GmbH. Como prêmio, a equipe recebeu R$ 1,5 mil. “Quando entrei no ICMC, tive contato com a tecnologia móvel. Então, eu já tinha conhecimento técnico suficiente para pensar em um aplicativo e no escopo do que íamos fazer”, conta Marcos.

O estudante revela, ainda, que um impulso importante para o desenvolvimento do aplicativo foi a disciplina Tópicos Avançados em Comunicação. “Desenvolvemos um plano de negócio para um produto na disciplina”, lembra Marcos. “Mas quando decidimos participar do concurso, só conhecíamos as técnicas que íamos usar para desenvolvê-lo. Não tínhamos o produto final”, completa. Segundo o estudante, a meta da equipe é disponibilizar o produto para o público até o fim do ano e já há planos para a criação de mais dois aplicativos. No momento, eles estão em busca de alternativas para obter mais recursos e viabilizar o lançamento futuro de uma empresa

Essa é uma busca que mobiliza atualmente outro grupo de estudantes do ICMC que criou o CheckProvas, um aplicativo que serve para os estudantes se organizarem para provas. A ideia é possibilitar que o usuário cadastre os conteúdos de cada avaliação e, automaticamente, são enviados alertas sobre os tópicos que ainda precisam ser estudados em três momentos diferentes: sete dias antes da prova, três dias e um dia. Mas o usuário pode alterar essas datas, conforme suas necessidades. 

O projeto ficou em segundo lugar na competição Sua Ideia na Prática, evento idealizado pela Ideation Brasil, empresa incentivadora do empreendedorismo nas universidades. Criado por Douglas de Oliveira e Pedro de Araújo – do curso de Ciências de Computação do ICMC – e por Joyce Costa, que cursa Engenharia Ambiental na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), o aplicativo também contou com a colaboração do designer Mateus Andrade, que cursa Análise e Desenvolvimento de Sistemas na FATEC, em São Paulo. Como prêmio, a equipe receberá mentorias e assessoria jurídica. Além disso, eles já foram convidados para apresentar o projeto a uma aceleradora da região e estão participando, no momento, de uma outra edição da competição na capital paulista.


Criando um aplicativo em 20 dias – Douglas conta que o aplicativo foi criado em cerca de 20 dias durante a competição, que durou cinco semanas e contou com a participação de 120 pessoas. Em um primeiro momento, eles formaram a equipe, no dia 5 de maio, e começaram a pesquisar possíveis problemas que poderiam ser resolvidos por meio de um aplicativo. O grupo realizou, então, uma pesquisa com estudantes da USP e da UFSCar e identificaram que, entre os problemas que mais afetavam os universitários entrevistados estavam a falta de organização e de produtividade.

No dia 18 de maio, um post no Facebook literalmente trouxe o insight de que o grupo precisava: “Era 22 horas e um dos nossos colegas escreveu uma mensagem perguntando qual matéria ia cair na prova que aconteceria na manhã do dia seguinte”. Com o cronograma estourando, o grupo correu para desenvolver um protótipo do CheckProvas e fazer a validação do aplicativo. “Criamos um formulário descrevendo o produto, pedindo sugestões, críticas e perguntando se as pessoas teriam interesse em usá-lo. Divulgamos a pesquisa em grupos de alunos de 34 universidades públicas e particulares das cinco regiões do Brasil por meio do Facebook”, revela Oliveira. Resultado: 849 respostas, sendo que 84,1% dos estudantes afirmaram que usariam o aplicativo. “Também recebemos respostas positivas de mais de 300 pessoas interessadas em testar o produto”, completa. A meta, agora, é colocar o aplicativo à disposição dos universitários brasileiros o mais rápido possível.

Para Oliveira, que está no segundo ano do curso, estudar no ICMC foi fundamental em todo o processo em virtude dos conteúdos que têm aprendido e dos contatos estabelecidos: “Quanto mais você estuda algo complexo, mais você tende a expandir sua visão e a ter ideias para problemas que antes você não via, além de encontrar soluções para resolver as coisas de forma mais prática e simples”.

Moreira: com poucos recursos é possível colocar um produto no mercado usando apenas o conhecimento

Cenário promissor – No final de 2014, as duas principais lojas do mundo de aplicativos hospedavam juntas cerca de 2,64 milhões de aplicativos. Desse montante, 1,43 milhão pertenciam à Google Play contra 1,21 milhão da Apple Store, segundo relatório da appFigures. A mesma pesquisa mostra que a Google Play contava na época com 388 mil desenvolvedores conta 282 mil da Apple. 

A briga dessas duas gigantes pela liderança mostra quanto o mercado de software tem se transformado nos últimos anos. “Esse mercado mudou muito recentemente, a ponto de permitir que indivíduos ou pequenos grupos, com pouquíssimos recursos, consigam colocar um produto no mercado usando basicamente apenas o conhecimento”, explica o professor Edson Moreira, do ICMC.

Na visão do professor, o cenário anterior levava as universidades a formaram alunos, na área de computação, muito direcionados a se tornarem funcionários de uma empresa. Agora, a possibilidade de ter o próprio negócio está ao alcance de todos. “O Brasil precisa de novos empreendedores. Por isso, é importante que a gente tenha mais empreendedores saindo das universidades. Sabemos que, nesse mundo moderno, os motores do desenvolvimento são as pequenas e médias empresas”, completa Moreira.

De fato, o mercado brasileiro de software e serviços é liderado por micro e pequenos negócios, com participação de 45,62% e 49,02%, respectivamente, segundo o estudo Mercado Brasileiro de Software e Serviços 2015, produzido pela International Data Corporation (IDC) em parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES). A pesquisa mostrou também que, considerando-se o mercado de software isoladamente, sem as exportações, o faturamento atingiu a marca de US$ 11,2 bilhões no ano passado.

“A gente quer que o aluno seja empreendedor, mas nós estamos fazendo as modificações nos processos de ensino e aprendizagem para chegarmos a esse resultado?”, questiona Moreira. Na opinião dele, os mecanismos formais de estímulo ao empreendedorismo e à inovação precisam ser ampliados nas universidades. 

Há cinco anos o professor inclui a demonstração do protótipo de um produto e a construção de um plano de negócio na avaliação de uma das disciplinas que ministra no ICMC, Tópicos Avançados em Comunicação. “O aluno tem que demonstrar que entendeu a teoria e que conseguiu transformar essa teoria em um produto vendável, com clientes, com mercado, com a ideia da cadeia de custos e tudo mais”, conta Moreira. A história de sucesso do aplicativo 3Pi Unlocker é um sinal de que a estratégia do professor está funcionando.

Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação ICMC/USP

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CheckProvas: checkprovas.com
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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Trazendo sua empresa para a internet: ICMC promove evento para inspirar empreendedores e desenvolvedores

Gratuito, evento acontece dia 1 de novembro na USP em São Carlos, das 14 às 18 horas


Como alcançar melhores resultados nos negócios por meio do uso das tecnologias de internet? Para estimular empreendedores e desenvolvedores a debaterem essa questão, o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, promove o evento Trazendo sua empresa para a internet no próximo dia 1 de novembro, das 14 às 18 horas, no auditório Luiz Antonio Favaro.

“O objetivo desse evento é apresentar grupos que integram tecnologias para a internet, em especial as tecnologias Google, inspirando desenvolvedores e empreendedores. Nesse contexto, há o Google Developer Groups (GDG) e o Google Business Group (GBG)”, explica o coordenador do evento, Moacir Ponti Junior, professor do ICMC.

Três palestras fazem parte do evento. Na primeira, os especialistas Leandro Amaral e Bruno Siqueira explicam como funciona o Google Business Groups. A seguir, é a vez de Priscila Mayumi falar sobre o Google Developer Groups e o Google App Engine. Por último, Eduardo Kenzo aborda o Google Maps for Work, mostrando como um mapa pode tornar as empresas mais produtivas.

As inscrições são gratuitas e devem ser realizadas por meio de formulário eletrônico (http://bit.ly/gbg-empresa-internet). Há 60 vagas disponíveis. O evento é uma iniciativa do Programa de Educação Tutorial (PET-Computação) do ICMC, que busca propiciar aos alunos, sob a orientação do professor Moacir Ponti Junior, condições para a realização de atividades extracurriculares.

Mais informações
Formulário para inscrições gratuitas: http://bit.ly/gbg-empresa-internet
Seção de Eventos do ICMC: (16) 3373.9622
E-mail: eventos@icmc.usp.br