quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Por uma universidade mais próxima do Ensino Básico

Durante Aula Magna ministrada no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação, o Secretário de Educação do Estado de São Paulo destacou que, para apresentar novos caminhos aos jovens e atraí-los ao ensino superior, é preciso aproximar a universidade do Ensino Básico

Para secretário, universidades estaduais paulistas deveriam ter um
olhar diferenciado para a educação pública do Estado

Como mostrar aos jovens que estão na rede pública de ensino do Estado de São Paulo que é possível ingressar em uma universidade como a USP? Para o secretário estadual de Educação, Herman Voorwald, a resposta está na aproximação entre a universidade e a Educação Básica: “O contexto em que esse jovem vive o distancia muito da possibilidade de imaginar que um dia possa estudar na USP. Mas, no momento em que ele tem um contato mais próximo com a Universidade, ele começa a ver que também pode e isso o motiva”.

O secretário esteve no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, na tarde do último dia 11 de agosto, para ministrar a Aula Magna “Educação no Estado de São Paulo: avanços e desafios”. Segundo Voorwald, a pré-iniciação científica (pré-IC) é uma ótima ferramenta para promover a aproximação entre a universidade e a Educação Básica. “Nos projetos de pré-IC, você lança um desafio para o jovem e você tem um professor que o orienta. Há casos em que os docentes da universidade são tutores desses alunos, o que os aproxima da universidade e, mais importante, desenvolve neles o interesse em ingressar no ensino superior”, conta o secretário.

Para ele, é importante que as universidades responsáveis por formar professores compreendam a realidade da Secretaria de Educação do Estado, os projetos realizados e as estratégias utilizadas para promover o aprendizado. Hoje, São Paulo possui a maior rede estadual de educação do Brasil, com 5,3 mil escolas, 4,3 milhões de alunos e 294 mil colaboradores. “Empregamos mais que o dobro de profissionais da empresa que mais emprega no país”, comparou Voorwald.

O Secretário ressaltou que as três universidades estaduais paulistas deveriam ter um olhar diferenciado para a educação pública do Estado: “Os departamentos deveriam discutir a formação dos licenciandos e abrir uma discussão nesse sentido: qual é a realidade das escolas hoje, como é o dia a dia, quais são as principais dificuldades, como é o entorno e debater qual é o perfil do professor necessário para esta criança e para este jovem que está chegando nas nossas escolas”.

Auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano lotado:
cerca de 200 pessoas assistiram à Aula Magna

Universalização – O Secretário também falou sobre o desafio de universalização do ensino no Brasil: “A universalização foi a maior justiça social desse país: as escolas foram abertas para que aqueles que mais precisam possam, através da educação, ter um diferencial na vida. É um movimento fundamental que procura, em algumas décadas, fazer o que a França levou 100 anos”. 

Ele mostrou que, hoje, em São Paulo, 98,8% das crianças de 6 a 14 anos estão na escola, bem como 84,4% dos jovens entre 15 e 17 anos. No entanto, metade dessas crianças não conclui a Educação Básica. 

Para Voorwald, as universidades brasileiras públicas – quer sejam estaduais, federais e algumas municipais – fazem uma pesquisa séria e de qualidade, formando mestres e doutores e inserindo o país nos indicadores internacionais de produção científica: “Evoluímos muito, mas vamos chegar a um ponto de saturação se a nossa Educação Básica não viabilizar que nossas universidades recebam jovens melhor preparados do que estão recebendo”.

Outro problema sério enfrentado pelo Ensino Básico é a baixa atratividade da carreira de professor, o que gera uma falta de profissionais. “Os jovens não querem mais ser professores. Atribuo isso a uma questão salarial, mas não só. É preciso também que a sociedade respeite e valorize a profissão de professor do Ensino Básico”, opinou o secretário. 

Ele acredita também que a escola hoje demande um novo professor, com “muito menos profundidade no seu conhecimento e muito mais capacidade de entender o jovem”. Para ele, é inviável hoje que um jovem permaneça em uma escola que mantém as mesmas diretrizes e a mesma configuração geométrica de séculos atrás. Por isso, está entre as metas estabelecidas para a rede de ensino pública paulista em 2030: posicionar a carreira de professor entre as 10 mais desejadas do Estado. 

Representantes do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo
manifestaram suas reivindicações durante o evento

Trajetória – O diretor do ICMC, Alexandre Nolasco de Carvalho, explicou, na abertura da Aula Magna, que frequentemente o reitor é designado como magnífico, daí a relação com o termo magna. “A aula magna está relacionada a uma aula ministrada por um reitor. Foi esse o cargo ocupado pelo professor Herman Voorwald entre 2009 e 2012 na Unesp”, explicou Nolasco de Carvalho.

Natural de Rio Claro, Voorwald é professor titular da Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá da Unesp desde 1996 e, além de reitor, já foi vice-reitor e assessor-chefe de planejamento e orçamento de 2005 a 2009. Formado em engenharia mecânica pela Unesp, é mestre em engenharia mecânica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica e doutor em engenharia mecânica pela Unicamp. Em 1988, concluiu também um pós-doutorado na Bélgica. Atualmente, Voorwald também é membro do conselho superior da Fapesp, da Associação Brasileira de Ciências Mecânicas e do conselho curador da Fundação Padre Anchieta.

O diretor do ICMC também ressaltou que o conhecimento é a maior riqueza de um povo e as unidades de ensino, em todos os níveis, são as entidades responsáveis pela manutenção, transmissão e ampliação dessa riqueza. Segundo ele, é a grandeza dessa missão que mobiliza, todos os dias, os profissionais que atuam na área de educação: “É isso que não nos permite arrefecer o ânimo na busca incessante do ensinar a gostar de aprender”. O desafio agora é propagar esse gosto também para os estudantes do Ensino Básico.

Diretor do ICMC ressaltou que o conhecimento é a maior riqueza de um povo

Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação ICMC/USP
Fotos: Reinaldo Mizutani - Assessoria de Comunicação ICMC/USP

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