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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

ICMC no mundo: cooperação internacional é fundamental para fortalecer pesquisas e gerar inovação

Instituto contabiliza 48 convênios, mas interação vai muito além dos acordos formais e abrange até intercâmbio de um funcionário técnico-administrativo

As cooperações internacionais de pesquisa contribuíram para o crecimento científico de Maria Aparecida

Proporcionar novos caminhos para a colaboração e o desenvolvimento de pesquisas, oferecer oportunidades para alunos estudarem fora do país e possibilitar o aprendizado de novas estratégias de gestão dentro de uma universidade. Essas são algumas das contribuições que a cooperação internacional traz ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.

A interação entre os pesquisadores do Instituto e do exterior acontece, na maioria das vezes, por meio da participação em projetos de pesquisa, congressos, workshops e pela realização de intercâmbios, que muitas vezes rendem até convênios com as instituições estrangeiras. O convênio é um acordo estabelecido entre duas entidades para a realização de atividades de comum interesse. Atualmente, o ICMC possui 22 convênios nacionais e outros 26 internacionais firmados com universidades em continentes como Europa, Ásia e América. Além dos acordos oficializados, as demais colaborações estabelecidas, mesmo sem convênio, são muito relevantes: “Mais importante do que o convênio são as atividades científicas que realizamos. Nós desenvolvemos muitos projetos de grande impacto, ainda que não exista um convênio firmado”, diz o presidente da Comissão de Relações Internacionais do ICMC, José Carlos Maldonado. O presidente diz ainda que o estabelecimento de convênios e projetos de pesquisa pode propiciar a ampliação das redes de colaboração.

Um grupo de pesquisa do Instituto que se destaca pelas inúmeras cooperações internacionais é o de Singularidades. Ele surgiu no fim da década de 60 e tem forte participação na formação de novos pesquisadores. Hoje, possui relações sólidas com países como Espanha, França, Japão, Polônia, Inglaterra e Portugal. “Interagir com outros grupos permite ampliar suas possibilidades, suas linhas de pesquisas. Em geral, eles estudam problemas parecidos com os nossos, mas com outro ponto de vista”, explica Maria Aparecida Ruas, professora do ICMC.

Ela também diz que esse tipo de experiência é fundamental para os estudantes: “É muito bom para um jovem pesquisador, no começo de sua carreira, permanecer um tempo em outro centro, de preferência fora do país, para ter uma visão complementar daquela que adquiriu na instituição onde se formou”. Para ela, todos os tipos de relacionamentos e cooperações internacionais de pesquisa que estabeleceu foram de grande valor em sua carreira: “Elas contribuíram para o meu crescimento científico”. 

Uma marca registrada do grupo de Singularidades são as reuniões científicas. A partir da década de 1990, teve início o Workshop de Singularidades, o principal workshop internacional da área que acontece a cada dois anos e recebe participantes de cerca de 20 países. “Essa relação vai crescendo naturalmente, nossos pesquisadores intensificam os contatos com outros centros e o número de visitantes a cada ano aumenta”, finaliza Maria Aparecida.

Projeto aprovado - Possuir convênios com outras universidades do mundo pode facilitar o financiamento de um projeto de pesquisa. Recentemente, a professora Maria Cristina obteve aprovação de um projeto no Programa São Paulo Research International Collaborations (SPRINT). Para que o projeto de um pesquisador seja aceito e financiado na chamada anunciada regularmente pela FAPESP, a universidade que o cientista representa deve possuir convênio com universidades do exterior parceiras da Fundação.

Projeto de Maria Cristina foi aprovado em chamada Sprint da FAPESP

No caso de Maria Cristina, o acordo estabelecido com a Universidade de Bath, uma das parceiras da FAPESP, viabilizou a apresentação da proposta. A vice-diretora realiza pesquisas na área de visualização de dados multidimensionais e trabalha para que essas informações possam ser representadas graficamente e inseridas em interfaces interativas. Mas a interpretação desse tipo de visualização pode ser muito difícil. Por isso, em seu projeto, realizado em parceria com o pesquisador Stephen Payne, da área de psicologia cognitiva, a ideia é estudar como ocorrem os processos cognitivos das pessoas ao analisarem esse tipo de representação gráfica, ou seja, como elas interpretam essas representações de dados multidimensionais.

Além da parceria com a Universidade de Bath, a professora possui cooperação científica com pesquisadores dos Estados Unidos e Canadá. Para ela, a troca de informações entre os cientistas é essencial: “Não existe pesquisa científica se não houver discussão sobre os resultados obtidos. Sem isso, o pesquisador poderá não enxergar outros caminhos promissores”.

A docente completa dizendo que não há uma fórmula exata para encontrar uma parceria ou a colaboração ideal: “Temos que interagir bastante, publicar em bons veículos, participar de congressos e apresentar trabalhos em conferências. É essa exposição que permite identificar outros pesquisadores atuando em áreas afins ou complementares, e assim o contato começa”.

Experiência em outra esfera - No ICMC, além de vários professores e estudantes, o funcionário Paulo Celestini também teve a oportunidade de passar por uma experiência fora do país que possibilitou contribuir com o Instituto. No ano passado, o analista administrativo ficou um mês na Universidade de York, na Inglaterra, estudando o modelo de gestão dos ingleses. Celestini submeteu um projeto em 2014 com esse propósito e foi apoiado pelo Instituto: “O sistema de gestão inglês é muito diferente do nosso, a ideia era ver como tudo funcionava e verificar o que poderíamos aproveitar aqui”, explica o funcionário.

Celestini trouxe algumas ideias da sua experiência que podem ser interessantes para o ICMC. Os departamentos da Universidade de York (que funcionam como as unidades aqui em São Carlos) são os que fazem o controle de arrecadação – a Universidade não é estatal. Eles se esforçam para atrair alunos e repassam uma importância em dinheiro para a administração central. Cenário oposto ao que acontece na USP, onde o Governo repassa uma quantia à Universidade, a qual é distribuída entre suas unidades. No caso dos ingleses, um profissional pode atuar em vários departamentos e, dessa forma, seu salário será pago proporcionalmente por todos os setores em que trabalha. Além disso, os sistemas gerenciais, em particular os de custos, são altamente especializados.  

Celestini passou um mês na Inglaterra estudando o modelo de gestão da Universidade de York
Outro ponto curioso do modelo inglês é que eles possuem um profissional que atua como uma espécie de planejador de carreira. Seu trabalho é se relacionar com empresas para que elas ofereçam oportunidades de emprego aos estudantes e eles fiquem um ano trabalhando na área em que estudam. Esse período de trabalho acontece no meio da graduação: “A vantagem é que, após retornar ao curso, o aluno está muito mais maduro e com uma visão muito além da teoria. Ele fica mais responsável, se relaciona melhor com as pessoas e melhora inclusive seu desempenho na faculdade”, conta Celestini. Ele irá propor um projeto similar para atrair empresas ao Instituto e estimular o estágio entre os alunos ingressantes. 

O funcionário diz ainda que, na Universidade de York, existe um direcionamento muito forte para a atividade-fim e, desde que voltou da viagem, tenta implantar esse espírito no Instituto, além de mostrar para os funcionários a importância de cada um no ICMC. “O funcionário técnico-administrativo tem que apoiar o docente, o pesquisador, o aluno e até mesmo outros funcionários. Então, esse processo de capacitação é importante para que ele possa dar o suporte adequado aos envolvidos. Quando o funcionário vive aquele ambiente acadêmico, passa a entender como tudo funciona”, finaliza.

A oportunidade desse estágio surgiu com a criação, em 2013, do Programa de Incentivo e Apoio à Capacitação os Servidores Técnicos e Administrativos da USP, no exterior, criado pela Reitoria da Universidade e prontamente apoiado pelo ICMC. Atualmente, o Programa está suspenso e o Instituto tem incentivado a participação de servidores em programas com apoio externo, como o Programa Erasmus Mundos, da Comissão Europeia.

Texto: Henrique Fontes - Assessoria de Comunicação do ICMC
Fotos: Reinaldo Mizutani (duas primeiras) e Henrique Fontes (última)

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Veja o mapa que mostra o panorama da internacionalização no Instituto: icmc.usp.br/e/93aff
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

ICMC no mundo: fazer intercâmbio pode mudar sua vida na graduação

Experiência fora do país proporciona aos estudantes crescimento pessoal e eleva qualidade do aprendizado



Viver um tempo fora do Brasil e voltar com uma nova perspectiva, tanto cultural quanto de ensino. É por essa experiência que passam muitos alunos de graduação do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. “Abriu meus horizontes”, revela Bruno Azenha, estudante de Ciências da Computação, após ficar um ano em Nova Iorque fazendo intercâmbio.

Entre 2010 e 2014, houve um aumento de 264% no número de alunos de graduação do Instituto que foram para o exterior. “Esse aumento está ligado a toda a estrutura de apoio oferecida tanto pela USP quanto pelo Governo Federal. O Programa Ciência sem Fronteiras, por exemplo, trouxe recursos e como a Universidade tem competência e contatos com centros de excelência, isso se torna natural”, explica José Carlos Maldonado, presidente da Comissão de Relações Internacionais (CRInt) do ICMC.

Além de proporcionar aos alunos brasileiros a chance de estudar fora do país, o Instituto também oferece a oportunidade de alunos estrangeiros virem passar por essa valiosa experiência em São Carlos. Entre 2010 e 2014, 19 alunos de graduação vieram do exterior para estudar no ICMC.

Conheça, a seguir, as experiências pelas quais Bruno Azenha e João Carlos Correia passaram ao sair para desbravar o mundo. Você também vai conhecer as histórias dos estrangeiros Bassam Hanna e Alice Ngunga, que vieram estudar no Instituto.

Uma nova pessoa  É assim que o estudante Bruno Azenha resume sua experiência fora do Brasil: “Modificadora de vida”. Ele passou um ano em Nova Iorque realizando intercâmbio através do Programa Ciência sem Fronteiras na Columbia University (assista ao depoimento do estudante).

Experiência nos EUA mudou a vida de Bruno
“Pelo fato de estar na USP, ficamos muito expostos a oportunidades como essas. É algo muito natural, sempre estamos conversando sobre o tema, temos amigos que já foram para o exterior, outros que estão se preparando para ir, ficamos na expectativa de quando abrirá um novo edital”, diz Azenha.

Segundo ele, a infraestrutura oferecida pela Universidade norte-americana é de muita qualidade e, além do aluno poder fazer as aulas de graduação referentes ao seu curso, tem direito a disciplinas e atividades extracurriculares. “Fiz um ano de alemão e participei do grupo de trilha”, conta o estudante, que também fez três meses de estágio em uma empresa do ramo de tecnologia da informação.

Azenha afirma que fez muitos amigos durante o período em que viveu nos Estados Unidos e que, além de todo seu crescimento pessoal, a experiência possibilitou fazer comparações em relação à qualidade de ensino que está recebendo: “Foi muito importante para perceber que a educação que estou tendo na USP é de muita qualidade e não deixa nada a desejar com o que eles estão aprendendo lá fora”, explica o graduando.

Bruno retornou em janeiro deste ano do intercâmbio e diz que voltou outra pessoa: “O Bruno antes do Ciência sem Fronteiras e o Bruno depois do programa são pessoas diferentes. Quando estava lá nos EUA, quis aproveitar ao máximo tudo o que fazia porque talvez não voltaria outra vez e trouxe isso comigo para o Brasil. Estou muito mais preocupado em ocupar meu tempo com coisas importantes para mim", finaliza Azenha.

Sonho realizado“Ainda não acredito no que vivi. Na volta, quando cheguei ao aeroporto de Guarulhos, tive a sensação de que dormi por seis meses. Esse sonho realizado me permitiu ser uma pessoa melhor hoje”. Essas palavras são de João Carlos Correia, que cursa Licenciatura em Matemática no ICMC e sempre sonhou em fazer intercâmbio. Foi aos 45 do segundo tempo, no seu último ano da graduação, que conseguiu concretizar esse desejo.

João Carlos fez estágio em uma escola pública durante período que ficou em Portugal

Correia foi aprovado no Programa Luso Santander, o qual oferecia bolsas para licenciandos de toda a USP. Ele permaneceu seis meses na Universidade do Porto, em Portugal. “Fiz uma disciplina da graduação e outras duas de mestrado”, conta o aluno, que também conseguiu estágio em uma escola pública da cidade como monitor de matemática.

Além de toda a parte acadêmica, o estudante aproveitou muito o lado cultural de sua estada no exterior e chegou a viajar para sete países da Europa: “Essa experiência me permitiu ter uma visão mais aberta das coisas, presenciar outras culturas, com povos diferentes. O que eu vivi como monitor na escola pública ninguém vai tirar de mim”.

A dedicação e persistência do graduando foram determinantes para conseguir o que almejava: “Quando eu estava no ensino médio, a USP estava distante de mim e consegui passar. Quando entrei na Universidade, o intercâmbio que se tornou surreal, mas também tive sucesso. Com a dedicação de cada dia, madrugadas estudando e a força de trabalho, tudo deu certo. Espero que não fiquemos só pensando nos nossos sonhos e lutemos por eles”, conclui o aluno.

Tranquilidade para aprender“Estou aprendendo muito, até mais rápido do que na minha Universidade”. É dessa forma que o egípcio Bassam Hanna descreve como está sendo a experiência de estudar no ICMC. Ele chegou ao Brasil no final de 2013 para fazer um intercâmbio social, ministrando aulas de cultura em escolas públicas da cidade. Foi aí que alguns amigos sugeriram que ele começasse a estudar no Instituto. 

Então, o estudante solicitou que a Universidade Britânica do Cairo, na qual é aluno de Ciências da Computação, o autorizasse a iniciar os estudos no ICMC. Ele enviou a documentação necessária e foi aprovado pela Instituição.

Bassam está aprendendo muito no Instituto

Hoje, Hanna já fala português e mora em uma república com outros cinco estudantes. Ele escolheu cursar somente as disciplinas laboratoriais e conta que vai ficar até o final do ano no ICMC: “É muito importante estudar com pessoas diferentes, conhecer outras formas de ensino. No começo, você fica um pouco perdido, mas a cada semestre terminado, é uma vitória”.

A mudança radical de cultura e formas de ensino foram marcantes para o egípcio: “O que mais me impressionou foi a vida, as pessoas. Aqui é muito mais tranquilo, no Egito, é complicado por causa da revolução. Vou levar esse outro jeito de pensar comigo”, finaliza o aluno.

Valiosa experiência“Não foi fácil deixar meus pais, minha terra, meus amigos e viver tudo novo. Mas não me arrependo”, diz a recém-formada em Ciências de Computação pelo ICMC, Alice Ngunga, angolana da cidade de Lubango. Ela chegou ao Instituto depois de ser aprovada em um processo seletivo do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), que oferece oportunidades de formação superior a cidadãos de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordos educacionais e culturais.

“Eu queria vir para o Brasil passear e quando fui à embaixada brasileira na minha cidade, vi o anúncio para fazer faculdade e me candidatei. No começo, minha mãe não queria deixar eu vir, mas depois consegui convencê-la”, conta Alice. A estudante chegou a São Carlos para fazer Engenharia de Computação, mas depois de dois anos viu que não era o que realmente queria e pediu a transferência para outro curso: “Não gostava das disciplinas de engenharia elétrica e sempre adorei programar. Por isso, resolvi mudar para Ciências da Computação”.

Alice se formou há poucos dias em Ciências da Computação pelo ICMC

A convivência com novas pessoas e uma cultura diferente foi muito valiosa para a ex-aluna: “O Brasil é um pouco mais liberal do que a Angola e aqui as pessoas são mais extrovertidas, isso me ajudou bastante, pois sou tímida”. Além do seu desenvolvimento pessoal, as aulas na USP também foram fundamentais para seu aprendizado e ela recomenda a Universidade.

Mal se formou e Alice já conseguiu um emprego na sua área. Na última segunda-feira, 24 de agosto, ela começou a trabalhar como analista de sistemas em uma empresa do ramo de tecnologia da informação em Luanda, capital da Angola.

Mapa mostra, em amarelo, os destinos de intercâmbio dos alunos de graduação do ICMC.
Em verde, é mostrada a origem dos alunos estrangeiros recebidos pelo Instituto.

Texto: Henrique Fontes – Assessoria de Comunicação do ICMC
Fotos: Reinaldo Mizutani - Assessoria de Comunicação do ICMC

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Vídeo com depoimento do aluno Bruno Azenha: 
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terça-feira, 18 de agosto de 2015

ICMC no mundo: descubra como a experiência internacional dos professores auxilia o ensino e a pesquisa

Vivência fora do país permite a professores da USP estabelecerem novas redes de pesquisa e aprenderem técnicas de ensino

"Não se faz mais ciência trancado na sala", diz João Porto.

Como as experiências internacionais contribuem para a formação de um docente? “Quando fui para a Alemanha mudei completamente minha visão de ensino em sala de aula, implementei novas técnicas, diferentes das tradicionais, sempre estou inovando”. Essas palavras são do professor João Porto de Albuquerque, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, que tem em sua trajetória como pesquisador experiências em países como Alemanha e Portugal. Além de professores brasileiros com histórias como a de Porto, 16 estrangeiros compõem o corpo docente do Instituto e contribuem para ampliar o leque de aprendizado dos alunos.

O presidente da Comissão de Relações Internacionais (CRInt) do ICMC, José Carlos Maldonado, explica a importância de contar com esses profissionais: “O docente estrangeiro certamente amplia o convívio de interação com os alunos através das colaborações que ele traz do exterior, como novos projetos e contatos, fortalecendo a nossa rede de pesquisa”.

Essas conexões internacionais também são construídas pelos professores brasileiros do Instituto que passam por experiências no exterior. “A ciência é global e, à medida que os docentes daqui vão para outros centros de excelência, a cooperação entre eles é estabelecida. Hoje, esse tipo de parceria é elemento fundamental para desenvolver soluções para a sociedade”, diz Maldonado.

Conheça, a seguir, a trajetória dos professores do ICMC João Porto, Kalinka Castelo Branco, Irene Onnis e Pablo Rodríguez.

Daqui não saio mais – “Entrei na Universidade para estudar e não quis sair mais”. Foi assim que o professor João Porto de Albuquerque resumiu o sentimento de trabalhar em um ambiente universitário. O docente, que adora dar aulas, fazer pesquisa e é um apaixonado pelo clima de uma universidade, nasceu em Volta Redonda, no Rio de Janeiro. É graduado em Ciências de Computação pela Unicamp e fez doutorado pela mesma universidade.

Foi durante a pós-graduação que sua trajetória internacional teve início. Ganhou bolsa para fazer doutorado-sanduíche na Universidade de Dortmund, na Alemanha, fato que o fez parar o curso de Ciências Sociais, o qual estava cursando simultaneamente. Após defender sua tese na área de segurança de redes, voltou para a Alemanha, desta vez para Hamburgo, onde realizou seu pós-doutorado em sistemas de informação.

Dois anos depois, Albuquerque voltou ao Brasil para dar aula na USP, em São Paulo. Em 2010, prestou concurso para entrar no ICMC, onde está até hoje dando aulas nos cursos de Ciências de Computação e Sistemas de Informação.

No ano seguinte, uma nova parceria se iniciou. O docente estabeleceu contato com a Universidade de Heidelberg, na Alemanha, com a qual realiza o projeto AGORA, voltado para o desenvolvimento de pesquisas com foco na prevenção de catástrofes naturais: “Foi minha maior conquista profissional: estabelecer um grupo de pesquisa unindo geografia e sistemas de informação. É um grande feito conseguir reunir pesquisadores de dois países, com culturas diferentes”, conta Albuquerque.

Sua experiência internacional contribui muito para seu processo de ensino em sala de aula. Na Alemanha, além de conviver com uma tradição diferente, ele fez até um curso de pedagogia do ensino superior, que permitiu inovações em sua didática: “Não gosto muito do modelo tradicional e quadrado de dar aula, tento mudar sempre, alterando o formato da sala e deixando-a em semicírculos para incentivar a participação”, explica o docente.

“Ir para fora do Brasil me abriu os horizontes e gostaria de proporcionar isso para meus alunos. Não se faz mais ciência trancado na sua sala”, diz o professor, que completou afirmando que sua maior recompensa é ver seus alunos progredindo e criando coisas que ele nem imaginava. Três estudantes do projeto AGORA, orientados por Porto, já foram para a Alemanha e outros dois irão em breve.

Ensinando e aprendendo – Outra apaixonada pelos estudos é a professora Kalinka Castelo Branco, que é professora no ICMC desde 2008. A docente, que nasceu em Bilac, interior de São Paulo, parece ter escolhido a profissão certa: “Desde criança gostava muito de estudar e ensinar as pessoas, então acho que segui o caminho correto”.

Kalinka está na Austrália
Formada em Tecnologia e Processamento de Dados pela Unilins, chegou ao Instituto em 1997 para iniciar seu mestrado na área de sistemas distribuídos. Em 2004, concluiu sua tese de doutorado no mesmo campo científico e, quatro anos depois, se tornou docente do ICMC. “Gosto de estar em contato com os alunos porque a gente aprende muito também, e essa é a parte mais legal”, diz a professora.

Este ano, Kalinka iniciou seu pós-doutorado* em Sidney, na Austrália, na área de robótica, com final previsto para janeiro de 2016. Ela acredita que essa experiência internacional fará diferença dentro da sala de aula. “Vai ajudar muito, vemos diferentes formas de se trabalhar e de se relacionar com os estudantes e o que for vantajoso vou levar para o Brasil. Além disso, aqui em Sidney tem um grande centro de robótica e convivemos com pesquisadores de vários países que atuam em diversas áreas e quem ganha com isso somos nós, a ciência e os alunos”, afirma a professora.

Sidney foi escolhida como destino de seu pós-doutorado por possuir renomados pesquisadores na área de veículos aéreos não tripulados (VANTs), campo em que Kalinka vem trabalhando há algum tempo. “O leque de atuação é grande, é muito bom quando vemos os VANTs funcionando, podendo contribuir de forma efetiva em diversas áreas”, diz a professora. Os resultados parciais de sua pesquisa estão indo muito bem, um artigo já foi publicado e a docente conta que, em pouco tempo, já terá mais resultados expressivos.

Paixão de criança – “Sempre quis ser professora de matemática”. Essa frase segura e direta é da professora do ICMC Irene Onnis, italiana nascida em Cagliari, cidade que fica na Ilha da Sardenha. O sonho que trazia com ela desde criança começou a se aproximar quando se graduou em Matemática pela Universitá Degli Studi di Cagliari (UNICA) em 2000. 

Mas o que ela nunca imaginava era que seu desejo ficaria ainda mais próximo de acontecer num outro continente. Ela chegou ao Brasil em 2001, na cidade de Campinas, onde daria início ao seu doutorado na Unicamp, na área de geometria diferencial. “Meu orientador é um excelente pesquisador na área de geometria referencial, além de ser uma pessoa incrível, calma, carinhosa, então preferi vir ao Brasil em vez de me arriscar na Europa e trabalhar com alguém que não me sentiria bem”, explica Irene, que teve sua tese orientada por Francesco Mercuri.

Irene sempre sonhou em ser professora de matemática
A realização de seu sonho veio um ano após o término do seu doutorado, em 2005. Irene prestou concurso para professor no ICMC e foi selecionada. Hoje, com nove anos de experiência dando aulas, o sentimento é único: “Adoro o relacionamento com os alunos e a maior recompensa é ter o reconhecimento e carinho deles”. Irene ministra disciplinas de cálculo na graduação e de geometria na pós-graduação. A docente conta que teve influência do pai, também professor, na escolha da profissão.

Ela também possui dois pós-doutorados – ambos na área de geometria diferencial, um pela Unicamp e outro pela UNICA – e diz que já se adaptou bem ao município de São Carlos: “Eu gosto da cidade, junto com meu marido construímos um círculo de amizade e consideramos São Carlos uma boa cidade para o nosso filho crescer”.

No caminho certo – “Estou sempre em busca de novas conquistas, crescer na carreira e aumentar meus contatos”, conta o professor Pablo Rodríguez, argentino, natural da cidade de Comodoro Rivadavia. Por ter nascido em uma cidade petroleira, ele começou a cursar Engenharia Industrial, mas assim que as disciplinas de matemática acabaram, nada fazia mais sentido e o então estudante parou o curso para fazer o que realmente amava: matemática. Graduou-se na área pela Universidade Nacional de la Patagônia e chegou ao Brasil em 2005.

Morou em São Paulo por sete anos, onde concluiu seu mestrado e doutorado em estatística pela USP, especializando-se em teoria da probabilidade. E foi lá que fez uma nova descoberta: “Na minha cidade na Argentina, não tinha isso de ser pesquisador em matemática, conheci esse mundo na USP”.

Fazer parte da USP é a maior conquista profissional de Pablo
Ele começou a explorar melhor esse cenário de pesquisa e veio fazer uma visita a São Carlos a convite de uma amiga que trabalhava na UFSCar. Adorou a cidade, a estrutura que era oferecida aqui e pensou: “O primeiro concurso que abrir no município irei prestar”. Foi o que aconteceu em 2012, quando passou a fazer parte do time do ICMC. Hoje, ministra aulas de probabilidade e processos estocásticos no Instituto e acha São Carlos um ótimo campo para desenvolver pesquisas.

Na opinião de Rodríguez, fazer parte da USP é sua maior conquista profissional, ainda mais porque ele não imaginava que um dia seria pesquisador. “A maior das recompensas é a possibilidade de conhecer e interagir com pesquisadores de várias partes do mundo, ver outras escolas, pensar de forma diferente”, afirma o docente. Em breve, o professor irá para a França, na Universidade Paris Diderot, onde dará início ao seu pós-doutorado.

Mapa mostra, em laranja, as regiões do mundo onde os professores do ICMC concluíram a graduação e, em vermelho, os destinos escolhidos para fazer pós-doutorado*

*Observação: Quando um professor contratado passa um período no exterior para se aprimorar, o termo adequado a ser utilizado é “período sabático” em vez de pós-doutorado, como é popularmente chamado no Brasil. O termo pós-doutorado deve ser empregado para se referir a quem vai estudar no exterior, após finalizar o doutorado, mas que ainda não tem uma posição permanente em uma instituição, seja como pesquisador ou professor universitário.


Texto e fotos: Henrique Fontes – Assessoria de Comunicação do ICMC


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segunda-feira, 8 de junho de 2015

ICMC no mundo: a história de estrangeiros que encontraram na USP mais do que um ambiente científico acolhedor

Pós-doutorandos vindos de diferentes partes do mundo contam por que escolheram estudar em São Carlos e revelam o que descobriram durante a jornada

Depois de um ano no ICMC, o paquistanês Noor decidiu que ficará no Brasil (foto: Denise Casatti) 


Em sua busca pela liberdade e pela ciência, ele encontrou o Brasil. “Sem liberdade, não é possível ser criativo nem pesquisar”, declara o paquistanês Sahibzada Waleed Noor. Na jornada, já correu o mundo: fez pós-doutorado na França e na Itália. Mas depois de um ano de pós-doutorado no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, encontrou o que tanto buscava: um ambiente propício para fazer ciência e construir novas amizades em meio à natureza. Hoje, não restam dúvidas: é no Brasil que Noor quer ficar.

Ele é um dos 19 pós-doutorandos estrangeiros que estão no ICMC atualmente e escolheram estudar no Instituto atraídos por um ambiente científico acolhedor. A maioria deles encontrou, no meio da trajetória, muito mais do que esperavam. Não é à toa que o número de pós-doutorandos estrangeiros no ICMC aumentou 171% entre 2010 e 2015. 

“Receber um pós-doutorando é um sinal do reconhecimento e da visibilidade das pesquisas e resultados que nós apresentamos”, explica o presidente da Comissão de Relações Internacionais (CRInt) do Instituto, José Carlos Maldonado. O objetivo para o futuro, segundo Maldonado, é que o Instituto atraía um número ainda maior de pós-doutorandos. “O ICMC está formando 50 doutores por ano em suas diversas áreas, então, esperamos alcançar aproximadamente esse número de pós-doutorandos a cada ano”, diz Maldonado.

A seguir, você vai conhecer a história da mexicana Haydée Cabrera, do alemão Werner Leyh e entenderá por que a liberdade é um conceito tão importante para Noor.

Da ciência ao altar Haydée Cabrera, nascida em Xalapa, no México, chegou ao ICMC em 2013 para atuar na área de Topologia de Sigularidades. Quando desembarcou no Brasil não imaginava que, além de fazer o que ama, iria encontrar alguém para amar. Há pouco tempo no país, a pesquisadora, que é graduada em matemática, se entrosou rapidamente com seu grupo de pesquisadores e foi quando Fabio Ruffino entrou em sua vida. O italiano havia acabado de terminar seu pós-doutorado no ICMC, mas a relação com os ex-companheiros de pesquisa permaneceu. 

O tempo foi passando, os dois se aproximaram, até que algo que nem a ciência consegue explicar aconteceu. Hoje eles estão noivos: “Eu nunca imaginei que meu futuro marido seria do outro lado do mundo e eu o encontraria aqui”, diz a mexicana. O casamento está marcado para o próximo mês de julho, na Itália, mas o casal pretende morar em São Carlos, pois hoje Fabio é professor da UFSCar.

Haydée escolheu o ICMC pela existência de um grupo de pesquisadores que atua no seu campo. Ela afirma que a área de matemática do Instituto é bastante conhecida no meio acadêmico mexicano. Sobre São Carlos, a pesquisadora parece já estar habituada ao município. “As pessoas são muito prestativas, simpáticas, gosto muito daqui, saímos bastante pela cidade”, finaliza.

Pós-doutorado e paixão: a mexicana Haydée conheceu o italiano Fabio no ICMC (foto: Paulo Arias)

A busca pela liberdadeNoor conta que a falta de liberdade foi um dos motivos que o levaram a deixar o Paquistão em busca de oportunidades em outros países. Ele explica que o país é dividido em quatro províncias e que, em cada uma, há o predomínio de uma etnia e de uma língua, além da língua nacional (urdu). Noor nasceu em Peshawar, capital da província Khyber Pakhtunkhwa, localizada no norte do país. “Eu amo o Brasil e a liberdade que existe aqui. No Paquistão, além da falta de liberdade religiosa, há a instabilidade política e social”, explica o pós-doutorando.

“Eu sempre fui fascinado pelo Brasil, desde que era criança. Adoro a geografia, a história, as belezas naturais, mas não ouvia falar muito sobre a capacidade do país no campo científico”, revela o pesquisador. Depois de completar sua graduação em matemática no COMSATS Institute of Information Technology, em Islamabade, a capital do Paquistão, Noor foi fazer doutorado em matemática em Lahore na Abdus Salam School of Mathematical Sciences. Foi lá que conheceu o francês Renaud Leplaideur, da Universidade de Brest, na França, que já mantinha uma parceria científica com o professor Ali Tahzibi, do ICMC. 

Além disso, durante os dois pós-doutorados que fez na Europa, Noor ouviu diferentes pesquisadores falando muito bem sobre a área de pesquisa em matemática no Brasil e a relevância da USP nesse contexto. O paquistanês pesquisa a interação entre análise complexa, teoria dos operadores e análise funcional. 

“Em toda a minha vida, eu nunca tinha feito tantos amigos quanto aqui no Brasil”, conta o pós-doutorando, que relata animado o quanto adora curtir a noite são-carlense em bares, casas noturnas e restaurantes da cidade. “Sou um fã das iguarias brasileiras. Tal como no Paquistão, os brasileiros adoram comidas oleosas, carnes e doces”, finaliza.

O alemão Werner está há um mês no Instituto (foto: Henrique Fontes)

Primeiras impressõesWerner Leyh, alemão da cidade de Tübingen, está apenas há um mês no ICMC como pós-doutorando na área de geoinformática aplicada à prevenção de desastres naturais, com foco em enchentes. Apesar do pouco tempo em São Carlos, a capital da tecnologia parece já ter convencido o pesquisador de que fez a escolha certa: “Eu adoro esse ambiente universitário e acadêmico que a cidade possui”.

No Brasil há mais de dez anos, Leyh é formado em automatização industrial, com mestrado e doutorado em robótica na Alemanha. Foi convidado a trabalhar no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, em São Paulo. Mais tarde, passou pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pelo Ministério do Planejamento, em Brasília, e pela Universidade Federal de Viçosa. 

Foi durante o trabalho na capital nacional que teve início sua relação com a Universidade de Heidelberg a partir de uma conferência que organizou, em que estava presente um consórcio, chamado Open Geospatial Consortium, composto por empresas, agências governamentais e universidades, que busca tornar a informação e os serviços espaciais úteis e acessíveis. A OGC sugeriu que o pesquisador estabelecesse uma parceira com a universidade alemã para atuarem na área de prevenção de catástrofes naturais.

Posteriormente, já trabalhando em São Paulo, Leyh conheceu o professor João Porto de Albuquerque, do ICMC, e hoje trabalham juntos no projeto ÁGORA. Coordenado por Albuquerque, o projeto busca desenvolver sistemas de informação colaborativos aplicados em desastres. “Escolhi o ICMC por causa desse trabalho na área de geoinformática e os estudos estão indo muito bem”, finaliza o alemão. 

Leyh não tem certeza de quanto tempo permanecerá no ICMC nem no Brasil. Mas talvez, ao longo de sua jornada no Instituto, também faça mais descobertas do que imaginava.

Mapa mostra a origem dos pós-doutorandos que estão atualmente no ICMC

Texto: Denise Casatti e Henrique Fontes – Assessoria de Comunicação do ICMC

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