segunda-feira, 2 de abril de 2012

Grupo do ICMC desenvolve jogos para computador

Alunos da graduação utilizam os conhecimentos adquiridos em sala de aula no desenvolvimento de jogos, inclusive de caráter educativo


Por: Davi Marques Pastrelo


O grupo The Fellowship of the Game (FoG), formado por alunos de graduação do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP de São Carlos, desenvolve jogos para computador visando o aprendizado e a disseminação de conhecimentos nesta área da computação, contribuindo inclusive com o aprendizado de disciplinas de programação. Fundado oficialmente no final de 2008, o grupo sem fins lucrativos possui atualmente cerca de 20 membros que trabalham nas diversas áreas de desenvolvimento dos games.

Equipe FoG-ICMC
O grupo é supervisionado pelos professores Fernando Osório, Kalinka Castelo Branco e Moacir Ponti Jr. Eles explicam que o FoG surgiu como uma iniciativa dos alunos por ser uma área que atrai muitos interessados. “Inicialmente o que os alunos buscavam era um apoio dos professores com relação à questões burocráticas como reservas de salas, equipamentos, servidores que estavam no ar e aconselhamentos. Vieram nos procurar para que fossemos tutores deles”, explica o professor Osório.

A professora Kalinka argumenta que um fato importante é os docentes sempre procuraram não interferir diretamente nas decisões dos alunos, e sim sempre orientá-los e incentivá-los: “No caso, éramos responsáveis por responder administrativamente pelo FoG. De certa forma não queremos interferir nas atividades, mas com o conhecimento que temos, sugerimos e direcionamos atividades e administrativamente respondemos por coisas como servidor, registro de domínio, website, etc.”.


Sobre a experiência em participar do grupo, o aluno Marcos Limeira afirma que os jogos produzidos pelo grupo FoG são do tipo independente e não visam o comércio. “Comecei a me interessar por games ainda na infância e o videogame que mais me marcou foi o Master System da Sega. O ICMC foi quem nos deu a oportunidade de ter experiência com desenvolvimento de games”, explica Marcos.


Osório ressalta que um jogo desse tipo possui muitos componentes, como o projeto do game (gameplay), design (incluindo a parte de multimídia que envolve áudio e imagens), e por fim a programação propriamente dita. “O interessante é que a produção de jogos é multidisciplinar, onde podem participar pessoas de diversas áreas como comunicação, história e psicologia”, conclui.


A professora Kalinka explica que no momento o FoG está trabalhando em um projeto vinculado à Unicamp, que atende alunos com necessidades especiais com idade entre 12 e 14 anos. O FoG tem desenvolvido jogos para este tipo de público: “Entramos em contato com o pessoal da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Limeira, por meio do grupo de pesquisa da Unicamp EcoEdu Ambiental. Neste caso, desenvolvemos um game que será atrativo para alunos com necessidades especiais. Este game, batizado de Jogo do Lixo, faz parte de um projeto coordenado pela professora Lubienska, da Unicamp. Por meio deste jogo, as crianças são educadas de forma lúdica, tratando questões relacionadas com a ecologia e a preservação ambiental
Tela do Jogo do Lixo
Com o Jogo do Lixo, o grupo FoG auxilia o projeto EcoEdu na parte de jogos educacionais, “e o que o jogo faz é mostrar aos alunos que quando se recolhe o lixo, a imagem fica mais limpa e bonita, também ensina, por exemplo, que para se recolher o vidro é necessário fazer uso de uma luva,” conclui Kalinka.


O aluno Guilherme Gilbertoni, do 3º ano do curso de Bacharelado em Ciências de Computação, explica que os jogos produzidos pelo grupo são de cunho educativo e possuem código fonte aberto para futuras versões. Sobre os projetos a serem desenvolvidos pelo grupo, os professores explicam que estes se baseiam nas necessidades e interesses dos alunos em aprender determinada área de conhecimento, por exemplo, programação, física, computação gráfica, inteligência artificial, redes de computadores, entre outras.


“Motivados pelo FoG fizemos um teste junto às disciplinas: Introdução à Ciências da Computação, Sistemas Distribuídos e Computação Gráfica. Desta forma, também os incentivamos a realizar projetos nessas disciplinas utilizando jogos. Foi um sucesso, e o resultado é que muitas vezes o game funciona como um motivador para os alunos. O game passa a servir como um fator integrador dessas múltiplas disciplinas. Por exemplo, se usa a área de Redes de Computador para fazer um jogo multiplayer, a área de Computação Gráfica para os efeitos, e área de Lógica e Programação para desenvolver a lógica e sequência do jogo”, conclui Osório.

Sobre a linguagem utilizada, os professores explicam que as preferidas dos alunos são o C, C++ e o Phyton. O grupo já participou duas vezes do Global Game Jam, competição internacional que ocorre simultaneamente em diversos países. Participa também da Semana de Computação (SemComp) do ICMC e de atividades de extensão universitária, como simpósios, minicursos e palestras.

Informações: http://fog.icmc.usp.br/