Durante a maratona de atividades que marca a Semana da Computação no ICMC, os estudantes têm a oportunidade de mergulhar nas diferentes facetas da computação, além de compreender a magia presente nesse mercado de trabalho e no campo da pesquisa acadêmica
O medo toma conta da estudante Bruna Polonio, 19 anos. Cambaleando, ela se move pelo palco do auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano, quase tromba no telão, enquanto narra tudo o que vê no filme de terror que assiste em seus óculos de realidade virtual. É a primeira vez que Bruna experimenta essa tecnologia. E a cada susto que ela leva, a plateia vem abaixo em gargalhadas. “Seus usuários são sua maior fonte de informação. Eles querem ser enfeitiçados. Cabe a nós criarmos essa magia”, anuncia entusiasmado Marcio Funes, mestrando do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, no palco de onde Bruna acabou de descer.
A magia da interação humano-computador foi o destaque na palestra de Marcio |
O medo toma conta da estudante Bruna Polonio, 19 anos. Cambaleando, ela se move pelo palco do auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano, quase tromba no telão, enquanto narra tudo o que vê no filme de terror que assiste em seus óculos de realidade virtual. É a primeira vez que Bruna experimenta essa tecnologia. E a cada susto que ela leva, a plateia vem abaixo em gargalhadas. “Seus usuários são sua maior fonte de informação. Eles querem ser enfeitiçados. Cabe a nós criarmos essa magia”, anuncia entusiasmado Marcio Funes, mestrando do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, no palco de onde Bruna acabou de descer.
Não foi por acaso que o mestrando chamou voluntários como Bruna ao palco, que nunca haviam passado por uma experiência com óculos de realidade virtual. Ele queria que aquela plateia, composta por cerca de 200 estudantes de cursos da área de computação, compreendesse a importância da magia dessa ciência sob o olhar de quem usa a tecnologia. Afinal de contas, são eles que, no futuro, terão a capacidade de criar essas soluções.
Formado em Ciências de Computação pela Universidade de Franca, Marcio desenvolveu, como trabalho de conclusão de curso, um protótipo de baixo custo de óculos de realidade virtual. O projeto abriu as portas da USP para ele, que atua no Laboratório de Intermídia do ICMC, pesquisando a área de interface humano-computador. No final de sua palestra, realizada na tarde do dia 17 de agosto durante a Semana de Computação (Semcomp), Marcio deixou um recado para os estudantes: “Se você tem uma ideia bacana, isso poderá conduzir seu futuro. Então, coloque-a em prática e faça algo que realmente seja mágico para você”.
Cair na fantasia da realidade virtual foi uma experiência enriquecedora para a estudante Bruna, que cursa Análise e Desenvolvimento de Sistemas no Instituto Federal de São Paulo (IFSP), campus São Carlos: “Tudo o que a gente faz e aprende na área de tecnologia poderá nos ajudar no futuro”. Segundo ela, o conhecimento que adquiriu durante as palestras e os minicursos oferecidos na Semcomp já serão úteis para desenvolver um projeto no Programa de Educação Tutorial (PET) do IFSP, do qual faz parte.
Tal como Bruna, 911 estudantes participaram da maratona de atividades oferecidas no ICMC de 12 a 19 de agosto durante a Semcomp e puderam mergulhar nas diferentes facetas da computação, além de compreender melhor as inúmeras oportunidades existentes nesse mercado de trabalho e também no campo da pesquisa acadêmica. No total, foram 23 minicursos, 9 palestras, uma mesa redonda, uma jornada de 48 hora ininterruptas de desenvolvimento de games (Game Jam), uma noite de jogos (Gamenight), um luau, um sarau, uma feira do livro, uma maratona de filmes, uma gincana e uma feira de recrutamento.
Bruna no palco: primeira experiência com os óculos de realidade virtual |
A magia do mercado de trabalho – Entre as 16 empresas que participaram da Feira de Recrutamento da Semcomp, realizada no dia 18 de agosto, estava a AmDocs, uma empresa criada há 36 anos em Israel, que tem uma filial em São Carlos e conta com 25 mil colaboradores espalhados pelo mundo. “Temos colaborações com o ICMC há dois anos, quase 50% dos nossos funcionários vieram daqui. Os alunos do Instituto possuem o perfil que nós procuramos: quem sai daqui entra na Amdocs e, em um ou dois meses, consegue agregar para a empresa”, conta Idan Nakel, diretor de Desenvolvimento da AmDocs em São Carlos.
Foi exatamente por causa do talento encontrada nas universidades presentes no município que a empresa decidiu se instalar em São Carlos. Durante a Feira, a AmDocs realizou um processo seletivo e a expectativa era oferecer oportunidades de estágio para aproximadamente 50 estudantes. “Estamos crescendo cerca de 30% por ano em número de funcionários”, destaca Idan.
Cursando o 4º ano do curso de Ciências de Computação no ICMC, Bernardo Duarte quer fazer estágio e participou do processo seletivo de três empresas na Feira: “Esse evento ajuda muito, pois quando as empresas vêm até aqui é um passo a menos para nós, estudantes. E isso também nos valoriza, porque estamos sendo procurados por elas”.
Feira de Recrutamento contou com a participação de 16 empresas |
A magia da pesquisa acadêmica – Uma mostra com diversos projetos realizados por mestrando e doutorandos do ICMC tomou conta do hall do auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano na manhã do dia 17 de agosto. Novidade na Semcomp, a atividade teve como objetivo aproximar o universo da graduação e da pós-graduação.
“Eu acho que muitos alunos que estão na graduação têm o perfil para fazer uma pós, mas não entendem como funciona o processo e, então, não vão atrás das informações”, diz o professor Adenilso Simão, que coordena o Programa de Pós-Graduação em Ciências de Computação e Matemática Computacional do ICMC.
Segundo ele, a ideia do evento foi explicar para os estudantes como funciona a área acadêmica e o tipo de pesquisa que podem realizar. “A pós-graduação permite que a pessoa se aprofunde em alguns campos do conhecimento e consiga desenvolver habilidades que podem ser úteis para ela tanto no mercado de trabalho quanto na esfera acadêmica”, explica Adenilso.
Comissão organizadora: aprendizados no trabalhando em equipe |
A magia dos aprendizados – Dos 23 minicursos oferecidos na Semcomp, um deles mergulhava no universo do design de jogos. Leonardo Pereira, que está no último ano do curso de Ciências de Computação, decidiu ministrar o curso porque, além de gostar muito da área, já deu aulas sobre o assunto para os integrantes do grupo de desenvolvimento de jogos Fellowship of the Game, que conta com a participação de estudantes de diversos cursos de graduação da USP em São Carlos. Os integrantes gostaram tanto da iniciativa que Leonardo levou o projeto adiante. “O jogo com design perfeito seria aquele que agradasse não só o público-alvo, mas todos os outros públicos, fazendo com que eles passassem a jogar”, ensina o estudante-professor.
Para construir um jogo assim, Leonardo explica que muitos elementos devem ser levados em conta como a programação, a narrativa, a música, os gráficos, a jogabilidade: “O design de um jogo é algo bem complicado, pois envolve todos os níveis de criação dele. Acho que a primeira coisa que se deve pensar na hora de criar o design de um jogo é: o que deixa um jogo bom? O que vai fazer as pessoas jogarem ou não?”.
Em outro minicurso, os participantes aprenderam a implementar uma rede social de troca de mensagens em tempo real. Ministrado pelo ex-aluno Bruno Orlandi, que fez Ciências de Computação no ICMC, o minicurso inspirou os estudantes a buscarem o conhecimento necessário para criar uma rede social. “Meu objetivo é que eles comecem a estudar o tema e, quando saírem para o mercado, estejam preparados para atuar na área”, revela Bruno. “Você pode criar ou unir funcionalidades de outras redes sociais em uma só e, quem sabe, ser inovador, podendo criar um negócio”, completa.
A magia da robótica inteligente também marcou presença na Semcomp. “Acusa-se muito a robótica de tirar empregos, mas é justamente o contrário. No momento em que uma empresa produz mais e de forma mais eficiente, a empresa cresce e gera empregos, desenvolvimento”, defende o professor Fernando Osório, do ICMC, que ministrou o minicurso Simulação e prática em robótica inteligente. Para ele, realizar atividades como essa é uma oportunidade para acabar com os mitos que pairam sobre a área e possibilitar que mais pessoas compreendam a importância desse campo do conhecimento para o desenvolvimento tecnológico: “Vários países já perceberam que a robótica é indispensável para o crescimento econômico e a geração de emprego”.
Foram oferecidos 23 minicursos |
A magia dos bastidores – Antes de ingressar na organização da Semana, o professor Marcelo Manzato não entendia o brilho nos olhos dos alunos que participavam dos bastidores da iniciativa. Para ele, a Semcomp era um evento como outro qualquer. “Mas eu vi que estava enganado. Existe um esforço muito grande de todos os alunos da organização para fazerem as coisas darem certo e é muito prazeroso ver a satisfação de quem participa das atividades que planejamos”, revelou o professor durante o encerramento do evento, na noite do dia 19 de agosto.
“Não deixe a graduação atrapalhar a sua formação”, disse logo depois Sabrina Faceroli, presidente da iniciativa, que também faz Ciências de Computação no ICMC. Segundo ela, as atividades extracurriculares oferecidas na Universidade – como a Semcomp – devem ser tão valorizadas pelos estudantes quanto as atividades acadêmicas em sala de aula. “A Semcomp é uma oportunidade para vocês conhecerem áreas da computação que ainda não haviam sido apresentadas a vocês”, adicionou. Na hora de encerrar o discurso, emocionada, Sabrina reforçou que a magia da Semcomp vai além da magia da computação: “É um evento para mudar a visão do que você escolheu fazer da sua vida”.
Confira a lista dos alunos dos cursos de computação com o melhor desempenho acadêmico!
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Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP
Com a colaboração de Henrique Fontes
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