Pesquisa mede também o
grau de imersão dos usuários, analisando os níveis de diversão, atenção e
dificuldade experimentados durante as fases de um jogo
Tela do jogo usado pelo mestrando para testar o modelo criado |
Desde criança, o aluno de
mestrado do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em
São Carlos, Lucas Ferreira, era um apaixonado por games. O gosto pelos jogos
cresceu junto com ele e,
hoje, ele aplica sua paixão pelo
mundo virtual na criação de novos desafios para os amantes de jogos
eletrônicos. O trabalho do estudante, no qual são geradas automaticamente
fases dentro de um game, faz parte de sua dissertação de mestrado, que será
defendida em breve no Instituto.
Ferreira desenvolveu um algoritmo,
uma sequência de comandos que é passada para o computador a fim de definir uma
tarefa, capaz de gerar automaticamente conteúdo e novos níveis dentro de um jogo. O game utilizado
para testar seu modelo durante o mestrado foi o Angry Birds. “A gente procurou
um contexto em que alguns estudos ainda não haviam sido aplicados. Como o Angry
Birds é baseado em física, ele nos traria diversos desafios para gerar
conteúdos”, diz o estudante.
O estudo desenvolvido
pelo mestrando foi criado para analisar a interação dos jogadores com as fases geradas.
“Nossa ideia era medir o grau de imersão dos usuários, descobrir se eles perderam
a noção do tempo durante o jogo, esquecendo-se do mundo. Esses são alguns dos
principais sentimentos que a indústria de jogos quer
promover nos jogadores”, explica o mestrando.
Para obter essas informações, o
aluno criou um questionário para que os usuários, após terem jogado algumas
fases, pudessem responder e dar um feedback ao desenvolvedor, opinando sobre o
nível de diversão, dificuldade e interação experimentados. Com essas respostas,
é possível comparar as fases geradas pelo aluno com as do jogo original.
Antes de iniciar seu mestrado no
ICMC na área de Geração Procedural de Conteúdo, Ferreira trabalhava em uma
empresa de jogos australiana no formato de home office e essa experiência
contribuiu muito para seu mestrado: “Eu consegui aliar
a experiência de jogador e desenvolvedor, o que me ajudou bastante a criar mais
rápido o jogo utilizado nos experimentos. Se eu não tivesse essa experiência,
teria sido muito mais difícil”.
O trabalho, que começou há cerca
de dois anos, está sendo orientado pelo professor Claudio Toledo, do ICMC. O docente já havia atuado
anteriormente na área de games, quando foi orientador de uma iniciação científica
no Instituto, a qual desenvolveu algoritmos baseados em computação evolutiva
para inteligência artificial do jogo.
Toledo diz que a execução de todas
as etapas, tal como realizado no trabalho de Lucas, é algo difícil de ser
encontrado: “Nós geramos conteúdo, avaliamos a jogabilidade e fizemos testes
com humanos. Fechamos essas três etapas. Dificilmente você vê pesquisadores, mesmo
no exterior, terminando esses três passos na área de geração de conteúdo. Essa foi a
principal contribuição do projeto”.
Além de desenvolver conteúdos
para diversão, o orientador diz que essa técnica pode ser utilizada em outras
áreas. Ele conta que é possível, por exemplo, usar o modelo na recuperação de
pessoas com algum tipo de lesão, tratamento de fisioterapia ou, então, ajudar
idosos a combater doenças que vêm com a idade, fazendo com que eles se
movimentem e exercitem a memória e a atenção. Com isso, seria possível um
tratamento de baixo custo nos hospitais públicos. Com todas essas ideias em
mente, o professor busca atrair parcerias com empresas para realizar pesquisas nesta área, além de novos talentos para o ICMC.
Professor Cláudio (à esquerda) e Lucas: trabalho abarcou geração de conteúdo, avaliação e testes |
Mais de uma centena de pessoas já
jogaram as fases desenvolvidas pelo aluno de mestrado, oriundas de vários
lugares do mundo. Quem desejar passar pela experiência, basta clicar aqui. As pesquisas
desenvolvidas já resultaram em dois artigos aceitos em congressos
internacionais. No momento, o estudante está escrevendo um artigo final com
todo o resultado de seu mestrado para a revista Evolutionary Computation, do Instituto
de Tecnologia de Massachussets (MIT). Em setembro, Lucas irá fazer doutorado
na Universidade da Califórnia na mesma área de atuação.
Texto: Henrique Fontes - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP
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Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br