segunda-feira, 29 de abril de 2019

Alunos da USP criam jogo para ensinar programação usando robôs virtuais

Destinado a alunos do ensino médio, projeto em desenvolvimento é um dos finalistas em competição que incentiva criação de soluções tecnológicas

Jogo é um dos finalistas na competição Campus Mobile e foi criado pelos alunos Óliver Becker, Eleazar Braga e Gabriel Simmel (da esquerda para a direita, de camisetas brancas)

Aprender uma habilidade, treinar, lutar, cooperar, resgatar, curar um robô virtual em um jogo. E tudo isso via programação! Essa é a ideia de um trio de artistas, desenvolvedores e alunos do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos: Eleazar Braga, Gabriel Simmel e Óliver Becker, que fazem parte do grupo Fellowship of Game (FoG), voltado ao desenvolvimento de jogos.

O nome do projeto, Robosquadrão, é intuitivo e remete às ações realizadas ao longo das fases do jogo, em que são ensinados passos básicos para programar a inteligência artificial dos robôs durante situações de combates, resgates e demais tarefas. O detalhe é que os robôs não podem ser controlados diretamente, é necessário criar um código para controlá-los. Cada fase demanda uma nova tarefa, que precisa ser codificada e inserida no script, para que o robô dê mais um passo, realize mais uma missão e tenha um novo aprendizado.

A iniciativa tem como objetivo promover o contato dos jovens com a programação de um jeito mais atraente e inclusivo. Por isso, o trio desenvolveu o jogo direcionado para jovens do ensino médio que, assim, poderão ser estimulados a aprender os primeiros conceitos sobre programação. “O aprendizado de lógica de programação tem se tornado indispensável, pois o desenvolvimento de tecnologia cria novos empregos constantemente”, diz Gabriel. Segundo ele, faltam jogos educativos no Brasil.

O projeto é finalista da 7ª Campus Mobile, competição de ideias e soluções para plataformas mobile que se encontra na fase final, depois de 64 propostas de todo o país serem selecionadas nas categorias diversidade, educação, smart cities e smart farms. “Faremos uma apresentação final para a banca avaliadora no dia 6 de maio e, só depois disso, o resultado final será divulgado”, conta Eleazar. 

Em Robosquadrão, os participantes precisam programar os robôs virtuais durante situações de combates, resgates e demais tarefas

Start – O bom desempenho de outros alunos nas competições passadas despertou o interesse do trio,  Óliver destaca a importância da oportunidade: "Já tínhamos uma noção de que o evento é direcionado para pessoas que querem criar uma startup e que se trata de um ambiente com investidores, oferecendo aprendizados e contato com pessoas de diversas áreas de atuação e pesquisa que vêm de muitas partes do país. É enriquecedor ver o processo de desenvolvimento do projeto e o contato com embaixadores e tutores”. 

Voltada para projetos de inovação feitos por equipes de alunos de graduação e de pós-graduação, a competição Campus Mobile é promovida pelo Instituto NET Claro Embratel em parceria com o Laboratório de Sistemas Integráveis da USP. A sétima edição da iniciativa começou em novembro de 2018. Ao longo das etapas, os participantes receberam monitoria de especialistas e vivenciaram uma experiência de imersão no início de fevereiro, durante uma semana, em São Paulo – com direito a maratona de programação, palestras e visitas a empresas parceiras.

Entre as metas a serem cumpridas pelos grupos estão: conceito e elaboração do projeto; desenvolvimento do produto; e aplicação, com avaliação de resultados. A última fase também contempla a produção de conteúdo informativo ou promocional. Cada meta tem um prazo para ser submetida e as orientações são realizadas online, pela plataforma exclusiva da organização.

O trio acredita que tem chances de ganhar o grande prêmio e, como estratégia, realizou testes com usuários finais do jogo a fim de aperfeiçoar o projeto. Os estudantes do ensino médio que fazem parte do projeto Codifique participaram dos testes e avaliaram a jogabilidade, fornecendo feedback para a análise de desempenho do jogo. Essas atividades contaram com o apoio do Programa de Educação Tutorial (PET-Computação) do ICMC e também do professor Cláudio Motta Toledo. O docente colaborou na elaboração dos ciclos de desenvolvimento para que o grupo cumprisse a meta final da competição.

O cumprimento de todas as fases da meta final garante aos participantes das categorias um prêmio no valor de R$ 6 mil. Os melhores de cada categoria ganharão uma viagem, em setembro, para São Francisco e para o Vale do Silício, nos Estados Unidos, onde realizarão atividades de imersão em tecnologia. 

Você também pode contribuir com o trio: experimente jogar Robosquadrão, que está disponível no link https://galbrato.itch.io/robosquadrao, e envie sua avaliação por meio deste formulário eletrônico: icmc.usp.br/e/e9109.

Os participantes da Campus Mobile vivenciaram uma experiência de imersão no início de fevereiro, durante uma semana, em São Paulo

Texto: Marília Calábria – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP
Fotos: divulgação Campus Mobile

Mais informações
Formulário eletrônico para avaliar o jogo: icmc.usp.br/e/e9109.
Página da competição no Facebook: www.facebook.com/CampusMobile

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Prepare-se para a Olimpíada Brasileira de Robótica em curso da USP São Carlos: inscrições abertas

Aulas terão teoria e prática de conceitos básicos sobre montagem e programação de robôs, com foco na modalidade prática da competição

Atividades serão realizadas aos sábados, das 9 às 12 horas


Estão abertas as inscrições para o curso Preparação para a Olimpíada Brasileira de Robótica – Modalidade prática. Oferecido pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, o curso será realizado de 4 a 25 de maio, aos sábados, das 9 às 12 horas. 

A iniciativa é destinada a alunos do ensino fundamental II (do 5º ao 9º ano) e do ensino médio (do 1º ao 3º ano) de escolas públicas e particulares, que tenham interesse em participar das competições da modalidade prática da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR). A atividade também é aberta para pais e professores que, com a oportunidade, podem se tornar técnicos das equipes que disputarão a OBR. 

O curso tem como objetivo preparar equipes competitivas, oferecendo conceitos básicos sobre montagem de diversos tipos de robôs mais usados nas competições da OBR (PETE, LegoMindstorm e Arduino). Princípios de programação e exercícios práticos também serão abordados. 

Há 100 vagas disponíveis e as inscrições devem ser realizadas até o dia 2 de maio ou enquanto houver vagas, no Sistema Apolo, por meio deste link: icmc.usp.br/e/5f9c2. Após a inscrição, o interessado também precisa encaminhar, para o e-mail ccex@icmc.usp.br, um atestado de matrícula comprovando o vínculo com a escola. 

A taxa de inscrição é de R$ 10 e deverá ser paga presencialmente, no primeiro dia do curso, para os coordenadores da iniciativa. Além disso, até dia 30 de abril, poderão ser feitas solicitações de isenção da taxa. O procedimento, nesse caso, é a realização da inscrição online e o envio de comprovante de matrícula para o e-mail ccex@icmc.usp.br, junto com uma justificativa para o pedido de isenção. Essa solicitação só pode ser efetuada por alunos e professores de escolas públicas, os contemplados serão informados, por e-mail, no dia 2 de maio. 

Caso o estudante possua um kit de robótica que é utilizado nas competições, recomenda-se que traga para o curso, pois existe um número limitado de materiais para empréstimo. Coordenado pela professora Roseli Romero, do ICMC, o curso será ministrado pelos alunos de pós-graduação e graduação: Adam Moreira, Daniel Tozadore, Guilherme Moreira, Maria Luiza Telles e Vinicius Luiz da Silva Genésio. A iniciativa conta com o apoio do Centro de Robótica de São Carlos (CRob). 

Para participar da OBR, estudantes precisam se inscrever gratuitamente no site da competição até 17 de maio

Participe da Olimpíada – É importante lembrar que a participação no curso não garante a inscrição na OBR. Para participar, é preciso se inscrever gratuitamente no site da competição até dia 17 de maio, onde também está disponível o manual de inscrições: www.obr.org.br

Os inscritos na modalidade prática deverão participar de eventos regionais e, conforme sua classificação, das etapas estaduais e da final nacional, que ocorrerá em Rio Grande, no Rio Grande do Sul, entre os dias 22 a 26 de outubro. 


Objetivo do curso é preparar equipes competitivas, oferecendo conceitos e práticas sobre montagem de diversos tipos de robôs

Texto: Assessoria de Comunicação do ICMC/USP
Fotos: Denise Casatti

Curso: Preparação para a Olimpíada Brasileira de Robótica – Modalidade Prática 
Inscrições: até 2 de maio, ou enquanto houver vagas, via formulário eletrônico disponível em icmc.usp.br/e/5f9c2
Aulas: de 4 a 25 de maio, aos sábados, das 9 às 12 horas. 
Onde: salas 4001, 4003 e 4005 do ICMC – avenida Trabalhador são-carlense, 400, área I do campus da USP, no centro de São Carlos 
Mais informações: (16) 3373.9146 ou ccex@icmc.usp.br 
Saiba mais sobre a OBR: www.obr.org.br
Curta a página da competição no Facebook: www.facebook.com/OBRobotica


quarta-feira, 24 de abril de 2019

Por que vale a pena fazer iniciação científica?

Além de dar um upgrade no currículo, facilitando o ingresso em processos seletivos de empresas e de programas de pós-graduação, uma iniciação científica faz a gente vislumbrar oportunidades nunca antes imaginadas


Aos sábados, estudantes de diversos cursos de graduação do campus da USP, em São Carlos, participam de um programa de iniciação científica que foi criado em 1974 pelo professor Hildebrando

“Eu tive acesso a um conhecimento que ia além do que era ensinado em sala de aula”. “Eu descobri o que gostaria de fazer no futuro”. “Eu aprendi como se faz ciência”. “Eu amadureci”. Esses são exemplos das respostas que você ouvirá quando perguntar a um estudante ou a um ex-aluno de graduação por que vale a pena desenvolver um projeto de iniciação científica (IC). A lista de aprendizados vai desde a ampliação da capacidade de atuar na academia e entender as especificidades do universo científico até o aprimoramento de habilidades sociais relacionadas ao trabalho em equipe e à criatividade. 

Pouco importa se você pretende criar sua própria empresa, ser funcionário de uma organização já existente, tornar-se um pesquisador em uma universidade ou dar aulas no ensino básico, fazer IC pode se tornar um diferencial relevante em sua carreira independentemente do caminho que seguirá e costuma até facilitar a aprovação em processos seletivos. Vale prestar atenção em todos os bate-papos em que ex-alunos de graduação bem-sucedidos são convidados para relatar suas experiências: tem sempre alguém que se lembra do quanto foi incrível a experiência vivida durante a IC. 

Por que isso acontece? O que há de tão especial em um projeto de IC? “Hoje, para trabalhar em qualquer área, você precisa ter uma formação sólida. E eu não vejo nada melhor do que fazer uma IC para proporcionar essa formação”, explica a professora Regilene Oliveira, que preside a Comissão de Pesquisa do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. 

Para facilitar o contato entre os alunos interessados em desenvolver um projeto de IC e os professores que desejam orientá-los, a Comissão disponibilizou no site do ICMC uma planilha com informações sobre a quantidade de vagas que os docentes têm disponíveis, a linha de pesquisa em que cada um atua, o projeto que o estudante poderá realizar e os pré-requisitos necessários para preencher as vagas. Para acessar as informações, basta consultar este link: icmc.usp.br/e/f598b.

Professor Hildebrando (ao centro, de camiseta branca) mescla, em um mesmo ambiente, alunos mais adiantados, alguns que já estão na pós-graduação, com veteranos na iniciação científica e alunos iniciantes

Sábados de IC – Uma cena já é tradição durante o período letivo no ICMC: aos sábados de manhã, as lousas de algumas salas de aula são tingidas de giz por estudantes que, em inglês, explicam conceitos matemáticos nada triviais para uma turma pouco convencional. Os pupilos que assumem o papel de alunos têm pouco em comum já que se mistura quem ainda cursa o ensino médio com graduandos dos mais diversos semestres de vários cursos oferecidos pelo campus da USP em São Carlos e até pós-graduandos. O que os une é a vontade de aprender matemática no programa de iniciação científica criado pelo professor Hildebrando Munhoz em 1974. 

“Um projeto de iniciação científica abre portas para os alunos: eles passam a ter médias melhores, aprendem a estudar, aprimoram o inglês, passam a editar textos e começam a ganhar prêmios”, explica Hildebrando, que se aposentou em 2013, mas nunca interrompeu o programa. Já perdeu a conta de quantos alunos de IC orientou, com certeza mais de 100. Muitos deles conseguiram ser aprovados em processos seletivos de universidades renomadas no exterior e conquistaram duplo diploma. Alguns ocupam hoje cargos de destaque em universidades de ponta no Brasil e no exterior. 

Esse é o caso de Guilherme Mazanti, pós-doutorando na Université Paris-Sud, no Laboratório de Matemática de Orsay, na França. Formado em Engenharia Elétrica pela Escola de Engenharia de São Carlos, Guilherme foi informado por amigos sobre o programa criado por Hildebrando. No início de 2007, fez sua primeira reunião com o professor e, em fevereiro daquele ano, começou a participar das atividades. 

Depois de dois anos de iniciação científica e antes que concluísse a graduação, Guilherme foi aprovado em uma prova da École Polytechnique, na França, e conquistou uma bolsa de estudos para estudar lá. “Foi o programa de iniciação científica com o Hildebrando que me preparou para essa prova. Passei dois anos e meio na França fazendo um programa de duplo diploma. Voltei para São Carlos, terminei o curso na USP, retornei à França para o mestrado e doutorado e, agora, estou fazendo o pós-doutorado”, conta Guilherme. 

A dinâmica das atividades realizadas aos sábados pelo professor Hildebrando é bastante interessante: além de mesclar em um mesmo ambiente alunos mais adiantados, alguns que já estão na pós-graduação, com veteranos na iniciação científica e alunos iniciantes, ele estimula que os participantes apresentam, alternadamente, seminários em inglês abordando tópicos em matemática profunda. Há também seminários especiais para a resolução de problemas. Essa dinâmica possibilita que os alunos mais experientes sirvam de modelo para os mais novos e que todos juntos aprendam lições fundamentais. “Aos poucos, eles vão tomando gosto pela matemática. Não precisam fazer provas e a gente constrói um ambiente de colaboração, que não é estressante”, pondera Hildebrando. “O erro também ensina a gente”, completa. 

Desde 2010, com o aumento na procura dos estudantes interessados em participar do programa, Hildebrando estabeleceu uma parceria com o professor Marcio Gameiro, do ICMC. Até hoje coordenam juntos a iniciativa.

Ex-aluno da USP, Guilherme hoje faz pós-doutorado na França e veio ao Brasil especialmente para participar do Encontro Mundial de Matemáticos, em agosto do ano passado

Upgrade no currículo – Aluna do curso de Ciências de Computação do ICMC, Sabrina Tridico embarcou para o exterior, pela primeira vez, em 2007. O destino: Estados Unidos. Ela concorreu e ganhou uma bolsa para participar do maior evento do mundo voltado a mulheres na computação, o Grace Hopper Celebration. Naquele tempo, não imaginava que essa seria só a primeira de muitas outras viagens a terras distantes. 

Durante o Grace Hopper Celebration, Sabrina entregou o currículo em vários estandes na tentativa de conquistar um estágio. Ao voltar ao Brasil, foi contatada por uma empresa de tecnologia chamada Audible, que atua no ramo de livros em áudio. Depois de quatro entrevistas por Skype, foi chamada para lá estagiar e, no início de 2018, embarcou novamente para sua segunda experiência em solo norte-americano. 

Sabe o que saltou aos olhos da empresa no currículo de Sabrina? A IC realizada a partir do segundo semestre da graduação: “Era o único projeto técnico que eu tinha no meu currículo: a construção de um sistema de reconhecimento de figuras geométricas em 3D voltado para robótica educacional”. 

Agora, Sabrina está prestes a se formar e já tem emprego garantido na Microsoft a partir de janeiro do próximo ano. Depois do estágio na Audible, ela também conquistou um estágio na Microsoft e daí para a contratação efetiva foi só mais um pequeno passo.

Sabrina foi uma das coordenadoras da Semana de Computação (Semcomp) em 2016

Não perca a oportunidade – Quem é aluno de graduação da USP e deseja seguir as pegadas de Sabrina e Guilherme, basta ficar atento às oportunidades que surgem todos os anos. Por exemplo, este ano, as inscrições estão abertas até 20 de maio para os editais de dois programas da Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP) da Universidade: o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) e o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI)

O objetivo de ambos é proporcionar a aprendizagem de técnicas e métodos científicos, estimulando o desenvolvimento pessoal, profissional e o pensamento crítico dos alunos, que são orientados por pesquisadores experientes. Nos dois casos, são oferecidas bolsas a alunos de graduação da USP, no valor de R$ 400,00 por mês, pelo período de 12 meses, com vigência a partir de agosto de 2019. Para saber mais, acesse o Guia para a Iniciação Científica e Tecnológica elaborado pela PRP. 

Além disso, os quatro departamentos do ICMC possuem seus próprios programas de IC. Para se inscrever em um desses quatro programas, basta o aluno entrar em contato com um dos professores do departamento, que o docente efetuará a inscrição do estudante. Para facilitar esses contatos, os interessados podem também conversar com os chefes dos departamentos. Eles orientarão os estudantes quanto às áreas de pesquisa em que podem atuar bem como sobre os possíveis orientadores disponíveis, de acordo com os interesses de cada um. 

“Alguns alunos acreditam que uma iniciação científica está necessariamente vinculada a uma bolsa ou a um desempenho exemplar na graduação, o que não é verdade. O aluno pode fazer sua iniciação científica sem bolsa. Nesse caso, o departamento emite um certificado para comprovar as atividades realizadas”, esclarece a professora Cynthia Ferreira, do ICMC. Ela explica que, caso o aluno queira uma bolsa, caberá a ele e a seu orientador redigir um projeto e submetê-lo a uma agência de fomento à pesquisa, tal como a FAPESP ou o CNPq. “O principal propósito desses programas é incentivar todos os alunos a exercerem essa atividade complementar tão importante para a sua formação”, finaliza Cynthia. 

Link para os editais com inscrições abertas até 20 de maio: 
Edital do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC): icmc.usp.br/e/cc197
Edital Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI): icmc.usp.br/e/907bf

Links para os Programas de IC dos departamentos do ICMC: 

Conte sua história:
Você já fez um projeto de iniciação científica e gostaria de contar sua experiência? Basta mandar uma mensagem para comunica@icmc.usp.br




Texto e fotos: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

Mais informações
Comissão de Pesquisa do ICMC: (16) 3373-8876
E-mail: pesquisa@icmc.usp.br

terça-feira, 23 de abril de 2019

Lápis e canetas podem ser reciclados: convide escolas e amigos para participar da iniciativa

Você pode diminuir seu impacto no meio ambiente com um simples gesto 

Campanha tem como objetivo arrecadar instrumentos de escrita usados

Para aumentar sua contribuição para um planeta mais limpo, que tal reciclar seus lápis e canetas usados? Quase todo estudante tem aquele velho marcador de texto escondido no fundinho do estojo, mas você já pensou que ele pode ter um destino diferente além do lixo? Pois é. Agora, você pode levar seus lápis e canetas usados até o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. 

A iniciativa chegou ao Instituto pelas mãos do funcionário Cássio Henrique Jorge: “Existe um projeto mundial chamado Terracycle, que é um programa de coleta e reciclagem de materiais, produtos e embalagens de difícil reciclagem. O objetivo do projeto é viabilizar a coleta e o descarte correto desses resíduos”. Cássio preside a subcomissão de Sustentabilidade Ambiental e Desenvolvimento Sustentável (SADS-Recicla) do ICMC.

A ideia da campanha é arrecadar instrumentos de escritas usados para que, mais tarde, sejam reciclados e se transformem em outros materiais. É o segundo ano em que a campanha entra em prática e, antes dos coletores específicos existirem, esse tipo de material era jogado no lixo comum. “A tinta da caneta, por exemplo, é composta por um material tóxico, prejudicial ao meio ambiente, além das partes de plástico e de metal demorarem décadas para se decompor”, explica Cássio. Segundo ele, a expectativa é arrecadar uma grande quantidade desses objetos e estimular que a ideia seja ampliada a outros pontos da cidade. 

Depois de recolhidos, esses materiais serão enviados para empresas parceiras da Terracycle, onde irão passar por um processo de reciclagem. Os resíduos são transformados em uma nova matéria-prima, chamada Pellet. Essa matéria-prima é vendida e utilizada para a produção de outros objetos como bancos e lixeiras. 

Qualquer pessoa pode trazer seus instrumentos de escrita usados para serem depositados nos coletores localizados no bloco 4 do ICMC, ao lado da portaria do prédio. A arrecadação é por tempo indeterminado. 

Traga seus instrumentos de escrita usados para o ICMC: coletor está no bloco 4

Caso você também queira começar um projeto como esse na sua casa, escola ou escritório, basta se cadastrar gratuitamente nos programas da Terracycle, coletar os resíduos e mandá-los pelos Correios. Você ainda pode escolher uma instituição sem fins lucrativos ou escola pública para receber os valores arrecadados com a reciclagem. Para conhecer mais sobre a iniciativa, é só acessar o site www.terracycle.com.br.

Confira os instrumentos de escrita que podem ser coletados: lápis grafite, lápis colorido, lapiseiras, canetas, canetinhas coloridas, borrachas, apontadores, marca-texto, marcadores permanentes e marcadores de quadro-branco. 



Texto: Assessoria de Comunicação do ICMC/USP 

Mais informações 
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666 
E-mail: comunica@icmc.usp.br

quinta-feira, 18 de abril de 2019

ICMC oferece curso de introdução à topologia de singularidades complexas

Com início na próxima quarta-feira, 24 de abril, curso será realizado até dia 5 de junho, sempre às quartas-feiras, das 10 às 12 horas

Imagens mostram variedades de fibrações no tubo de Milnor, um dos tópicos abordados no curso
(crédito da imagem: Sobre a topologia das fibrações de Milnor, de Rafaella de Souza Martins)

O Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, está com inscrições abertas para o curso Uma introdução à topologia de singularidades complexas. O objetivo é fornecer aos alunos de pós-graduação e jovens pesquisadores conhecimentos sobre a chamada Fibração de Milnor, uma ferramenta que tem sido utilizada em vários ramos de pesquisa matemática, principalmente por aqueles que trabalham com a geometria e a topologia das singularidades. 

Gratuito e aberto a todos os interessados, o curso será ministrado pela professora Taciana Oliveira Souza, da Universidade Federal de Uberlândia. As atividades acontecerão às quartas-feiras, das 10 às 12 horas, no período de 24 de abril a 5 de junho, na sala 3-104, no bloco 4 do ICMC. 

As inscrições podem ser efetuadas até a próxima terça-feira, 23 de abril, ou enquanto houver vagas, no sistema Apolo da USP, por meio deste link: icmc.usp.br/e/91daf. Para conferir todos os tópicos a serem abordados no curso, acesse o programa disponível no site do ICMC: icmc.usp.br/e/13645

Os estudos de John Willard Milnor o levaram a conquistar a Medalha Fields em 1962
(crédito da imagem: Encyclopedia Britannica)

Texto: Assessoria de Comunicação do ICMC/USP


Mais informações
Comissão de Cultura e Extensão Universitária do ICMC: (16) 3373.9146 

Visita monitorada atrai mais de 200 estudantes ao ICMC

Alunos do ensino básico conheceram a estrutura do Instituto, seus cursos e grupos de pesquisa e extensão durante visita monitorada

Visita monitorada promove integração dos estudantes com a Universidade

Mais uma edição da visita monitorada aconteceu na tarde da última sexta-feira, 12 de abril, no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. Cerca de 230 alunos do ensino básico de escolas dos municípios de Araraquara, Cravinhos, Matão, Ribeirão Preto, Rio Claro, São José do Rio Pardo e também de São Carlos lotaram o auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano.

Os participantes puderam conhecer mais sobre a USP, as formas de ingresso, o campus São Carlos e os oito cursos oferecidos pelo Instituto, além de entender como funcionam os grupos de extensão e pesquisa.

#aindatônadúvida: está tudo bem ainda não saber o que prestar no vestibular

A palestra de boas-vindas foi realizada pelo professor Thiago Pardo, presidente da Comissão de Graduação do ICMC, que dividiu com os presentes a satisfação de realizar o encontro: "A iniciativa das escolas em levar os alunos até a Universidade, para um primeiro contato com o ensino superior, é um fator muito positivo. Ajuda o jovem a tomar decisões melhores. Aliás, vocês já tomaram uma decisão?".

A estudante do Objetivo de São Carlos Larissa Okabayashi, 17 anos, já fez sua escolha. Quer prestar Engenharia da Computação: "Sempre me interessei no funcionamento das coisas e já aprendi um pouco de programação nas férias. Minha irmã e eu fomos estimuladas pelos estudos em matemática. Acho interessante porque dá para fazer robô e desenvolver jogos, além da possibilidade de trabalhar nas chamadas empresas dos sonhos como Google, Facebook e Apple".

Atividades com grupos de extensão e pesquisa ensinam e divertem participantes

Após a abertura, foi realizada uma mostra tecnológica no saguão do bloco 2. Esse foi o momento de interação dos estudantes com os grupos de pesquisa e extensão do ICMC, como, por exemplo, o Fellowship of Game (FoG), o Programa de Educação Tutorial (PET-Computação) e o Warthog Robotics, que impressionaram alunos e professores.

O aluno do primeiro ano do ensino médio do Objetivo de Araraquara Lucas Coelho, 14 anos, teve seu primeiro contato com o espaço universitário na visita. "É uma experiência bem nova. Conversei com o pessoal porque estou em dúvida entre fazer desenvolvimento de jogos ou tecnologia da informação e logo vou amadurecer a ideia", explicou Lucas.

Os robôs do Warthog atraíram a atenção dos estudantes durante o evento

Por fim, divididos em grupos, os visitantes participaram de um tour pelo Instituto. Conheceram salas de aula, laboratórios, a Biblioteca Achille Bassi e o Museu de Computação Odelar Leite Linhares.

A professora Mayara Pereira, do Colégio Eduq de Rio Claro, afirma que iniciativas como as do Instituto são estimulantes para os jovens, principalmente para as meninas - que tem manifestado mais interesse de seguirem em cursos voltados para a área de ciências exatas: "Já tivemos um bate-papo sobre como encarar a escolha e não desistir dela por conta do ambiente, predominantemente masculino. Aqui no ICMC a gente já vê muita mulher participando e é bom dar um exemplo para que elas ocupem seu espaço. Sempre dá para aproximar as meninas dessas temáticas."

A visita monitorada faz parte do Programa USP e as Profissões, coordenado pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP. Promovida pela Comissão de Cultura e Extensão Universitária do ICMC, a atividade é gratuita e pode ser realizada individualmente ou em grupo.

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Texto e fotos: Marília Calábria - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

Mais informações
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br

terça-feira, 16 de abril de 2019

USP São Carlos abre concurso para professor na área de ciências de computação

Professor selecionado em concurso terá salário inicial de R$ 10.830,94



Estão abertas as inscrições no concurso público para o cargo de professor doutor no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. O docente atuará junto ao Departamento de Ciências de Computação do Instituto, sendo nomeado em Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa, com salário inicial de R$ 10.830,94. 

As inscrições devem ser realizadas exclusivamente via internet até as 17 horas do dia 10 de junho (horário oficial de Brasília/DF) por meio deste link: https://uspdigital.usp.br/gr/admissao. Para obter mais detalhes sobre prazos, provas e documentações, acesse o edital completo. 

Mais informações 
Edital ATAc/ICMC/USP nº 19/2019: icmc.usp.br/e/f4e80
Assistência Acadêmica do ICMC: (16) 3373-8163 
E-mail: sacadem@icmc.usp.br

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Como a revolução da ciência de dados impacta a capital brasileira da tecnologia

Empresas estão fazendo uma verdadeira peregrinação ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP, em São Carlos, em busca de profissionais e de parcerias que possam trazer novas perspectivas para seus negócios a partir dos incontáveis bancos de dados que temos hoje à disposição

"Fique tranquilo, eu sou um cientista de dados": a frase na camiseta de Bruno Coelho, aluno do ICMC, traduz quanto esses profissionais têm se tornado cada vez mais fundamentais no mundo em que vivemos
(crédito da imagem: Reinaldo Mizutani)

O foodtruck que fornece sua comida favorita, o laboratório onde você fez seus últimos exames médicos, o banco em que você é correntista, a seguradora do seu carro e a prefeitura da cidade onde você mora. Há um elo unindo essa lista aparentemente desconectada: os dados valiosos que cada um tem sobre você. São como sementes que, se adequadamente germinadas, podem revelar qual tipo de culinária mais agrada seu paladar, o prognóstico do seu tratamento, suas futuras movimentações financeiras, a provável data em que seu carro precisará de conserto ou de um guincho e qual será o consumo de água, luz e energia da sua residência nos próximos meses. 

À primeira vista, parece o início do roteiro de mais uma série futurista de ficção científica, mas pare e pense: todos esses dados estão à disposição das instituições públicas e privadas com as quais você se relaciona e boa parte da tecnologia para analisá-los já foi criada. O que falta então para o futuro se tornar presente? Profissionais capacitados para gerar valor a partir da captura, do tratamento e da obtenção de novos conhecimentos, úteis e relevantes, com base em todos esses dados.

É fato que o Brasil e os demais países do mundo não estão conseguindo formar a quantidade necessária de pessoas para lidar com esse desafio. A escassez de cientistas de dados nos Estados Unidos oscilava em torno de 140 a 190 mil profissionais, em 2018, um número que só tende a crescer. No Brasil, embora não exista um levantamento que mostre o tamanho da demanda não atendida, quem atua no ensino e na pesquisa na área de ciência de dados tem se surpreendido com a constante peregrinação realizada pelas empresas a institutos especializados buscando mão-de-obra qualificada e o estabelecimento de parcerias. 

Essa efervescente demanda é evidente no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP, em São Carlos, a cerca de 240 quilômetros da capital do Estado de São Paulo. Conhecida como capital da tecnologia, a cidade está se transformando na “meca” brasileira da ciência de dados, um campo que se constrói na interseção de conhecimentos computacionais, estatísticos e matemáticos.

“São Carlos está no olho do furacão”, declara o professor André de Carvalho, vice-diretor do ICMC e do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria da USP. Ele revela que grandes corporações visitam constantemente o ICMC para efetuar processos seletivos e buscar parcerias científicas para lidar com seus bancos de dados. Recentemente, por exemplo, Serasa Experian, Intel e Magazine Luiza anunciaram que vão instalar centros de pesquisa na cidade.

Para André de Carvalho, São Carlos já é referência na área de ciência de dados
(crédito da imagem: Reinaldo Mizutani)

Eles valem ouro – Mas por que tantas empresas estão desesperadas pela ajuda dos cientistas de dados? Ora, hoje, cada ser humano com um dispositivo móvel em mãos é um produtor de dados, os quais são gerados em velocidade, volume e variedade cada vez maiores. Esses bancos de dados, quando não são utilizados adequadamente pelas instituições, acabam se tornando verdadeiros elefantes brancos. 

São elefantes que consumem recursos valiosos – pense em quanto espaço físico e virtual é preciso para armazená-los – e não são poucos os gestores que se assustam diante desse cenário complexo de números, nomes, datas, telefones, e-mails, endereços, comentários, curtidas, imagens, vídeos... É um amontoado heterogêneo que costuma conter informações preciosas, capazes de levar à solução de vários problemas e permitir avanços significativos às instituições, contribuindo para a tomada de melhores decisões. Há potencial para aumentar receitas, reduzir custos, aprimorar experiências de clientes e promover inovações. Não saber o que fazer diante dessa riqueza de dados é, no mínimo, desesperador. 

Não é à toa que, nos rankings internacionais que apresentam as melhores carreiras, os cientistas de dados sempre estão em destaque. Na avaliação sobre os melhores empregos do site carreercast.com, eles aparecem na 7ª colocação; no glassdoor.com, surge como a profissão número 1 dos Estados Unidos.

“Os cientistas de dados buscam utilizar, de modo eficiente, ferramentas matemáticas e computacionais para auxiliar no processo de extração de conhecimentos a partir de dados, auxiliando principalmente a tomada de decisões”, explica o professor Gustavo Nonato, do ICMC. Ele acabou de voltar à USP depois de passar um período como professor visitante no Center for Data Science da Universidade de Nova Iorque: “a experiência lá foi muito útil para ter uma visão mais clara do que é a ciência de dados, uma área ainda muito nova”.

Diante da ausência de profissionais com formação específica, as instituições têm recrutado graduados e pós-graduados em computação, matemática e estatística para ocupar cargos com nomenclaturas que vão desde o clássico “cientista de dados” até engenheiro/analista/arquiteto de dados, seguindo por variações como analista de inteligência de negócios entre outras. Segundo Nonato, os alunos recém-formados do ICMC têm sido recrutados a preço de ouro para trabalhar com ciência de dados. Outro professor do ICMC, Marinho de Andrade Filho, explica que os egressos do curso de estatística têm entrado no mercado com salários iniciais variando entre R$ 4 e R$ 6 mil, chegando a R$ 10 mil após cerca de um ano de atuação. 

Depois de uma experiência como professor visitante no Center for Data Science, em Nova Iorque, Gustavo Nonato (último à direita em pé) coordena, atualmente, o grupo de extensão DATA, no ICMC
(crédito da imagem: Reinaldo Mizutani)

Pensando com dados – Será que a Universidade está em sintonia com a revolução da ciência de dados? No ICMC, já é oferecida uma ênfase em ciência de dados, opção disponível para os alunos dos cursos de graduação em computação e em matemática (exceto Licenciatura), e também existe uma especialização em ciência de dados no Mestrado Profissional em Matemática, Estatística e Computação Aplicadas à Indústria (MECAI). Além disso, em breve, serão efetuadas alterações significativas no Bacharelado em Estatística – que passará a se chamar Bacharelado em Estatística e Ciência de Dados – e dois novos cursos serão criados: uma especialização do tipo Master Business Administration (MBA), destinada a quem já está inserido no mercado de trabalho; e uma nova graduação surgirá, o Bacharelado em Ciência de Dados. 

No momento, as propostas dos novos cursos estão sendo avaliadas por diversas instâncias da USP. Quando o Bacharelado em Ciências de Dados for oficialmente lançado, vai se tornar o primeiro curso desse tipo a ser oferecido no país. No mundo, há apenas 57 cursos de graduação em ciência de dados, sendo que nenhum deles é brasileiro, de acordo com informações disponíveis em abril no website http://datascience.community/colleges. Ao serem levadas em conta as opções de pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado), chega-se a um total de 545 programas espalhados pelo globo e somente um deles é oferecido no Brasil por uma instituição particular.

Como não há diretrizes curriculares nacionais específicas para o Bacharelado em Ciências de Dados, o grupo de professores que elaborou a proposta foi buscar inspiração em diretrizes internacionais. Um dos documentos que fundamentam a proposta – Diretrizes Curriculares para Programas de Graduação em Ciência de Dados – apresenta o resultado de um trabalho realizado por representantes de 25 instituições de ensino, que se reuniram durante três semanas nos Estados Unidos para discutir as habilidades essenciais na formação desse profissional.

O professor Thiago Pardo, que preside a Comissão de Graduação do Instituto, explica que o Bacharelado em Ciência de Dados do ICMC seguirá essas diretrizes internacionais, propondo um currículo interdisciplinar, que integre conhecimentos provenientes da computação, da estatística e da matemática. Ele afirma que a ideia é formar um profissional capaz de “pensar com dados”, que tenha competência e experiência prática para lidar com as mais variadas situações e domínios de aplicação da área. 

Mas, afinal, quais são exatamente as habilidades que esse novo profissional precisa ter? No documento com a proposta de criação do curso, destaca-se que o Bacharel em Ciência de Dados será capaz de: entender, formular e refinar questões apropriadas; obter, modelar e explorar os dados relacionados; processar os dados e realizar as análises necessárias; obter e comunicar o conhecimento relevante e, se necessário, apoiar o desenvolvimento e implantação de soluções com base nos resultados atingidos. 

Para se tornar apto a realizar tudo isso, há várias habilidades que precisam ser desenvolvidas. Em primeiro lugar, está o aprendizado de técnicas de coleta, armazenamento e gerenciamento de dados, envolvendo os processos de limpeza, transformação e estruturação dos dados, os quais podem ser provenientes de fontes variadas e ter formatos e tamanhos diversos. Depois, é necessário processar esses dados e realizar análises por meio de técnicas computacionais e estatísticas. São essas técnicas que possibilitarão extrair conhecimentos desses dados, empregando estratégias que podem incluir a utilização de modelagem estatística/matemática, visualização, mineração e aprendizado de máquina.

Porém, para que todo esse conhecimento ligado ao raciocínio lógico e à abstração resulte, de fato, em soluções, o profissional precisa desenvolver também as chamadas soft skills – aquelas habilidades não-técnicas que o permitirão se comunicar adequadamente, ser criativo, trabalhar em equipe e ter uma visão ampla e crítica sobre os processos que ocorrem dentro e fora das instituições. Note que formar um profissional assim é um desafio e tanto.

A fim de possibilitar que os alunos formados em Estatística no ICMC também possam ter acesso a essa formação mais ampla, atendendo à crescente demanda do mercado, outra iniciativa em andamento propõe uma atualização na grade curricular do curso. A proposta também está passando pela aprovação de diversas instâncias da USP e a expectativa é de que os ingressantes da Universidade em 2020 já tenham acesso à novidade, que prevê até uma alteração no nome do curso, que passará a se chamar Bacharelado em Estatística e Ciência de Dados. 

O professor Marinho explica que a espinha dorsal do curso continua sendo a estatística, que é uma profissão regulamentada no Brasil, o que se propõe é uma ampliação no escopo de algumas disciplinas a fim de associar o ensino de técnicas computacionais ao ensino das técnicas estatísticas, as quais já eram abarcadas pela grade curricular do curso. “Não existe uma competição entre a estatística e a computação pela fatia da ciência de dados. O que há é uma necessidade de unir os dois campos para tratar dos problemas que surgem a partir dos dados. É claro que existem diferenças nas abordagens, mas são conhecimentos que se completam”, diz Marinho. 

Com as alterações nas disciplinas oferecidas, houve uma vantagem adicional: a redução no tempo de formação no curso de Estatística. Em vez dos atuais 4,5 anos, a graduação poderá ser concluída em 4 anos. “Assim, o recém-formado poderá planejar mais facilmente o início das atividades do ano seguinte, quer seja no mercado de trabalho ou em um programa de pós-graduação”, completa o professor Marinho. 

Quando o Bacharelado em Ciências de Dados for oficialmente lançado pelo ICMC, vai se tornar o primeiro curso desse tipo a ser oferecido no país
(crédito da imagem: Reinaldo Mizutani)

Nasce o DATA – A demanda por capacitação é tão grande que quatro estudantes do ICMC se mobilizaram para criar o DATA, um grupo de extensão que surgiu oficialmente no início deste ano especialmente para difundir os conhecimentos sobre ciência de dados. A ideia nasceu depois que os quatro alunos do curso de Ciências de Computação foram selecionados para a final de um concurso internacional de ciência de dados, o Data Science Game, que aconteceu em outubro do ano passado. O time – formado por Bruno Coelho, Gustavo Sutter, Marcello Pagano e Tobias Veiga – conquistou o 12º lugar entre as 20 melhores equipes do mundo e, considerando-se as três equipes brasileiras que concorreram à final, ficou em 2º lugar.

O encanto pela ciência de dados floresceu nos quatro estudantes depois que se envolveram em projetos de iniciação científica e estabeleceram contato com novos conhecimentos da área, o que levou à formação do time. Bruno conta que participar da competição foi um processo intenso e enriquecedor: “Mesmo tendo que fazer tudo em um curto período de tempo, a experiência foi fantástica. Saímos muito motivados a estudar ainda mais sobre ciência de dados.” Então, os quatro decidiram criar um novo grupo de extensão, a partir do estímulo do professor Thiago Pardo e da inspiração de outros grupos bem-sucedidos criados no ICMC, como o Grupo de Estudos para a Maratona de Programação (GEMA) e o grupo de desenvolvimento de jogos Fellowship of the Game (FoG). O passo seguinte foi contatar o professor Gustavo Nonato, que aceitou assumir o papel de tutor da iniciativa.

Atualmente, o DATA está oferecendo um curso de introdução a ciência de dados, de 12 semanas, para cerca de 40 estudantes do ICMC, às quartas-feiras, das 14 às 16 horas. O que o grupo ensina? “Introdução à linguagem de programação Python, aos principais algoritmos, a aprendizado de máquina e a técnicas de pré-processamento de dados. A ideia é incentivar essa turma a participar de competições e prepará-los para futuros processos seletivos”, conta Gustavo.

Também às quartas, das 17 às 18 horas, o DATA reúne os alunos que já têm conhecimentos mais avançados na área para promover discussões e aprimorarem, colaborativamente, o know-how que já possuem. “Além de tornar a área de ciência de dados mais conhecida, outro objetivo do grupo é oferecer, futuramente, treinamento para a população em geral, por meio de cursos de extensão”, conta Nonato. “É claro que, para você se tornar um cientista de dados, é preciso ter uma formação sólida. Mas é fato que uma pessoa que possua alguma noção de programação, se fizer bons cursos sobre Python e sobre aprendizado de máquina, pode desenvolver interessantes soluções a partir de dados já disponíveis”, acrescenta o professor.

Bruno Coelho, Gustavo Sutter, Marcello Pagano e Tobias Veiga participaram da final do Data Science Game, que aconteceu no ano passado, de 27 a 29 de setembro, na França
(crédito da imagem: Data Science Game)

De volta ao futuro – Você é capaz de imaginar as soluções interessantes que podem ser criadas por quem faz ciência com dados? O professor André de Carvalho enumera uma série de possibilidades: melhorar o ensino identificando o perfil de cada aluno para disponibilizar conteúdos e avaliações particularizados; localizar trechos de processos jurídicos e sentenças que podem ser úteis para argumentações futuras; predizer quais clientes estão insatisfeitos com uma empresa e o porquê, buscando reduzir o problema; prever o resultado de reações químicas a partir das condições experimentais e das substâncias utilizadas; prever falhas em linhas de transmissão de energia elétrica; diagnosticar fadiga em estruturas como pontes e barragens; classificar objetos em imagens obtidas por telescópios espaciais; criar modelos capazes de dar suporte ao diagnóstico médico; prevenir a queda de idosos; melhorar o desempenho de equipes em práticas de esportes olímpicos e profissionais; prever a ocorrência de doenças e pragas; classificar automaticamente a qualidade de frutas; melhorar as políticas públicas; reduzir danos ao meio ambiente e aos seres humanos.

Todas essas possibilidades e outras mais estão descritas no artigo “Interdisciplinaridade da ciência de dados”, publicado por André na Revista da Sociedade Brasileira de Computação, edição de fevereiro de 2016. O que era futuro há três anos está se tornado cada vez mais presente. Não falta muito para que os cientistas de dados descubram a culinária que mais agrada seu paladar, o prognóstico do seu tratamento médico, suas próximas movimentações financeiras, o defeito que seu carro terá e quanta água, luz e energia a residência em que você mora consumirá. Resta saber quais decisões serão tomadas a partir desses novos conhecimentos. Há quem vislumbre o surgimento de um mundo mais humano e justo a partir de tantos dados; e há quem tema pela vulnerabilidade que o acesso a esses dados pode nos trazer. O fato é que as consequências de qualquer tipo de novo conhecimento depende do comportamento ético da humanidade. Isso vale também para ciência que brota dos dados.

Estudantes do ICMC que participam da primeira edição do curso de introdução a ciência de dados, oferecido pelo DATA
(crédito da imagem: Reinaldo Mizutani)

Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP


Saiba mais
Cursos e programas em ciência de dados no mundo: http://datascience.community/colleges
Curriculum Guidelines for Undergraduate Programs in Data Science

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Oportunidade: bolsa de monitoria no Departamento de Sistemas de Computação do ICMC


Está aberta a inscrição para uma bolsa de monitoria no Departamento de Sistemas de Computação (SSC) do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. 

A monitoria é para a disciplina Prática de Lógica Digital (SSC0109), que é oferecida às terças-feiras, das 14h20 às 16 horas, período em que o monitor deverá estar presente em sala de aula. A carga horária total de atuação é de oito horas semanais e o valor mensal das bolsas é de R$ 300,00 para o período de maio a junho. 

Podem se candidatar alunos de graduação e pós-graduação da USP, desde que não possuam outras bolsas e tenham cursado a disciplina ou outra equivalente. Os interessados deverão se inscrever até a próxima quarta-feira, 17 de abril, por meio deste formulário eletrônico: icmc.usp.br/e/11e5f.

Texto: Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

Mais informações
Secretaria do SSC: (16) 3373.9655 ou ssc@icmc.usp.br

quarta-feira, 10 de abril de 2019

ICMC promove palestra sobre física biológica com José Nelson Onuchic

Professor José Nelson Onuchic conduzirá encontro no próximo sábado, 13 de abril




No próximo sábado, 13 de abril, o Instituto de Ciências Matemáticas e Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, realizará a conferência Física biológica, com o professor José Nelson Onuchic, da Rice University, nos Estados Unidos. Promovida pelo Programa de Iniciação Científica dos professores Hildebrando Rodrigues e Márcio Gameiro, a palestra será no auditório Luiz Antonio Favaro (sala 4-111), às 8h30, é gratuita, aberta a todos os interessados e não demanda inscrições prévias. 

Codiretor do Centro para Física Biológica Teórica, um dos dez centros de excelência em física criados pela Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos, o acadêmico é ex-aluno do Instituto de Física de São Carlos (IFSC). Onuchic é uma referência na área de física biológica, um campo que desenvolve e utiliza métodos modernos de física teórica para tentar solucionar fenômenos biológicos complexos, tais como o dobramento de proteínas.

O professor é um dos quatro filhos do casal Nelson Onuchic e Lourdes de la Rosa Onuchic, ambos foram pesquisadores de destaque no ICMC e contribuíram significativamente para o desenvolvimento da matemática no Brasil.

No dia anterior à conferência, na sexta-feira, dia 12, José Nelson Onuchic receberá a Medalha de Honra e o Diploma de Professor Honorário do IFSC, onde ministrará a aula magna Exploring the Energy Landscape for Protein Folding and Function: Integrating Structural Models and Sequence Coevolution Information.

Convidado pelo ICMC para palestra, Onuchic é professor da Rice University, nos Estados Unidos

Conferência Física biológica
Local: auditório Luiz Antonio Favaro, sala 4-111, bloco 4 do ICMC
Endereço: avenida Trabalhador são-carlense, 400, área I do campus da USP, no centro de São Carlos
Dia e horário: sábado, 13 de abril, a partir das 8h30
Mais informações: (16) 3373.9622 ou eventos@icmc.usp.br