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sexta-feira, 10 de maio de 2019

É tempo de celebrar o Dia das Mulheres na Matemática

Palestra, documentário e exposição são atrações na USP, em São Carlos

Uma das professoras pioneiras na área de matemática na USP, em São Carlos, Lourdes de la Rosa Onuchic falará sobre sua trajetória na próxima segunda, dia 13, às 13 horas, no ICMC

O Dia das Mulheres na Matemática será comemorado, pela primeira vez, no próximo domingo, 12 de maio. Haverá eventos em cerca de 90 lugares ao redor do mundo e São Carlos fará parte dessa história: na segunda, dia 13, a professora aposentada Lourdes de la Rosa Onuchic, uma das professoras pioneiras a atuar na área de matemática na USP, em São Carlos, contará um pouco de sua trajetória ao público. Na sequência, será exibido o documentário Jornadas de Mulheres na Matemática (Journey of Women in Mathematics)

Aberto a todos os interessados, o evento é gratuito, não demanda inscrições prévias e acontecerá às 13 horas no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), no auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano. A data de 12 de maio foi escolhida para a comemoração por ser o dia do nascimento de Maryam Mirzakhani, única mulher a ganhar a Medalha Fields, a maior honraria da Matemática. 

Quem quiser conhecer mais sobre a trajetória da pesquisadora, que morreu em 2017, depois de lutar alguns anos contra o câncer, pode visitar a exposição Remember Maryam Mirzakhani, que está em exibição, até 31 de maio, no andar térreo e no primeiro piso da Biblioteca Achille Bassi, também no ICMC. “Queremos motivar e encorajar mais estudantes do gênero feminino a pesquisar ou darem continuidade às suas pesquisas na área de matemática”, explica a curadora da exposição, a professora Thaís Jordão, do ICMC, que organizou o evento do dia 13. 

12 de maio é a data de nascimento de Maryam Mirzakhani, única mulher a ganhar a Medalha Fields

Elas na matemática – Em todo o mundo, estima-se que as mulheres sejam, aproximadamente, 30% dos estudantes no início de carreira na área de matemática. No entanto, elas vão ficando pelo caminho: ocupam somente cerca de 10% dos cargos de liderança nesse campo profissional. 

No Brasil, menos de 45% dos ingressantes em cursos de graduação em matemática são mulheres. Conforme os degraus da carreira científica vão ficando mais altos, o percentual vai diminuindo e se reduz a 15% quando a análise leva em conta os bolsistas de produtividade em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 

Daí a relevância de mostrar ao mundo como é a vida das mulheres que optaram pela área. É exatamente essa a proposta do documentário Journey of Women in Mathematics, produzido pelo Comitê para Mulheres em Matemática da União Matemática Internacional em parceria com a Simons Foundation. 

A primeira parte do documentário conta a trajetória de três matemáticas: a brasileira Carolina Araújo e as matemáticas Neela Nataraj, da Índia, e Aminatou Pecha, de Camarões. Já a segunda etapa, filmada durante o Encontro Mundial para Mulheres em Matemática (WM)², deu voz a outras seis matemáticas presentes no evento. 

Tanto o documentário quanto a exposição e a palestra têm como objetivo tornar realidade o que Maryam desejou no momento em que ganhou a Medalha Fields, palavras que aparecem registradas em um dos painéis da exposição: “Eu tenho certeza de que haverá muito mais mulheres ganhando esse tipo de prêmio nos próximos anos.” 


A professora Thaís Jordão durante a inauguração da exposição sobre Maryam, no Encontro Mundial para Mulheres em Matemática

Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

Para saber mais 
Site do Dia das Mulheres na Matemática: https://may12.womeninmaths.org 
Documentário Journey of Women in Mathematics: https://youtu.be/uNJ7riiPHOY
Comitê para Mulheres em Matemática – https://www.mathunion.org/cwm
A matemática brasileira sob a perspectiva de gênero – artigo da professora Carolina Araújo (IMPA)
O “dilema Tostines” das mulheres na matemática – artigo da professora Cristina Brech (IME/USP)
Efeito Matilda: por que mulheres são menos valorizadas na ciência? – artigo do professor Marcelo Viana (IMPA)

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Dia Nacional da Matemática: exposição na USP São Carlos inspira mulheres a se dedicarem à área

Mostrar a trajetória da única mulher que ganhou a Medalha Fields, o prêmio Nobel da Matemática, é o foco da exposição que entra em cartaz nesta segunda, 6 de maio, no ICMC


Exposição é gratuita e fica em cartaz até 31 de maio na Biblioteca Achille Bassi, no ICMC

Motivar e encorajar mais estudantes do gênero feminino a pesquisar ou darem continuidade às suas pesquisas na área de matemática. Essa é uma das motivações da exposição Remember Maryam Mirzakhani, uma homenagem à única mulher a ganhar a Medalha Fields, a maior honraria da Matemática. A exposição entra em cartaz em São Carlos nesta segunda, 6 de maio, quando se comemora o Dia Nacional da Matemática. Para conferir a atração, que é gratuita, basta ir ao andar térreo e ao primeiro piso da Biblioteca Achille Bassi, no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP, em São Carlos, até o final deste mês. 

Exibida pela primeira vez durante o Encontro Mundial para Mulheres em Matemática, evento que aconteceu no ano passado no Rio de Janeiro, a exposição nunca havia sido apresentada em São Carlos. “Também escolhemos o mês de maio para a exibição no ICMC pois é quando se comemorará, pela primeira vez na história, o Dia das Mulheres na Matemática, em 12 de maio. A data foi definida e escolhida por ser o dia do nascimento de Maryam Mirzakhani”, explica a curadora da exposição, a professora Thaís Jordão, do ICMC. 

Nos grandes painéis expostos na Biblioteca, as imagens e textos (em inglês) sobre a trajetória de Maryam são um convite à reflexão. A pesquisadora morreu em 2017, depois de lutar alguns anos contra o câncer. “A ideia foi criar um ambiente de curiosidade e de contemplação acerca da vida pessoal e profissional de Maryam. Queríamos conquistar a empatia do público e fazer nascer um sentimento natural de identificação com a pesquisadora. Afinal, é possível enxergar um pouquinho de nós em pelo menos um dos pôsteres da exposição”, diz Thaís.

Thaís durante a inauguração da exposição no Encontro Mundial para Mulheres em Matemática

O nascimento da exposição – Foi o Comitê para Mulheres em Matemática da União Matemática Internacional que procurou a professora Thaís para coordenar o projeto de homenagem a Maryam. O Comitê conhecia o trabalho de Thaís porque ela organizou, em 2017, a mostra Elas expressões de matemáticas brasileiras, em conjunto com o designer gráfico Rafael Meireles. 

Para produzir todos os painéis que compõem Remember Maryam Mirzakhani, a dupla trabalhou ao longo de cerca de dois meses à distância, durante os finais de semana. Na época, Thaís estava fazendo seu segundo pós-doutorado em Barcelona, enquanto Rafael continuou vivendo na casa do casal, em São Carlos. Toda a discussão e a produção aconteceram por chamadas de vídeo via internet. 

Nas pesquisas sobre Maryam, a dupla descobriu que foi o irmão que contribui para despertar o encanto da garota pela Matemática. A professora da USP explica que esse é um aspecto comum na trajetória de vários pesquisadores. “Na verdade, todo e qualquer matemático que eu conheço hoje sempre teve uma pessoa – seja homem ou mulher – que o motivou, seja através de uma aula, da apresentação de um resultado. Enfim, de alguma maneira, ao oferecer o conhecimento, aquela pessoa fez o receptor envergar uma beleza ali.”

Maryam nasceu dia 12 de maio de 1977 em Teerã, no Irã

Ciência combina com maternidade – Natural de Teerã, no Irã, Maryam nasceu em maio de 1977 e graduou-se em Matemática pela Universidade de Tecnologia de Sharif, onde o professor Ali Tahzibi, do ICMC, também cursou Matemática. Ele estava no terceiro ano da universidade e era monitor da disciplina Análise Complexa, ministrada para os estudantes do primeiro ano. Foi assim que ele conheceu Maryam. “Eu não me esqueço, até hoje, de como ela resolvia os exercícios em sala de aula: sempre encontrava a forma mais breve e mais bela. Um talento extraordinário”. Ele conta que, no Irão, a Olimpíada de Matemática é muito popular e que Maryam foi a única garota do país a ganhar duas medalhas de ouro. 

“É como se ela enxergasse a Matemática com super óculos”, conta Ali. “Porque Maryam dominava inúmeras áreas diferentes da Matemática, o que é muito raro, e conseguiu produzir resultados com impactos em todas elas”. Para Ali, ao ganhar a Medalha Fields em 2014, Maryam se tornou um incentivo para meninas de todo o mundo e para as iranianas, em particular, que ainda enfrentam muitas barreiras no mundo acadêmico. 

Maryam gostava de trabalhar escrevendo sobre grandes folhas papel branco que espalhava pelo chão. Sua filha, Anahita Vondrak, quando a via assim, logo falava: “Mamãe está pintando de novo”. Ao olhar a cena retratada em um dos painéis, Thaís completa: “Talvez ela realmente estivesse pintando a ciência.” Aliás, Anahita é um dos destaques da exposição. No painel preferido da professora Thaís, a garota brinca com a Medalha Fields que a mãe ganhou, um símbolo de que é possível conciliar ciência e maternidade. 

O maior desejo de Thaís e Rafael, com a iniciativa, é realizar o desejo de Maryam, que aparece nas palavras ditas pela matemática e que estão em destaque em um dos painéis da exposição: “Eu espero que a existência de uma mulher medalhista Fields, a qual será certamente a primeira de muitas, coloque abaixo muito mitos em torno de mulheres e matemática, e encoraje mais jovens mulheres a pensar em pesquisa matemática como uma possível carreira”.

Anahita brinca com a Medalha Fields da mãe

Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP 

Remember Maryam Mirzakhani
Quando: 6 a 31 de março
Horários para visitação: de segunda a sexta-feira, das 8 às 21h30, e aos sábados, das 9 às 12 horas
Onde: térreo e primeiro andar da Biblioteca Achille Bassi, do ICMC - área I do campus da USP, no centro de São Carlos
Como chegar: www.openstreetmap.org/#map=19/-22.00722/-47.89430


Saiba mais
Dia das Mulheres na Matemática: https://may12.womeninmaths.org
Elas expressões de matemáticas brasileiras: https://thsjordao.wixsite.com/elasmatematicas

Mais informações
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373-9666

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Exposição motiva mais mulheres a seguirem carreira na Matemática

Curadora da iniciativa, professora da USP ressalta relevância da trajetória da única mulher que ganhou a Medalha Fields, o prêmio Nobel da Matemática

Exposição, no Rio de Janeiro, conta a história da primeira mulher a ganhar
uma Medalha Fields – Foto: Denise Casatti



Motivar as mulheres a seguirem carreira na área da matemática. Esse é um dos objetivos da professora Thaís Jordão, curadora da exposição Maryam Mirzakhani Memorial, uma homenagem à única mulher a ganhar a Medalha Fields, a maior honraria da Matemática.

A exposição é uma das atrações do Encontro Mundial para Mulheres em Matemática (WM)2, que ocorre nesta terça-feira, 31 de julho, no centro de convenções e eventos Riocentro. O evento antecede o Congresso Internacional de Matemáticos, o ICM 2018 (International Congresso of Mathematicians), que será realizado de 1º a 9 de agosto, também no Riocentro.

A professora Thaís Jordão, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, explica a importância de realizar essa homenagem. “O fator principal é dar maior visibilidade para a primeira mulher na história a receber uma Medalha Fields. Muitos matemáticos, ao prestigiarem a exposição, vão se identificar com os diferentes estágios da vida de Maryam, que aparecem nas peças. O público vai entender também que, além de uma genialidade, tudo é fruto de muito trabalho e esforço.”

A exposição é uma iniciativa do Comitê para Mulheres em Matemática da União Matemática Internacional. A professora da USP foi convidada para participar do projeto porque, no ano passado, organizou a exposição Elas expressões de matemáticas brasileiras, uma homenagem a nove matemáticas do Brasil.

Curadora da exposição, Thaís Jordão diz que se sente honrada em participar da
iniciativa: “Maryam é um exemplo a ser seguido” – Foto: Denise Casatti

Reflexão

Nos grandes painéis expostos na entrada de um dos auditórios do Riocentro, as imagens e textos sobre a trajetória de Maryam são um convite à reflexão. Em uma mesa, repousa um livro de condolências, em que os participantes do evento podem deixar uma mensagem para a família da matemática, que morreu no ano passado, depois de lutar alguns anos contra o câncer.

Para produzir o memorial, a professora Thaís trabalhou ao longo de cerca de dois meses, durante os finais de semana, junto com o designer gráfico Rafael Meireles. Nas pesquisas sobre Maryam, Thaís descobriu que foi o irmão que contribui para despertar o encanto da garota pela Matemática.

A professora da USP explica que esse é um aspecto comum na trajetória de vários pesquisadores. “Na verdade, todo e qualquer matemático que eu conheço hoje sempre teve uma pessoa – seja homem ou mulher – que o motivou, seja através de uma aula, da apresentação de um resultado. Enfim, de alguma maneira, ao oferecer o conhecimento, aquela pessoa fez o receptor envergar uma beleza ali.”

Natural de Teerã, no Irã, Maryam nasceu em maio de 1977 e graduou-se em Matemática pela Universidade de Tecnologia de Sharif, onde o professor Ali Tahzibi, do ICMC, também cursou Matemática. Ele estava no terceiro ano da universidade e era monitor da disciplina Análise Complexa, ministrada para os estudantes do primeiro ano. Foi assim que ele conheceu Maryam. “Eu não me esqueço, até hoje, de como ela resolvia os exercícios em sala de aula: sempre encontrava a forma mais breve e mais bela. Um talento extraordinário”. Ele conta que, no Irão, a Olimpíada de Matemática é muito popular e que Maryam foi a única garota do país a ganhar duas medalhas de ouro.

“É como se ela enxergasse a Matemática com super óculos”, conta Ali. “Porque Maryam dominava inúmeras áreas diferentes da Matemática, o que é muito raro, e conseguiu produzir resultados com impactos em todas elas”. Para Ali, ao ganhar a Medalha Fields em 2014, Maryam se tornou um incentivo para meninas de todo o mundo e para as iranianas, em particular, que ainda enfrentam muitas barreiras no mundo acadêmico.

Painel destaca o papel relevante do irmão de Maryam – Foto: Denise Casatti

Pintura

Maryam gostava de trabalhar escrevendo sobre grandes folhas papel branco que espalhava pelo chão. Sua filha, Anahita Vondrak, quando a via assim, logo falava: “Mamãe está pintando de novo”. Ao olhar a cena retratada em um dos painéis, Thaís completa: “Talvez ela realmente estivesse pintando a ciência.”

Aliás, Anahita é um dos destaques da exposição. No painel preferido da professora Thaís, a garota brinca com a Medalha Fields que a mãe ganhou, um símbolo de que é possível conciliar ciência e maternidade.

A exposição ficará em cartaz no pavilhão 5 do Riocentro até dia 9 de agosto. Depois, a ideia é levá-la para outros eventos e espaços, estimulando mais garotas a seguirem carreira na Matemática, fazendo o que Maryam desejou no momento em que ganhou a Medalha Fields. “É uma grande honra, eu ficarei feliz se isso encorajar mais jovens cientistas mulheres e Matemáticas. Eu tenho certeza de que haverá muito mais mulheres ganhando esse tipo de prêmio nos próximos anos.”

Painel mostra Anahita brincando com a Medalha Fields que a
mãe ganhou – Foto: Denise Casatti

Ouça o áudio acima produzido pela Rádio USP sobre a exposição.


Denise Casatti, especial para o Jornal da USP
Texto originalmente publicado em https://jornal.usp.br/universidade/exposicao-motiva-mais-mulheres-a-seguirem-carreira-na-matematica/


Mais informações
Assessoria de Comunicação do ICMC
Tel. (16) 3373-9666 / comunica@icmc.usp.br