quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Inovação: vivemos um cenário de ruptura, diz Hopper em visita ao ICMC

Diretor da Faculdade de Computação e Tecnologia da Universidade de Cambridge ministrou palestra sobre inovação no ICMC e se impressionou com a disponibilidade de recursos destinados à pesquisa e com a qualidade de vida dos são-carlenses


Para Hopper, quanto menos barreiras na
relação universidade-empresa, melhor

Pela primeira vez em São Carlos, o Diretor da Faculdade de Computação e Tecnologia da Universidade de Cambridge, Andy Hopper – que também é presidente do Institution of Engineering and Technology (IET) –, ministrou a palestra A Perspectiva da Inovação na tarde desta quarta-feira, 4 de setembro, no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP São Carlos.

Hopper afirmou que novas tecnologias e novos modelos econômicos tiveram um crescimento gigantesco nos últimos tempos, espalhando-se por todos os setores econômicos: “Vivemos um cenário de ruptura. Não há escolha, as mudanças trazidas pela inovação vão acontecer”.

Ele destacou que a perspectiva dele vem de sua vivência simultânea na universidade e na indústria, pois em Cambridge não há barreiras para seguir as duas carreiras ao mesmo tempo. Também falou sobre o alto custo do dinheiro, o que dificulta a obtenção de recursos para os projetos inovadores. Modelos tradicionais de captação de recursos por meio do capital de risco (venture capital) não estão mais gerando riqueza aos investidores, e surgem novos modelos, como o financiamento coletivo (crowdfunding), que vem trazendo melhores resultados.

O pesquisador britânico abordou, ainda, as dificuldades que permeiam a relação entre universidades e empresas. Para Hopper, o modelo colaborativo é o que funciona melhor nesse caso. “Quanto menos barreira, menos custos. Quanto mais barreiras, mais custos”, disse.

Segundo Hopper, o mundo das patentes é complexo, confuso, imprevisível e caro. “É uma selva”, resumiu. Uma alternativa para facilitar a chegada da tecnologia desenvolvida nas universidades para as empresas é, na visão de Hopper, o estabelecimento de práticas e regras simples, que possibilitem às universidades disponibilizar às empresas os recursos humanos qualificados de que dispõe e, em troca, elas ganham direito a um percentual de participação nas empresas.

Além disso, o pesquisador discorreu sobre três casos de sucesso de start-ups que ajudou a fundar: ARM, RealVNC e Ubisense.

Já o diretor de Setores e Comunidades do IET, Stephen Perry, falou sobre os objetivos da instituição. Criado em 1871, o IET reúne aproximadamente 150 mil engenheiros de 127 países. “É uma comunidade ativa que oferece oportunidades para a troca de ideias e experiências, possibilitando cooperação e aprendizado”, contou Perry. “Queremos construir relacionamentos com instituições acadêmicas importantes e outras organizações para avaliar as oportunidades que o IET tem de estender suas atividades no Brasil a médio e longo prazo”, completou Hopper.

Perry explicou qual é o papel do IET



São Carlos lembra Cambridge


Durante a manhã desta quarta-feira, Hopper também participou de uma reunião com pesquisadores do ICMC, quando foram apresentados os resultados de alguns grupos de pesquisa do Instituto nas áreas de visualização e computação gráfica, engenharia de software e sensores. Outro destaque foram os grupos de trabalho que atuam no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sistemas Embarcados Críticos (INCT-SEC). Aliás, a vinda de Hopper ao ICMC foi uma iniciativa do INCT-SEC, que se constitui como uma rede de pesquisa na área de sistemas embarcados críticos.

Sediado no ICMC, o INCT-SEC agrega 30 laboratórios de instituições universitárias, além de parceiros empresariais, integrando academia e indústria e buscando apoiar o desenvolvimento de soluções e aplicações para áreas estratégicas – como, por exemplo, meio ambiente, segurança, defesa nacional e agricultura – bem como a formação de recursos humanos e a transferência tecnológica.

Hopper conheceu,ainda, o trabalho realizado pelo Centro de Robótica de São Carlos (CRob); pelo Núcleo de Apoio à Pesquisa de Aprendizado de Máquina em Análise de Dados (NAP-AMDA) e pelo Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CEPID-CeMEAI).

“Eu fiquei impressionado com o que me falaram sobre a disponibilidade de recursos existentes aqui para a pesquisa. Se você elaborar um projeto razoável, você terá apoio. Isso não é algo comum considerando-se a atual situação mundial”, ressaltou o pesquisador britânico.

Em relação às suas impressões nesta primeira visita a São Carlos, Hopper disse: “a qualidade de vida é suficientemente atraente em São Carlos, que não é uma cidade grande, mas tem um tamanho apropriado. Lembra um pouco Cambridge, que tem 100 mil habitantes e mais cerca de 25 milhões nos arredores. As oportunidades oferecidas em lugares que têm essas características são muito atraentes para as empresas e os estudantes”.

Depois da palestra, plateia esclareceu suas dúvidas com Hopper