Temas foram debatidos em
três diferentes bares da cidade, que atraíram cerca de 270 pessoas no total
Vacas, puns, arrotos e seus efeitos sobre o planeta foi o tema do bate-papo no Vila Brasil |
Comandar o personagem de um jogo de vídeo game através de palmas e tapas em uma mesa. Foi assim que começou o debate sobre games na psicologia e a psicologia dos games no Beatniks Road Bar. Enquanto isso, no restaurante Mosaico, o público era apresentado a duas diferentes correntes que estudam o envelhecimento humano. A poucos metros dali, no boteco Vila Brasil, perguntava-se: será que podemos colocar a culpa nas vacas quando falamos sobre as emissões de gases de efeito estufa?
Esses foram os três temas
discutidos durante a segunda noite do festival internacional de divulgação
científica Pint of Science, que
aconteceu na última terça-feira, 24 de maio, em São Carlos. Realizado pelo
Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, o evento prossegue
nesta quarta-feira, 25 de maio, com mais três bate-papos nos três bares que
sediam a iniciativa (confira
a programação).
No Beatniks, o psicólogo e
pós-doutorando do ICMC, Leonardo Marques, ensinou três séries de comandos ao
público a fim de guiar o personagem de um game: palmas e tapas na mesa se
alternavam para levá-lo a avançar, agachar ou saltar. O objetivo era treinar
organização social, memória e despertar a competição.
No Beatniks, a discussão foi sobre a relação entre os games e a psicologia |
Depois da atividade, foi a vez de
Maria de Jesus dos Reis, professora do Departamento de Psicologia da UFSCar, lembrar
que os primatas e mamíferos também realizam jogos e que eles são muito
importantes para o nosso desenvolvimento. “Os jogos humanos têm relação com
hábitos sociais, pois vivemos em grupo e, desde cedo, jogamos e vivenciamos
essa interação, como em canções infantis e brincadeiras”, disse a professora.
Ela ressaltou que os jogos são usados na área da saúde para promover a
reabilitação física, combater a depressão e até mesmo o câncer.
A seguir, Gabriel Lima, coordenador
de desenvolvimento de jogos na Ludo Educativo, falou sobre o desafio de
desenvolver jogos educativos. Para ele, é fundamental mudar o estereótipo que
existe sobre esse tipo de game, considerado por muitos como chato. “Ao
desenvolver um jogo, é preciso criar um cenário imersivo e tomar cuidado com a
trilha sonora”, destacou.
Para encerrar o debate, o
professor Seiji Isotani, do ICMC, lançou perguntas que instigaram o público. O docente
questionou, por exemplo, se jogos violentos geram violência. A pergunta abriu
um debate interessante entre uma minoria que defendia que sim e a maioria, que
não. Depois de ouvir os argumentos dos dois lados, o professor disse que há
estudos que apontam que esses jogos realmente fazem com que aumente a
agressividade de crianças, contrariando o senso comum.
Vacas, puns e arrotos – No Vila Brasil, um tema polêmico esquentou
a noite fria: o impacto da pecuária nas emissões de gases de efeito estufa. Para
a pesquisadora Patrícia Anchão Oliveira, da Embrapa Pecuária Sudeste, há muita desinformação
quando se aborda esse tema. Ela ressaltou que não se pode considerar apenas o
animal de forma isolada quando se avalia as emissões, mas que se deve levar em
conta todo o sistema de produção. Segundo ela, os resultados de pesquisas nessa
área têm demonstrado que é possível mitigar as emissões de gases de efeito
estufa com manejo adequado do animal e das pastagens, uso apropriado de
insumos, melhoramento genético, adoção de sistemas integrados de árvores,
pastagem e agricultura e manejo nutricional.
Carlos e Patrícia falaram sobre o impacto da pecuária nas emissões de gases de efeito estufa |
O público mostrou-se bastante
interessado pelo debate e preocupado com o futuro do planeta com o aumento das
emissões de gases de efeito estufa e as mudanças climáticas. Os questionamentos
foram desde as comparações entre as emissões dos animais e os automóveis até o
uso de tecnologias para redução das emissões. “As perguntas, que estavam
previstas para acontecer apenas no final das apresentações, começaram a surgir antes.
O público quer se informar e a ciência precisa ir onde as pessoas estão, porque
elas são curiosas e têm sede de informação. O evento foi fantástico para isso”,
afirmou a jornalista Simone Bezerra, da Rádio UFSCar, que mediou o debate. “Foi
diferente, porque a gente fica muito preso em sala de aula, em palestras, em
ambientes acadêmicos. Em um lugar mais descontraído, você acaba sendo até mais
criativo”, concluiu Carlos.
Sem medo de envelhecer – “Nós fomos feitos para morrer aos 40 anos”,
afirmou a professora Márcia Cominetti, do Departamento de Gerontologia da
UFSCar, na abertura do bate-papo Envelhecimento:
o que acontece com nosso corpo e como a tecnologia pode nos ajudar, que
aconteceu no restaurante Mosaico. Ela apresentou as duas correntes científicas
que estudam o envelhecimento: uma delas explica esse processo baseando-se nos
nossos genes e a outra acredita que o envelhecimento é fruto das agressões do
ambiente. “Na verdade, não podemos ignorar nosso código genético nem o ambiente”,
destacou.
Márcia chamou a atenção para as
perdas e o ganho da nossa jornada rumo à velhice e explicou como é possível
retardar o processo por meio de uma alimentação saudável, da prática de
exercícios físicos e da adoção de uma dieta com restrição calórica. Esse último
caso se refere a uma dieta em que a pessoa passa a consumir cerca de 30% menos calorias
do que consome normalmente.
Depois, foi a vez da professora Alessandra
Rossi Paolillo, do Departamento de Terapia Ocupacional da UFSCar, mostrar como
a tecnologia pode contribuir com os idosos. Ela apresentou diversos exemplos de
aparatos tecnológicos que podem ajudar quem é acometido por demências, câncer e
derrame a se tornar mais independente e ter uma melhor qualidade de vida. A
professora é pesquisadora do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São
Carlos (IFSC) e mostrou como foi desenvolvido o protótipo de um aparelho
criado pelo Grupo para combater a osteoartrose, uma doença reumática que afeta
as articulações do corpo provocando dor e limitando os movimentos. O protótipo combina
o uso simultâneo do laser e do ultrassom e resultou no depósito de uma patente.
Alessandra mostrou o protótipo do aparelho criado pelo Grupo de Óptica do IFSC |
Em São Carlos, o Pint of Science conta com o apoio do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e do Instituto de Física de São Carlos (IFSC). Em âmbito nacional, há o patrocínio da Elsevier.
Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação ICMC/USP
Com a colaboração de Gisele Rosso e Henrique Fontes
Mais informações
Site do evento: www.pintofscience.com.br
Assessoria de comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br