Comparado com todas as unidades de ensino e pesquisa da USP, Instituto
sediado em São Carlos é o que possui uma das menores relações entre o número de
funcionários técnico-administrativos e o número de professores
Qualificação: treinamentos ministrados pelos próprios funcionários é uma das alternativas |
São 117 funcionários
técnico-administrativos para lidar com toda a demanda de um Instituto com 143
professores, que é reconhecido internacionalmente pelo nível de excelência de seus
8 cursos de graduação e 5 programas de pós-graduação, os quais atendem 1.035
alunos de graduação e 738 de pós-graduação. Alcançar os atuais resultados com
um quadro de funcionários reduzido não foi uma tarefa fácil para o Instituto de
Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. E no cenário
atual de restrição orçamentária da Universidade, que inclui a suspensão temporária
de contratações, esses números não deverão se alterar em curto prazo.
Segundo o diretor do Instituto,
José Carlos Maldonado, o quadro de funcionários do ICMC
ainda não atingiu o dimensionamento adequado. Esse problema fica evidente quando
comparamos a relação entre o número de funcionários e o número de professores
do ICMC com as demais unidades da USP.
De acordo com os dados
disponíveis no último anuário estatístico da Universidade, divulgado em 2013 (dados de 2012, veja gráfico a seguir), havia
no ICMC 142 professores e 111 funcionários. Isso resultava em uma relação de funcionários
por professor de 0,78. Ou seja, no Instituto, há menos de um funcionário
atuando para cada professor. Considerando-se a média de todas as unidades de
ensino e pesquisa da USP, essa relação chega a 1,58. Se analisarmos essa
relação no âmbito das ciências exatas, esse índice é muito similar à média
geral: 1,57.
De 2012 até 2013, os números de
funcionários e professores no ICMC pouco variaram. Em 31 de dezembro de 2013, o
Instituto contava com 143 professores e 117 funcionários. Isso resulta em uma
relação de funcionários por professor de 0,81.
“Quando olhamos esses números,
percebemos que unidades como o ICMC, que estão abaixo de um patamar aceitável,
deveriam ter uma política diferenciada de fortalecimento do quadro, de caráter
transitório, até que se atinja um índice mínimo necessário para a realização de
nossas atividades. Claro que sempre mantida a qualidade dos resultados, considerando
que estamos falando de unidades de alto rendimento”, afirmou Maldonado.
Em busca do equilíbrio – Segundo o diretor, uma política de
transição em relação à contratação de novos funcionários não levaria em conta
apenas as unidades que estão com seus quadros subdimensionados, quem está muito
acima da média também deveria contar com um tratamento diferenciado: “Em um
primeiro momento, não poderia haver reposições automáticas, até que
convergíssemos para uma média e um equilíbrio aceitável, dentro do planejamento
global da USP, evidentemente respeitando-se as diversidades presentes na
Universidade”.
Os esforços pela construção de
políticas e diretrizes para o aumento do quadro de funcionários na USP é um
processo de longa data. Um dos marcos dessa história é a criação, em abril de
2011, da Comissão de Empregos Públicos e Estruturas Organizacionais.
No final de 2011, foi iniciado o
trabalho de desenvolvimento de indicadores que auxiliassem as análises
relacionadas aos aumentos de quadros. Em março do ano seguinte, solicitou-se a
todas as unidades que apresentassem sugestões de indicadores. Com essas
sugestões em mãos aliadas aos dados coletados em questionários que foram
enviados às unidades e demais informações extraídas do anuário estatístico da
USP, montou-se uma base com indicadores comparativos, que possibilitaram a
realização de análises englobando as especificidades de cada unidade.
Tais indicadores demonstram a
situação apontada pelo diretor do ICMC, especialmente no que tange à
produtividade do Instituto e à necessidade de um maior equilíbrio no quadro de
funcionários e professores. “A USP tem uma diversidade muito grande de órgãos,
há unidades de ensino e pesquisa como o ICMC, mas também centros de pesquisa,
museus, hospitais. Imagine a dificuldade de se criar indicadores nesse
contexto. É um trabalho de tentar uniformizar algo que não é uniforme”, explica
o funcionário Paulo Celestini, do Gabinete de Planejamento e Gestão do ICMC.
“Mas é só a partir desse trabalho de levantamento de indicadores que é possível
tratar as diferentes unidades e órgãos que compõem a USP, permitindo que se
estabeleçam prioridades”, completa Celestini.
Dessa forma, em setembro de 2012,
uma carta foi enviada a cada unidade, mostrando quais eram os 10 indicadores
estabelecidos (veja quadro e gráfico a
seguir). Note que a questão da relação de número de funcionários por professor
(item 6) é apenas um dos indicadores estabelecidos pelo documento.
O mais interessante é que, além
de especificar os 10 indicadores, o documento também já mostrava o índice médio
de criticidade de cada unidade em comparação às demais. Esse índice variava de
1 a 5, sendo que o número 1 significava uma situação mais confortável em
relação ao indicador e o número 5 uma situação mais crítica. No caso do ICMC,
as situações mais críticas (3 a 5) foram identificadas nos itens 2, 6, 7, 8 e
10.
Após essa ampla análise, o
documento informava às unidades o valor disponibilizado para o aumento de
quadros para o período correspondente ao segundo semestre de 2012 e primeiro
semestre de 2013, dando à unidade a autonomia de definir a destinação das vagas.
No caso do ICMC, essa verba chegou a R$ 31 mil. Com esse valor, o Instituto
conseguiu estabelecer a contratação de 4 novos funcionários: dois analistas e
dois técnicos. Essa foi a última liberação de recursos para a contratação de
novos funcionários.
15 alunos para cada funcionário – Quando avaliamos a relação entre
o número de funcionários e o número de alunos do ICMC (item 7 dos indicadores),
a situação parece ainda mais crítica. Considerando-se os dados disponíveis no
último anuário estatístico da Universidade, havia no ICMC 111 funcionários e
1.692 alunos (somando-se alunos da graduação e da pós-graduação). Conclusão: há
15,24 alunos para cada funcionário que atua no Instituto.
Analisando-se essa relação em
todas as demais unidades da USP no campus São Carlos, o ICMC é o que apresenta
o índice mais elevado. Quando atualizamos essa informação com o número de
alunos (1.773) e de funcionários (117) existentes em 2013, o índice
praticamente se mantém: 15,15.
Há que se considerar ainda que,
apenas no primeiro semestre de 2013, o Instituto acolheu 3.512 alunos de outras
unidades que cursaram disciplinas básicas para a formação em ciências exatas.
Somando-se esses alunos aos estudantes que pertencem aos cursos de graduação
oferecidos pelo ICMC (1.035) e que frequentaram os programas de pós-graduação
(738) em 2013, a relação entre o número de funcionários e o número de alunos sobe para 45,17.
Em busca da superação – “Para apoiar o desenvolvimento e a inovação
acadêmica gerando avanço científico para o País, precisamos de um corpo
técnico-administrativo qualificado e bem dimensionado, capaz de inovar na
administração, tal como temos aqui no ICMC”, ressaltou o diretor do Instituto,
José Carlos Maldonado.
Quando se fala em gestão do corpo
técnico-administrativo do ICMC, as palavras de ordem são qualificação e
inovação. Para se ter uma ideia do quanto o Instituto valoriza as ações de
treinamento, em 2013, foi investido nessas iniciativas o triplo do valor
provisionado no orçamento. Além disso, vale ressaltar a realização de cursos
online e de cursos ministrados pelos próprios funcionários do ICMC, nesse caso,
atuando como agentes multiplicadores do conhecimento.
Nesse contexto, Maldonado destaca
também o esforço da Reitoria na implantação da carreira técnico-administrativa,
buscando alcançar uma remuneração condizente com a qualificação requisitada do
quadro de funcionários. “Temos também as iniciativas da Escola Técnica e de
Gestão da USP, que propiciam clima e condições para o avanço contínuo do
treinamento”, reforçou.
Para superar o desafio de manter
o nível de excelência enquanto busca completar o quadro de funcionários, a
direção do ICMC tem procurado alternativas. Há várias iniciativas nesse
sentido: mapeamento e aprimoramento dos processos; automatização desses
processos e de procedimentos; organização da gestão e do planejamento.
Aliás, é por meio do encontro de
novas formas de executar as tarefas, com mais eficiência e eficácia, que os
funcionários continuarão contribuindo com o ICMC. Exemplos disso são a
estruturação de um Gabinete de Planejamento e Gestão, a constituição das
comissões de qualidade acadêmica e administrativa, a criação de programas
alinhados à administração central da Universidade e a nova composição dos
responsáveis pela Assistência Administrativa e pela Seção Técnica de
Informática, criando uma dinâmica de maior aproveitamento das competências
existentes no Instituto. Diante das atuais circunstâncias, continuar apostando
na qualificação e na inovação torna-se ainda mais fundamental.
Esta reportagem está disponível na revista ICMCotidi@no, edição 103, disponível eletronicamente no ISSUU (icmc.usp.br/e/488ae) ou em PDF (icmc.usp.br/e/4f79d).
Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação ICMC/USP
Foto: Renata Bertoldi
Gráficos/arte: Adriana Carrer
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