Em seus 45 anos, o ICMC vem proporcionando mudanças na vida de milhares de pessoas com cursos, eventos e diversas oportunidades
Iniciativa que ensina idosos a utilizar smartphones e tablets é um sucesso |
Transformação. Objetivo que muitos almejam um dia, mas não sabem exatamente como alcançar. Transformação na rotina, na forma de pensar, na maneira de ser. Pode ser conquistada de formas diferentes e em infinitos lugares, porém, para cerca de 8 mil pessoas, ao longo dos últimos 10 anos, um local em específico foi o responsável por lhes proporcionar mudanças: o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.
Aprender robótica na pré-escola, a programar um computador na adolescência, a cantar em um coral ou, então, a mexer em tablets e smartphones na terceira idade. Essas são algumas experiências que o ICMC vem proporcionando para a comunidade ao longo dos últimos anos. “Ao oferecer atividades como essas, nós atuamos na educação, que pode ser medida pelas transformações que ela proporciona. Isso vai fazer a diferença, pois aqueles que recebem esse conhecimento estão num processo de evolução e também irão transformá-lo”, explica Solange Rezende, professora do ICMC.
Uma das primeiras atividades de extensão realizadas pelo ICMC foi o Programa de Verão em Matemática em 1982. O evento reuniu alunos em fase final de graduação, pós-graduandos e pesquisadores de matemática que participaram de workshops, palestras e cursos. A iniciativa existe até hoje.
Os anos se passaram e as ações de cultura e extensão foram sendo ampliadas. Só nos últimos 10 anos, contabilizam-se 307 cursos ou atividades oferecidas para a população e, em 2016, houve 1,4 mil participantes nessas atividades, um aumento de mais de 300% em relação a 2007. Um dos cursos de extensão mais recentes criados pelo ICMC foi o de Práticas com Tablets e Celulares, que ensina os idosos a lidar com essas tecnologias não tão comuns em seu dia a dia.
“A vida não se acaba com muita idade, eu quero me atualizar e aprender sempre”, conta Antonio Zanette, de 76 anos, que participa do curso. Quem também está gostando das aulas é Maria Inês Sega, 70 anos. Antes de participar da iniciativa, ela sabia apenas ligar e desligar o celular, hoje já consegue se comunicar com a família por meio das redes sociais e faz um elogio aos monitores do curso: “Fico admirada em ver a paciência com que eles nos tratam. Eles sabem tudo sobre tecnologia e conseguem descer no nosso patamar, passando uma energia muito boa”.
Para Antonio, o importante é aprender sempre |
Coordenado pelas professoras Maria da Graça Pimentel e Renata Pontin, a primeira edição do curso ocorreu no primeiro semestre de 2015. Durante as aulas, alunos de mestrado e doutorado do Instituto auxiliam os idosos com as atividades propostas e analisam o desempenho obtido por eles para aplicar os resultados em suas pesquisas. Sandra Rodrigues foi monitora do curso e concluiu recentemente seu mestrado pelo ICMC, no qual estudou acessibilidade e usabilidade na web com foco em idosos. “Poder constatar a evolução dos nossos alunos e perceber que conseguimos inseri-los no mundo digital é muito gratificante”, relata.
A professora Solange destaca que muitos alunos, ao realizaram suas pesquisas durante o mestrado, o doutorado ou o pós-doutorado, têm buscado desenvolver projetos relevantes para a sociedade, que possam ter um impacto positivo na vida das pessoas. “Quando uma pesquisa proporciona um benefício para a comunidade, você vai além do artigo publicado e faz muito mais do que lhe é exigido”, conta a docente, que já contribuiu com diversas iniciativas da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP.
Maria Inês ficou admirada com a paciência dos monitores do curso |
Multiplicando a robótica – As atividades relacionadas à robótica também vêm sendo destaque ao longo da década. Para alunos da creche da USP, em São Carlos, e do Projeto Pequeno Cidadão, o primeiro contato com essa área de pesquisa começa cedo, por meio do curso Introdução à Robótica. Crianças de 4 a 6 anos e adolescentes de 14 a 16 aprendem, com o uso de kits robóticos, conceitos de matemática, como operações aritméticas, sequências numéricas, conceitos de distância, além de seguimentos de retas e curvas.
“Levar esse tipo de conhecimento pode despertar nas crianças e jovens o interesse por ciências exatas e engenharias, além de desenvolver nelas um espírito inovador”, explica a professora Roseli Romero do ICMC. Além dessa iniciativa, outros cursos também são oferecidos, como o preparatório para a Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), evento que tem sua etapa regional realizada anualmente no ICMC.
“O público em geral se sente atraído por tecnologias e a robótica tem um atrativo a mais que é o de possibilitar a integração de conhecimento de hardware e software. As pessoas se sentem motivadas a tentar entender como a máquina funciona e desvendar isso é algo desafiador”, conta a professora.
Ação, diversão e aprendizado andam juntos nas aulas de robótica |
Descobrindo vocações – “Um dos nossos objetivos é ensinar alunos do ensino médio ou cursinho a como programar um computador. Assim, eles podem decidir se é a carreira de computação que desejam seguir em suas vidas”, diz Raul Rosa, um dos 10 monitores do Projeto Codifique, promovido pelo Programa de Educação Tutorial (PET-Computação) do ICMC.
Os jovens que cursam o Codifique não são os únicos beneficiados pelo projeto. As aulas são ministradas por estudantes de graduação do ICMC, fato de grande relevância para eles: “É muito bom levar um pouco do que a gente aprende aqui para pessoas de fora da USP e serve como oportunidade para falarmos em público e organizar uma aula. Foi um crescimento pessoal”, conta Raul que está há um ano e meio no projeto.
O estudante afirma que as aulas são bem descontraídas e não existe uma separação entre professor e aluno. “Os próprios participantes dizem que não esperavam que a relação seria tão próxima”. O coordenador do Projeto, Luan Orlandi, ressalta a importância de proporcionar uma atividade como essa para os jovens: “Com o Codifique, você pode despertar o interesse da sociedade pela computação”.
Luan (à esquerda) e Raul (à direita) tentam despertar o amor pela computação em estudantes do ensino médio |
Soltando a voz – “Quando soltam suas vozes sensibilizam a platéia e podem fazer a diferença na vida de muitos”. O autor dessa frase é Anderson Alexandre, presidente da Comissão de Ação e Integração Social (CAIS) do ICMC e um dos responsáveis pela criação do Coral da USP São Carlos.
Anderson conta que a idéia de criar um coral era um sonho antigo: “Eu pensava em algo que agregasse à comunidade e o Coral é uma atividade que, além de integrar, melhora a qualidade de vida e traz benefícios para a saúde física e mental”. Depois de muitos anos lutando para que o sonho se tornasse realidade, eis que chega o segundo semestre de 2015 com a abertura das primeiras inscrições. A iniciativa conta hoje com a participação de alunos, funcionários, docentes e membros da comunidade são-carlense.
“É muito importante oferecer oportunidades como essas para todos, pois abrimos a porta da Universidade, além de proporcionar um ambiente agradável e descontraído”, conta Anderson. O escolhido para reger o Coral foi o maestro Sergio de Oliveira, fundador do Coral da USP Ribeirão Preto.
Após um ano de sua criação, o sucesso da iniciativa se comprova a cada ensaio. Segundo Anderson, o grupo está mais fortalecido e conta hoje com um repertório bem eclético: “A lágrima no rosto de quem está assistindo a uma apresentação é um grande retorno e mostra que estamos no caminho certo. Para nós, concluir cada ação que desenvolvemos é a maior recompensa, pois assim deixamos uma semente para que as pessoas possam cultivar”.
O Coral aproxima a comunidade interna e externa, favorecendo a integração e o contato social |
Texto: Henrique Fontes - Assessoria de Comunicação do ICMC
Crédito das imagens - três primeiras fotos (idosos): Henrique Fontes; foto da criança com o robô e do Coral da USP São Carlos: Denise Casatti; foto dos alunos que participam do Codifique: Reinaldo Mizutani.
Crédito das imagens - três primeiras fotos (idosos): Henrique Fontes; foto da criança com o robô e do Coral da USP São Carlos: Denise Casatti; foto dos alunos que participam do Codifique: Reinaldo Mizutani.
Leia mais no especial "Um instituto e suas infinitas histórias": jornal.usp.br/especial/icmc
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