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terça-feira, 5 de maio de 2015

Pesquisadores do ICMC ajudam a mapear áreas destruídas do Nepal

Grupo de pesquisadores do Instituto usa programa de mapeamento para orientar as forças humanitárias que atuam em Katmandu

Os mapas produzidos são disponibilizados em um banco mundial de dados
Identificar ruas, prédios, pontes e estradas no Nepal por meio de imagens de satélite, contribuindo para ajudar as forças humanitárias que estão atuando no local. Esse é o objetivo de um grupo de pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.

Após ser atingido por um terremoto que devastou grande parte do território e afetou 8 milhões de pessoas, o Nepal prioriza agora o atendimento aos sobreviventes. O número de desalojados que precisam receber mantimentos e remédios é enorme e o mapeamento realizado pelos pesquisadores é importante para otimizar o trabalho das forças humanitárias e, a longo prazo, para ajudar na futura reconstrução do país.

O professor João Porto de Albuquerque, coordenador da iniciativa no ICMC, explica que o mapeamento está relacionado a um projeto que o Instituto desenvolve em parceria com a Universidade de Heidelberg, na Alemanha, desde 2011. Essa parceira possibilitou a utilização de uma plataforma de mapas colaborativos, a partir do software livre OpenStreetMap, que é capaz de mapear regiões em situação de risco. “Através da plataforma, nós produzimos mapas colaborativos e conseguimos colocar no território os elementos que, antes, existiam ali, como, por exemplo, prédios. Isso ajuda a fazer a coordenação logística das operações de resgate e assistência às pessoas”, revela Albuquerque.

A parceira entre o ICMC e a Universidade de Heidelberg deu origem a um grande projeto, chamado Geospatial Open collaboRative Architecture for Building Resilience against Disasters and Extreme Events (ÁGORA), que atua em prol da gestão de sistemas de informação colaborativos aplicados em desastres. Financiado pelas principais agências de fomento à pesquisa do país (FAPESP, CNPq e Capes), o ÁGORA dedica-se especialmente ao estudo das enchentes que atingem o Brasil.

Outra relevante ferramenta desenvolvida em Heildelberg como parte desse projeto e que está sendo empregada agora no Nepal é um sistema de roteamento que possibilita considerar, no planejamento de uma rota, ruas que estejam bloqueadas por escombros ou estradas que racharam devido aos tremores, ressaltando os elementos críticos existentes no local, tais como hospitais e escolas.

“Esse roteamento considera as informações do OpenStreetMap e consegue traçar uma rota alternativa, caso algum caminho esteja bloqueado”, afirma Albuquerque. Dessa forma, o programa de alimentação das Nações Unidas (World Food Program) e o Kathmandu Living Labs, grupos que atuam no local e com os quais os pesquisadores estão frequentemente em contato, podem ter acesso a essas informações por meio da ferramenta, que reúne um banco mundial de dados.

Considerando que o Nepal é uma área com grande risco de abalos sísmicos, a parceira entre os pesquisadores do projeto ÁGORA e o Kathmandu Living Labs começou há três anos, quando passaram a ser realizados mapeamentos colaborativos preventivos na região. Após o desastre, essa ação se intensificou.
Os pesquisadores mapeiam o território nepalês e indicam a melhor logística de atuação das forças humanitárias
Quem são eles - No grupo de pesquisadores do ICMC que está atuando no mapeamento do Nepal, há alunos de graduação e de pós-graduação. Além de todo o aspecto humanitário do trabalho que estão realizando, a iniciativa ajuda os estudantes a compreenderem como essa tecnologia pode ser aplicada em outras situações semelhantes de catástrofes no cenário nacional e internacional. 

O aluno de doutorado Roberto Rocha está empolgado com o aprendizado obtido: “Foi uma ótima missão ajudar as vítimas dessa tragédia. É muito importante trabalharmos com pesquisa aplicada”, conta o aluno.

As redes sociais também são monitoradas. Se algum usuário, por exemplo, postar uma foto que mostre estragos, é possível fazer a geolocalização da imagem e adicionar a informação ao mapa. Desde a catástrofe, no dia 25 de abril, milhares de estradas e prédios foram registrados pelo programa. 

No mundo, já são mais de quatro mil voluntários que, assim como os pesquisadores do ICMC, ajudam a fazer o mapeamento. No ICMC já existem mais de 50 voluntários integrando essa rede mundial de solidariedade que realiza eventos de mapeamento no mundo inteiro.

Os trabalhos prometem continuar por muitos dias. Mas se depender do estudante de mestrado do ICMC Raul Castanhari, não vai faltar disposição para continuar ajudando: “É prazeroso estar num projeto desses, ver os resultados do seu trabalho levando benefícios à sociedade é muito motivador”, finaliza o estudante.

Texto: Denise Casatti e Henrique Fontes – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

Mais informações
Sobre o mapeamento no ICMC: http://www.agora.icmc.usp.br/site/noticias/
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Projeto une pesquisadores do Brasil e da Alemanha na busca pelo combate e prevenção às enchentes

Objetivo é construir ferramentas para melhorar a disponibilidade e a qualidade da informação destinada a monitorar e analisar riscos de inundação, contando com a participação da população por meio do Observatório Cidadão de Enchentes


Há quatro pesquisadores no Brasil atuando no projeto
O Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, e a Universidade de Heidelberg, na Alemanha, estão desenvolvendo um projeto conjunto que visa prevenir desastres naturais, com foco nas enchentes. Financiado pelas principais agências de fomento à pesquisa do país (FAPESP, CNPq e Capes), o projeto tem como objetivo construir ferramentas para melhorar a disponibilidade e a qualidade da informação destinada a monitorar e analisar riscos de inundação, apoiando a tomada de decisão na gestão desses riscos. 

O diferencial do projeto é a ideia de unir a perspectiva da ciência, da população e do governo, já que os dados coletados são provenientes de várias fontes, envolvendo cidadãos, pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, especialistas em gerenciamento de risco de inundação e representantes de agências governamentais. Entre as várias ferramentas que compõe o projeto está o Observatório Cidadão de Enchentes, uma plataforma colaborativa na web que pode ser usada por qualquer cidadão e da qual todos podem participar (disponível em www.agora.icmc.usp.br/enchente). Por meio dessa plataforma, a população poderá relatar o nível da água no leito dos rios e a extensão de áreas alagadas. 

“A ideia é que os cidadãos comuns possam usar a internet ou aplicativos móveis para comunicar desastres a qualquer momento”, contou o professor do ICMC e coordenador do projeto, João Porto de Albuquerque. Segundo ele, há dois tipos de dados que são coletados da população: aqueles que vêm dos cidadãos comuns por meio do Observatório e os que são provenientes de voluntários previamente cadastrados. “Os voluntários pré-cadastrados, que podem ser voluntários da defesa civil, por exemplo, receberão um treinamento para atuar na obtenção de dados de qualidade para o combate às enchentes, levantando informações sobre o nível atual de rios, áreas alagadas, pontos de bloqueio de tráfego, vítimas e infraestrutura destruída”, explicou. 

De acordo com Albuquerque, a diferença maior entre os dois grupos é a credibilidade da informação. No caso dos cidadãos comuns, os dados devem ser checados e, no segundo caso, há um treinamento para que sejam obtidas informações de qualidade.

Infográfico resume como projeto funcionará

Inspiração grega – Para compreender melhor o escopo do projeto, vale analisar seu nome completo em inglês A Geospatial Open collaboRative Architecture for Building Resilience against Disasters and Extreme Events. Ao realizar uma abreviação do nome em inglês, fazendo um jogo de palavras com suas letras iniciais, chega-se à ÁGORA, o título mais usado pelos pesquisadores ao se referirem ao projeto. É dos gregos, portanto, que vem essa palavra e também a inspiração para a criação do projeto, afinal, a “ágora” era o lugar para os cidadãos das antigas cidades gregas dedicarem-se às discussões políticas e também um centro para o desenvolvimento esportivo, artístico e espiritual. A ágora de Atenas, por exemplo, é considerada o berço da democracia.

Os pesquisadores envolvidos no projeto destacam que o ÁGORA não irá apenas prover informações para a tomada de decisões dos governantes em situações de risco, mas também vai agregar valor aos dados obtidos, que passarão a ser disponibilizados de forma padronizada e aberta a todos os interessados.

Atualmente, Albuquerque desenvolve pós-doutorado na Universidade de Heidelberg, na Alemanha, com bolsa do Programa Ciência sem Fronteiras. Ele está trabalhando especificamente na construção de uma plataforma de mapas colaborativos, a partir do software livre OpenStreetMap, para identificar elementos críticos em ameaça, como em hospitais, escolas, distribuidores da rede elétrica, etc. Essa plataforma será destinada ao uso dos voluntários que receberão treinamento específico. “Quando identificamos que uma área está ameaçada de ser alagada, é importante verificar, para o combate às enchentes, se existem elementos críticos que estão ameaçados no local. É aí que entra o nosso método, pois possibilitamos às autoridades competentes a visualização do impacto que uma enchente pode causar, por exemplo, atingindo escolas ou hospitais que precisam ser evacuados. Então, é possível realizar ações de proteção adequadas para salvar vidas e evitar prejuízos”, salientou.

O ÁGORA também capta os dados dos sensores para enchentes, tecnologia desenvolvida no ICMC pelo professor Jó Ueyama. Tratam-se de equipamentos destinados a detectar enchentes em rios e córregos de São Carlos por meio de uma rede de sensores sem fio. "Os nossos sensores coletam dados sobre o nível do rio e a quantidade de chuva. Essas informações são repassadas para o banco de dados do ÁGORA", acrescentou Ueyama.

Parceria com Heidelberg – Tudo começou com uma visita técnica que Albuquerque fez à Universidade de Heidelberg, em junho de 2011, ao grupo do professor alemão Alexander Zipf, seguida de uma estada de três meses no país com financiamento da Fundação Alexander von Humboldt. Desde então, Zipf passou a ser o coordenador do ÁGORA na Alemanha.

Em 2013, Albuquerque recebeu bolsa de estágio para o exterior da FAPESP, válida até janeiro deste ano. Recentemente, o professor obteve outra bolsa, desta vez para atuar como professor visitante até 2017 no Instituto de Geografia da Universidade de Heidelberg, com recurso da própria universidade por meio da Deutsche Forschungsgemeinschaft.

Albuquerque destaca também a contribuição do ÁGORA para o projeto temático da FAPESP “Assessment of Impacts and Vulnerability to Climate Change in Brazil and Strategies for Adaptation Options” (IVA), estreita colaboração estabelecida com o grupo do professor Eduardo Mario Mendiondo, do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos (DHS/EESC).

Atualmente, trabalham no ÁGORA, também, estudantes de graduação e pós-graduação alemães e brasileiros: Benjamin Herfort e Svend-Jonas Schelhorn são da Universidade de Heidelberg; Caio Correia, Flávio Horita, Lívia Degrossi, Luiz Fernando de Assis, Raniéri Moreira e Raul Castanhari são do ICMC. Assis está, no momento, na Alemanha, com Bolsa Estágio de Pesquisa no Exterior da FAPESP. Já o doutorando Horita está construindo um sistema de apoio à decisão para monitoramento on-line dos sensores, enquanto a doutoranda Degrossi trabalha diretamente com o Observatório Cidadão de Enchentes; Castanhari desenvolve uma arquitetura de software para gerenciar as informações do projeto e o mestrando Moreira iniciou recentemente trabalho com aplicativos móveis para que a população possa fornecer dados via celular. Correia possui bolsa de iniciação científica e assessora todos os demais participantes dessa grande ágora.

Porto, Assis e Zipf no laboratório da Universidade de Heidelberg
Texto: Ronaldo Castelli – Assessoria de Comunicação ICMC/USP

Mais informações
Site do ÁGORA: www.agora.icmc.usp.br
Observatório Cidadão de Enchentes: www.agora.icmc.usp.br/enchente
Assessoria de Comunicação do ICMC
Telefone: (16) 3373-9666