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quinta-feira, 16 de junho de 2016

Mobilizações nas redes sociais levantam discussão sobre acessibilidade virtual

O uso das tecnologias assistivas também vem sendo discutido, como o projeto Facilitas Player, desenvolvido por aluna de doutorado e aluno de iniciação científica, ambos da USP, que conquistou o segundo lugar no Prêmio Nacional de Acessibilidade na Web (Todos@Web)


Tela do Facilitas Player com alguns recursos ao lado

Quando deu início às pesquisas para desenvolver sua tese de doutorado, defendida em maio deste ano, a aluna Johana Rosas, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, percebeu que não existia naquela época nenhum reprodutor de vídeos acessíveis para deficientes visuais ou auditivos. Foi então que nasceu a ideia de criar o Facilitas Player, uma ferramenta que disponibiliza vídeos com conteúdo alternativo (legenda, audiodescrição, transcrição e linguagem de sinais) para pessoas com deficiência ou idosos. O programa oferece diversas funções, como mudar o tamanho, a cor ou o fundo da legenda, adicionar anotações ao longo do vídeo, mudar o idioma e buscar palavras. Desenvolvido por Johana, em conjunto com o aluno de iniciação científica, Bruno Ramos, também do ICMC, o projeto recebeu o segundo lugar em um dos maiores prêmios de acessibilidade virtual do País, o Todos@Web, em 2014.

Ainda assim, de acordo com Johana, enquanto aprofundava seu projeto de doutorado, ela percebeu que o Facilitas sozinho não seria suficiente. “Quando fiz testes com usuários que eram autores de vídeos, surgiu a necessidade de ter uma ferramenta para criação de transcrição, e foi assim que nasceu o Transcript4All”, conta. Esse programa tem como objetivo ensinar produtores amadores de vídeo a tornar seus vídeos mais acessíveis. Além de possibilitar que o produtor faça a transcrição de qualquer vídeo salvo no computador ou que esteja no YouTube, o T4A, como ficou conhecida a ferramenta, oferece orientações de como fazer a acessibilidade corretamente.

Nos últimos meses, hashtags como #AcervoAcessível e #FacebookAcessível tomaram conta das redes sociais, retomando a discussão sobre a importância da inclusão de pessoas com deficiência no meio virtual. A ideia dessas hashtags é que cada usuário que poste uma imagem faça um breve texto descrevendo-a e explicando seu sentido, para que pessoas com deficiência visual possam ter acesso a ela através de leitores de tela.

Facilitas Player, uma ferramenta que disponibiliza vídeos com conteúdo alternativo
(legenda, audiodescrição, transcrição e linguagem de sinais) para pessoas com deficiência ou idosos

Professor do curso de Sistemas da Informação na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, Daniel Cordeiro explica que a maioria das tecnologias assistivas para deficientes visuais funcionam a partir de sintetizadores de voz. Essas ferramentas descrevem textualmente elementos da interface gráfica da tela, utilizando o sintetizador para gerar uma representação audível daquela descrição. Por conta disso, os deficientes enfrentam muitas dificuldades ao navegar pela Internet. “As páginas na Internet são projetadas para que sejam visualmente atraentes. Isso significa usar recursos multimídia mais atrativos, como imagens ou animações, no lugar de texto, o que atrapalha o funcionamento das tecnologias assistivas”, explica o professor.

No Brasil, a garantia da acessibilidade virtual é obrigatória e foi determinada pela Lei 13.146/2015 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI) ou Estatuto da Pessoa com Deficiência – com outras medidas de acessibilidade. No entanto, a grande maioria das páginas na Internet ainda não estão de acordo com essa lei, como explica Katia Regina Cezar, que realizou pesquisas na área de inclusão de pessoas com deficiência e é atualmente doutoranda em Direito do Trabalho pela Faculdade de Direito da USP. Para ela, o estatuto trouxe maior visibilidade social para os direitos das pessoas com deficiência, mas, por conta da falta de conscientização e de mecanismos efetivos de fiscalização, não foi suficiente. “A negativa de acesso à informação e comunicação às pessoas com deficiência afeta diretamente o direito à cidadania, dificultando ou até mesmo impedindo sua participação social. É importante mencionar que a negativa de acesso é considerada atitude discriminatória”, adiciona.

Katia diz ainda que a inclusão digital é um dever e um direito de todos. “O Estado e as empresas poderiam oferecer cursos gratuitos de audiodescrição, e o ensino obrigatório do idioma libras poderia ser incluído no currículo da rede regular, como o do português. Estas questões podem ser facilmente fundamentadas na Lei Brasileira de Inclusão”, afirma. Johana concorda que todos devem participar, mas lamenta que muitos clientes, na hora de contratar um serviço, não façam questão de garantir que o site encomendado seja acessível. “Acontece que os desenvolvedores de websites não conhecem acessibilidade”, diz. “Ano passado fizemos um questionário e muitos nem sabiam o que era, outros explicavam que demora muito implementar.”

Cordeiro, por sua vez, acredita que estamos no caminho certo. Ferramentas que utilizam inteligência artificial para reconhecer e descrever imagens já estão sendo desenvolvidas, e são indicativos positivos de que as tecnologias assistivas ainda têm muito o que avançar. “A dificuldade agora é fazer com que seja possível disponibilizar essa tecnologia ao grande público. Para oferecer serviços desses em grande escala é preciso de muito investimento”, afirma. “É um processo lento, dificultado pela criação contínua de novas tecnologias, que muitas vezes se tornam populares antes que as suas implicações em problemas de acessibilidade sejam compreendidas. Mas é preciso conscientizar os desenvolvedores e mostrar que preocupações com acessibilidade devem ser prioridade.”

Texto: Leticia Fuentes - Jornal da USP

Mais informações
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Ferramenta acessível para visualização de vídeos conquista segundo lugar no Prêmio Nacional de Acessibilidade na Web

Premiados participaram de cerimônia em São Paulo no auditório do Memorial da Inclusão

Desenvolvido no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, o projeto Facilitas, um reprodutor de vídeos acessível conquistou o segundo lugar no 3º Prêmio Nacional de Acessibilidade na Web, o Todos@Web, na categoria Aplicativos e Tecnologias Assistivas. O projeto foi desenvolvido pela doutoranda Johana Rosas e pelo estudante recém-formado em ciências de computação Bruno Ramos, durante sua iniciação científica. Ambos foram orientados pelos professores Rudinei Goularte e Renata Pontin, do ICMC.

O projeto Facilitas surgiu a partir da constatação de que a disponibilidade de conteúdo de vídeo na web está crescendo rapidamente devido aos avanços das tecnologias multimídia e da grande quantidade de páginas na internet de compartilhamento de vídeo. Para que qualquer usuário possa acessar esse conteúdo, independentemente da limitação que apresente, seja uma deficiência ou alguma restrição momentânea, os pesquisadores criaram o Facilitas Player. A ferramenta pode ser usada por qualquer pessoa para reproduzir um vídeo numa página web. Para isso, basta fazer o download no link http://facilitasplayer.com.

Durante o desenvolvimento do projeto, diversas pesquisas foram realizadas com usuários reais (com e sem limitações), procurando identificar os pontos negativos e positivos dos atuais reprodutores de vídeo, além de testar as novas funcionalidades do Facilitas Player. “Um desses testes foi realizado com 15 idosos que participavam de aulas de informática na Fundação Educacional São Carlos. Outro teste contou com a participação de usuários com deficiência visual”, conta Goularte.

Entre as funcionalidades disponíveis no Facilitas estão controles como reproduzir, pausar, parar, ajustar o volume, redimensionar a janela de exibição, retroceder ou avançar 10 segundos, habilitar ou desabilitar legendas, mudar o tamanho, fonte e cor da legenda e a cor do fundo da legenda. O reprodutor permite, ainda, realizar a busca de palavras ou frases na legenda do vídeo, apresentando como resultado da busca uma lista com o tempo e a frase relacionada com o texto inserido. Nas configurações do reprodutor, também é possível mudar o idioma, sendo oferecidas duas opções: português e inglês. O Facilitas possibilita, ainda, acesso ao vídeo pelo teclado e a inserção de anotações. Esse tipo de funcionalidade permite encontrar um trecho do vídeo de forma direta e, segundo os testes com os usuários, é muito bem-vindo no momento de assistir a tutoriais, noticiários ou vídeos que relatem o passo-a-passo para realizar uma tarefa. 

Além disso, existe a função chamada "desligar as luzes", que possibilita centrar o reprodutor na tela e esconder o resto do conteúdo da página, de forma que o destaque seja somente o vídeo. Outra funcionalidade relevante para pessoas que têm deficiência visual é a opção de áudio descrição. Atualmente, o Facilitas encontra-se disponível no site GitHub (https://github.com) com a licença open-source BSD 3, possibilitando que outros pesquisadores possam colaborar com o projeto e aprimorar a ferramenta.

Sobre o Todos@Web – O Prêmio Nacional de Acessibilidade na Web, o Todos@Web, é uma iniciativa do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e do W3C Brasil – órgão internacional responsável pelos padrões utilizados na web em todo o mundo. O prêmio também tem apoio governamental por meio da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) e da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo. O objetivo da iniciativa é promover a acessibilidade do conteúdo web para melhorar a inclusão de pessoas com deficiência no acesso a diversos serviços ofertados na internet, incluindo educação, lazer, compras, finanças, dentre inúmeros outros. 

A cerimônia de premiação da terceira edição aconteceu dia 4 de dezembro, no auditório do Memorial da Inclusão, em São Paulo. Além de ganhar um troféu e ter seu trabalho exibido em publicação do W3C.br, os alunos do ICMC receberam R$ 3 mil.

Na segunda edição do prêmio, outros dois alunos do ICMC tiveram seus trabalhos reconhecidos: Filipe Grillo desenvolveu a ferramenta AWMo: Accessible Web Modeler durante o mestrado no ICMC e ficou em segundo lugar na categoria Aplicativos e Tecnologias Assistivas; e William Watanabe ficou em terceiro lugar na mesma categoria, com o trabalho Aria-check, resultado de seu doutorado. Ambos foram orientados pela professora Renata Pontin.

Na primeira edição do prêmio, o reconhecimento foi alcançado pelo projeto AccessibilityUtil, desenvolvido no ICMC em parceira com o Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Goiás, que também ficou em segundo lugar na categoria Aplicativos e Tecnologias Assistivas. O projeto foi desenvolvido por Thiago Jabur Bittar e Leandro do Amaral sob orientação da professora Renata.

Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação do ICMC

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Site do Prêmio: http://premio.w3c.br/sobre
Site do Facilitas Player: http://facilitasplayer.com
Assessoria de Comunicação: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br