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quarta-feira, 18 de abril de 2018

Engenheiro de computação: ser ou não ser?

Enquanto uma crise de identidade parece atormentar alguns alunos que estão cursando engenharia de computação, setores do mercado já começam a valorizar a formação híbrida desses profissionais


O que faz um engenheiro de computação? Onde esse profissional pode atuar? É muito provável que, se você fizer essas perguntas para um grupo de pessoas, a maioria não saberá responder com clareza. Nem mesmo vestibulandos e calouros do próprio curso conseguem explicar objetivamente. Mas a culpa não é deles, afinal, as graduações em engenharia de computação são bastante recentes.

“Todo mundo sabe o que faz um engenheiro civil, eletricista ou mecânico. Já o engenheiro de computação, são poucos que conhecem”, afirma o professor Fernando Osório, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. Segundo ele, o mesmo acontece quando a comparação é feita dentro da computação: “quando os primeiros cursos de engenharia de computação surgiram, na segunda metade da década de 1990, outros como Ciências da Computação, Tecnologia da Informação e Sistemas de Informação já estavam muito bem estabelecidos”.

O professor Osório já coordenou o curso de Engenharia de Computação da USP em São Carlos
(crédito da imagem: Denise Casatti)
E isso se torna um problema quando os alunos passam os primeiros anos da graduação sem entender onde irão atuar. Foi assim que, há alguns anos, surgiu uma crise de identidade nos estudantes, principalmente naqueles que estavam na metade do curso. “Nós fomos percebendo que não conhecíamos nossa identidade. Só começamos a entender o que era a engenharia de computação depois do terceiro ou quarto ano, e nesse caminho muita gente desistiu”, explica Tiago Daneluzzi, que está no quinto ano do curso no ICMC. Mas diversas iniciativas estão sendo tomadas, tanto por alunos como pelos professores, para divulgar a importância do engenheiro de computação e seu papel na sociedade.

Um profissional que integra duas áreas - Pense na tecnologia ao nosso redor. Nosso celular, o computador de bordo do carro, o decodificador de TV a cabo e até mesmo o controle remoto do ar-condicionado. Vá mais longe e pense nos paineis de um avião, um carro autônomo ou um sistema de irrigação. Praticamente todos os dispositivos que utilizamos são computadores que estão cada vez mais complexos. A expressão-chave nesse assunto é “sistemas embarcados”, que são aparelhos que possuem características eletrônicas próprias, e estão integrados em termos de computação e elétrica.

O CARINA é um carro autônomo desenvolvido pelo Laboratório de Robótica Móvel do ICMC.
A integração entre carro, lasers e radares é competência de um engenheiro de computação
(crédito da imagem: Reinaldo Mizutani)

A engenharia de computação surgiu da união entre essas duas áreas. Mas, na verdade, ela sempre esteve presente. “Como os sistemas não eram tão sofisticados, você ‘desviava o profissional’. Era possível fazer com que um engenheiro eletricista ou cientista da computação se especializasse na área oposta”, afirma o professor Osório. Por isso, a partir do momento que as universidades perceberam uma integração cada vez mais complexa, os cursos começaram a surgir e crescer.

Por causa dessa integração, o engenheiro de computação se torna único, capaz de lidar com problemas de um setor específico. “Esse profissional coloca a mão na massa, entende tanto do hardware como do software. Ele tem um potencial diferenciado e vai além dos profissionais isolados”, explica a professora Kalinka Castelo Branco, vice-coordenadora do curso, que é oferecido em parceria do ICMC com a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC).

A professora Kalinka falou sobre a formação diferenciada do engenheiro de computação durante a palestra de abertura da Semana de Engenharia de Computação
(crédito da imagem: Denise Casatti)

Estudantes que se perderam em duas áreas - A dúvida dos estudantes sobre onde eles podem trabalhar surge, em parte, por causa dessa integração das áreas e pela pouca idade do curso. De acordo com Kalinka, há algum tempo, as vagas eram para engenharia elétrica ou ciências da computação, então os alunos se sentiam perdidos e, muitas vezes, precisavam se engajar nessas áreas. Mas, segundo ela, nunca houve escassez de vagas: “nossos alunos de engenharia de computação são altamente procurados, nunca tivemos problema de empregabilidade”.

O professor Osório também diz que existe um problema no mercado, devido à falta de conhecimento do curso: “dependendo do ramo, as empresas não sabem que precisam desse profissional. Um banco, por exemplo, contrata qualquer engenheiro, mas não se atenta ao de computação”.

Os alunos também possuem dificuldade em enxergar a singularidade do engenheiro de computação. “Fora da faculdade não existe problema de identidade ou emprego, mas isso só ficou claro para mim no ano passado”, afirma Tiago. Segundo ele, para os estudantes, é como se uma parte do curso fosse engenharia elétrica e, a outra, ciências da computação, com poucas disciplinas integrando as duas, e que aparecem apenas na segunda metade da graduação. Como resultado, mais da metade de sua turma pediu transferência para uma das duas áreas.

Uma identidade em formação – Apesar dos problemas, alunos e professores são otimistas: a crise de identidade está diminuindo, e essas dúvidas, cada vez mais, estão ficando para trás. Isso faz parte de um esforço coletivo para mostrar aos estudantes que a engenharia de computação é uma área singular, com alta empregabilidade e uma atuação específica no mercado.

Uma das medidas foi a criação da Semana de Engenharia de Computação (SEnC), que teve sua primeira edição realizada em setembro de 2017. A iniciativa surgiu dos alunos, que, até então, eram divididos nas semanas acadêmicas de ciências da computação e de engenharia elétrica. “Nós sentimos a necessidade de ter uma semana nossa, justamente porque somos de uma área específica. A adesão dos alunos de engenharia de computação nas outras semanas sempre foi muito baixa”, afirma Tiago, que coordenou a primeira SEnC. A comissão que organizou a semana teve 18 alunos.

Tiago (ao centro em pé) e a equipe que organizou a SenC
(crédito da imagem: arquivo pessoal)

“Essa semana ajuda a mostrar que eles têm uma atuação diferenciada. É importante passar a mensagem que eles agregam conhecimentos das outras áreas de uma maneira única”, explica Kalinka, que foi responsável pela palestra de abertura da SEnC, justamente com o tema “a identidade do engenheiro de computação”. De acordo com ela, o ICMC e a EESC também estão tomando medidas para desenvolver essa identidade cada vez mais. Entre elas, levar todas as aulas para o campus 2 e a criação do Espaço EngComp.

Inaugurado no ano passado, esse espaço possui um ambiente colaborativo, para estimular a inovação dos estudantes. São oito laboratórios especializados, entre eles um espaço maker, com impressoras 3D, placas de circuito e toda a infraestrutura necessária para desenvolver um projeto de eletrônica e computação.

Para Tiago, o trabalho atual deve ser mantido. Segundo ele, os Institutos, em parceria com a Secretaria Acadêmica do curso, estão aprimorando a grade curricular para deixar a graduação mais atrativa. “Também temos iniciativas extracurriculares, que são muito importantes porque dão mais clareza do que podemos fazer depois de formados”, ele explica. Entre esses projetos, estão o Warthog Robotics, grupo de pesquisa e extensão do campus sobre robótica móvel aplicada, que também participa de competições de futebol de robôs; o Ganesh, grupo de extensão sobre segurança digital; e o ADA, de projetos em engenharia de computação. “Essa crise de identidade foi muito forte até pouco tempo, com muitos problemas de desistência. Hoje, estamos cada vez mais próximos da realidade do mercado de trabalho, e não é preciso avançar tanto no curso para se encontrar. O problema deve sumir em breve”, conclui o estudante.

“A tendência é que os engenheiros de computação sejam cada vez mais requisitados pelo mercado, porque a área está diretamente ligada ao futuro da tecnologia”, afirma Osório. A crise de identidade dos engenheiros de computação pode estar acabando, mas sua importância para a sociedade está crescendo cada vez mais. E não deve parar tão cedo.

Texto: Alexandre Wolf - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

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Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Futebol de robôs: grupo da USP São Carlos ganha título inédito


O Warthog Robotics, grupo de robótica da USP São Carlos, foi o campeão da edição deste ano da Latin American Robotics Competition (LARC) na categoria Small Size League. A competição fez parte da Robotica 2016, uma série de eventos que foram realizados simultaneamente entre os dias 8 e 12 de outubro, em Recife, Pernambuco. 

O grupo, vinculado ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), à Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e ao Centro de Robótica de São Carlos (CROB), já possui diversos títulos em outras categorias do torneio, mas foi a primeira vez que venceu na modalidade Small Size. Nessa categoria, os times contam com seis robôs cada, um goleiro e mais cinco na linha, que disputam a partida de forma autônoma, ou seja, sem nenhuma intervenção humana. "O desenvolvimento de um projeto como esse é bastante complexo e leva anos para se tornar competitivo", explica Rafael Lang, diretor geral do grupo. "Estamos muito felizes por chegarmos a esse resultado a partir de algo iniciado em 2011 com a fundação do Warthog e que só foi possível com o apoio da Universidade e de nossos parceiros", completa Lang.

Na partida final da competição, o Warthog venceu a equipe do Centro Universitário FEI, seu principal rival na modalidade, pelo placar de 3 a 1. "Foi um trabalho de anos de persistência. Demos continuidade, amadurecemos e desenvolvemos diversas pesquisas nesses robôs, tanto em termos de hardware quanto software", comemora Roseli Romero, professora do ICMC e tutora do grupo.

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terça-feira, 28 de junho de 2016

Aluno do ICMC participa de projeto que propõe ampliar acesso de pessoas com deficiência ao mercado de trabalho

Estudante do curso de Engenharia de Computação contribuiu com o desenvolvimento de iniciativa para a cidade de Barueri, que é finalista na competição internacional Mayors Challenge 2016




Barueri é uma das 20 cidades na América Latina e Caribe selecionadas como finalistas no Mayors Challenge 2016, promovido pela Bloomberg Philanthropies, uma competição que incentiva as cidades a desenvolverem ideias inovadoras para resolver problemas urbanos, melhorar a vida dos cidadãos e que tenham potencial para serem reproduzidas em outros locais. O município está concorrendo ao primeiro prêmio de USD 5 milhões e a quatro prêmios de USD 1 milhão, que serão entregues no final deste ano.

O projeto que levou a cidade a estar entre as finalistas foi desenvolvido com a colaboração de cinco estudantes da USP, em São Carlos. Entre eles está Murilo Pratavieira, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC). Ele é aluno de Engenharia de Computação, curso oferecido em parceria com a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC). Também participaram do projeto mais quatro alunos do curso de Engenharia Civil da EESC: Ana Luiza Santos de Sá, Gabriela Nicoleti de Freitas, Guilherme Rocha Eller e Lucas Bello Gonçalves.

O projeto propõe aumentar o acesso ao mercado de trabalho para pessoas com deficiência com a criação de uma rede física e virtual para melhorar a capacitação para o trabalho, analisar as condições dos locais de trabalho e prestar assistência técnica aos empregadores e candidatos a emprego. A proposta é unir uma ferramenta tecnológica (plataforma digital) e uma equipe interdisciplinar para permitir o cruzamento de informações de vagas de trabalho com as habilidades vocacionais da pessoa com deficiência, tendo como retaguarda instituições educativas destinadas à capacitação. Isso possibilitará o planejamento de estratégias e ações, de acordo com os requisitos da pessoa com deficiência, do mercado e das instituições educativas.

O projeto apresentado por Barueri foi selecionado entre 290 propostas cadastradas. O município é uma das cinco cidades do Brasil concorrendo ao primeiro prêmio, as outras são Corumbá (MS), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). As 20 ideias finalistas foram avaliadas segundo quatro critérios básicos: visão, potencial de impacto, plano de implementação e possibilidade de serem reproduzidas em outras cidades. A equipe de Barueri e das outras finalistas participarão de um evento de dois dias em Bogotá, na Colômbia, o Bloomberg Philanthropies’ Ideas Camp, na qual trabalharão com especialistas e cidades congêneres para melhorar ainda mais suas propostas.

"Recebemos uma quantidade tão grande de boas ideias para este Mayors Challenge que escolher apenas 20 finalistas já foi, por si, um grande desafio. Essas ideias realmente captam a diversidade da região e a criatividade e compromisso de seus líderes e cidadãos em melhorar as cidades. Cada uma delas tem potencial de melhorar as vidas dos residentes locais e, caso funcionem, de serem amplamente difundidas", disse Michael Bloomberg, fundador da Bloomberg Philanthropies e três vezes prefeito da cidade de Nova Iorque (EUA). “Estamos animados para trabalhar com Barueri em sua proposta e concorrer ao primeiro prêmio”, finalizou.

Com informações da Assessoria de Comunicação da EESC e da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Barueri

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Em campo com os robôs

Como em qualquer jogo de futebol, o inesperado é uma peça-chave que estimula o aprendizado e a pesquisa nas competições em que os robôs entram em campo

Eles têm a própria competição: robôs disputam partida da categoria tamanho pequeno 

Depois de passar alguns minutos fora do jogo por causa de uma contusão, Vágner Love volta a campo. Só que, em vez de vestir a camisa do time hexacampeão brasileiro, aqui ele usa apenas uma capa plástica com bolinhas coloridas no topo. Sua missão é combater, sozinho, três jogadores adversários. Mesmo com seu dispositivo de chutes danificado, ele empurra a bola três vezes para dentro do gol enquanto os oponentes só conseguem acertar uma. Ovacionado pelos torcedores, sai de campo vitorioso, mas com as marcas da batalha.

“Foi emocionante, um dos melhores jogos da competição. Nunca vou me esquecer do momento em que peguei o robô na mão, soltando fumaça, e o levei para consertá-lo: parecia uma verdadeira mesa de cirurgia. A equipe inteira lá: soldador na mão, chaves de fenda, lanternas de celulares. Uma loucura!”, conta o estudante Fernando Haber. Era a primeira vez que ele participava da Competição Latino-americana e Brasileira de Robótica (LARC/CBR) e não imaginava que, depois daquela cena, Vágner Love seria capaz de vencer a partida. 

Haber está cursando o primeiro ano do curso de Engenharia de Computação e já é membro de um dos maiores grupos de extensão e pesquisa da USP, em São Carlos, o Warthog Robotics. O grupo é ligado ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) e à Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e tem como tutores a professora Roseli Romero, do ICMC, e o professor Ivan Nunes da Silva, da EESC. Aberto à participação de todos os estudantes de graduação e pós-graduação do campus, o grupo interdisciplinar é composto hoje por 80 membros, sendo que 34 deles são alunos que acabaram de ingressar na USP, tal como Haber. 

“O calouro costuma ser muito individualista, especialmente depois de ficar três ou mais anos estudando sozinho para ser aprovado no vestibular. Ele não teve a experiência de enfrentar um problema em grupo. Participar do Warthog e das competições de robótica nos ensina a lidar com pessoas e a trabalhar em grupo. Isso faz toda a diferença”, revela o estudante. “Foi muito cansativo, eu dormi apenas duas ou três horas nos dias que antecederam a disputa. Mas ver tudo funcionando depois é muito recompensador e dá força para a gente continuar”, completa.

Para Haber, trabalhar em grupo é um dos aprendizados mais importantes no Warthog

A conquista do time de Haber, formado apenas pelos calouros do Warthog, foi bastante comemorada: eles ficaram em 4º lugar na categoria RoboCup tamanho pequeno (F180) durante a LARC/CBR, que aconteceu em Uberlândia no início de novembro. Já os veteranos conquistaram o vice-campeonato nessa modalidade e também na categoria IEEE Futebol tamanho muito pequeno. “Em campo, enfrentamos várias situações que estão fora do nosso controle e nos obrigam a encontrar novas soluções. Isso traz um aprendizado prático que se torna um diferencial na nossa formação”, conta Yuri Lourenço, que cursa Sistemas de Informação no ICMC e é diretor da divisão de treinamento do Warthog.

Quem participa do grupo pode escolher uma ou mais divisões para atuar, em um universo com 11 possibilidades: treinamento, inteligência artificial, visão computacional, estudo de movimentos, eletrônica e potência, mecânica e materiais, integração e teste, administração e marketing, controle, simulação e projetos. “Aqui, os estudantes têm a oportunidade de colocar em prática o que aprendem na teoria”, explica o doutorando Adam Moreira, do ICMC, que é diretor da divisão de estudo de movimentos. 

O interessante é que os estudantes têm total liberdade para definir em que área desejam se encaixar. Assim, um aluno que está em um curso como ciências de computação, por exemplo, pode fazer parte de um time de qualquer outra área, como eletrônica ou mecânica, o que o levará a obter conhecimentos adicionais para sua formação. Haber optou pela divisão de visão computacional e também pela de controle. 

Mas o trabalho do grupo vai muito além das competições: “Nosso principal objetivo é aplicar nos nossos robôs o que pesquisamos no meio acadêmico. A nossa participação nas competições é uma consequência desse trabalho que nos traz novos desafios e motivação”, afirma Moreira. Nos meses que antecedem as disputas, a rotina do Warthog é alterada: os times são formados e estabelecidos os gerentes de cada equipe. Nesse momento, o laboratório onde o grupo trabalha passa a funcionar praticamente durante 24 horas e as refeições acontecem ali mesmo junto a Vágner Love, Neymar, Valdívia e outros jogadores desmontados. 



Como são os robôs do Warthog – De acordo com Adam, para construir um robô capaz de jogar futebol sem precisarmos usar um controle remoto, é preciso levar em conta aspectos mecânicos, eletrônicos e computacionais. Toda a estrutura do robô, o tamanho que terá, onde ele precisará ser furado, como serão as rodas, o motor, a bateria, o dispositivo de chute, entre diversos outros detalhes são definições que cabem aos responsáveis pela parte mecânica. 

Já quem cuida da eletrônica decide quantas placas de circuito ele possuirá, quais componentes serão colocados nessa placa, como será seu microcontrolador e deve compreender também quanta energia será necessária para executar suas tarefas e fazê-lo andar de forma adequada e na velocidade desejada. Há, ainda, os especialistas do campo computacional. São eles que farão o robô compreender as informações captadas pela câmera que fica no alto do campo de futebol, superando desafios como a falta ou o excesso de iluminação no local. Nesse time, entra também a área de inteligência artificial. São os algoritmos dessa área – as sequências de comandos passadas para o computador a fim de definir uma tarefa – que farão o robô tomar as decisões certas em campo. “A visão computacional possibilita ao robô ter a visão completa do jogo, enxergar onde está a bola e como estão posicionados os adversários e os colegas de time. Já os algoritmos que criamos vão fazê-lo decidir chutar a bola para o gol ou repassá-la a um companheiro”, explica Moreira. 

A complexidade dos robôs do Warthog aumenta de acordo com a experiência do time. Os robôs dos calouros na categoria tamanho pequeno (F180), por exemplo, têm apenas uma placa eletrônica, um dispositivo de chute e três rodas compostas por 16 microrrodinhas. Os robôs dos veteranos, na mesma categoria, têm três tipos de placas eletrônicas, um dispositivo de chute mais potente do que o dos calouros, um dispositivo de drible e quatro rodinhas compostas por 24 microrrodinhas, o que possibilita ao robô movimentar-se para qualquer direção. Além disso, esse robô é construído em módulos. De acordo com Moreira, o time veterano que disputa essa categoria galgou avanços este ano ao desenvolver quatro robôs bastante estáveis.

Categoria tamanho pequeno (F180): à esquerda, o robô na versão dos calouros; 
à direita, a versão dos veteranos, que é mais complexa

Já na categoria tamanho muito pequeno, como o próprio nome diz, devido ao tamanho reduzido do robô, sua complexidade é menor: não há dispositivo de chute nem de drible, existem apenas duas rodinhas e uma placa eletrônica. Moreira ressalta ainda que o grupo desenvolve também robôs para participar de competições de combate e que está realizando estudos sobre robôs bípedes, embora ainda não tenham criado nenhuma máquina desse tipo especialmente devido ao alto custo. Mas talvez os calouros do futuro tenham a chance de aprender a manejar um time de humanoides. 

“No tempo que passo no grupo não estou estudando para prova, mas aprendendo e aplicando aquilo que a prova, de uma maneira teórica, vai me cobrar”, explica o calouro Haber. Para ele, participar do Warthog traz benefícios que vão além de possibilitar aplicar conceitos teóricos, de aprender a trabalhar em equipe e de obter conhecimentos adicionais à formação básica: “Eu também acho que aproveito melhor o meu curso por ser um membro do Warthog. Tem muitos tópicos que, quando vi em sala de aula, achei pouco importantes. Mas ao notar que aqueles conceitos têm uma aplicação prática, passei a dar mais valor”. É possível que, nas próximas competições, os conceitos que Haber julgou irrelevantes à primeira vista sejam capazes de salvar a vida de Vágner Love em campo.

Na categoria tamanho muito pequeno, o espaço reduzido gera novos desafios

Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação ICMC/USP


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segunda-feira, 15 de junho de 2015

Olimpíada Brasileira de Robótica registra recorde de participação em São Carlos

12 equipes consagraram-se campeãs no último final de semana durante a modalidade prática da Olimpíada, que aconteceu no ginásio de esportes da USP

Em todo o Brasil, 2,5 mil equipes se inscreveram na modalidade prática da OBR

“O que eu acho mais legal da robótica é a forma de aprender, não com alguém ensinando, mas com você descobrindo. É o que mais diverte”, explicou, entusiasmado, o estudante Luís Vinícius Paudissera, 16 anos, exibindo a medalha de ouro que recebeu durante a etapa regional da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR) em São Carlos. Luís e mais três colegas são do Sesi Rio Preto Robotic Team, de São José do Rio Preto, uma das 200 equipes que se inscreveram para participar da competição que aconteceu no último final de semana, dias 13 e 14 de junho, no ginásio de esportes da USP, em São Carlos.

“Nós nos esforçamos para que todas as equipes possam competir em nível de igualdade”, declarou a coordenadora da etapa regional da OBR, Roseli Romero, durante a abertura do evento. Professora do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, Roseli destacou que, este ano, a competição registrou um verdadeiro recorde de participação: o número de inscritos dobrou em relação ao ano passado, quando 99 equipes da região participaram da modalidade prática. 

Roseli durante a abertura do evento, no ginásio de esportes da USP em São Carlos

A participação das escolas estaduais da região também aumentou: no ano passado, foram 6 equipes, da quais uma chegou à final nacional; este ano, 23 times competiram. “Nossa meta é dobrar o número de equipes no próximo ano”, disse a dirigente regional de ensino, Débora Blanco. Segundo ela, por meio de projetos atrelados ao currículo dos alunos, foi possível obter recursos da secretaria de Educação do Estado de São Paulo e adquirir os kits de robótica para as escolas. “Precisamos despertar o interesse dos nossos alunos para a ciência. Com a robótica, eles desenvolvem habilidade e competências que perpassam todas as disciplinas”, concluiu.

Este ano, em todo o Brasil, 2,5 mil equipes se inscreveram na modalidade prática da OBR. “Cerca de 20% desse total, 547 equipes, são do Estado de São Paulo”, explicou Flavio Tonidandel, representante estadual da competição e professor do Centro Universitário da FEI, em São Bernardo do Campo, onde acontecerá a etapa estadual da OBR no dia 8 de agosto. Participarão dessa etapa as equipes que melhor se classificarem em todas as regionais. Em São Carlos, 12 times conquistaram medalhas (ouro, prata e bronze) nos dois níveis que compõem a OBR: o nível 1, voltado aos alunos do ensino fundamental, e o nível 2; destinado a quem está no ensino médio e técnico (confira o nome dos vencedores no final da reportagem).

Educando o robô – “Se a gente não for educado com o robô, ele não faz o que a gente pede”, explicou a estudante Nicoli Costa, de 10 anos. No aplicativo que ela e seu time usou para ensinar o robô, antes de dar qualquer ordem, era preciso sempre começar com a palavra “Por favor” e terminar com “Obrigado”. Nicoli estuda na escola municipal Governador Mário Covas, em Tupã, a cerca de 340 quilômetros de São Carlos. Ela veio participar da competição junto com mais seis equipes de Tupã. Chegou na tarde do dia 12, dormiu em um hotel e estava animada para participar da OBR depois da longa jornada que incluiu a montagem do robô e a programação. 

Nicoli (à esquerda) com sua equipe: de Tupã para São Carlos

Nas pistas de competição, que são plataformas de madeira, simula-se o resgate de uma vítima e os robôs precisam ter sido programados para enfrentar os desafios sozinhos. No ano passado, a vítima era representada por uma lata. Este ano, passou a ser uma bola prata. No nível 1, basta o robô encontrar a vítima. Já no nível 2, além de encontrá-la, deve pegá-la e jogá-la dentro de um triângulo de madeira. Nesse nível, o robô pode resgatar mais do que uma vítima. 

Na opinião do professor Marcelo Prado, da escola estadual professora Alice Madeira João Francisco, de São Carlos, que trouxe duas equipes para participar da competição, foi essencial fazer o curso preparatório oferecido no ICMC. “É a segunda vez que participamos. Este ano foi bem melhor, porque tivemos cinco aulas preparatórias junto com os oito alunos. Eles gostaram muito de conhecer o ambiente da Universidade”, contou Prado. “Conseguimos tirar dúvidas com os professores que estavam dando as aulas, especialmente em relação à forma como devíamos lidar com os sensores e calibrá-los”, completou. “Eu era apenas um tutor, colocava os desafios e os alunos iam buscar as respostas sozinhos. Temos muitos desafios ainda a enfrentar, mas vale a pena participar”, concluiu o professor.

Marcelo (em pé, o quarto da esquerda para a direita) destacou importância de participar do curso preparatório
Enquanto a competição rolava no térreo do ginásio de esportes da USP, no primeiro andar, acontecia a última aula do curso extensão O uso das tecnologias na aprendizagem: Excel, Word, PowerPoint e Robótica. Coordenado pelas professoras do ICMC Esther Prado e Miriam Utsumi, o curso contou com a participação de nove professores de escolas da região e oito estudantes do ensino básico. Usando cinco kits de robótica, eles também montaram seus robôs e construíram uma pista para testes. “A robótica encanta porque há muitos desafios para serem enfrentados. Por isso, optamos por encerrar o curso aqui na OBR”, finalizou Esther.

O evento contou com o apoio do ICMC, do Centro de Robótica de São Carlos, da Escola de Engenharia de São Carlos, da prefeitura do campus da USP em São Carlos, da UFSCar e da Comissão Especial de Robótica (CER) da Sociedade Brasileira de Computação (SBC). Entre os docentes envolvidos com a realização da OBR também estão o professor do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSCar, Rafael Aroca, que é vice-coordenador geral da OBR; o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da EESC e coordenador do CROB, Marco Henrique Terra; o coordenador do CER, Fernando Osório; a professora do Departamento de Engenharia Elétrica da UFSCar, Tatiana Pazelli; e a professora do Colégio Técnico de Campinas (COTUCA) da UNICAMP, Cintia Aihara.



Confira os vencedores

Sábado, 13 de junho -  Nível 1 (ensino fundamental)
Medalha de ouro: equipe Sigma 1, de São Carlos.
Medalha de prata: equipe Sigma 2, de São Carlos.
Medalha de bronze: equipe O.G.E.L. Valinhos, de Valinhos.

Sábado, 13 de junho - Nível 2 (ensino médio e técnico)
Medalha de ouro: equipe Sesi Rio Preto Robotic Team, de São José do Rio Preto.
Medalha de prata: equipe Sesi Jabuka Force, de Jaboticabal.
Medalha de bronze: equipe Sesi T-Rex, de Monte Alto.

Domingo, 14 de junho - Nível 1 (ensino fundamental)
Medalha de ouro: equipe Rio Branco 1, de Campinas.
Medalha de prata: equipe Sabin 2, de Ribeirão Preto.
Medalha de bronze: equipe Robótica Ourinhos Roboteam, de Ourinhos.

Domingo, 14 de junho - Nível 2 (ensino médio e técnico)
Medalha de ouro: equipe Xablebous Team, de São Carlos.
Medalha de prata: equipe IFSP, de São Carlos.
Medalha de bronze: equipe Átons, de Araras.

Texto e fotos: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação ICMC/USP

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E-mail: comunica@icmc.usp.br

quarta-feira, 11 de março de 2015

Grupo de robótica de São Carlos realiza palestra e esclarece dúvidas de quem deseja participar da iniciativa

Warthog Robotics realizará palestra nesta quarta-feira, 11 de março, às 19 horas no auditório Jorge Caron, na Escola de Engenharia de São Carlos

Para participar do grupo, é preciso se inscrever até 27 de março

Se você quer pesquisar e desenvolver tecnologias associadas à robótica, aplicando seus conhecimentos nos complexos ambientes de futebol e combate de robôs, pode participar do Warthog Robotics, um grupo de pesquisa e extensão vinculado ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, e à Escola de Engenharia de São Carlos.

O grupo está com inscrições abertas em seu processo seletivo até dia 27 de março. Para se inscrever, basta preencher o formulário disponível neste link: icmc.usp.br/e/958b7. Não é preciso ter experiência na área e podem participar alunos de graduação e pós-graduação de qualquer curso oferecido na USP em São Carlos.

Com o intuito de esclarecer as possíveis dúvidas dos interessados em participar do processo seletivo e mostrar mais detalhadamente como funciona o grupo, o diretor do Warthog Robotics, Rafael Lang, vai ministrar uma palestra nesta quarta-feira, 11 de março, às 19 horas, no auditório Jorge Caron, na Escola de Engenharia de São Carlos. O evento é gratuito, aberto a todos os interessados e não demanda inscrições prévias.


Mais informações
Site do Warthog Robotics: www.warthog.sc.usp.br
Formulário para inscrições: icmc.usp.br/e/958b7