quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Game utiliza leguminosas para falar sobre nutrição e biologia

O objetivo do jogo é impedir que os inimigos percorram caminhos em um mapa

Neste jogo estilo tower defense, as próprias leguminosas fazem o papel de torres e atacam seus inimigos naturais

Lentilha, feijão, grão-de-bico, ervilha, soja e amendoim. Nem todo mundo é fã dessas leguminosas, mas elas têm um papel fundamental na alimentação e até mesmo na fertilidade do solo. Para comemorar o Ano Internacional das Leguminosas, instituído pela ONU em 2016, e reforçar a importância delas e de alguns conceitos de biologia envolvidos em seu cultivo, a Agência Ciência Web, um projeto do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP – Polo São Carlos, criou o jogo Sasonimugel. Ele já está disponível no Portal Ciência Web.

Mas de onde vem esse nome tão peculiar? “Na verdade, Sasonimugel nada mais é do que a palavra ‘leguminosas’ escrita ao contrário. Também quis dar a sensação de algo relacionado a sazonal, uma característica desses tipos de cultura”, explica Márcio Gonçalves de Araújo, estudante do curso de Estatística do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP em São Carlos. Ele é responsável pelo desenvolvimento do jogo e bolsista de iniciação científica da agência.

Sasonimugel faz parte da categoria tower defense, um subgênero de videogames de estratégia em tempo real. O objetivo desse tipo de jogo é impedir que inimigos percorram caminhos em um mapa. Ao longo desses caminhos, há torres que atiram nos inimigos enquanto eles passam. No caso do game, essas torres são representadas por ervilhas, sojas, grãos-de-bico, amendoins, feijões e lentilhas.

Tela inicial do jogo, cuja inspiração é o Ano Internacional das Leguminosas

As características de cada uma delas no jogo foram pensadas a partir de informações nutricionais. Outros dois integrantes da equipe da Agência Ciência Web, o estagiário Gevair Norberto de Souza e a bolsista de iniciação científica Ana Laura Junqueira, ambos alunos do curso de Licenciatura em Ciência Exatas da USP em São Carlos, fizeram um levantamento dessas informações para Araújo, que também levou em consideração a popularidade de cada leguminosa para atribuir um alcance de ataque. “Por exemplo, o feijão, que é um produto largamente consumido no Brasil, tem o maior alcance do jogo”, diz ele.

Os recursos do jogador para instalar cada leguminosa ao longo dos caminhos são medidos em Rhizobium, uma bactéria com papel fundamental no ciclo do nitrogênio. Ela é responsável por fazer a fixação do nitrogênio, ou seja, convertê-lo em íons de amônio, o que só acontece se a Rhizobium estiver em relação de mutualismo com as raízes das leguminosas. Cada fase começa com uma determinada quantidade desse recurso, que vai aumentando de acordo com os ataques das leguminosas aos inimigos naturais.

“Esperamos que o jogo, além de trazer, de fato, diversas informações interessantes sobre leguminosas, possa agir como um fator motivacional a respeito do tema, incentivando os jogadores a buscar mais conhecimento não só sobre leguminosas, mas também sobre outros tópicos de biologia relacionados a elas”, diz Araújo.

Márcio Araújo, Gevair Souza e a Ana Laura Junqueira, que ajudaram a desenvolver o game

Desenvolvendo o jogo - O projeto foi dividido em quatro etapas: definição da plataforma, definição do tema, definição do formato de jogo e decisões criativas. “Escolhemos a plataforma Adobe Flash por fornecer técnicas relevantes e ágeis, com uma interface intuitiva e atraente à forma de estruturação e organização dos componentes do jogo. Além disso, a linguagem ActionScript 3.0, que é a linguagem de programação da plataforma Adobe Flash, tem uma boa capacidade de se comunicar com outras linguagens de programação, como Java e PHP”, explica Araújo.

Ele também encarou vários desafios durante o processo de criação, já que não sabia programar nessa linguagem e procurou aprender por meio de vídeos e tutoriais. “Os principais desafios foram em relação ao design do jogo, tanto na parte de arte quanto na parte do conceito como um todo. Foram horas assistindo tutoriais sobre pixel art, sobre o funcionamento de softwares específicos para ilustração, e desenhando cada personagem do jogo, de forma que só de olhar você percebe que todos pertencem ao mesmo universo”, conta.

Mas o sacrifício valeu a pena. “Todo conhecimento adquirido foi importante para minha formação, bem como a oportunidade de participar da criação de um produto que pode ser jogado por qualquer pessoa. Isso foi realmente enriquecedor”, conclui Araújo.

Os frutos trazidos por Sasonimugel ao bolsista não param por aí. O jogo também foi tema de um trabalho apresentado por ele na XI Semana da Licenciatura em Ciências Exatas (SeLic) do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP. O pôster foi um dos três premiados com menção honrosa ao final do evento.

Texto: Thaís Cardoso/Instituto de Estudos Avançados – Polo São Carlos
Fotos: Agência Ciência Web

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quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

O futuro da ciência dos materiais com a aprendizagem de máquina

Em texto publicado em revista internacional, professores da USP discutem o futuro do aprendizado de máquina

Inteligência artificial é tema de editorial assinado por professores da USP em periódico internacional

Destacar o uso do aprendizado de máquina em ciência dos materiais é o objetivo do editorial Shaping the Future of Materials Science with Machine Learning, publicado recentemente em um volume especial da revista científica Ceramics International, do grupo Elsevier. O texto é de autoria de três pesquisadores da USP em São Carlos: o professor Osvaldo Novais de Oliveira Jr., do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), e os professores José Fernando Rodrigues Junior e Maria Cristina Ferreira de Oliveira, ambos do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC). 

No editorial, eles presentam um volume que compila 24 artigos publicados em várias revistas científicas, entre 2007 e 2016, apresentando como o aprendizado de máquina é usado na área de ciência dos materiais. O aprendizado de máquina pode ser compreendido como o emprego de técnicas para ensinar tarefas a sistemas computacionais por meio de processos interativos comumente denominados de “treinamento”.

Novais explica que o texto discute o impacto do que ele denomina “quinto paradigma da ciência e tecnologia”, que define a era em que os sistemas artificiais, ou seja, as máquinas, poderão gerar conhecimento com pouca ou nenhuma intervenção humana. Para ele, há diversas razões que sustentam essa previsão, haja vista as metodologias denominadas big data e o aprendizado de máquina, que têm possibilitado armazenar um vasto conteúdo de dados em uma única máquina, a qual pode ser treinada para executar tarefas variadas. “De fato, os desafios em armazenar, gerenciar, compartilhar e extrair enormes quantidades de dados estão longe de ser triviais. São necessárias várias camadas de recursos e ferramentas, incluindo amplo armazenamento, segurança de dados, gerenciamento de informação e, em geral, inteligência artificial eficaz”, destaca o editorial.

Para Novais, dentro de cinco ou dez anos já existirão máquinas
com nível de compreensão textual elevado 
Na última década, houve um rápido desenvolvimento na compreensão de fala e texto por máquinas, o que melhorou, por exemplo, a qualidade dos tradutores automáticos. Para Novais, esse avanço permitirá que, dentro de cinco ou dez anos, já existam máquinas com nível de compreensão textual elevado. Segundo ele, o início do quinto paradigma se dará com a soma dessa habilidade com as novas metodologias, que permitem armazenar dados facilmente processados por máquinas.

O docente do IFSC afirma, ainda, que a ciência dos materiais continuará sendo central para as novas tecnologias, pois materiais cada vez mais sofisticados serão necessários para construir e alimentar com dados as máquinas inteligentes. Exemplos são os nanomateriais para diagnóstico e terapia em medicina, e a produção de sensores e materiais apropriados para veículos autônomos. O convite para assinar o texto foi feito por editores da Elsevier, que conheceram o docente durante visita ao IFSC há alguns meses e souberam de seu interesse no uso de inteligência artificial para editoração científica.

Maria Cristina, do ICMC, é uma das autoras do artigo

Previsões imprecisas - Segundo José Fernando Rodrigues Junior, da carroça ao ônibus espacial, ou do ábaco ao supercomputador, a humanidade sempre foi beneficiada com os resultados que os meios tecnológicos lhe proporcionaram. No entanto, ele afirma que, apesar de haver especulações sobre os cenários futuros decorrentes das novas tecnologias, as previsões não são precisas. Elas se baseiam na configuração existencial do tempo presente, tentando-se prever os fatos de uma realidade que ainda não se consolidou.

Para o docente do ICMC, a geração de conhecimento advindo de máquinas deve levar a uma nova configuração existencial guiada pela tecnologia. “As consequências são imprevisíveis. Mas pode-se especular, mesmo sabendo que se irá errar. Imagine, por exemplo, uma existência onde computadores sejam capazes de programar computadores. Se isto ocorresse hoje, teríamos uma cadeia de acontecimentos semelhante ao que ocorreu com os datilógrafos devido ao advento de editores de texto eletrônicos. Mais rápidos, sem fadiga e com memória ilimitada, os computadores alcançariam descobertas científicas em horas. O cenário é indescritível com os conhecimentos atuais.”

Ainda na opinião de Rodrigues, tal realidade está mais perto do que se imagina, pois a evolução científico-tecnológica ocorre de maneira supralinear, autoalimentando-se e resultando em um avanço exponencial. “Já há resultados significativos, como os algoritmos de deep learning (aprendizado profundo) e os tradutores de idiomas baseados em muitos exemplos e em probabilidade bayesiana”, explica o docente. Ele menciona também que a consolidação do novo paradigma depende de aperfeiçoamentos nos algoritmos de aprendizado de máquina, sensores de dados, modelos matemáticos, descrições de fenômenos físicos e de avanços na ciência de materiais que resultem em dispositivos computacionais mais robustos.

Caso as previsões dos autores estejam corretas, daqui a 20 anos as máquinas inteligentes poderão “sair” das páginas das histórias em quadrinhos, dos livros e filmes de ficção científica para, talvez, formular novas teorias físicas ou resolver problemas complexos de química e engenharia.

Para José Fernando, a geração de conhecimento advindo de máquinas deve
levar a uma nova configuração existencial guiada pela tecnologia

Confira o editorial na íntegra: icmc.usp.br/e/7cb99

Editado a partir do texto de Rui Sintra e Thierry Santos da Assessoria de Comunicação do IFSC

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Um Instituto de portas abertas para a comunidade

Em seus 45 anos, o ICMC vem proporcionando mudanças na vida de milhares de pessoas com cursos, eventos e diversas oportunidades

Iniciativa que ensina idosos a utilizar smartphones e tablets é um sucesso

Transformação. Objetivo que muitos almejam um dia, mas não sabem exatamente como alcançar. Transformação na rotina, na forma de pensar, na maneira de ser. Pode ser conquistada de formas diferentes e em infinitos lugares, porém, para cerca de 8 mil pessoas, ao longo dos últimos 10 anos, um local em específico foi o responsável por lhes proporcionar mudanças: o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.

Aprender robótica na pré-escola, a programar um computador na adolescência, a cantar em um coral ou, então, a mexer em tablets e smartphones na terceira idade. Essas são algumas experiências que o ICMC vem proporcionando para a comunidade ao longo dos últimos anos. “Ao oferecer atividades como essas, nós atuamos na educação, que pode ser medida pelas transformações que ela proporciona. Isso vai fazer a diferença, pois aqueles que recebem esse conhecimento estão num processo de evolução e também irão transformá-lo”, explica Solange Rezende, professora do ICMC.

Uma das primeiras atividades de extensão realizadas pelo ICMC foi o Programa de Verão em Matemática em 1982. O evento reuniu alunos em fase final de graduação, pós-graduandos e pesquisadores de matemática que participaram de workshops, palestras e cursos. A iniciativa existe até hoje.

Os anos se passaram e as ações de cultura e extensão foram sendo ampliadas. Só nos últimos 10 anos, contabilizam-se 307 cursos ou atividades oferecidas para a população e, em 2016, houve 1,4 mil participantes nessas atividades, um aumento de mais de 300% em relação a 2007. Um dos cursos de extensão mais recentes criados pelo ICMC foi o de Práticas com Tablets e Celulares, que ensina os idosos a lidar com essas tecnologias não tão comuns em seu dia a dia.

“A vida não se acaba com muita idade, eu quero me atualizar e aprender sempre”, conta Antonio Zanette, de 76 anos, que participa do curso. Quem também está gostando das aulas é Maria Inês Sega, 70 anos. Antes de participar da iniciativa, ela sabia apenas ligar e desligar o celular, hoje já consegue se comunicar com a família por meio das redes sociais e faz um elogio aos monitores do curso: “Fico admirada em ver a paciência com que eles nos tratam. Eles sabem tudo sobre tecnologia e conseguem descer no nosso patamar, passando uma energia muito boa”.

Para Antonio, o importante é aprender sempre

Coordenado pelas professoras Maria da Graça Pimentel e Renata Pontin, a primeira edição do curso ocorreu no primeiro semestre de 2015. Durante as aulas, alunos de mestrado e doutorado do Instituto auxiliam os idosos com as atividades propostas e analisam o desempenho obtido por eles para aplicar os resultados em suas pesquisas. Sandra Rodrigues foi monitora do curso e concluiu recentemente seu mestrado pelo ICMC, no qual estudou acessibilidade e usabilidade na web com foco em idosos. “Poder constatar a evolução dos nossos alunos e perceber que conseguimos inseri-los no mundo digital é muito gratificante”, relata.

A professora Solange destaca que muitos alunos, ao realizaram suas pesquisas durante o mestrado, o doutorado ou o pós-doutorado, têm buscado desenvolver projetos relevantes para a sociedade, que possam ter um impacto positivo na vida das pessoas. “Quando uma pesquisa proporciona um benefício para a comunidade, você vai além do artigo publicado e faz muito mais do que lhe é exigido”, conta a docente, que já contribuiu com diversas iniciativas da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP.

Maria Inês ficou admirada com a paciência dos monitores do curso

Multiplicando a robótica – As atividades relacionadas à robótica também vêm sendo destaque ao longo da década. Para alunos da creche da USP, em São Carlos, e do Projeto Pequeno Cidadão, o primeiro contato com essa área de pesquisa começa cedo, por meio do curso Introdução à Robótica. Crianças de 4 a 6 anos e adolescentes de 14 a 16 aprendem, com o uso de kits robóticos, conceitos de matemática, como operações aritméticas, sequências numéricas, conceitos de distância, além de seguimentos de retas e curvas.

“Levar esse tipo de conhecimento pode despertar nas crianças e jovens o interesse por ciências exatas e engenharias, além de desenvolver nelas um espírito inovador”, explica a professora Roseli Romero do ICMC. Além dessa iniciativa, outros cursos também são oferecidos, como o preparatório para a Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), evento que tem sua etapa regional realizada anualmente no ICMC.

“O público em geral se sente atraído por tecnologias e a robótica tem um atrativo a mais que é o de possibilitar a integração de conhecimento de hardware e software. As pessoas se sentem motivadas a tentar entender como a máquina funciona e desvendar isso é algo desafiador”, conta a professora.

Ação, diversão e aprendizado andam juntos nas aulas de robótica

Descobrindo vocações – “Um dos nossos objetivos é ensinar alunos do ensino médio ou cursinho a como programar um computador. Assim, eles podem decidir se é a carreira de computação que desejam seguir em suas vidas”, diz Raul Rosa, um dos 10 monitores do Projeto Codifique, promovido pelo Programa de Educação Tutorial (PET-Computação) do ICMC.

Os jovens que cursam o Codifique não são os únicos beneficiados pelo projeto. As aulas são ministradas por estudantes de graduação do ICMC, fato de grande relevância para eles: “É muito bom levar um pouco do que a gente aprende aqui para pessoas de fora da USP e serve como oportunidade para falarmos em público e organizar uma aula. Foi um crescimento pessoal”, conta Raul que está há um ano e meio no projeto.

O estudante afirma que as aulas são bem descontraídas e não existe uma separação entre professor e aluno. “Os próprios participantes dizem que não esperavam que a relação seria tão próxima”. O coordenador do Projeto, Luan Orlandi, ressalta a importância de proporcionar uma atividade como essa para os jovens: “Com o Codifique, você pode despertar o interesse da sociedade pela computação”.

Luan (à esquerda) e Raul (à direita) tentam despertar o amor pela computação em estudantes do ensino médio

Soltando a voz – “Quando soltam suas vozes sensibilizam a platéia e podem fazer a diferença na vida de muitos”. O autor dessa frase é Anderson Alexandre, presidente da Comissão de Ação e Integração Social (CAIS) do ICMC e um dos responsáveis pela criação do Coral da USP São Carlos.

Anderson conta que a idéia de criar um coral era um sonho antigo: “Eu pensava em algo que agregasse à comunidade e o Coral é uma atividade que, além de integrar, melhora a qualidade de vida e traz benefícios para a saúde física e mental”. Depois de muitos anos lutando para que o sonho se tornasse realidade, eis que chega o segundo semestre de 2015 com a abertura das primeiras inscrições. A iniciativa conta hoje com a participação de alunos, funcionários, docentes e membros da comunidade são-carlense.

“É muito importante oferecer oportunidades como essas para todos, pois abrimos a porta da Universidade, além de proporcionar um ambiente agradável e descontraído”, conta Anderson. O escolhido para reger o Coral foi o maestro Sergio de Oliveira, fundador do Coral da USP Ribeirão Preto.

Após um ano de sua criação, o sucesso da iniciativa se comprova a cada ensaio. Segundo Anderson, o grupo está mais fortalecido e conta hoje com um repertório bem eclético: “A lágrima no rosto de quem está assistindo a uma apresentação é um grande retorno e mostra que estamos no caminho certo. Para nós, concluir cada ação que desenvolvemos é a maior recompensa, pois assim deixamos uma semente para que as pessoas possam cultivar”.

O Coral aproxima a comunidade interna e externa, favorecendo a integração e o contato social
Texto: Henrique Fontes - Assessoria de Comunicação do ICMC

Crédito das imagens - três primeiras fotos (idosos): Henrique Fontes; foto da criança com o robô e do Coral da USP São Carlos: Denise Casatti; foto dos alunos que participam do Codifique: Reinaldo Mizutani.



Leia mais no especial "Um instituto e suas infinitas histórias": jornal.usp.br/especial/icmc


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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Problemas da vida real despertam o espírito empreendedor nos alunos da USP

Ao desenvolverem projetos em sala de aula para participar de competições como Ideas for Milk, Be an Icon ou resolver problemas reais de empresas, os estudantes do ICMC passam a compreender melhor quais desafios permeiam a jornada de um empreendedor

Os alunos do ICMC Lucas e Jéssika durante a apresentação do projeto Vet24hs
na final local do Ideas for Milk

Uma solução mobile e web para que produtores rurais entrem em contato com profissionais de saúde animal como veterinários e zootecnistas a fim de agendar consultas, realizar consultorias e receber alerta da situação agropecuária na região. Essa foi uma das cinco propostas finalistas apresentadas na etapa regional da competição Ideas for Milk em São Carlos. Chamado de Vet24hs, o projeto surgiu nas salas de aula do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. Apesar de não ter sido classificado para a etapa final do desafio, o grupo que desenvolveu a ideia pretende dar continuidade à iniciativa. 

“Foi uma experiência indescritível e totalmente diversa do que normalmente se faz em sala de aula. Precisamos unir nossa técnica com as necessidades do cliente e pesquisar sobre o agronegócio do leite, uma área sobre a qual não conhecíamos nada”, revela Lucas dos Santos, aluno do curso de Estatística do ICMC, um dos responsáveis pelo Vet24hs. “Foi um desafio que conciliou academia e mercado e fez a gente enxergar um universo amplo de aplicações tecnológicas no campo”, completa o estudante. Na opinião de Lucas, o Ideas for Milk possibilitou a aproximação de profissionais que não costumam dialogar: “Poucas pessoas que trabalham na área tecnológica se interessam pelos problemas enfrentados pelo homem do campo, bem como poucos que atuam no agronegócio se interessam pela tecnologia”. 

O estudante explica que, inicialmente, o Vet24hs era apenas um projeto desenvolvido para a disciplina Empreendedorismo: “Mas a professora Simone Souza nos falou sobre a competição e nos incentivou a participar”. Lucas coordenou o desenvolvimento da proposta junto com a estudante Jéssika Darambaris, que estuda Engenharia de Computação – curso oferecido em parceira pelo ICMC e pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC). “O Ideas for Milk me fez ter mais confiança em mim mesma e aprender a defender uma ideia como se fosse a melhor já inventada. Essa confiança e motivação contam muito na hora de conversar com os avaliadores ou futuros investidores”, conta Jéssika. Também fizeram parte da equipe a gestora de recursos humanos Lígia Rissardi e mais três estudantes de Engenharia de Computação: Guilherme Bordignon, Lais Fortes e Yuri Robin.

Para a professora Simone, os jovens se empolgam quando conseguem vislumbrar a aplicação dos conceitos que estão aprendendo em sala de aula na solução de problemas da vida real. Divulgar as competições em que eles podem inscrever seus projetos é um estímulo adicional. “Ao participar dessas iniciativas, eles têm um amadurecimento, passam a enxergar qual caminho deve ser percorrido para que uma ideia inovadora, nascida dentro da Universidade, transforme-se em um produto e chegue ao mercado”, conta Simone.

Segundo Jéssika, as aulas de empreendedorismo foram fundamentais para definir o formato da proposta, já que, inicialmente, o grupo não tinha nenhuma experiência na elaboração de um modelo de negócio: “Não sabíamos responder perguntas básicas: como você vai ganhar dinheiro? De quem vai cobrar esse dinheiro? Por que as pessoas pagariam ou investiriam na sua ideia?".

Durante as aulas, a estudante revela que houve várias apresentações e, a cada etapa, a professora Simone e os demais colegas de sala levantavam questões importantes para as equipes e faziam os grupos refletirem mais sobre o assunto e aprimorarem as propostas. “A ideia inicial foi apenas um embrião que foi se desenvolvendo ao longo da disciplina e chegou à forma que apresentamos para a Embrapa.” Na final local realizada em São Carlos dia 28 de novembro, durante os 15 minutos em que os avaliadores questionaram o grupo, não houve nenhum imprevisto porque todas as perguntas já haviam sido respondidas em sala de aula. “Acredito que o maior aprendizado foi: não basta ter uma ideia boa, ela precisa ser bem desenvolvida, é necessário estudar o mercado”, completa Jéssika.

Participantes da final local do Ideas for Milk, realizada dia 28 de novembro em São Carlos




Aproximando academia e indústria – O ICMC foi uma das instituições correalizadoras do Ideas for Milk em São Carlos e o responsável por articular a parceria com a Embrapa foi o professor José Carlos Maldonado. “No ICMC, temos visto várias iniciativas, algumas delas no âmbito de disciplinas e outras no âmbito de projetos em rede, com o intuito de trazer os problemas e demandas sociais para dentro da Universidade, procurando estabelecer redes de colaboração entre a academia e a indústria, ou com o próprio governo”, ressalta o professor. 

Na opinião de Maldonado, o aluno, enquanto cidadão, deve desenvolver, na Universidade e em sua vida profissional, um conhecimento mais amplo sobre os problemas e demandas sociais nos mais diversos domínios de aplicação: “Esse conhecimento pode motivá-lo a desenvolver habilidades e competências na busca de soluções para esses problemas e demandas”. 

Considerando-se as oito cidades-sede que realizaram o Ideas for Milk (São Carlos, Belo Horizonte, Campinas, Juiz de Fora, Lavras, Piracicaba, Porto Alegre e Viçosa), 131 propostas foram submetidas e São Carlos foi a que recebeu o maior número de projetos, 29 no total. “São Carlos e região constituem um solo rico na formação de profissionais de altíssima qualidade na área de tecnologia da informação e comunicação. Esse cenário leva, certamente, à proposição de diversas e inúmeras soluções, assim como propiciará altos investimentos, num futuro próximo, constituindo um ecossistema de inovação e empreendedorismo fértil, cenário que hoje em dia já se delineia”, esclarece Maldonado.
O professor José Carlos Maldonado no lançamento do desafio Ideas for Milk em São Carlos

A final nacional do Ideas for Milk aconteceu dia 13 de dezembro, em Brasília. A equipe SCL Rota – Sistema de Coleta de Leite, finalista de Belo Horizonte, ficou em primeiro lugar ao propor uma plataforma que acompanha e gerencia a rota do leite desde o produtor até a indústria. “O papel das universidades foi importantíssimo em unir a turma da tecnologia da informação com a das ciências agrárias. Estamos deixando um caminho sólido para que outros segmentos do agronegócio possam repetir essa experiência de acordo com suas particularidades”, diz o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo Martins Paulo Martins.

Be an Icon – Outro estudante de Engenharia de Computação do ICMC que só ingressou em uma competição por causa das aulas de empreendedorismo foi Rafael Farah. O projeto que ele desenvolveu, SmartGuide, um guia automático destinado a auxiliar pessoas com deficiência visual a terem uma experiência mais completa em ambientes culturais, como museus e exposições, ficou entre os finalistas no concurso Be an Icon. Realizado pelo Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria, sediado no ICMC, em parceria com a empresa Siena Idea, o concurso tem como objetivo promover aplicações para a tecnologia dos beacons, pequenos dispositivos físicos que emitem curtos pacotes de dados bluetooth com certa frequência e raio de alcance programáveis.

“As aulas de empreendedorismo foram de grande importância. Eu só fiquei sabendo do concurso por causa disso e precisei desenvolver um modelo de negócio em Canvas, tópico que a professora Simone ensinou em sala”, conta Rafael. Ele explica que a ideia de desenvolver uma solução voltada a pessoas com deficiência visual surgiu por ele acreditar que todos devem ter acesso a atividades culturais: “Embora esse acesso seja único para cada pessoa, ele não pode ser negligenciado a certa parcela da população. A ideia do SmartGuide é justamente essa: proporcionar uma experiência mais completa, de modo que todos possam aproveitar a ida ao museu ou a exposições de arte”.

Agora, Rafael está trabalhando no desenvolvimento do aplicativo e estudando como realizar a comunicação com os beacons físicos. Ele e os demais responsáveis pelos cinco projetos classificados para a segunda fase do concurso têm até o dia 24 de fevereiro para entregarem as propostas detalhadas de seus projetos. “A utilização de beacons para sinalização de itens de acervo em museus, de produtos para venda e em guias eletrônicas para turismo é bem conhecida. Pretende-se, com esse concurso, expandir o universo de utilização desses dispositivos dentro do que se convencionou chamar de Internet das Coisas”, explica Edson Moreira, professor do ICMC e um dos coordenadores do concurso. 
O professor Edson Moreira durante o workshop de lançamento do concurso Be an Icon

Edson é um dos pioneiros do Instituto na apresentação de problemas reais aos alunos em sala de aula, estimulando-os a propor soluções para empresas. Há seis anos o professor inclui a demonstração do protótipo de um produto e a construção de um plano de negócio na avaliação de uma das disciplinas que ministra no ICMC, Tópicos Avançados em Comunicação. “O aluno tem que demonstrar que entendeu a teoria e que conseguiu transformar essa teoria em um produto vendável, com clientes, com mercado, com a ideia da cadeia de custos e tudo mais”, conta o professor.

Chamada de Projeto como Produto, a iniciativa de Edson prevê uma feira de problemas no início do processo, quando os alunos entram em contato com desafios propostos por diversas empresas. Durante o semestre, os estudantes têm várias reuniões para avaliar o andamento do estudo do problema e, no fim da disciplina, participam de uma feira de produtos, na qual apresentam as soluções que desenvolveram. Na edição de 2016 da feira de produtos, realizada dia 9 de dezembro, 14 equipes apresentaram seus projetos no saguão da Biblioteca Achille Bassi.

Muitas dessas ideias que surgem nas salas de aula do ICMC servirão de embrião para futuros aplicativos, serviços, produtos e startups. A equipe de Jéssika e Lucas, por exemplo, pretende amadurecer mais a proposta do Vet24hs, incorporar as várias dicas recebidas dos especialistas do Ideas for Milk e dar continuidade à proposta. “Termos chegado à final local da competição já foi uma vitória”, diz Lucas. “Essa experiência acendeu uma faísca na gente. Quero seguir na linha do empreendedorismo”, finaliza o estudante.

No dia 9 de dezembro aconteceu mais uma feira de produtos no ICMC
Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC

Créditos das fotos - duas primeiras imagens (final local do Ideas for Milk): Renan Alcântara; imagem do professor Maldonado: Denise Casatti; imagem do professor Edson: assessoria de comunicação do CeMEAI; imagem da feira de produtos: Reinaldo Mizutani

Mais informações
Site do Ideas for Milk: www.cnpgl.embrapa.br/ideasformilk
Site do Be an Icon: www.cemeai.icmc.usp.br/beanicon
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br

O ICMC deseja-lhe boas festas!


sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Defesas e qualificações - 19 a 23 de dezembro



Defesa de Doutorado em Ciências de Computação e Matemática Computacional
The use of computational intelligence for precision spraying of plant protection products
Aluno: Bruno Squizato Faiçal
Orientador: Jó Ueyama
Quando: segunda-feira, 19 de dezembro, às 10 horas
Onde: sala 3-002
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Defesa de Mestrado no Programa de Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional - PROFMAT
Resolução de problemas, uma abordagem com questões da OBMEP em sala de aula
Aluna: Wiviane Valerio
Orientadora: Esther de Almeida Prado Rodrigues
Quando: segunda-feira, 19 de dezembro, às 14 horas
Onde: auditório Luiz Antonio Favaro (sala 4-111)
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Qualificação de Doutorado em Ciências de Computação e Matemática Computacional
O problema de empacotamento em faixa de quasi-poliominós
Aluno: Marcos Okamura Rodrigues
Orientadora: Franklina Maria Bragion de Toledo
Quando: terça-feira, 20 de dezembro, às 13h30
Onde: sala 3-002
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Defesa de Doutorado em Ciências de Computação e Matemática Computacional
Reconhecimento de padrões utilizando um anel de osciladores de fase
Aluno: Fabio Alessandro Oliveira da Silva
Orientador: Zhao Liang
Quando: quarta-feira, 21 de dezembro, às 14 horas
Onde: sala 3-002
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Qualificação de Doutorado em Ciências de Computação e Matemática Computacional
Combate a mosquitos transmissores de doenças por meio de veículo aéreo não tripulado
Aluno: Heitor de Freitas Vieira
Orientador: Jó Ueyama
Quando: quinta-feira, 22 de dezembro, às 10 horas
Onde: sala 3-002
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Defesa de Mestrado em Ciências de Computação e Matemática Computacional
Uma abordagem baseada em similaridade para a construção de agrupamentos visuais de arestas
Aluno: Fábio Henrique Gomes Sikansi
Orientador: Fernando Vieira Paulovich
Quando: quinta-feira, 22 de dezembro, às 14h30
Onde: sala 3-103
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Mais informações
Agenda de defesas e qualificações: http://www.icmc.usp.br/eventos/defesas-e-qualificacoes
Serviço de Pós-Graduação do ICMC: (16) 3373.9638

Bacharelado em Ciências de Computação elege novo coordenador

O professor José Fernando é o novo coordenador
do curso de Ciências de Computação do ICMC

O professor José Fernando Rodrigues Junior foi eleito o novo coordenador do curso de Bacharelado em Ciências de Computação do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. A eleição foi realizada dia 9 de novembro e seu mandato, que teve início dia 6 de dezembro, será de dois anos.


Junior possui bacharelado em Ciências de Computação (2001), além de mestrado (2003), doutorado (2007) e pós-doutorado (2009) em Ciências de Computação e Matemática Computacional pelo ICMC. Também participou do programa de doutorado com estágio no exterior da CAPES, por um período de seis meses (2005-2006), na Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, Estados Unidos. É professor do Instituto desde 2010 e atua principalmente nas áreas de ciência analítica visual e em bancos de dados. José Fernando também trabalha com temas como grafos, programação Java e análise de dados advindos de aprendizado eletrônico.


Mais informações
Serviço de Graduação: (16) 3373.9639
E-mail: grad@icmc.usp.br

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Na Hora do Código, programar é uma diversão

O evento contou com a participação de crianças, adultos e idosos

Na última sexta-feira, 9 de dezembro, pessoas de todas as idades experimentaram o que é programar de uma forma prática, fácil e divertida. Elas participaram da Hora do Código no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. 

A iniciativa fez parte de um movimento global que aconteceu em 180 países, cujo objetivo é mostrar que todos podem aprender os fundamentos básicos da computação. A atividade contou com o apoio da Comissão de Cultura e Extensão Universitária (CCEx) do ICMC. 



Confira o álbum de fotos no Flickr e no Facebook!

Acesse a página da Hora do Código e divirta-se com os tutoriais: https://br.code.org/

Ele lançou novas bases para as ciências de computação no Peru

Na busca pelo sonho de fazer mestrado, um peruano encontrou uma segunda casa no Brasil e hoje ajuda a construir um plano nacional de infraestrutura de hardware e software para o governo do Peru


Para Ernesto, o ICMC é o ponto inicial de toda a mudança
que aconteceu na área de computação no Peru 

É dia 31 de dezembro, 21h30. A expectativa para a chegada do Ano Novo toma conta da cidade de São Carlos. Nos corredores vazios do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, um peruano chega com um sonho: fazer mestrado em computação. Depois de quatro dias viajando de ônibus e no trem da morte na Bolívia, ele está exausto e feliz a um só tempo. Concluiu a jornada, apesar de todas as dificuldades que encontrou pelo caminho, mesmo não compreendendo em que poltrona devia se sentar ao olhar para o primeiro bilhete de ônibus que comprou quando cruzou a fronteira com o Brasil, escrito em português, língua que não dominava.

O curso de verão no qual estava matriculado começava dia 2 de janeiro e Ernesto Cuadros-Vargas não fazia ideia do tempo que levaria para chegar à USP em São Carlos saindo de Arequipa, no Peru. Aliás, ele acreditava que o campus ficava em São Paulo e não no interior, a cerca de 230 quilômetros da capital do Estado. Por isso, passou o Natal com a família e embarcou em sua primeira ida ao Brasil no dia 27 de dezembro de 1995.

Naquela noite de Réveillon, quando saiu da rodoviária e pegou o táxi para o levar até a portaria principal da Universidade, não imaginava que começaria a ser desenhada ali uma história que iria impactar a vida de centenas de outros garotos peruanos. Um segurança do bloco E1 da USP lhe deu boas vindas e explicou como chegava ao ICMC, onde também só havia outro segurança. Com o carro que faz rondas na Universidade, ele deu uma carona para Ernesto e percorreram juntos os alojamentos do campus atrás de um colchão para acomodar o corpo cansado do jovem, que trazia consigo apenas US$ 400 e não queria ir para um hotel, pois sairia muito caro. Depois de encontrar o tal colchão, foi improvisado um quarto para o futuro estudante na sala de estudos da Biblioteca Achille Bassi. “Quando você está viajando quatro dias sem hotel e sem parar, aquilo é uma maravilha de colchão”, lembra Ernesto, que já percorreu o caminho entre Arequipa e São Carlos, por terra, 36 vezes.

O peruano na época em que estudava no ICMC

No dia seguinte, ao acordar, havia um sol maravilhoso e tudo brilhava. No dia 2 de janeiro, mais estudantes começaram a chegar ao Instituto e o curso teve início. Na primeira aula – Estrutura de Dados, com a professora Sandra Aluísio – ele já sentiu que havia tomado a decisão certa, embora ainda não conseguisse avaliar o impacto que isso teria em sua vida. “Nessa primeira aula do curso, eu aprendi mais do que tudo que haviam me ensinado sobre estrutura de dados na minha graduação no Peru”, revela.

A notícia de que tinha a oportunidade de fazer um curso de verão no ICMC e, depois, ingressar no mestrado, chegou a Ernesto por intermédio de um colega que trabalhava junto com ele em um instituto de informática, onde estavam desenvolvendo o projeto de um buscador de textos similar ao Google. O colega recebeu um e-mail de um rapaz peruano que estudava Ciências de Computação no Brasil. Como o amigo sabia que Ernesto tinha planos de estudar fora, encaminhou o e-mail a ele. Ao mesmo tempo, Ernesto sempre se lembrava de seu professor Wilber Ramos, que encoraja os estudantes a estudarem no exterior e a voltarem ao Peru. O professor também tinha um irmão que estudava na USP e recomendava a instituição.

Depois de tirar boas notas no curso de verão, Ernesto conseguiu um orientador, o professor André de Carvalho, mas teve problemas com o visto (que não tinha) e precisou voltar ao Peru para acertar a documentação antes de começar o mestrado. “Cheguei super feliz em Arequipa e voltei ao Brasil em agosto de 1996. Sentia que era algo fantástico que estava acontecendo comigo, eu nunca havia tido uma oportunidade como aquela”, destaca o pesquisador.

Para ele, estudar no ICMC foi uma das coisas mais importantes que aconteceu em sua vida: “É o lugar onde eu aprendi computação, é minha referência. Eu viajo muito, vou para muitos países, mas no Brasil eu sinto que continuo em casa”. Ernesto concluiu o mestrado em 1998 e já ingressou no doutorado, também no ICMC, que concluiu em 2004. No doutorado, foi orientado pela professora Roseli Romero, que também o apoiou muito. A experiência foi tão positiva que, logo depois, o irmão de Ernesto, Alex Cuardos-Vargas, veio ao Brasil e também fez mestrado, doutorado e pós-doutorado no Programa de Ciências de Computação e Matemática Computacional do ICMC.

Ao retornar ao Peru, em 2004, Ernesto tornou-se professor na Universidade Católica San Pablo (UCSP), onde criou e coordenou o curso de Ciências de Computação até este ano: “A UCSP é hoje reconhecida como a melhor universidade de computação do Peru. A maioria dos professores tem mestrado ou doutorado fora do país. Nada disso poderia ter sido feito sem aquela experiência no ICMC, o ponto inicial de toda a mudança na área de computação que aconteceu no Peru." E completa: "Agora posso dizer que mudamos a vida de muitas centenas de garotos e que estamos caminhando para sermos um país mais desenvolvido em termos de computação".

Nesse momento, Ernesto está embarcando em uma nova jornada. Ele está trabalhando na Universidade de Engenharia e Tecnologia (UTEC), em Lima, e também junto com o presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski Godard, na construção de um plano nacional de infraestrutura de hardware e software para o governo do país. O objetivo é propiciar que todos os dados referentes aos serviços públicos oferecidos à população estejam disponíveis eletronicamente em tempo real e estejam conectados.

Os desafios que Ernesto tem pela frente não são poucos, será preciso criar centros de dados gigantes para armazenar todas as informações captadas bem como desenvolver novos sistemas. Mas ninguém duvida de que ele conseguirá. “Todos os problemas que tive e as dificuldades que enfrentei me fizeram ficar mais forte. A experiência de vida que tudo isso trouxe é o mais importante, não é só a conquista do diploma de mestrado e doutorado, mas o contato com as pessoas”, finaliza.

Ernesto já percorreu o caminho entre Arequipa e São Carlos, por terra, 36 vezes

Leia mais no especial "Um instituto e suas infinitas histórias": jornal.usp.br/especial/icmc

Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação ICMC
Fotos: Arquivo pessoal


Mais informações
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Confira como foi o evento ICMC 45 anos: memórias em vozes e cenas

Um dos personagens mais conhecidos do ICMC, Sandro Colângelo,
recebeu uma homenagem durante a apresentação teatral

Os momentos marcantes das quatro décadas e meia de história do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, foram lembrados de maneira divertida e emocionante na tarde da última quinta-feira, 8 de dezembro. 

Além da apresentação do Coral da USP São Carlos, regido pelo maestro Sergio Alberto de Oliveira, os atores Miriam Fontana e André Cruz contaram diversas histórias sobre personagens que se destacaram na trajetória do ICMC durante o espetáculo 45 anos em 45 minutos: uma brincadeira teatral.

Na ocasião, também foi anunciado o resultado do concurso Infinitos Ângulos do ICMC. No final do evento, o público foi até o Museu de Computação Odelar Leite Linhares para conferir a abertura da exposição Do ábaco ao terabyte. As atividades contaram com apoio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP, do Grupo Coordenador das Atividades de Cultura e Extensão Universitária do campus da USP em São Carlos e da Comissão de Cultura e Extensão Universitária do ICMC.

Apresentação do Coral da USP São Carlos emocionou a plateia


Veja o álbum de fotos no Flickr e no Facebook!

Assista ao vídeo com a íntegra do evento: icmc.usp.br/e/16be3

Confira o especial do Jornal da USP sobre os 45 anos do ICMC: jornal.usp.br/especial/icmc

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Um instituto e suas infinitas histórias


Palestras da semana - 12 a 19 de dezembro


ROCSAFE (Remote Forensics)
Palestrante: Brett Drury (National University of Ireland, Galway)
Quando: segunda-feira, 12 de dezembro, às 14 horas
Onde: auditório Luiz Antonio Favaro (4-111) 
Clique aqui para ver o resumo
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Data classification and visualization, middleage and a bit more
Palestrante: Matthieu Exbrayat (University of Orleans, França)
Quando: terça-feira, 13 de dezembro, às 13 horas
Onde: auditório Luiz Antonio Favaro (4-111)
Clique aqui para ver o resumo
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Mais informações
Seção de Eventos: (16) 3373.9622
E-mail: eventos@icmc.usp.br

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Veja como foi a mostra de jogos digitais


Uma mostra de jogos digitais agitou o ICMC na tarde desta quarta-feira, 7 de dezembro. A iniciativa marcou o encerramento da primeira disciplina de desenvolvimento de jogos oferecida aos alunos do curso de Ciências de Computação do Instituto. 

Além de duas palestras, o público também conferiu os trabalhos desenvolvidos pelos estudantes em sala de aula, os projetos realizados pelo grupo de desenvolvimento de jogos Fellowship of the Game (FoG) e de outras instituições da região como o Laboratório de Tecnologia da Informação Aplicada, da UNESP, em Bauru, e do grupo Holy Dice, da FATEC de Americana.

Confira o álbum de fotos no Facebook:
www.facebook.com/icmc.usp/posts/678476019001826

Confira o álbum de fotos no Flickr:
www.icmc.usp.br/e/95844

Confira o resultado do concurso fotográfico "Infinitos ângulos do ICMC"

Foto representando função matemática conquistou o primeiro lugar; outras nove imagens foram selecionadas para futura exposição no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação

Foto "Cosseno", de autoria de Guilherme Piva

Ele conseguiu unir técnica, olhar artístico e até uma função trigonométrica. Com a foto intitulada Cosseno, Guilherme Piva venceu o concurso fotográfico Infinitos ângulos do ICMC. O resultado foi anunciado durante o evento ICMC 45 anos: Memórias em vozes e cenas, realizado na última quinta-feira, 8 de dezembro.

Promovido em comemoração aos 45 anos do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, o concurso contou com a colaboração de um júri técnico, que avaliou as imagens inscritas de acordo com critérios como adequação ao tema, criatividade, qualidade técnica e informativa. Além da foto vencedora, outras nove foram selecionadas para uma exposição que ficará em cartaz no ICMC no início de 2017, em data a ser definida.

Piva é egresso do curso de
Ciências de Computação
O autor da imagem vencedora, Guilherme Piva, formou-se este ano no curso de Ciências de Computação do ICMC. Ele conta que tirou essa foto com a câmera de seu smartphone, durante uma oficina promovida pelo ICMC: "Na hora que tirei a foto, não fiz a relação com o cosseno. Ao vê-la novamente, no computador, notei a semelhança e tratei a imagem para destacar a curva". O resultado foi tão bom que a foto conquistou a preferência de todos os jurados e Piva levará para casa um belo quadro com ela impressa. 

Veja a foto vencedora em alta resolução:

Confira as dez melhores fotos do concurso: 

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Assessoria de Comunicação ICMC: (16) 3373-9666
E-mail:comunica@icmc.usp.br