segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Aplicativo vai facilitar ensino e compreensão da geometria

Sistema propõe novo modelo de interação com softwares de ensino de geometria

Para tornar o aprendizado da geometria mais atraente e menos complicado, cientistas do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, desenvolveram um aplicativo que pode ser usado por estudantes de diversos níveis, desde aqueles com idade entre 13 e 14 anos até os que já estão na universidade. O Geotouch, como foi denominado, funciona em dispositivos móveis (smartphones e tablets) por meio de gestos simples, deslizando os dedos na tela do aparelho.

O novo aplicativo foi desenvolvido pela pesquisadora Helena Macedo em sua dissertação de mestrado Concepção de um Software de Geometria Interativa Utilizando Interfaces Gestuais para Dispositivos Móveis apresentada no ICMC, e que teve a orientação do professor Seiji Isotani. “Nosso sistema propõe um novo modelo de interação com softwares de ensino de geometria e faz uma síntese das funcionalidades de outros já existentes, como o Sketchometry, Geometry Pad e o Geogebra”, explica a pesquisadora. Aliás, os três sistemas citados foram analisados em seu trabalho.

Ela explica que as diferenças avaliadas foram as funcionalidades e os problemas de interação que estes aplicativos possuem. “No caso do Geotouch não há, por exemplo, um menu fixo. Isso iria gerar problemas de espaço e navegação na tela dos tablets e smartphones. Os aplicativos avaliados usam menus fixo, alguns até com figuras, como linhas retas, triângulos, circunferências, etc.

Geotouch é acionado com toque e deslizamento dos dedos na tela

“A diferença é que, além de não ter o menu em nenhum espaço da tela, o Geotouch é acionado com o toque e o deslizamento dos dedos na tela”, explica Helena. Ela exemplifica como pode ser desenhada uma circunferência utilizando-se o aplicativo: “Como toda circunferência parte de um centro, o usuário deve construir o ponto central com um breve toque de um dos dedos na tela. Em seguida, basta fazer o gesto de uma circunferência”. Comparando-se o mesmo movimento num desktop, utilizando-se um mouse, dificilmente a circunferência seria precisa. “No Geotouch, mesmo que o movimento não seja perfeito, a circunferência será exata”, garante a pesquisadora.

Movimentos também podem determinar figuras e cálculos de medidas, como a distância entre dois pontos, intersecção para achar uma mediatriz, além de funcionalidades básicas da geometria, como segmento de reta, semi reta, perpendicular e triângulos, entre outros. Veja neste vídeo uma demonstração de uso do Geotouch.

Interatividade - Outra vantagem destacada por Helena é que o Geotouch pode ser utilizado por mais de uma pessoa, em aparelhos diferentes, interagindo no mesmo desenho. “Por meio de uma conexão wi-fi, dois ou mais usuários poderão trabalhar colaborativamente num mesmo desenho. E não há limite para o número de pessoas, desde que estejam conectados via wi-fi”, garante a pesquisadora. Estas opções podem ser usadas no modo somente de visualização e também de edição simultânea.

Entre as vantagens do seu protótipo, Helena destaca que a ausência de menus na tela facilitam a interação e podem contribuir com o aprendizado. “É sabido que interfaces com muitos botões ou ícones fazem com que o aluno direcione mais a atenção para o aprendizado da interface do que para o aprendizado da geometria”, afirma.

Aplicativo disponibiliza um manual que permite o rápido aprendizado

O aplicativo passou por um teste de usabilidade com cinco estudantes de pós-graduação do ICMC, especialistas em análise de interfaces. O resultado foi satisfatório. “Usuários iniciantes podem demorar mais tempo para aprender os gestos, principalmente se não possuem conhecimentos de geometria. Mas o Geotouch disponibiliza um manual que permite o rápido aprendizado”, ressalta a pesquisadora, lembrando que entre todos os aplicativos avaliados, o Geotouch é o único a ter um manual.

O projeto de Helena recebeu o prêmio de melhor dissertação de mestrado no 4º Congresso Brasileiro de Informática na Educação, que aconteceu em outubro, em Maceió, Alagoas.

Texto: Antonio Carlos Quinto - Agência USP de Notícias
Fotos: Divulgação

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