Reportagem mostrou como funciona a tecnologia que está sendo desenvolvida há quatro anos
Professor Gustavo Batista explica como funciona o sensor (assista à reportagem) |
Identificar automaticamente um mosquito pelo barulho que ele faz é a proposta do projeto coordenado pelo professor Gustavo Batista, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. A pesquisa foi destaque na última edição do Jornal Nacional, exibida sábado, 12 de dezembro.
O desafio mobiliza o professor há cerca de quatro anos e os esforços já resultaram na criação de um sensor capaz de identificar, com uma acurácia de mais de 90%, as espécies e o sexo dos insetos. Isso é muito importante no caso do Aedes aegypti, em que apenas as fêmeas são vetores de doenças como a dengue, a zyka e a chikungunya. “Nossa meta, agora, é transformar esse sensor em um produto eletrônico: uma armadilha inteligente que possa ser comercializada”, diz Batista.
Na semana passada, o projeto para construir o protótipo da armadilha foi aprovado no 3º ciclo do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). O doutorando do ICMC Vinícius Souza coordenará a iniciativa e abrirá uma empresa para produzir o protótipo, tendo à disposição até R$ 200 mil nessa primeira fase.
Segundo Batista, a futura armadilha possibilitará à população realizar a contagem dos mosquitos em tempo real. Dessa forma, será viável conectar o equipamento à internet, possibilitando que os dados obtidos pelas armadilhas gerem mapas de controle para os órgãos públicos. Também será possível criar aplicativos para alertar e orientar a população no combate ao Aedes. Desenvolver esses aplicativos é o foco de outro doutorando do ICMC, André Maletzke, bolsista do Google.
Histórico do projeto - A pesquisa teve início em 2011, quando o professor Batista estava fazendo seu pós-doutorado na Universidade da Califórnia, em Riverside, nos Estados Unidos. Nessa época, o Laboratório de Inteligência Computacional (LABIC) do ICMC estabeleceu uma parceria, que dura até hoje, com pesquisadores da universidade norte-americana.
Naquela época, o trabalho foi financiado pela FAPESP e pela Fundação Bill and Melinda Gates, cujo objetivo é apoiar pesquisas altamente inovadoras. Na ocasião, o objetivo dos pesquisadores era criar um sensor específico para os vetores da malária. Hoje, ainda com financiamento da FAPESP, o trabalho conta com a colaboração da professora do ICMC Solange Rezende, além do professor da Universidade da Califórnia, em Riverside, Eamonn Keogh, e do fundador e presidente da Isca Technologies, Agenor Mafra-Neto. Também colaboraram para a pesquisa os seguintes alunos e ex-alunos do ICMC: Diego Silva, Denis dos Reis, Cristiano Lemes e Luan Soares. Além dos doutorandos norte-americanos Yanping Chen, Adena Why, Moses Tataw, Bing Hu e Yan Hao. O professor Gustavo Batista também faz parte do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI).
Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação ICMC/USP
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