A professora Solange Rezende realizou uma pesquisa de mineração de dados na base do Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore (PMGRN), que visa o melhoramento genético do rebanho e representa ganhos para pecuaristas e consumidores.
Por: Davi Pastrelo – Assessoria de Comunicação do ICMC
A pesquisadora do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), Profa. Dra. Solange Oliveira Rezende, realizou uma pesquisa de mineração de dados junto à base do Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore (PMGRN), mantida pela Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP). A pesquisa lhe rendeu o Prêmio Dr. Hélio Coelho de Mérito em Pesquisa, entregue no último dia 15 de abril.


Outra etapa da pesquisa foi a avaliação das forças de mercado que regem a comercialização de touros, que podem auxiliar o programa Nelore Brasil na gestão de relação com o cliente (CRM - Customer Relationship Management). Dentro desse contexto pesam alguns fatores como: ponto de venda (fazenda de origem), produto (touro), tipos do produto (categoria, variedade, idade) e qualidade do produto (perfil genético).
“A qualidade da base de dados tem sido confirmada pela certificação Global G. As fazendas certificadas que possuem gestão da qualidade dos dados aplicam de forma mais eficiente as técnicas de melhoramento animal e contribuem com o meio-ambiente. O Global G1 trata a qualidade da informação e isso, entre outros como a dedicação e aplicação dos criadores, agregam confiança à avaliação genética. Essa qualidade dos dados é fundamental para a mineração de dados. Todo animal é cadastrado no programa e pesado quatro vezes ao ano. Para se ter uma ideia, em 2008 eram mais de um milhão de animais cadastrados nesse banco de dados, de um total de 413 fazendas”, esclarece Solange.
A descoberta de conhecimento é realizada no LABIC-ICMC (Laboratório de Inteligência Computacional) na USP de São Carlos. Os dados são analisados e processados por algoritmos automáticos para extrair conhecimentos. Um dos objetivos é identificar as forças de mercado para a comercialização de touros, de acordo com seus padrões genéticos que interessariam mais aos criadores e ao consumidor final. Esses padrões ajudariam o programa na gestão com o client
A ANCP calcula e publica as DEPs (Diferença Esperada na Progênie), as Acurácias e o Índice MGT (Mérito Genético Total) dos touros geneticamente superiores das raças Nelore, Guzerá, Brahama e Tabapuã. Os dados coletados, calculados pelo programa juntamente com o conhecimento descoberto nessa pesquisa, auxiliam na escolha dos progenitores desta e a próxima geração. Para conhecer melhor os animais e descobrir conhecimento, foram utilizados dois padrões da base de dados do PMGRN: o perfil genético do animal e as DEPs. Esses dados foram enriquecidos com informações de mercado. Para isso, a pesquisa trabalhou com regras de associação para identificar nichos específicos para animais com características específicas. Por exemplo: para analisar evolução do mercado, foram usadas regras com dois itens, ano (antecedente) e DEP ou MGT (consequente), que são úteis para analisar mudanças de exigências dos clientes pelo Perfil Genético dos Touros.
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Profa. Solange Rezende |
As análises temporais nesta pesquisa visam, apenas, verificar perfis genéticos comercializados em determinados anos e meses com maiores movimentações comerciais das fazendas, não caracterizando tendências temporais. “Os top 0,1%”, estão 99,9% acima de todo o rebanho do programa. Esses dados podem ser usados para identificar uma característica de destaque no rebanho da fazenda, com isso criadores podem comprar sêmen de um touro com a característica diferenciada para a próxima geração. Por exemplo, um criador que possui um rebanho com fertilidade abaixo do esperado pode comprar sémen de um animal que possua diferencial para este perfil, e assim melhorar essa deficiência de seu rebanho nas próximas gerações”, completa Solange. “Em minha opinião, o grande desafio desses criadores é ter em seu rebanho animais de alto padrão, que sirva como matriz para os demais criadores.”
Nesse programa foram avaliadas tanto características boas como deficientes nos rebanhos dos pecuaristas. No segundo caso, sempre é omitido os nomes das fazendas. O programa de melhoramento genético deve sempre alertar o criador quando a “fazenda A”, tem mais da metade de seus animais comercializados com um baixo rendimento da terminação da carcaça, por exemplo.
O programa na verdade não é de manipulação genética, mas sim de coleta e análise visando melhoramento genético, pois não há somente a avaliação do perfil genético, como também o ambiente onde esse animal vive. O MGT (Mérito Genético Total) é um dos índices que fornece ao criador a oportunidade de escolher animais geneticamente superiores.