sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Primeiro teste de carro autônomo em vias públicas da América Latina será realizado na próxima terça em São Carlos

Carro possui sistemas que permitem locomoção automática,
sem necessidade de motorista
Pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sistemas Embarcados Críticos (INCT-SEC) realizarão o primeiro teste em vias públicas do projeto Carro Robótico Inteligente para Navegação Autônoma (CARINA) no próximo dia 22 a partir das 9 horas, próximo ao SESC. O teste será o primeiro autorizado a ser feito na América Latina e os interessados poderão acompanhar o trajeto a ser percorrido pelo veículo.

O carro possui sistemas que permitem sua locomoção automática, sem a necessidade de um motorista, composto por sistemas de percepção como sensor laser, câmeras e GPS, sistema de atuação, como os motores e circuitos eletrônicos e programas que fazem o controle de comando. Possui também o sistema de processamento, composto por dois computadores que recebem as informações da percepção e tem as decisões de acelerar, frear ou virar o volante. Juntos esses mecanismos fazem o veículo navegar de forma segura e eficiente.

Desta forma, o projeto tem o objetivo de contribuir para a segurança no trânsito, podendo evitar acidentes e colaborar com idosos e pessoas que tenham deficiência física além de contribuir para a automatização agrícola e no transporte de carga.

A demonstração do carro autônomo faz parte da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) que ocorre pelo país de 21 a 27 de outubro. Em São Carlos o evento ocorrerá pela Prefeitura Municipal por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia / Coordenadoria do Meio Ambiente (SMDSCT / CMA) de 21 a 26 de outubro com apresentação de palestras, feira de ciências e debate sobre a produção científica na cidade.

De acordo com coordenador do projeto, Prof. Denis Wolf, “o teste nas ruas de uma cidade é a etapa final de validação de todo um trabalho árduo que vem sendo desenvolvido. Os experimentos realizados seguem um protocolo para garantir a segurança. Assim, o apoio da Prefeitura Municipal é fundamental para o avanço da pesquisa local e nacional que é recente na área”.

O projeto é desenvolvido pelo INCT-SEC através do Laboratório de Robótica Móvel (LRM) do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) com a colaboração do Laboratório de Sistemas Inteligentes (LASI) da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e o Laboratório de Sistemas Embarcados Críticos (LSEC) do ICMC, todos da USP em São Carlos. Recebe o financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).


Produção científica e tecnológica de veículos autônomos - As pesquisas na área são desenvolvidas há mais de 20 anos no exterior, com aportes de verba governamental e da indústria automotiva. Países como os EUA, França, Japão e Alemanha investem, atualmente, na tecnologia para que em alguns anos, aproximadamente de 10 a 15 anos, o número de acidentes rodoviários diminua e o fluxo de trânsito seja mais eficiente.

O desenvolvimento da tecnologia teve início no Brasil a partir de 2007 com poucos grupos de pesquisas do país. A partir de outubro de 2010, os pesquisadores do INCT-SEC/ICMC-USP iniciaram os estudos com o carro elétrico chamado CARINA I.

Os estudos passaram a ser produzidos em um carro convencional em julho de 2011, sendo denominado CARINA II, o que possibilitou a realização de testes experimentais em situações de trânsito urbano e em maior velocidade, permitindo o avanço na pesquisa.

Já em abril de 2012 os primeiros testes de controle computacional foram feitos e em setembro do mesmo ano o veículo foi testado nas ruas do campus 2 da USP, com controle 100% autônomo. Com isso, a pesquisa passou a ser aprimorada para que o veículo possa operar em ambientes e situações mais complexos.

A pesquisa na área de veículos autônomos inteligentes é multidisciplinar e envolve conhecimentos de inteligência artificial, visão computacional, processamento de sinais, fusão de sensores, sistemas distribuídos e sistemas embarcados.

Para que a autonomia funcione é necessário que os algoritmos desenvolvidos sejam rápidos o suficiente a fim do computador tomar decisões corretas em um curto intervalo de tempo. “Caso uma criança atravesse na frente do carro atrás de uma bola, por exemplo, o mesmo deve observar isso através das câmeras e sensores, identificar a situação de risco elevado, decidir qual ação deve ser feita e enviar os comandos corretos para acionar o freio ou o volante em menos de um segundo”, explica o pesquisador.

Wolf afirma ainda que o desenvolvimento de sistemas complexos e críticos é um desafio para a pesquisa em diversas áreas. “O fato dos veículos operarem em ambientes urbanos faz com que a responsabilidade dos cientistas envolvidos aumente pois, por um pequeno erro do carro, é possível causar acidentes gravíssimos”.

A verificação do estudo começa com o teste dos programas de computador, que são o cérebro do veículo, feito em simuladores, permitindo o desenvolvimento rápido e seguro do software. A etapa seguinte é a realização de testes em campo aberto onde todos os elementos de hardware são integrados, porém, com uma grande margem para erros sem que haja risco de acidentes.

O veículo passa a estar preparado para andar nas ruas após a capacitação dos sistemas desenvolvidos, sendo esta uma etapa crítica. Os experimentos desse tipo são realizados, geralmente, nos campi das universidades, em áreas e horários de pouco trânsito. O teste nas ruas de uma cidade é a etapa final de validação da pesquisa.

Atualmente, o protótipo em produção é capaz de percorrer ruas e avenidas mantendo uma distância segura de outros veículos e de identificar os semáforos em seu caminho, respeitando os sinais vermelhos e avançando nos verdes. “Durante os testes nas ruas da cidade, a guarda de trânsito manterá outros veículos afastados do CARINA para garantir a segurança desses casos”, explica o pesquisador.

A velocidade do veículo de testes é limitada a 40km/h e há sempre um motorista dentro do carro preparado para frear ou assumir o controle caso haja problema nos sistemas computacionais.

Para saber mais sobre o projeto CARINA acesse aqui.

Texto e foto: Flávia Cayres - Assessoria de Comunicação INCT-SEC

ServiçoEvento: Demonstração à população do projeto CARINA em via pública
Data: 22 de outubro
Horário: 9 horas
Local: Avenida Comendador Alfredo Maffei (próxima ao SESC)

Mais informaçõesimprensa@inct-sec.org