quinta-feira, 29 de novembro de 2018

ICMC seleciona professor temporário para ensinar Língua Brasileira de Sinais

Docente contratado vai ministrar a disciplina para os alunos dos cursos de licenciatura do Instituto

Inscrições devem ser realizadas até dia 7 de dezembro

Estão abertas, até o dia 7 de dezembro, as inscrições no processo seletivo para contratação de um docente temporário para ministrar a disciplina Língua Brasileira de Sinais para Licenciatura no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. O selecionado será nomeado como Professor Contratado II (para os contratados com título de mestre), com salário de R$ 1.342,26 ou como professor Contratado III (para os contratados com título de doutor), com salário de R$ 1.877,43. A jornada terá 12 horas semanais.

As inscrições devem ser realizadas por meio deste link: https://uspdigital.usp.br/gr. A seleção será realizada por meio de uma prova didática e outra escrita. O contrato terá duração até 31 de dezembro de 2019. Para mais detalhes sobre prazos, documentação e outras informações, acesse o edital completo: icmc.usp.br/e/8bb24.

Mais informações
Assistência Acadêmica do ICMC: (16) 3373.8163/3373.8109

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

ICMC oferece mais um curso gratuito sobre programação paralela

Aulas acontecerão no próximo sábado, 1º de dezembro, das 8 às 12 horas e das 14 às 18 horas

Inscrições devem ser realizadas até quinta, dia 29 de novembro

O Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, está com inscrições abertas para o curso de extensão Introdução à Programação Paralela com C/PThreads. As aulas serão ministradas pelo professor Paulo Sérgio de Souza, do ICMC, e pelo especialista Davi José Conti, que é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências de Computação e Matemática Computacional do Instituto.

A iniciativa é voltada a alunos que estão cursando o primeiro ano de graduação em cursos da área de computação e para todos os interessados da comunidade que tenham conhecimentos básicos sobre programação estruturada em linguagem C. Entre os objetivos do curso está apresentar o modelo de programação C/Pthreads e estimular os participantes a pensarem em paralelo no desenvolvimento de algoritmos.

“É cada vez maior a necessidade por profissionais que consigam desenvolver soluções de software para os atuais processadores multi e manycore, explorando corretamente os benefícios da programação paralela”, explica o professor Paulo Sérgio. “O curso terá um foco totalmente prático: serão desenvolvidas diferentes aplicações paralelas, de modo a estimular o pensar paralelo e, assim, permitir o uso futuro desse conhecimento em soluções computacionais durante e depois da graduação”, completa. 

As aulas acontecerão no próximo sábado, 1º de dezembro, das 8 às 12 horas e das 14 às 18 horas, na sala 6-303, no bloco 6 do ICMC, na área I do campus da USP, no centro de São Carlos. As inscrições são gratuitas e devem ser realizadas até a próxima quinta-feira, 29 de novembro, pelo sistema Apolo da USP neste link: icmc.usp.br/e/3159b. Para conferir todos os tópicos a serem abordados no curso, acesse o programa disponível no site do ICMC: icmc.usp.br/e/3fd68

Texto - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP 

Mais informações 
Comissão de Cultura e Extensão Universitária do ICMC: (16) 3373.9146 
E-mail: ccex@icmc.usp.br

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Quais os principais fatores sociais que influenciam os índices de homicídio?

Segundo estudo realizado por pesquisadores da USP, existem três fatores que mais influenciam a incidência de homicídios nas cidades brasileiras


Luiz Alves é um dos responsáveis pelo estudo: ele fez pós-doutorado no ICMC e hoje é pesquisador na Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos
(crédito da imagem: Denise Casatti)

Entender o que leva as pessoas a cometer crimes é uma tarefa complexa e difícil. Por exemplo, não há uma explicação consensual sobre o que leva alguém a cometer um homicídio. No entanto, apesar de não poder conhecer as causas desse tipo de crime, três pesquisadores se uniram para identificar os principais fatores sociais que podem influenciar a incidência de homicídios nas cidades brasileiras.

O trabalho resultou na publicação do artigo Previsão do crime através de métricas urbanas e aprendizado estatístico (Crime prediction through urban metrics and statistical learning) na revista Physica A: Statistical Mechanics and its Applications. O estudo é de autoria de três pesquisadores: o professor Francisco Rodrigues, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos; o professor Haroldo Ribeiro, da Universidade Estadual de Maringá; e Luiz Alves, que fez pós-doutorado no ICMC e hoje é pesquisador na Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos.

Para realizar o trabalho, o time de pesquisadores fez uma seleção de dados chamados indicadores urbanos e selecionou dez deles: Produto Interno Bruto (PIB), população total, população masculina, população feminina, população idosa, analfabetismo, renda familiar, saneamento básico, desemprego e trabalho infantil. O critério de escolha foi o fácil acesso à fonte dessas informações.

Por outro lado, o homicídio foi escolhido para a análise por ser considerado a expressão máxima da violência contra uma pessoa. Além disso, esse delito possui níveis muito baixos de subnotificação em relação a outros tipos de crimes. Sendo assim, a contabilização das estatísticas oficiais permite aproximação dos números reais.

Resultados – O estudo indica que o crime é bastante dependente dos indicadores urbanos, revelando que o desemprego, o analfabetismo e a população masculina, respectivamente, são os fatores que mais se destacam nas cidades que possuem os maiores índices de homicídio. De acordo com Luiz, a partir desse resultado, é possível produzir conclusões mais robustas sobre os efeitos desses indicadores na incidência da violência e entender quais características estão associadas ao crime. Apesar da pesquisa trazer resultados estatisticamente significativos, Luiz alerta que é essencial a colaboração com sociólogos para propiciar uma análise crítica dos dados obtidos.

Em gráficos do artigo, a relevância de fatores como desemprego, analfabetismo e população masculina se destaca

"Os resultados podem dar uma direção sobre a melhor forma de reduzir a incidência e a reincidência de crimes e violências, auxiliando em estratégias preventivas, revelando tanto os fatores que aumentam o risco de crimes e violências como os que diminuem esse risco”, diz Marcelo Nery, sociólogo e coordenador de transferência de tecnologia do Núcleo de Estudos da Violência da USP.

Segundo o sociólogo, a violência é um fenômeno multicausal e esse estudo pode ser um ponto de partida para entender quais são as raízes da criminalidade e os parâmetros que mais influenciam o crime. “Dessa forma, o Estado pode desenvolver políticas públicas de segurança mais eficientes, que serão adequadas à realidade local, podendo assim focalizar em áreas, grupos ou problemas específicos."

Para Nery, o uso de softwares estatísticos se torna cada vez mais relevante no âmbito social, político e econômico: “O Brasil é um país que apresenta graves problemas sociais, sobretudo nos grandes centros urbanos. Nesses centros, esses problemas podem se revelar de diversas formas, mas, infelizmente, uma das suas manifestações sociais mais típicas é a criminalidade”.

Métodos - No estudo, foram utilizadas técnicas estatísticas e de inteligência artificial, em especial da área de aprendizado de máquina, já que era necessário analisar uma grande quantidade de dados com precisão. Algoritmos foram empregados para coletar os dados e "aprender" com eles. Assim, o sistema computacional se tornou capaz de responder às perguntas de interesse científico. O método foi empregado para agrupar diversas amostras de indicadores urbanos e compará-los a fim de encontrar quais desses estavam mais relacionados à incidência de homicídios.

De acordo com Alves, alguns estudos mostram que, se o PIB de um país aumenta, consequentemente, diminui a criminalidade. Ele explica que essa relação é estabelecida de uma forma muito direta e limitada, pois tais estudos utilizam apenas dois fatores de análise: criminalidade e PIB. Avaliar esses dois fatores de forma isolada pode acarretar um equívoco nos resultados: é possível que o aumento do PIB seja, na verdade, uma consequência do aumento da população. Nesse caso, é a variação populacional que estaria ligada ao aumento da criminalidade e não o PIB diretamente. 

Por isso, Alves destaca que é importante ter uma visão ampla nos estudos correlacionais, analisando vários dados simultaneamente e considerando diversas situações. Assim, evita-se que sejam estabelecidas correlações absurdas. O pesquisador também ressalta que uma pequena amostra de dados pode levar a conclusões precipitadas.

No site Spurious Correlations, há vários exemplos divertidos do tipo de resultado absurdo que podemos encontrar quando relacionamos diferentes dados. Um dos gráficos que mais chamam a atenção é o que liga o aumento do consumo de manteiga à elevação nos índices de divórcio. Esse exemplo mostra que, para correlacionar informações, é preciso investigar diversos fatores. No caso do aumento na taxa de divórcios, não basta apenas comparar esse índice a outro de forma aleatória. Mesmo sendo índices que têm uma taxa de variação similar, não é possível afirmar que existe uma relação de causa e efeito entre o consumo de manteiga e a taxa de divórcios. 

Por isso, um das ressalvas que Alves faz em relação a estudos correlacionais é que, muitas vezes, variáveis não selecionadas nesses estudos também podem ser fundamentais para compreender as causas e os efeitos de um fenômeno. No caso do trabalho que busca prever crimes através de métricas urbanas e aprendizado estatístico, uma das limitações é a impossibilidade de selecionar todas as variáveis que impactam os índices de criminalidade de uma cidade. O pesquisador alerta que o estudo pode ter deixado de lado variáveis relevantes. Além disso, ele explica que os indicadores selecionados apenas descrevem fatores que podem estar correlacionados ao aumento ou à diminuição das taxas de homicídio, mas estão longe de explicar as causas do fenômeno. 

Explicar as variáveis que levam alguém a cometer um homicídio é um desafio que demandará muito empenho dos cientistas. O estudo desses três pesquisadores contribui para a construção do conhecimento ao colocar mais algumas peças fundamentais nesse complexo e difícil quebra-cabeças.


Texto: Denise Casatti e Talissa Fávero - Comunicação do ICMC/USP


Mais informações
Leia o artigo na íntegra: https://arxiv.org/abs/1712.03834
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Computação rima com diversão: crie sua própria dança na Hora do Código da USP São Carlos

Evento gratuito no ICMC mostra que qualquer pessoa, de qualquer idade, pode aprender a lógica da programação de um jeito fácil e divertido; milhões de estudantes e professores em mais de 180 países já participaram da iniciativa

Crianças são muito bem-vindas ao evento: as menores de 10 anos devem vir acompanhadas por um responsável;
haverá monitores para ajudar a realizar as atividades

O corpo segue a batida da música. A coreografia vai nascendo aos poucos, a partir da repetição de uma série de movimentos sequenciais. Note que, até na dança, você pode enxergar como funciona um dos princípios básicos da computação: a programação. Qualquer pessoa pode aprender esses fundamentos da arte de programar realizando atividades simples e divertidas durante 60 minutos: esta é a proposta da Hora do Código

Em São Carlos, a iniciativa acontecerá no próximo sábado, 1º de dezembro, em dois diferentes horários: pela manhã, das 9h30 às 12 horas; e à tarde, das 14h30 às 17 horas, no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP. O objetivo não é formar especialistas em computação durante apenas uma hora, mas mostrar que a computação é uma área acessível a todos, independentemente do conhecimento prévio de cada um. Por isso, não é necessário ter nenhuma experiência prévia com programação para participar da Hora do Código, evento em que crianças, jovens, adultos e idosos são bem-vindos. 

O tema escolhido para o evento deste ano não vai deixar ninguém parado: festa dançante. “Uma coreografia nada mais é do que um procedimento que você segue de acordo com o ritmo de uma música”, explica o professor Moacir Ponti, presidente da Comissão de Cultura e Extensão Universitária do ICMC, que é responsável pela realização da iniciativa em São Carlos. 

A relação estabelecida entre dança e computação contribuiu para facilitar a compreensão de vários conceitos, desmistificando a ideia de que os conhecimentos sobre programação são inacessíveis para quem não é especialista no assunto. “A lógica da programação é um conhecimento que está presente no nosso dia a dia. Até para atravessarmos a rua seguimos um procedimento, que pode ser comparado aos algoritmos que usamos para programar o computador”, diz a estudante Ana Fainelo, que cursa Ciências de Computação no ICMC. 

O evento é gratuito e começará no auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano com uma breve apresentação que unirá dança e programação. Logo depois, o público será convidado a ocupar dois laboratórios de informática do Instituto, que já estarão preparados para que os participantes possam realizar os exercícios de programação. “Nas atividades práticas, há um passo a passo explicando o que deve ser realizado e nós também disponibilizaremos monitores para ajudar quem tiver qualquer dificuldade”, explica o professor Fernando Osório, do ICMC.

O evento é uma oportunidade para obter conhecimentos lógicos que podem ser utilizados em diversos contextos, como na resolução de problemas e em atividades criativas. 

Quem completar todas as atividades propostas receberá um certificado digital. Crianças menores de 10 anos poderão participar, desde que venham acompanhadas por um responsável. Recomenda-se apenas que os participantes tragam seus próprios fones de ouvido. Quem desejar também poderá trazer seu notebook ou tablet. As inscrições podem ser realizadas, até as 60 vagas disponíveis se esgotarem, por meio do formulário disponível neste link: icmc.usp.br/e/87e42.

No ICMC, a Hora do Código conta com o apoio de três grupos de extensão do Instituto: o grupo de desenvolvimento de jogos Fellowship of the Game (FoG), o Grupo de Estudos para a Maratona de Programação (GEMA) e o Programa de Educação Tutorial (PET-Computação). Estudantes desses três grupos  ajudarão a resolver as dúvidas dos participantes.

Este ano, mais de 157 mil eventos ao redor do mundo já foram cadastrados na plataforma global da Hora do Código, sendo que 254 deles serão no Brasil. A iniciativa acontece anualmente durante a Semana da Educação em Ciência da Computação, realizada anualmente em reconhecimento ao aniversário da pioneira da computação, a almirante Grace Murray Hopper, que nasceu em 9 de dezembro de 1906 em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Ela foi uma das primeiras programadoras da história. 

Vale destacar que os tutoriais da Hora do Código ficam disponíveis o ano todo no site https://hourofcode.com/br. Dessa forma, quem desejar tem a chance de experimentar diversas formas de aprendizado e entender conceitos mais avançados de programação.

Esta será a quarta edição da Hora do Código no ICMC


Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação ICMC/USP 

Hora do Código no ICMC
Página do evento no Facebook: icmc.usp.br/e/4db1b
Formulário para inscrições: icmc.usp.br/e/87e42
Quando: sábado, 1 de dezembro 
Escolha o melhor horário: das 9h30 às 12 horas ou das 14h30 às 17 horas 
Onde: auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano, no bloco 6 do ICMC (Av. Trabalhador São Carlense, 400, na área I do campus da USP, no centro de São Carlos) 
Mais informações: (16) 3373-9146 / ccex@icmc.usp.br

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência: inscrições abertas para cadastro reserva

Alunos e professores podem se inscrever no cadastro reserva do Programa até dia 8 de dezembro

Bolsistas PIBID e professores supervisores participaram de evento de lançamento do Programa no ICMC em setembro

Quem está cursando Licenciatura em Matemática ou Licenciatura em Ciências Exatas (núcleo geral ou habilitação em Matemática e/ou Física) na USP em São Carlos, com até 60% do curso concluído, pode se inscrever no cadastro reserva do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). Além disso, professores das três escolas habilitadas de São Carlos também podem se cadastrar para atuarem como professores supervisores. 

Quem efetuar o cadastro poderá participar dos futuros processos de seleção, caso haja vagas remanescentes no Programa. Para os licenciandos, o PIBID oferece uma bolsa mensal no valor de R$ 400,00 e, durante o período de sua vigência, o bolsista deve se dedicar, no mínimo, 32 horas mensais às atividades. O processo de seleção dos candidatos será baseado em critérios classificatórios que envolvem análise de carta de motivação e entrevista. 

Já para se tornar um professor supervisor, é necessário possuir licenciatura em Matemática ou em Física e ter experiência de no mínimo dois anos no magistério na educação básica. A seleção vale apenas para professores das seguintes escolas estaduais de São Carlos: Doutor Álvaro Guião, Professora Attília Prado Margarido e Professor Sebastião de Oliveira Rocha. No caso dos professores, o valor mensal da bolsa é de R$ 765,00 e o processo de seleção será baseado em análise do currículo, análise da produção textual a respeito da motivação para participar do PIBID e entrevista com a comissão de seleção. 

Alunos e professores podem se cadastrar no Programa até 12 de dezembro. Os interessados devem seguir os procedimentos especificados nos editais disponíveis nestes links: icmc.usp.br/e/6803a (para professor supervisor) ou icmc.usp.br/e/ff0be (para licenciandos). 

Sobre o PIBID - O Programa é uma iniciativa para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. São concedidas bolsas a alunos de licenciatura participantes de projetos de iniciação à docência desenvolvidos por Instituições de Educação Superior em parceria com escolas de educação básica da rede pública de ensino. Os projetos devem promover a inserção dos estudantes no contexto das escolas públicas desde o início da sua formação acadêmica para que desenvolvam atividades didático-pedagógicas sob orientação de um docente da licenciatura e de um professor da escola. 

Texto: Assessoria de Comunicação ICMC/USP 

Mais informações 
Edital para licenciandos: icmc.usp.br/e/ff0be
Edital para professores: icmc.usp.br/e/6803a
E-mail: 2018@pibidsc@gmail.com 
Telefone: (16) 3373.9153

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

USP oferece curso gratuito em São Carlos sobre programação paralela

Aulas acontecerão no próximo sábado, 24 de novembro, das 8 às 12 horas e das 14 às 18 horas


O Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, está com inscrições abertas para o curso de extensão Introdução à Programação Paralela com C/OpenMP: um curso hands-on. As aulas serão ministradas pelo professor Paulo Sérgio de Souza, do ICMC, e pelo especialista Davi José Conti, que é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências de Computação e Matemática Computacional do Instituto.

A iniciativa é voltada a alunos que estão cursando o primeiro ano de graduação em cursos da área de computação e para todos os interessados da comunidade que tenham conhecimentos básicos sobre programação estruturada em linguagem C. Entre os objetivos do curso está apresentar o modelo de programação C/OpenMP e estimular os participantes a pensarem em paralelo no desenvolvimento de algoritmos. 

“É cada vez maior a necessidade por profissionais que consigam desenvolver soluções de software para os atuais processadores multi e manycore, explorando corretamente os benefícios da programação paralela”, explica o professor Paulo Sérgio. “O curso terá um foco totalmente prático: serão desenvolvidas diferentes aplicações paralelas, de modo a estimular o pensar paralelo e, assim, permitir o uso futuro desse conhecimento em soluções computacionais durante e depois da graduação”, completa. 

As aulas acontecerão no próximo sábado, 24 de novembro, das 8 às 12 horas e das 14 às 18 horas, na sala 6-303, no bloco 6 do ICMC, na área I do campus da USP, no centro de São Carlos. As inscrições são gratuitas e devem ser realizadas até a próxima quinta-feira, 22 de novembro, pelo sistema Apolo da USP neste link: icmc.usp.br/e/61886. Para conferir todos os tópicos a serem abordados no curso, acesse o programa disponível no site do ICMC: icmc.usp.br/e/0ebe7

Texto - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP 

Mais informações 
Comissão de Cultura e Extensão Universitária do ICMC: (16) 3373.9146 
E-mail: ccex@icmc.usp.br

ICMC oferece curso para idosos criarem histórias em vídeo com celulares ou tablets

Iniciativa é voltada a idosos que já possuem experiência com dispositivos móveis e acontecerá no próximo sábado, 24 de novembro


No curso, estudantes de graduação e pós-graduação do ICMC atuarão como monitores,
contribuindo para que o processo de ensino e aprendizagem seja facilitado

Se você tem mais de 60 anos e gostaria de criar seus próprios vídeos e histórias digitais pode participar de um curso gratuito, com quatro horas de duração, que será oferecido pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. A atividade acontecerá no próximo sábado, 24 de novembro, em dois horários: pela manhã, das 9 às 13 horas; e pela tarde, das 14 às 18 horas. Há 18 vagas disponíveis em cada turma e as inscrições devem ser realizadas pessoalmente na quinta-feira, 22 de novembro, na Seção de Apoio Acadêmico do ICMC.

O curso Práticas de Criação de Vídeo e Histórias Digitais com Celulares e Tablets é voltado a idosos que já possuem experiência com celulares ou tablets e tem como objetivo possibilitar que os participantes criem vídeos para contar histórias de seu dia-a-dia, como os passeios que realizam ou as visitas que recebem. Durante o curso, os idosos também aprenderão a publicar os vídeos de modo privado no YouTube, o que permite assistir e compartilhar o material com quem desejar por meio de um link, mas o acesso não fica disponível para quem não possui o link ou realiza buscas no YouTube.

Para participar, é necessário ter pelo menos 60 anos, trazer seu próprio smartphone ou tablet, habilitado para navegar na Internet e com sistema operacional Android (versão 4.2 ou superior), além de ter experiência na utilização do seu próprio aparelho. No momento da inscrição, os idosos participarão de uma avaliação para identificar seu nível de experiência com o aparelho e a compatibilidade de seus dispositivos móveis na realização das atividades do curso. Por isso, é fundamental que o idoso compareça pessoalmente à Seção de Apoio Acadêmico do ICMC para efetuar a inscrição, trazendo o celular ou tablet que utilizarão no curso bem como documentos pessoais (RG e CPF). 

A Seção de Apoio Acadêmico do ICMC fica na sala 3001 do Instituto, na área I do campus da USP, no centro de São Carlos. O horário de atendimento da Seção é das 9 às 11 horas e das 14 às 16 horas. As senhas para efetuar as inscrições começarão a ser distribuídas a partir das 8 horas até serem preenchidas todas as vagas.


Os organizadores solicitam que, no dia do curso, os alunos tragam um kit de desodorante spray, shampoo e sabonete, que será encaminhado para doação aos mais de 40 idosos atendidos no  Cantinho Fraterno Dona Maria Jacinta, em São Carlos.

Assistente digital - Para facilitar as atividades de ensino e aprendizado, os pesquisadores do ICMC desenvolveram um aplicativo especialmente para que os idosos criem, de forma descomplicada, suas histórias adicionando as próprias fotos, trechos de áudio, textos e até mesmo vídeos curtos. O aplicativo é um assistente digital que disponibiliza roteiros para a criação das narrativas. O próprio aplicativo realiza a tarefa de gerar o vídeo, publicá-lo no YouTube (de forma privada) e enviar o link correspondente para o aluno. 

Durante o curso, os idosos terão, ainda, a oportunidade de sugerir novos roteiros para serem incorporados ao aplicativo, adaptando o assistente digital a seus interesses. Esses novos roteiros serão disponibilizados regularmente aos participantes no próximo ano.

“Estamos buscando oferecer oportunidades para que os idosos possam compartilhar sua rotina, seu conhecimento e suas histórias com seus familiares ou com quaisquer interessados, tornando-se participantes ativos da sociedade”, explica a professora Maria da Graça Pimentel, do ICMC. Ela é uma das coordenadoras do curso juntamente com os pesquisadores Caio Videl, Kamila Rios e Isabela Zaine, que desenvolvem pesquisas na área de integração humano-computador.

Por meio das atividades do curso, os pesquisadores poderão identificar as necessidades dos idosos e, a partir daí, propor técnicas e alternativas para novas ferramentas que serão construídas futuramente. A professora Maria da Graça diz ainda que o curso permite a ampliação do leque de problemas a serem resolvidos nos estudos realizados pelo grupo, já que a variedade de experiências que os participantes trazem para a sala de aula tem potencial para enriquecer as pesquisas realizadas na academia.

Para atender às demandas dos idosos de forma personalizada, diversos estudantes de graduação e pós-graduação do ICMC atuarão como monitores, contribuindo para que o processo de ensino e aprendizagem seja facilitado.

Para participar, o idoso deve comparecer pessoalmente à Seção de Apoio Acadêmico do ICMC no dia 22 de novembro
Texto: Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

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E-mail: ccex@icmc.usp.br


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E-mail: comunica@icmc.usp,br

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Robôs da USP São Carlos jogam um bolão no futebol e nas tarefas do lar

Em competição latino-americana, robôs de pequeno porte conquistaram o primeiro lugar jogando futebol; já os que foram desenvolvidos para aplicações domésticas se consagraram vice-campeões 

Warthog Robotics no pódio: campeão latino-americano no futebol de robôs de pequeno porte

Unir duas paixões em um mesmo campo: robôs e futebol. Esse é um dos desafios dos estudantes da USP, em São Carlos, que participam do grupo Warthog Robotics. Vinculado ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, à Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e ao Centro de Robótica de São Carlos (CRob), o grupo se consagrou pela segunda vez como campeão latino-americano no futebol de robôs de pequeno porte (small size). Além de conquistar o primeiro lugar na modalidade small size, ficaram na quarta colocação na categoria para robôs de muito pequeno porte (very small size) e também mostraram que são bons de bola em outro campo desafiador: o das aplicações domésticas (@Home), na qual foram vice-campeões. 

As conquistas foram obtidas durante o Robótica 2018, o maior evento de robótica da América Latina, que englobou diversas competições, mostras, workshops e simpósios científicos realizados de 6 a 10 de novembro no Centro de Convenções de João Pessoa, na Paraíba. “Os resultados são, certamente, fruto da dedicação e do entrosamento dos estudantes que participaram das competições nas três categorias. Na @Home, que é considerada uma das mais desafiadoras, melhoramos nossa pontuação e conseguimos realizar a maioria das provas, o que demonstra um aprimoramento nas pesquisas desenvolvidas na área de interação humano-robô”, destaca Roseli Romero, professora do ICMC que coordena o Warthog Robotics

Na categoria @Home, a equipe conquistou o segundo lugar

Um dos diretores do grupo, Adam Moreira, revela que três dos sete artigos científicos submetidos por integrantes do Warthog ao XV Simpósio Latino-americano de Robótica (LARS) tratavam de assuntos diretamente ligados à categoria @Home: “Isso também mostra que o grupo tem avançado na produção de novos conhecimentos”. 

Já o diretor geral do grupo, Rafael Lang, ressalta que o Warthog tem conseguido se manter como uma das principais equipes de desenvolvimento de robôs do Brasil: “Desde 2009, estamos no pódio em pelo menos uma das categorias da competição Latino-Americana de Robótica. Além disso, temos conseguido abrir novas frentes de atuação, como a @Home, e disputar em alto nível.” 

Doutorando na EESC e professor do Instituto Federal de São Paulo no campus São Carlos, Lang explica que os bons resultados do grupo ao longo do tempo têm sido conquistados devido ao trabalho de muita gente. “A organização é um dos fatores principais para manter a competência de uma equipe multidisciplinar como o Warthog, que envolve alunos de quase todos os cursos do campus da USP em São Carlos. A equipe é sempre renovada, o que permite ao time estar sempre capacitado para desenvolver novas tecnologias e aprimorar os projetos já existentes”, explica o doutorando. 

Grupo também conquistou a quarta colocação na categoria para robôs de muito pequeno porte
Categorias – Na categoria small size, os times contam com seis robôs cada, um goleiro e mais cinco na linha, que disputam a partida de forma autônoma, ou seja, sem nenhuma intervenção humana. De acordo com Adam Moreira, que é doutorando do ICMC, para construir um robô capaz de jogar futebol sem precisar usar um controle remoto, é preciso levar em conta aspectos mecânicos, eletrônicos e computacionais. 

Toda a estrutura do robô, o tamanho que terá, onde ele precisará ser furado, como serão as rodas, o motor, a bateria, o dispositivo de chute, entre diversos outros detalhes são definições que ficam a cargo dos responsáveis pela parte mecânica. Já quem cuida da eletrônica decide quantas placas de circuito ele possuirá, quais componentes serão colocados nessa placa, como será seu microcontrolador e deve compreender também quanta energia será necessária para executar suas tarefas e fazê-lo andar de forma adequada e na velocidade desejada. 

Há, ainda, os especialistas do campo computacional. São eles que farão o robô compreender as informações captadas pela câmera que fica no alto do campo de futebol, superando desafios como a falta ou o excesso de iluminação no local. Nesse time, entra também a área de inteligência artificial. São os algoritmos dessa área – as sequências de comandos passadas para o computador a fim de definir uma tarefa – que farão o robô tomar as decisões certas em campo. “A visão computacional possibilita ao robô ter a visão completa do jogo, enxergar onde está a bola e como estão posicionados os adversários e os colegas de time. Já os algoritmos que criamos vão fazê-lo decidir chutar a bola para o gol ou repassá-la a um companheiro”, explica Moreira. 

O que muda na categoria da competição voltada a robôs muito pequenos (very small size) é que, devido ao tamanho reduzido, a complexidade da máquina é menor: não há dispositivo de chute nem de drible, existem apenas duas rodinhas e uma placa eletrônica. 

Quanto à categoria @Home, o objetivo é estimular o desenvolvimento de serviços e tecnologia de robôs assistivos que possam ter alta relevância para futuras aplicações domésticas pessoais. Na competição, há um conjunto de testes que são realizados para avaliar as habilidades e o desempenho dos robôs em tarefas como reconhecer objetos, mencionando seus respectivos nomes, pegar esses objetos e reposicioná-los, seguir uma pessoa, reconhecer uma determinada pessoa no meio de outras, andar pelo ambiente desviando de obstáculos, tais como cadeiras e sofás, por exemplo.

Rafael Lang com um dos robôs da categoria small size

Tese premiada – Outra conquista comemorada pela professora Roseli Romero foi obtida pela tese Integração de sistemas cognitivo e robótico por meio de uma ontologia para modelar a percepção do ambiente. Defendida por Helio Azevedo no ICMC sob orientação de Roseli, o trabalho foi um dos destaques do Workshop de Teses e Dissertações em Robótica (WTDR) e conquistou o segundo lugar no concurso de teses e dissertações em Robótica (CTDR), ambos realizados em João Pessoa durante o Robótica 2018. 

O objetivo do workshop é viabilizar uma maior integração de alunos de pós-graduação com professores e pesquisadores que atuam na área, contribuindo para aumentar a visibilidade dos trabalhos realizados na academia junto à própria comunidade acadêmico-científica e à comunidade industrial. 

Funcionário do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), em Campinas, Azevedo é um dos autores, em conjunto com José Pedro Belo e Roseli Romero, do artigo OntPercept: a perception ontology for robotic systems. O trabalho foi reconhecido como um dos 16 melhores artigos apresentados no XV LARS e os autores foram convidados para submeter uma versão estendida no Journal of Intelligent & Robotics Systems da Springer. 

Roseli, Helio e o professor Fernando Osório:
tese defendida no ICMC conquistou segundo lugar no concurso

Confira o álbum de fotos no Flickr e no Facebook!

Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

Mais informações 
Página no Facebook: www.facebook.com/WarthogRobotics
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666 
E-mail: comunica@icmc.usp.br

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

A perspectiva do racismo na visão de três professores negros da USP

É possível tornar a matemática, a computação e a estatística mais negras? 


Confira o que pensam três professores negros do ICMC: Maristela dos Santos, Edson Moreira e Katiane Conceição
(da esquerda para a direita)

Pare para pensar: ao longo de toda a sua vida escolar e acadêmica, quantos professores negros você teve? Mesmo que a gente não se conheça, eu sei que o número que virá da sua resposta não terá muitos dígitos. De acordo com uma pesquisa divulgada em 2016 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 60% da população brasileira é constituída por pessoas pardas e pretas. Apesar disso, esse número é pouco expressivo em cargos de poder e decisão, como nos ambientes acadêmicos, políticos, midiáticos e empresariais, por exemplo. 

No entanto, quando se analisam dados de violência e desigualdade, essa é a população mais vulnerável, alerta a Organização das Nações Unidas (ONU). As principais vítimas de mortes violentas no país são homens, jovens, negros e de baixa escolaridade revela o Atlas da Violência de 2017, lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Entre os 10% da população mais pobre do país, 76% são negros e, levando em conta a população mais rica (1% do total apenas), o número de negros cai para 17,4%, segundo o IBGE. 

Além disso, mais da metade da população carcerária, cerca de 61,6%, são pretos e pardos, diz o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen). Vale lembrar que o Brasil abriga a quarta maior população prisional do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, da China e da Rússia 

Já a Oxfam Brasil, uma organização não-governamental, estima que a igualdade salarial entre homens e mulheres será alcançada em 2047, mas essa equiparação entre pessoas negras e brancas só deve acontecer em 2089. 

Diante das evidências trazidas por essas estatísticas e da celebração do Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, dá voz a três professores negros. São eles: Maristela dos Santos, que é da área de matemática aplicada; Katiane Conceição, do campo da estatística; e Edson Moreira, da computação. 

O sistema de cotas raciais é uma alternativa para equiparar as diferenças? 

Edson: Eu acredito que as cotas, tanto raciais, como sociais, são bastante inclusivas. Antes disso, os negros tinham diversas limitações para entrar no ambiente universitário, já que a maioria dessa população é pobre e a adesão tardia da USP ao sistema de política de cotas dificultou ainda mais esse acesso. Apesar disso, esse avanço nos possibilitou melhorias, mas ainda hoje a população negra tem dificuldade no ingresso à universidade. A meu ver, o sistema educacional transforma a nossa capacidade em conhecimento mensurável, e é isso que vai levar os estudantes para a universidade. Mas para fazer essa transformação o aluno precisa de um bom professor, de um ambiente adequado aos estudos, o que ainda é falho.

Para o professor Edson, apesar das cotas, ainda hoje a população negra tem dificuldade de ingressar na universidade

O fato de o Brasil ter se constituído sob uma sociedade escravagista tem algum impacto na atualidade? 

Katiane: A cota em si não é suficiente para resolver as desigualdades raciais, mas por que dizemos sim às cotas raciais? Porque o Estado tem culpa nessa desigualdade. As cotas são uma tentativa de recuperar as perdas que os negros tiveram desde a colonização. É reparação histórica. Após o processo de libertação dos escravos, muitos negros ficaram nas senzalas submissos aos senhores de engenho, pois não tinham outro lugar para trabalhar e garantir as condições para se alimentarem. Para ter uma vida melhor, qual foi a oportunidade que foi dada aos que não se submeteram a isso? Dessa forma, a cota racial deveria ter sido uma ferramenta de equiparação usada há muito tempo, mas agora que temos esse direito precisamos usá-lo para consertar os erros que foram cometidos lá atrás. Não é uma solução imediata e pode demorar séculos para essa correção, mas esse é um mecanismo temporário. A educação tem que começar na base porque não adianta o negro ingressar na universidade por meio da política de cotas e depois não ter condições de permanência.

Para Katiane, a cota em si não é suficiente para resolver as desigualdades raciais

Vocês percebem a existência do racismo no dia a dia? De que forma ele acontece? 

Maristela: Com certeza. Quantos super-heróis negros a gente conhece? São pouquíssimos. Hoje em dia, a história está começando a mudar, mas antigamente uma criança negra não tinha uma boneca do seu mesmo tom de pele para brincar. Temos que ter bons políticos negros, bons professores negros, bons empresários negros e eles precisam estar em evidência. Ver pessoas negras bem-sucedidas é um estímulo para as crianças se espelharem. Apesar disso, eu nunca senti na pele o racismo, mas isso não quer dizer que ele não exista. Em termos de capacidade intelectual, nós somos todos iguais, mas a população negra carece de educação básica de qualidade e, talvez, esse sim, seja o maior fator de desigualdade. 

Katiane: Não seria contraditório ter racismo na universidade, sendo que esse é um espaço de diálogo, de conhecimento, de pensamento crítico? Eu posso ter sofrido preconceito, mas eu jamais acho que aquela ação movida contra mim foi feita por conta da minha raça. Se uma pessoa não gosta de mim, ela pode ter os motivos que for, mas eu nunca vou associar isso ao meu tom de pele. Isso também não quer dizer que o racismo e o preconceito não existam. Eu até posso ter passado por situações discriminatórias, porém, não me lembro de ter acontecido comigo. Ter vindo de uma família pobre, negra e, agora, ser professora da melhor universidade do Brasil é muita superação. 

Edson: Existe o preconceito da sociedade, mas o que acontece bastante é a auto exclusão do negro. Se você pergunta para um adolescente negro e pobre por que ele não faz o vestibular da USP, ele fala que não tem dinheiro pra pagar. Então, eles acham que a USP é paga, que não está ao alcance deles, eles se auto excluem. Por isso, a sociedade precisa trabalhar com essas crianças de forma que estudar em uma universidade pública seja algo motivador.

Para Maristela, dar visibilidade a pessoas negras bem-sucedidas é um estímulo para as crianças

A universidade pública, muitas vezes, é conhecida como um ambiente que enaltece a necessidade de mudanças e de políticas que combatam a discriminação contra a população negra. Vocês acreditam que as políticas públicas que existem hoje são suficientes para combater a desigualdade? 

Edson: Qualquer política pública que melhore todo o sistema de educação, desde a base, vai ajudar na igualdade porque todos terão as mesmas oportunidades. O acesso à universidade, por exemplo, tem um peso muito grande na nossa sociedade e, por isso, eu acredito que políticas inclusivas podem ajudar a transformar essa realidade. Precisamos de mais educação no sentido amplo da palavra. Trabalhar com a autoestima dessa criança negra, por exemplo, pode ser uma das soluções. 

Katiane: O problema é que a desigualdade não atinge só os negros porque, além disso, em grande maioria, essa população também é pobre. Então, precisamos primeiro melhorar a educação. Para mim, essa é a solução que pode dar uma vida melhor para essas pessoas e condições para competir em igualdade com qualquer outra. Além disso, as políticas públicas devem ir muito além de dar apenas acesso à educação. A gente também precisa pensar que essa família necessita de comida na mesa, de acesso a serviços básicos de saúde, o que é fundamental para melhorar a vida dessas pessoas. 

Pensando no contexto universitário, o racismo interfere no cotidiano de vocês? De que maneira? 

Maristela: Nós vivemos em um ambiente em que as ideias são muito valorizadas. Chega um momento em que você esquece a sua cor. Às vezes, me perguntam: naquela sala tem bastante mulheres? Eu falo assim: acho que eu não percebi isso ainda, acho que tem bastante aluno. Então, a gente fica tão empolgada em discutir ideias que esses fatores acabam passando despercebidos. 

Edson: Comigo é diferente. Quando eu entro em uma sala e vejo que tem mais de dois alunos negros eu já fico admirado. Acho que nunca tive mais do que dois alunos negros em uma sala de aula. 

Como professor, você acredita no seu poder transformador em relação ao combate do racismo? Como vocês trabalham esse assunto em sala de aula? 

Katiane: Eu não trabalho diretamente com o assunto racismo em sala de aula porque eu acredito que a minha função é formar bons cidadãos. Eu sempre dou o meu melhor, quero passar o conteúdo para os alunos de forma ética, quero que eles aprendam e se tornem excelentes profissionais, que saibam das suas responsabilidades, dos seus compromissos. E formando grandes cidadãos já é uma ótima contribuição para uma sociedade melhor. 

Edson: Acho interessante também que ações aconteçam fora da sala de aula, nos espaços decisórios, na comunicação com a sociedade, na difusão cultural, mostrando que a universidade contribui ativamente para o fim do preconceito.. 

Qual recado vocês passariam para as crianças negras? 

Maristela: Desde quando eu era criança, minha meta era ter uma carreira. Esse sempre foi o meu foco, então eu penso que a gente deve sempre seguir em frente. Talvez tenhamos passado por situações racistas, mas eu nunca deixei que isso me abalasse de alguma forma. Os alunos negros não devem achar que o fator da cor da pele possa ser um impeditivo para seguir qualquer carreira. Você vai encontrar diversos obstáculos, mas é fundamental acreditar no seu potencial e seguir em frente, sempre definindo suas metas, suas prioridades. 

Texto: Talissa Fávero - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP
Fotos: Reinaldo Mizutani

O melhor time de programação da América Latina é da USP São Carlos

Estudantes de Ciências de Computação conquistaram o primeiro lugar na Maratona de Programação 

Campeões da Maratona de Programação: Cezar, Samuel, Lucas e o técnico Danilo (da esquerda para a direita, com camisetas azuis)

Depois de três anos de muita dedicação, três estudantes do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, conquistaram o sonhado primeiro lugar na final brasileira da Maratona de Programação. Formado por Lucas de Oliveira Pacheco, Samuel Santos e Cezar Guimarães, que cursam Ciências de Computação, o time foi comandado pelo técnico Danilo Tedeschi, mestrando do ICMC. 

No total, 746 equipes brasileiras participaram da Maratona Brasileira de Programação, mas apenas 71 foram selecionadas para a etapa final, que aconteceu no dia 10 de novembro, no SENAI Cimatec, em Salvador, na Bahia. Considerando toda América Latina, foram 404 times competindo. Chamado Time do dia 10, a equipe do ICMC conseguiu resolver 10 dos 13 problemas de programação propostos no evento em um tempo menor do que todos os demais times que participaram da disputa em toda a região, o que resultou na conquista do primeiro lugar também entre os times da América Latina. “É sempre uma grande responsabilidade representar o ICMC em uma competição desse nível, estamos muito felizes com o resultado e determinados a continuar treinando para obtermos uma boa colocação no mundial”, conta Samuel. 

É a segunda vez que uma equipe do ICMC é campeã na competição – que está na 23ª edição – e será a quinta vez que um time do Instituto representará o Brasil na final mundial da maratona, o International Collegiate Programming Contest (ICPC), que será realizado na cidade do Porto, em Portugal, de 31 de março a 5 de abril de 2019. “Estamos honrados em poder representar a USP São Carlos no mundial de programação, esperamos manter o alto nível na etapa mundial”, diz Lucas Pacheco. 

71 equipes foram selecionadas para a etapa final da competição

Grupo de Estudos - Todos os participantes da Maratona são membros do Grupo de Estudos para a Maratona de Programação (GEMA), que exerce um papel crucial na preparação dos estudantes, possibilitando que se reúnam frequentemente, adquiram novos conhecimentos e formem equipes com alto grau de afinidade. Nas reuniões do grupo, são discutidos aspectos teóricos e práticos que servirão de base para os estudantes resolverem os desafios de programação. “Gostaria de agradecer aos integrantes do GEMA e aos nossos nossos professores, que foram fundamentais para o nosso desempenho. Espero que esse resultado inspire as próximas gerações de estudantes, como a conquista de 2013 nos inspirou”, ressalta Cézar Guimarães. 

Outro time composto por membros do GEMA também participou da final da Maratona e conquistou o 14º lugar. Composto por Victor Forbes, Guilherme Tubone e Lucas Turci, o time foi comandado pelo técnico Rodrigo Weigert. Todos eles são alunos do curso de Ciências de Computação do ICMC. 

Victor, Lucas, Guilherme e Rodrigo (da esquerda para a direita) conquistaram o 14º lugar

“Esses alunos têm como característica gostar de desafio e isso é um diferencial para as grandes empresas de tecnologia, que sempre estão em busca de profissionais capazes de desenvolver soluções inovadoras e com habilidade para assimilar novos conhecimentos de forma fácil e rápida. Eles têm uma excelente base matemática e uma capacidade de programação excepcional”, destaca o professor João Batista Neto, que coordena o GEMA. 

Como as empresas já perceberam que podem se beneficiar diretamente dessa mão de obra altamente qualificada, muitas têm buscado apoiar a participação dos estudantes nas maratonas de programação. Este ano, por exemplo, a Vtex, multinacional brasileira de tecnologia com foco em cloud commerce, arcou com os custos das passagens aéreas de todos os alunos do ICMC que foram a Salvador. Já os custos da ida a Portugal ficarão sob responsabilidade da TFG, empresa de games mobile

“Meu sonho, agora, é conseguir uma empresa para exercer o papel de investidor-anjo do GEMA. Assim, poderemos ter recursos disponíveis durante todo o ano para viabilizar as viagens e os treinamentos dos alunos”, finaliza o professor. 

O professor João Batista Neto com os times do ICMC selecionados para a final da Maratona

Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP 

Mais informações 
Sobre a final mundial: https://icpc.baylor.edu/

Contato para esta pauta 
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666 
E-mail: comunica@icmc.usp.br

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Um Brinde ao Museu: confira como foi o evento em São Carlos

Bate-papo e visita monitorada foram as atrações no Museu da Ciência Mario Tolentino

Na tarde do último sábado, 10 de novembro, 55 adultos e crianças tiveram a oportunidade de fazer Um Brinde ao Museu em São Carlos, no evento realizado pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP em parceria com a Prefeitura Municipal da cidade. 

As atividades começaram às 15 horas no Museu da Ciência Mario Tolentino com um bate-papo descontraído. A roda de conversa contou com a presença do professor José Carlos Maldonado, do ICMC, do paleontólogo Marcelo Adorna Fernandes, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), da bibliotecária Lourdes de Souza Moraes, que participou do projeto de criação do Museu, e do educador Paulo Milanez, diretor do Museu. 

A seguir, o público se divertiu com as atrações do lugar, que dispõe de uma exposição permanente de paleontologia que é referência nacional. Entre os destaques da exposição está um fóssil com vestígios de xixi de dinossauro (Urólito) e diversos fósseis com inúmeras pegadas de dinossauro, desde a menor já encontrada no Brasil até a segunda maior. Há, ainda, um exemplar de tatu gigante com 12 mil anos, que é considerado o exemplar mais completo do país, e réplicas de um Abelissauro e de um Pterossauro.

O público também se encantou com a outra exposição permanente do museu, que dispõe de 156 experimentos interativos de física, os quais apresentam, de foram divertida, conceitos de mecânica, eletricidade, magnetismo e ótica. Um dos destaques dessa exposição é o Girotec, um simulador de falta de gravidade desenvolvido pela NASA.

Professor José Carlos Maldonado (à esquerda) explicou como a tecnologia pode contribuir para facilitar o acesso aos conhecimentos disponibilizados pelos museus e destacou alguns exemplos bem-sucedidos de museus virtuais
Sobre o evento - A ideia de realizar Um Brinde ao Museu surgiu depois do incêndio que atingiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, dia 2 de setembro. Além de São Carlos, sete cidades brasileiras se engajaram na iniciativa: Araraquara (SP), Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Campos dos Goytacazes (RJ), Curitiba (PR), Diamantina (MG) e Marabá (PA). 

A maioria das atividades aconteceu no sábado, 10 de novembro, no Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento, data estabelecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 2001 para sublinhar o papel da ciência na construção de um mundo melhor. Este ano, o tema da data foi Ciência, um direito humano, marcando a comemoração do 70º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

O evento contribuiu para mostrar ao público o quanto o conhecimento científico contribui para o desenvolvimento de uma sociedade, o quanto a ciência está presente na vida diária das pessoas e o quanto é preciso estimular o pensamento crítico sobre o direito humano de participar e se beneficiar da ciência. A iniciativa foi inspirada no festival internacional de divulgação científica Pint of Science, um verdadeiro brinde à ciência que acontece em bares, cafés e restaurantes no mês de maio.

Simulador de falta de gravidade desenvolvido pela NASA é uma das atrações do Museu

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Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP
Fotos: Paulo Arias

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Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br