segunda-feira, 6 de junho de 2016

Parceria entre pesquisadores das áreas de tecnologias educacionais e engenharia de software busca ampliar impacto social de projetos

Iniciativa de pesquisadores da USP, da Universidade Estadual de Maringá e da Universidade Federal de Alagoas visa fortalecer parceiras com empresas, gerar mais impacto social e estimular mobilidade de estudantes das três instituições

Projeto será realizado nos próximos quatro anos pelas três instituições parceiras

Gerar pesquisas de mais qualidade nas áreas de tecnologias educacionais e engenharia de software, romper fronteiras para a formação de profissionais mais qualificados, estabelecer mais parcerias com empresas, fomentando a transferência tecnológica e, consequentemente, gerar mais impacto social. Essas são as principais metas de um Projeto de Cooperação Acadêmica (Procad) estabelecido entre o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, a Universidade Federal de Alagoas e a Universidade Estadual de Maringá (UEM). Com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), as três universidades trabalharão juntas, nos próximos quatro anos, para alcançar esses objetivos.

“Com esse projeto, buscamos fortalecer a rede de colaboração nacional na formação de recursos humanos e nossa relação com a indústria para termos mais transferência tecnológica. Queremos desenvolver produtos buscando um impacto social transformador por meio da disponibilização dessas novas tecnologias educacionais para a sociedade”, conta o professor José Carlos Maldonado, coordenador do Procad pelo ICMC. Segundo Maldonado, a ideia é investir na produção de conteúdos abertos, tais como recursos educacionais abertos (REAs), Massive Open Online Courses (MOOCs) e softwares livres. “Queremos olhar para esse novo cenário que está impactando a educação à distância”, completa o professor.

Para o professor Ig Bittencourt, da UFAL, há diversas barreiras a serem superadas para que o conhecimento gerado nas universidades não fique restrito aos artigos científicos publicados. A primeira barreira é cultural. “Nesse grupo de pesquisadores do Procad, essa barreira já não existe porque não estamos interessados apenas em fazer pesquisas e publicar artigos, queremos transferir esse conhecimento para a sociedade”, diz Bittencourt. A segunda barreira é tecnológica: o professor explica que muitos experimentos realizados nas universidades têm foco restrito na solução de um determinado problema e não na criação de uma nova ferramenta tecnológica para a educação. Nasce, então, a necessidade de serem realizadas parcerias com empresas que já possuem plataformas educacionais, para que as soluções pontuais encontradas nas pesquisas acadêmicas possam ser inseridas nessas ferramentas já existentes.

Segundo Bittencourt, há, ainda, barreiras financeiras e de qualificação profissional que devem ser consideradas. Daí a relevância de se promover a mobilidade nacional. “A interação entre os estudantes das três universidades contribui para formarmos recursos humanos com mais qualidade, propiciando o surgimento de novos olhares e uma troca cultural”, ressalta Maldonado. “Propiciamos, assim, a integração de competência e habilidades entre estudantes de um programa mais consolidado, como o do ICMC, com programas mais emergentes”, acrescenta o professor.

Exemplo de sucesso – A história de Edson Oliveira Junior, professor da UEM, é um exemplo do tipo de resultado que uma parceira estabelecida via Procad pode gerar. Em 2006, depois de concluir seu mestrado na UEM, Junior veio fazer doutorado no ICMC. Antes que o jovem finalizasse seu projeto de pesquisa, foi criado um Procad entre a UEM, o ICMC e a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Tal parceria propiciou que ele realizasse alguns experimentos de seu doutorado na Dell, uma das empresas instaladas no parque científico e tecnológico da PUCRS. 

Além disso, Junior foi bolsista do Procad em duas ocasiões: antes de se tornar doutor e logo depois de obter o título. Em 2011, ele foi aprovado em um concurso público na UEM e tornou-se professor da instituição. “Quero dar a oportunidade que tive para outros alunos. Na UEM, temos um programa de pós-graduação de menor porte, é muito importante que nossos alunos tenham a experiência de ver como funcionam outras universidades. Isso contribui para que eles entendam como é o processo de pesquisa e o estabelecimento de parcerias entre academia e indústria”, destaca.

A tecnologia a serviço da tecnologia – A professora Itana, da UEM, explica a relação de mão-dupla que existe entre as áreas de tecnologias educacionais e engenharia de software: “Tudo o que a gente chama de tecnologia para a educação é um conjunto de ferramentas que vão tornar uma aplicação viável para que alguém possa aprender. E toda a ferramenta tecnológica que é produzida tem uma engenharia por trás”. Itana ressalta que o termo engenharia de software abarca desde a concepção do software, a especificação de seus requisitos, a definição da arquitetura, da linguagem e da tecnologia que será usada em cada ferramenta. Ou seja, para que um profissional desenvolva uma ferramenta voltada à educação, precisará, necessariamente, empregar conceitos de engenharia de software. “Por outro lado, as tecnologias educacionais podem ser aplicadas no aprendizado de engenharia de software”, acrescenta a professora.

Por isso, um dos primeiros projetos que surgirão da parceria entre ICMC, UFAL e UEM é exatamente a criação de cursos voltados a ensinar conceitos de engenharia de software. Para disponibilizar esses novos cursos, os pesquisadores pretendem utilizar uma plataforma que já foi criada no ICMC: o portal Automatização de Teste de Software, uma iniciativa do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Software Livre (NAP-SoL) e do Centro de Competência em Software Livre (CCSL).

“Queremos criar um ambiente para que possamos coletar resultados e fazer experimentos. Também queremos que seja um espaço aberto, permitindo que outras pessoas o utilizem e ajudem a aprimorá-lo”, afirma Itana. “Outra possibilidade é desenvolvermos recursos educacionais abertos para professores da rede pública e para idosos. No ICMC, já temos cursos voltados a esse público. Queremos adaptar esses conteúdos e disponibilizá-los na web a fim de que possam ser replicados em outras regiões do Brasil”, completa a professora Ellen Francine Barbosa, vice-coordenadora do Procad.

As perspectivas promissoras do projeto prometem render frutos nos próximos quatro anos, tempo previsto para o Procad. O workshop que marcou o início da parceria aconteceu nos dias 23 e 24 de fevereiro, no ICMC. A expectativa da UFAL e da UEM é de que, antes do final do projeto, possam fazer os processos seletivos para o ingresso de seus primeiros doutorandos, ampliando seus respectivos programas de pós-graduação, que hoje só oferecem mestrado.

Texto: Assessoria de Comunicação do ICMC

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