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terça-feira, 7 de maio de 2013

Scanner de gordura corporal desenvolvido no ICMC ganha versão compacta

Mudanças no projeto tornaram o equipamento mais leve e versátil


O AllBodyScan 3D, scanner de gordura corporal desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), na USP de São Carlos, ganhou uma nova versão, mais leve e compacta. O equipamento avalia o percentual de gordura corporal com maior precisão do que a tecnologia presente no mercado, e foi lançado no dia 21 de abril durante o Circuito SESC de Corridas, em São Carlos. Na ocasião, o scanner avaliou 162 participantes. 

162 participantes do Circuito
SESC de Corridas foram
avaliados pelo scanner
Após escanear o corpo todo em 30 segundos, o software calcula volume e altura e, complementado com dados como idade e sexo do avaliado, leva mais 30 segundos para processar o resultado final. O escaneamento é feito por meio de um sensor de infra-vermelho, o mesmo utilizado nos videogames modernos, que é fixado em uma torre, enquanto o avaliado permanece em pé sobre uma plataforma giratória. O software captura os dados volumétricos e gera um modelo tridimensional da pessoa. Para tanto, é necessário que esta esteja com trajes adequados, como roupas de ginástica, pois o volume das vestimentas pode influenciar na medição. A versão compacta do AllBodyScan 3D suporta até 250kg, o que possibilita sua utilização em pessoas com obesidade mórbida.

Mario Gazziro, coordenador do projeto, diz que as modificações em relação à primeira versão foram mínimas. “A principal modificação foi a redução do tamanho, consumindo agora apenas dois metros quadrados de área, enquanto o outro modelo ocupava sete metros. Essa diminuição de tamanho foi possível, pois nessa nova abordagem, nós giramos o avaliado sobre o próprio eixo, em 180 graus. Na versão original, um poste com os sensores é era rotacionado 270 graus ao redor do avaliado por meio de um trilho circular, o que tornava o equipamento grande”, revelou.


Gazziro, que iniciou a pesquisa há mais de dez anos, garante que a precisão do aparelho é idêntica à do original, pois depende apenas do software e dos sensores, que continuam os mesmos. “Continuamos com a meta de 1% de margem de erro na avaliação da gordura, sendo que, como novidade, esse novo scanner também vai avaliar a massa muscular e a massa óssea - com percentual de erro de 5%”, explicou o pesquisador. Essa precisão chega próxima ao que especialistas chamam de “padrão-ouro”, o mais preciso método de medição de gordura corporal, por pesagem hidrostática em tanque d’água.

Modelo do laudo fornecido pelo sistema
Outro cálculo que é feito pela nova versão do equipamento é o de peso corporal, por meio da medição da superfície. A margem de erro é de 200 gramas para uma pessoa de biotipo médio (considerando um homem com 80 quilos). O software também armazena, exibe e permite exportar esses dados para outros sistemas. 

Lançamento no mercado - O scanner passará a ser comercializado a partir do segundo semestre de 2013. As encomendas poderão ser feitas durante a feira Fitness Brasil, que ocorrerá entre os dia 5 e 7 de setembro, em São Paulo. Segundo Gazziro, o AllBodyScan 3D custará na faixa de 70 mil reais, e seu uso será voltado para academias de ginástica. “Esse preço ainda pode sofrer ajustes por conta das indústrias parceiras que vão realizar a produção e comercialização. Aos pesquisadores envolvidos - professores, alunos, instituições de fomento e universidade - cabe um percentual do lucro repassado em forma de royalties definido em convênios”, completou. O desenvolvimento do sistema contou com o apoio de especialistas clínicos e pesquisadores das áreas de computação, biomedicina e engenharia.

Demonstração - O público poderá conhecer o scanner de perto no próximo dia 15 de maio, a partir das 14 horas, durante a Visita Monitorada ao ICMC. As inscrições podem ser feitas gratuitamente pela internet, através do link: http://goo.gl/oqj68

Texto: Maristela Galati / Fotos: Neylor Fabiano - Assessoria de Comunicação do ICMC

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Fórum no ICMC discute possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas brasileiras

Participantes concluíram que o sistema atual está sujeito a fraudes, e encaminharam ao TSE um memorando apoiando a transição para um sistema mais seguro


Na última quarta-feira, 17 de abril, o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) promoveu o 1.º Fórum Nacional de Segurança em Urnas Eletrônicas. O evento foi realizado no auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano, no campus USP de São Carlos, e contou com especialistas em política e em segurança da informação, que discutiram as possibilidades tecnológicas de ocorrência de fraudes nas urnas eletrônicas utilizadas no Brasil. 

Na abertura, o diretor do ICMC, José Carlos Maldonado, agradeceu a presença dos participantes e destacou a relevância do evento: "É um tema de importância nacional e mesmo internacional, pois os destinos do Brasil impactam os do mundo. O ICMC fica muito orgulhoso de sediar essa iniciativa", acrescentou.

O fórum foi iniciado com a palestra do engenheiro Amilcar Brunazo Filho, especialista em segurança de sistemas de informática e moderador do fórum VotoSeguro.org. Ele apresentou os princípios básicos de um sistema eleitoral tradicional eletrônico, e levantou o conflito entre os princípios da inviolabilidade absoluta do voto e da publicidade: “O autor do voto deve ser absolutamente secreto, mas o conteúdo do voto deve ser absolutamente público”, completou. Discorreu também sobre a disponibilidade absoluta. “É necessário que se faça um sistema seguro, mas com objetivo social. O sistema não pode falhar”. 

O especialista apresentou ainda o trâmite do projeto de lei cujo artigo 5º regulamentaria o avanço da segurança das urnas brasileiras para a chamada segunda geração, permitindo a auditoria dos resultados por meio da impressão da cédula do voto, bem como suspensão sumária desse artigo pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) logo após a sanção da lei, com alegações de ordem técnica e jurídica.

Ao finalizar sua apresentação, Brunazo Filho emocionou-se ao ver que a mobilização em torno da luta que há tanto tempo tem travado, até hoje com pouco apoio. “A minha expectativa é sensibilizar alguns dos que estão presentes aqui. Gostaria de ver no meio acadêmico uma iniciativa por parte de vocês”, finalizou.

Na segunda palestra, o professor Diego Aranha, da Universidade de Brasilia (UnB), apresentou os detalhes de seu relatório técnico sobre a segurança das urnas eletrônicas, resultado de testes feitos em 2012 por meio de edital do próprio TSE. Segundo o pesquisador, sua equipe conseguiu, com sucesso, atingir o nível de fraude do sistema, pois recuperou a lista de votação completa durante o tempo de análise da urna, além de descobrir que um número muito importante para decodificar todo o registro de votos era justamente a hora de inicio de operação da urna, informação pública, impressa nos boletins de urna que são enviados aos partidos.

O palestrante destacou que o TSE não considerou o ataque como sendo capaz de causar fraude, e sim de causar apenas falhas no sistema da urna, o que, segundo Aranha, não corresponde com os reais feitos de sua equipe. Os membros da banca do edital concordaram com o feito técnico da equipe da UnB e a entenderam o ataque como um sucesso na execução de fraude, demonstrando a fragilidade do sistema de segurança das urnas. Aranha informou que sua equipe apresentou um relatório técnico ao TSE para adequação de todas as irregularidades nas urnas. Segundo ele, o TSE respondeu dizendo que tais requisitos haviam sido atendidos, porém, não divulgou um boletim informando quais detalhes e procedimentos haviam sido tomados. 

Da esq. para a dir.: Kalinka Castelo Branco, Diego Aranha, Mario Gazziro,
Pedro Ribeiro, Oscar Marques, Vilson Palaro Jr. e Amilcar Brunazo Filho

Mesa redonda e resultados

Após as palestras, teve início uma mesa redonda que contou com a participação de Pedro Floriano Ribeiro e Maria do Socorro Braga, pesquisadores em ciência política da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Kalinka Castelo Branco e Mario Gazziro, docentes do ICMC, e Oscar Marques, do Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO). Participou também do debate Vilson Palaro Junior, juíz de direito civil e juiz eleitoral de São Carlos. 

Após o debate, a conclusão dos participantes do evento foi que as fraudes podem realmente acontecer, passando despercebidas pela justiça eleitoral. A partir dessa informação, um memorando de apoio ao  projeto de lei que obriga a transição para urnas de segunda geração foi preparado pelos participantes do fórum e será encaminhado ao TSE, em Brasília. O documento na íntegra está disponível em http://goo.gl/BhFgH.

A discussão deve continuar. Os organizadores pretendem realizar em 2014 um congresso nacional de segurança do voto eletrônico, com inscrição de trabalhos, estendendo o tema aos sistemas de transmissão de informações eleitorais, sistemas de totalização de votos, servidores de exibição dos resultados parciais e de pesquisas na web.

A filmagem com a íntegra das palestras e da mesa redonda do fórum está disponível no canal do ICMC no YouTube: http://youtu.be/4_706EoJMjU

Por: Maristela Galati - Assessoria de Comunicação do ICMC