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segunda-feira, 6 de maio de 2019

Dia Nacional da Matemática: exposição na USP São Carlos inspira mulheres a se dedicarem à área

Mostrar a trajetória da única mulher que ganhou a Medalha Fields, o prêmio Nobel da Matemática, é o foco da exposição que entra em cartaz nesta segunda, 6 de maio, no ICMC


Exposição é gratuita e fica em cartaz até 31 de maio na Biblioteca Achille Bassi, no ICMC

Motivar e encorajar mais estudantes do gênero feminino a pesquisar ou darem continuidade às suas pesquisas na área de matemática. Essa é uma das motivações da exposição Remember Maryam Mirzakhani, uma homenagem à única mulher a ganhar a Medalha Fields, a maior honraria da Matemática. A exposição entra em cartaz em São Carlos nesta segunda, 6 de maio, quando se comemora o Dia Nacional da Matemática. Para conferir a atração, que é gratuita, basta ir ao andar térreo e ao primeiro piso da Biblioteca Achille Bassi, no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP, em São Carlos, até o final deste mês. 

Exibida pela primeira vez durante o Encontro Mundial para Mulheres em Matemática, evento que aconteceu no ano passado no Rio de Janeiro, a exposição nunca havia sido apresentada em São Carlos. “Também escolhemos o mês de maio para a exibição no ICMC pois é quando se comemorará, pela primeira vez na história, o Dia das Mulheres na Matemática, em 12 de maio. A data foi definida e escolhida por ser o dia do nascimento de Maryam Mirzakhani”, explica a curadora da exposição, a professora Thaís Jordão, do ICMC. 

Nos grandes painéis expostos na Biblioteca, as imagens e textos (em inglês) sobre a trajetória de Maryam são um convite à reflexão. A pesquisadora morreu em 2017, depois de lutar alguns anos contra o câncer. “A ideia foi criar um ambiente de curiosidade e de contemplação acerca da vida pessoal e profissional de Maryam. Queríamos conquistar a empatia do público e fazer nascer um sentimento natural de identificação com a pesquisadora. Afinal, é possível enxergar um pouquinho de nós em pelo menos um dos pôsteres da exposição”, diz Thaís.

Thaís durante a inauguração da exposição no Encontro Mundial para Mulheres em Matemática

O nascimento da exposição – Foi o Comitê para Mulheres em Matemática da União Matemática Internacional que procurou a professora Thaís para coordenar o projeto de homenagem a Maryam. O Comitê conhecia o trabalho de Thaís porque ela organizou, em 2017, a mostra Elas expressões de matemáticas brasileiras, em conjunto com o designer gráfico Rafael Meireles. 

Para produzir todos os painéis que compõem Remember Maryam Mirzakhani, a dupla trabalhou ao longo de cerca de dois meses à distância, durante os finais de semana. Na época, Thaís estava fazendo seu segundo pós-doutorado em Barcelona, enquanto Rafael continuou vivendo na casa do casal, em São Carlos. Toda a discussão e a produção aconteceram por chamadas de vídeo via internet. 

Nas pesquisas sobre Maryam, a dupla descobriu que foi o irmão que contribui para despertar o encanto da garota pela Matemática. A professora da USP explica que esse é um aspecto comum na trajetória de vários pesquisadores. “Na verdade, todo e qualquer matemático que eu conheço hoje sempre teve uma pessoa – seja homem ou mulher – que o motivou, seja através de uma aula, da apresentação de um resultado. Enfim, de alguma maneira, ao oferecer o conhecimento, aquela pessoa fez o receptor envergar uma beleza ali.”

Maryam nasceu dia 12 de maio de 1977 em Teerã, no Irã

Ciência combina com maternidade – Natural de Teerã, no Irã, Maryam nasceu em maio de 1977 e graduou-se em Matemática pela Universidade de Tecnologia de Sharif, onde o professor Ali Tahzibi, do ICMC, também cursou Matemática. Ele estava no terceiro ano da universidade e era monitor da disciplina Análise Complexa, ministrada para os estudantes do primeiro ano. Foi assim que ele conheceu Maryam. “Eu não me esqueço, até hoje, de como ela resolvia os exercícios em sala de aula: sempre encontrava a forma mais breve e mais bela. Um talento extraordinário”. Ele conta que, no Irão, a Olimpíada de Matemática é muito popular e que Maryam foi a única garota do país a ganhar duas medalhas de ouro. 

“É como se ela enxergasse a Matemática com super óculos”, conta Ali. “Porque Maryam dominava inúmeras áreas diferentes da Matemática, o que é muito raro, e conseguiu produzir resultados com impactos em todas elas”. Para Ali, ao ganhar a Medalha Fields em 2014, Maryam se tornou um incentivo para meninas de todo o mundo e para as iranianas, em particular, que ainda enfrentam muitas barreiras no mundo acadêmico. 

Maryam gostava de trabalhar escrevendo sobre grandes folhas papel branco que espalhava pelo chão. Sua filha, Anahita Vondrak, quando a via assim, logo falava: “Mamãe está pintando de novo”. Ao olhar a cena retratada em um dos painéis, Thaís completa: “Talvez ela realmente estivesse pintando a ciência.” Aliás, Anahita é um dos destaques da exposição. No painel preferido da professora Thaís, a garota brinca com a Medalha Fields que a mãe ganhou, um símbolo de que é possível conciliar ciência e maternidade. 

O maior desejo de Thaís e Rafael, com a iniciativa, é realizar o desejo de Maryam, que aparece nas palavras ditas pela matemática e que estão em destaque em um dos painéis da exposição: “Eu espero que a existência de uma mulher medalhista Fields, a qual será certamente a primeira de muitas, coloque abaixo muito mitos em torno de mulheres e matemática, e encoraje mais jovens mulheres a pensar em pesquisa matemática como uma possível carreira”.

Anahita brinca com a Medalha Fields da mãe

Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP 

Remember Maryam Mirzakhani
Quando: 6 a 31 de março
Horários para visitação: de segunda a sexta-feira, das 8 às 21h30, e aos sábados, das 9 às 12 horas
Onde: térreo e primeiro andar da Biblioteca Achille Bassi, do ICMC - área I do campus da USP, no centro de São Carlos
Como chegar: www.openstreetmap.org/#map=19/-22.00722/-47.89430


Saiba mais
Dia das Mulheres na Matemática: https://may12.womeninmaths.org
Elas expressões de matemáticas brasileiras: https://thsjordao.wixsite.com/elasmatematicas

Mais informações
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373-9666

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Dia Nacional da Matemática: explicação sobre o infinito está na final de uma das maiores competições de comunicação científica do mundo

Ele explicou, em apenas três minutos, uma das propriedades mais intrigantes dos conjuntos infinitos e está na final da 1ª edição do FameLab no Brasil

Para Jackson, participar do Famelab é uma oportunidade de mostrar
a beleza e a relevância da matemática

O infinito tem encantado e desafiado matemáticos ao longo da história da humanidade. Não foi diferente com Jackson Itikawa, pós-doutorando do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, ao ouvir pela primeira vez uma explicação sobre as características dos conjuntos infinitos. Por isso, ao se inscrever em uma das maiores competições de comunicação científica do mundo, ele não hesitou: era o infinito que tomaria conta dos seus escassos três minutos de apresentação. Deu certo: Jackson está entre os 11 pesquisadores que chegaram à final da etapa nacional do FameLab. Se vencer essa fase, marcada para acontecer no dia 11 de maio, em São Paulo, o pós-doutorando vai representar o país no Reino Unido. 

Neste Dia Nacional da Matemática, 6 de maio, Jackson tem muito a comemorar: é o único representante dos matemáticos na competição. Mas não é exagero comparar o tamanho dos conjuntos infinitos com o peso de sua responsabilidade. O tema que escolheu não tem nada de trivial. No início do vídeo que gravou para participar do Famelab (assista aqui), o pós-doutorando explica: “A matemática é mesmo fantástica, eu gostaria de dar um exemplo disso falando sobre algo simples, que é o contar. O contar é uma coisa natural no nosso dia a dia. De fato, os números naturais – 1, 2, 3, 4... – são uma das primeiras coisas que a gente aprende”. 

Jackson diz também que não costumamos refletir sobre o processo abstrato do contar: “Nesse processo, associamos cada elemento do conjunto que eu quero contar a uma única etiqueta com um número natural nela. Assim, no primeiro elemento do conjunto, coloco uma etiqueta com o número 1; no segundo elemento, coloco uma etiqueta com o número 2 e, assim, sucessivamente. Cada elemento recebe uma única etiqueta com um número associado a ele e a isso os matemáticos chamam de correspondência biunívoca”. A partir desse simples raciocínio, ele nos leva a refletir sobre como funciona essa contagem quando pensamos em conjuntos finitos e infinitos. Por exemplo: se você tiver um conjunto de 10 maçãs, portanto, um conjunto finito, qualquer subconjunto que você estudar será menor ou igual a 10 maçãs, ou seja, sempre finito. “No caso de um conjunto infinito, existem subconjuntos com o mesmo tamanho do conjunto a que ele faz parte, ou seja, infinitos. Essa é uma das maneiras de definirmos esse tipo de conjunto”, ressalta o pós-doutorando.

Formado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da USP e em Matemática pelo ICMC, Jackson fez mestrado no Instituto e doutorado na Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha. Ele conta que esse conceito sobre o "tamanho" dos conjuntos foi estudado com profundidade pelo matemático alemão Georg Cantor há cerca de 150 anos. Essas ideias eram tão revolucionárias que mesmo os grandes matemáticos da época relutaram em aceitar as propostas do pesquisador alemão. Para destacar a relevância da teoria de conjuntos , o pós-doutorando cita uma frase dita por David Hilbert, um dos grandes matemáticos do século XX: “Ninguém poderá nos expulsar do Paraíso que Cantor criou."

Para bolsistas FAPESP – Sucesso em todos os países onde está presente, o FameLab foi idealizado para promover o diálogo entre os cientistas e o público leigo, incentivando o desenvolvimento das competências de comunicação entre os cientistas. No Brasil, a primeira edição da iniciativa é fruto de uma parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e o British Council, organização internacional britânica para educação e relações culturais. Somente bolsistas da FAPESP puderam participar da competição este ano.

Na próxima semana, nos dias 9 e 10 de maio, Jackson estará em São Paulo, junto com os outros dez finalistas do FameLab para participar de um treinamento com o especialista britânico em comunicação em público Malcolm Love, professor da Universidade do Oeste da Inglaterra que já atuou na rede de televisão BBC. Na quarta-feira, 11 de maio, os competidores se apresentarão na grande final, que é aberta ao público, no Centro Brasileiro Britânico, em São Paulo, a partir das 17 horas. Os participantes serão avaliados por uma comissão julgadora em três critérios: conteúdo, clareza e carisma. Quem vencer terá o direito de representar o Brasil na final internacional, que acontecerá entre 7 e 12 de junho, em Cheltenham, Inglaterra. 

Para Jackson, que desde criança admirava comunicadores científicos como Carl Sagan e Luiz Barco, participar do Famelab é uma oportunidade de mostrar a beleza e a relevância da matemática ao público. “Hoje, mais do que nunca, conhecimento é poder. A matemática é uma linguagem e levar as pessoas a entenderem um pouco essa linguagem é dar a elas a oportunidade de enxergarem o mundo com outros olhos”, finaliza o pós-doutorando.

Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação ICMC/USP
Foto: Reinaldo Mizutani – Assessoria de Comunicação ICMC/USP

Para saber mais
Reportagem da Agência FAPESP: icmc.usp.br/e/51f8b
Notas de aula da disciplina Elementos de Matemática: icmc.usp.br/e/002bb

Contato para esta pauta
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br