quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Pesquisadora do ICMC desenvolve softwares de ensino à distância e presencial

Por: Davi Marques Pastrelo


Atuando como docente do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), na USP em São Carlos, a Profa. Dra. Ellen Francine Barbosa desenvolve softwares de ensino à distância e presencial. O projeto, desenvolvido junto ao Departamento de Sistemas de Computação do ICMC, aborda a utilização de mecanismos de apoio à atividade de modelagem de conteúdos e de processos sistemáticos para o desenvolvimento de módulos educacionais, aplicados tanto em ambientes presenciais de ensino quanto em plataformas multimídia e interativas, como web e TV digital.

Ellen explica que o objetivo do projeto é atender professores e alunos de ensino fundamental, médio e superior, sendo o processo de produção de materiais didáticos composto de várias etapas. Dentre elas, destaca-se a modelagem de conteúdos, o teste e posteriormente a veiculação e disponibilização do material produzido, em sala de aula ou na web.

Uma limitação comum à maioria dos ambientes educacionais está relacionada ao fato de concentrarem-se apenas na criação de estruturas gerais e no armazenamento e controle de acesso ao material didático sem oferecer suporte à atividade de modelagem do conteúdo. Neste contexto, foram identificados requisitos e perspectivas para a modelagem de conteúdos, e uma abordagem integrada IMA-CID (Integrated Modelling Approach - Conceptual, Instructional and Didatic) envolvendo diferentes aspectos associados à modelagem conceitual, instrucional e didática também foi proposta. Basicamente, em nível conceitual, mapas conceituais estendidos são utilizados, enquanto em nível instrucional e didático adotam-se os formalismos de statecharts, ou diagramas de transição de estados, que são a representação do estado ou situação em que um objeto pode se encontrar no decorrer da execução de processos de um sistema. 

Profa. Ellen Barbosa
“A computação há muito tempo é vista como um importante recurso para a educação. Com a popularização dos computadores e melhorias nos acessos e velocidade de internet, TV digital e outras tecnologias, vislumbra-se a disseminação de práticas pedagógicas baseadas na interação e colaboração entre aprendizes, explica Ellen”. 

Visando incorporar à abordagem aspectos relacionados ao reuso e compartilhamento de conteúdos educacionais com ênfase na construção e distribuição dos modelos estendidos desenvolvidos, foi proposta a AIM-Tool, uma ferramenta que fornece mecanismos para a geração automática dos conteúdos modelados em diferentes formatos, dentre eles documentos em PDF, páginas em HTML, slides em Power Point, entre outros.

“Há requisitos diferentes para o ensino à distância e presencial. No ensino a distância, por exemplo, o material tem que ser motivador e esclarecedor de modo que o aluno, mesmo sem a presença do professor, seja capaz de entender o assunto abordado. Também é importante dar opções de navegação ao aluno, que sejam pedagogicamente corretas”, completa Ellen. 

A modelagem é importante no sentido de estruturar o conteúdo e de dar opções variadas e pedagogicamente corretas de navegação. “É o que chamamos de especificação aberta, pois o material possui links para todos os pontos e a partir daí a decisão fica a critério do aluno. Não se trata exatamente de um software, mas de uma abordagem pedagógica”, analisa Ellen. 

O trabalho desenvolvido pela docente e seus alunos tem sido aplicado no desenvolvimento de módulos educacionais, em especial no contexto do CCSL-ICMC (Centro de Competência em Software Livre) e do Centro de Ensino e Treinamento do INCT-SEC (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sistemas Embarcados Críticos). Entre os domínios de conhecimento a explorados destacam-se: teste de software, engenharia de software, fundamentos de programação, redes de computadores, software livre, sistemas embarcados críticos e matemática em nível fundamental.

Por fim, Ellen salienta a ideia de material didático livre e a adoção de um modelo colaborativo e distribuído de desenvolvimento, a exemplo do que já ocorre com software. “Esperamos com isso que os usuários do material didático, tanto professores quanto alunos, possam colaborar efetivamente na produção e evolução dos conteúdos, resultando em materiais mais dinâmicos, confiáveis e de qualidade”, finaliza Ellen.

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