terça-feira, 9 de agosto de 2016

Visitas didáticas preparam alunos do ICMC para os desafios do mercado de trabalho

Estudantes do curso de Estatística foram ver como funciona a linha de produção da Faber Castell

O que a linha de produção de uma fábrica, uma escola indígena e o centro de inovação de uma empresa têm em comum? Esses são exemplos de locais em que é possível descobrir novas áreas de atuação profissional, preparar-se para enfrentar os desafios do mercado de trabalho e onde vocações podem ser despertadas. É isso que acontece durante as visitas didáticas realizadas pelos alunos do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.

“Visitar a Unilever foi como descobrir um sonho que nem ao menos sabia que existia. O pensar estratégico e a resolução de problemas são os maiores atrativos. Com certeza é uma empresa na qual eu quero trabalhar e onde me vejo daqui 10 anos”, conta Guilherme Ferreira, ex-aluno de Sistemas de Informação do ICMC. O depoimento foi dado após visita realizada na sede da Unilever, em São Paulo, no ano passado, junto com cerca de outros 30 estudantes do Instituto. As visitas à empresa são realizadas anualmente por meio do programa Unileversitário.

A viagem serve como complemento da disciplina Introdução a Sistemas de Informação, ministrada pela professora Simone Souza. Os alunos conhecem o Customer Insight and Inovation Center (CiiC), setor da empresa destinado a gerar inovações por meio do uso de tecnologias da informação. “É uma visita muito motivante, pois os alunos conseguem enxergar que não precisam atuar apenas na área de desenvolvimento de sistemas, mas também na melhoria do processo de negócio de uma companhia”, explica Simone. 

Muitas outras oportunidades de conhecer empresas surgem para os alunos do ICMC durante a graduação. “Dentro das coordenações de curso do Instituto, nós focamos muito nessa questão de motivar e auxiliar os estudantes a entenderem e descobrirem se estão no curso certo. Para isso, tentamos sempre promover essas iniciativas”, conta Simone. 

A docente cita ainda algumas visitas já realizadas pelo Instituto como a data centers em São Paulo, à HP, empresa de tecnologia de informação, e à Usina Hidrelétrica de Itaipu. Anualmente, alunos dos cursos de Sistemas de Informação e Ciências de Computação têm a oportunidade de conhecer a hidrelétrica, localizada na fronteira entre Brasil e Paraguai. Nessa visita, os alunos assistem a palestras ministradas por profissionais da usina, conhecem o processo de produção e distribuição de energia, a sustentabilidade da matriz energética, o desenvolvimento de sistemas abertos para o gerenciamento de recursos hídricos, além de questões relacionadas à segurança física e dos sistemas computacionais.

Anualmente, alunos dos cursos de Ciências de Computação e Sistemas de Informação visitam Itaipu

A estatística vai à indústriaA Faber Castell é outra empresa que recebeu a visita dos alunos do ICMC, dessa vez dos graduandos do curso de Estatística. Como complemento da disciplina Gestão de Qualidade, os estudantes conheceram, em maio deste ano, a Seção de Controle de Qualidade da Fábrica e as etapas de produção dos materiais desenvolvidos pela multinacional, que possui sede em São Carlos.

O objetivo foi mostrar aos alunos uma noção prática das metodologias de controle estatístico de processo, promovendo uma primeira interação com os profissionais do setor produtivo. “Eles conseguem visualizar onde aplicar aquilo que estão aprendendo na Universidade. Esse tipo de iniciativa deve ser feita de forma permanente e em todos os cursos, pois acredito que os outros estudantes também tenham essa necessidade”, diz Francisco Louzada, professor do ICMC e responsável pela visita à Faber.

“Essas visitas nos trazem uma experiência que pode ser utilizada até mesmo numa entrevista de emprego, pois vou ter uma visão melhor de como funciona uma fábrica e clarear minhas ideias”, conta a aluna Denise Rezende, que nunca havia visitado uma empresa. A estudante Natália Poles afirma que é muito importante, para um estatístico, conhecer todas as etapas de produção do produto que será disponibilizado no mercado: “Além de analisar os dados, o estatístico pode melhorar o resultado final de um produto e corrigir algum problema que venha a surgir durante seu processo de desenvolvimento”.
Natália (à esquerda) e Denize durante visita à Faber Castell

Aprendendo com outras culturasPensando em preparar os estudantes dos cursos de licenciatura do ICMC para os mais diversos cenários que terão que enfrentar quando se tornarem professores, as docentes Miriam Utsumi e Esther Prado levaram, em junho deste ano, 38 alunos para conhecerem a escola indígena da Aldeia Ekeruá, localizada em Avaí, interior de São Paulo. “Desde o ano passado, pensamos na questão da inclusão das minorias e decidimos dar uma atenção especial à educação indígena. Muitos professores ainda não estão preparados para atender o aluno índio e é importante que conheçam outra cultura”, explica Miriam.

A professora conta que, nos cursos de licenciatura, não é possível ter disciplinas mostrando todos os desafios que são enfrentados dentro de uma escola. Ao proporcionar esse tipo de visita, os licenciados podem ter um olhar diferenciado para lidar com algumas situações. “Nós fazemos várias viagens para complementar o currículo dos alunos de licenciatura. Visitamos escolas técnicas, matemotecas, para que eles conheçam os diversos ambientes de trabalho e vejam a construção de materiais didáticos diferenciados”.

Alunos dos cursos de licenciatura do ICMC conheceram as metodologias de ensino indígenas
A aluna Letícia Pradella, licencianda em Ciências Exatas, adora pesquisar sobre educação e, quando soube da visita à aldeia, resolveu participar: “Para mim, era muito abstrata a forma como o conhecimento é passado aos indígenas. A maneira de ensino não é a mesma, é outra realidade”, conta a estudante. Ou alunos gostaram tanto da experiência que convidaram os professores indígenas para ministrar palestras durante a Semana da Licenciatura, que será realizada em outubro no ICMC. 

Letícia também já fez outras viagens didáticas durante a graduação. Ela esteve presente em uma visita ao Hopi Hari, em que os estudantes aprenderam conceitos de física aplicados aos brinquedos do parque de diversões. “Na universidade, o aprendizado na sala de aula não basta. Quanto mais atividades extracurriculares a gente faz, melhor estamos preparados”, finaliza.

Para Letícia, as atividades extracurriculares são fundamentais durante a graduação

Texto: Henrique Fontes - Assessoria de Comunicação ICMC/USP

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