segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Biblioteca Achille Bassi completa 40 anos discutindo os futuros desafios

Uma das maiores do país na área de matemática e computação, biblioteca é um patrimônio para São Carlos e para o Brasil


Destacar a importância da Biblioteca Achille Bassi para o desenvolvimento das áreas de matemática e computação no Brasil, nos últimos 40 anos, em especial no interior de São Paulo, discutindo os futuros desafios. Esse foi o principal objetivo do evento realizado na última sexta-feira, 12 de setembro, no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.

“A Biblioteca Achille Bassi foi fundamental para a construção da reputação e do prestígio que o ICMC tem hoje em suas áreas de atuação. Gostaria de agradecer a todos que ajudaram a formar esse patrimônio do nosso Instituto, que também é um patrimônio do Estado de São Paulo e do Brasil”, ressaltou o diretor do ICMC, Alexandre Nolasco de Carvalho, na abertura do evento. 

Na seqüência, o diretor geral do Observatório do Livro e da Leitura, Galeno Amorim, ex-presidente da Fundação Biblioteca Nacional, ministrou a palestra “Do tablets de argila ao eBook: a revolução na palma da mão”. Amorim fez uma retrospectiva sobre o papel do livro e das bibliotecas ao longo dos diferentes momentos da humanidade. “Não há nada comparável ao livro na perspectiva de impactar a humanidade nessa três dimensões: conhecimento, entretenimento e valores”, afirmou. 

Amorim lembrou que a palavra largamente empregada na atualidade para nomear o dispositivo móvel “tablet” é inspirada no suporte utilizado pela civilização dos sumérios para registrar sua escrita: os tabletes de argila. “Depois desses tabletes, os livros foram ganhando outros suportes, como o pergaminho, e adquirindo novas funções na sociedade”, contou o palestrante, que é professor e autor de mais de 16 livros, desde literatura infanto-juvenil até ensaios como “Retratos da Leitura no Brasil”. 

Excluindo-se os livros didáticos, brasileiros leem por ano, em média, dois livros
Para Amorim, ao pensarmos nos suportes dos livros, uma revolução poderosa tem acontecido nos últimos anos: “Em uma pesquisa realizada recentemente com jovens ingleses, constatou-se que 52% deles lêem mais hoje nas telas do que no papel. Isso aponta uma tendência. É um recado para nós: vamos resistir, ser atropelados por essa mudança ou de tudo se faz canção?”

A reflexão de Amorim sobre a transformação que está acontecendo em relação aos suportes também foi estendida às bibliotecas que, nos primórdios, eram constituídas pelas cavernas onde os homens registravam seus feitos. Depois, tornaram-se locais com acesso restrito – como as bibliotecas dos conventos e dos reis – e, aos poucos, ganharam outra conotação e se popularizaram, até serem criadas as bibliotecas públicas. “Hoje, temos um conceito novo: o da biblioteca shopping center. Um lugar onde as pessoas vão para encontrar amigos, assistir a filmes, ver exposições, ler jornais, falar alto e rir. Um ponto de encontro, espaço de diversão e de perpetuação dos nossos valores”, contou. Amorim relatou ainda que muitas bibliotecas do mundo têm emprestado eBooks e dispositivos de leitura de eBooks, destacando o projeto brasileiro “Árvore de Livros”, uma biblioteca digital de empréstimo de eBooks.

De acordo com o especialista, ainda vamos conviver com os livros em papel por muitos anos e, mais relevante do que as mudanças que vêm ocorrendo nos suportes e nas bibliotecas, é a apropriação que as pessoas fazem do conteúdo disponibilizado pelos livros. Apropriação que é capaz de mudar vidas. 


Homenagens e exposição – As comemorações dos 40 anos da Biblioteca Achille Bassi englobaram também uma homenagem às ex-dirigentes da Instituição: Eunice Garcia Diva (em memória); Heidi Pimentel; Zelma Guerrini; e Rosemari Casali. “Trabalhar nessa Biblioteca foi minha primeira atividade profissional. O início do trabalho da gente sempre tem aquele entusiasmo que propulsiona a carreira. Por isso, é muito bom estar aqui hoje, com os cabelos brancos, encontrando outras colegas também com os cabelos brancos. Estou muito emocionada de ter sido lembrada”, disse Heidi Pimentel.

Ela coordenou a Biblioteca Achille Bassi de 1973 a 1982 e lembra-se de que, naquele tempo, levavam-se meses para realizar uma pesquisa bibliográfica, já que era preciso solicitar informações de bibliotecas estrangeiras: “Hoje, em 10 minutos temos todo o material em mãos”. 

Heidi (à direita) recebe homenagem de funcionárias da Biblioteca
Durante o evento também foram homenageadas as seguintes ex-funcionárias da Biblioteca: Ana Micheloni, Cristina Pereira, Felícia Rodrigues, Heloísa Hipólito, Isabel Volante, Mara Gomes, Silvana Pedro e Solange Puccinelli. “Essas colegas contribuíram para a construção desse espaço integrador da comunidade com o conhecimento”, afirmou a atual diretora da Biblioteca, Gláucia Cristianini. “Continuamos engajadas no propósito de oferecer todo o suporte de informação, cultura e estudo. Nosso objetivo maior é tornar a Biblioteca um espaço vivo de transmissão do conhecimento”, completou a diretora.

Para encerrar o evento, foi inaugurada a exposição “40 anos da Biblioteca Achille Bassi”, que retrata de maneira resumida a trajetória do espaço e as mudanças tecnológicas e físicas realizadas ao longo do tempo. A exposição é gratuita, está aberta ao público e acontece no hall da Biblioteca, no ICMC, no campus I da USP em São Carlos, localizado na Avenida do Trabalhado são-carlense, 400. Fica em cartaz até 31 de outubro, podendo ser visitada a qualquer hora, inclusive nos finais de semana.


Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação ICMC/USP
Fotos: Reinaldo Mizutani - Assessoria de Comunicação ICMC/USP

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Telefone: (16) 3373.9666