segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Um workshop para compartilhar experiências de ensino e aprendizado

Training Day: evento mobilizou professores do Departamento de Matemática do ICMC

Uma tarde para compartilhar experiências sobre a arte de ensinar matemática na universidade. Foi com esse objetivo que os professores do Departamento de Matemática do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, reuniram-se no último dia 23 de outubro durante o Training Day: effective learning and teaching.

“Eu valorizo as intervenções dos alunos e gosto quando eles me fazem perguntas e interagem”, contou a professora Irene Onnis no evento. Ela e o professor Sergio Monari foram convidados para responder à pergunta: o que destaca minhas aulas? 

“Só tenho 10 anos de experiência na docência, prefiro ficar devendo uma resposta para um aluno do que responder algo sem convicção”, disse Irene. Ela também ressaltou a importância, caso um erro seja cometido, de assumir o equívoco diante da turma e retificá-lo: “Uma atitude transparente gera confiança”.

Para Irene, transparência é fundamental

Na plateia, o professor Daniel Smania concordou com o quanto a transparência é importante na relação professor-aluno. “Se você ficar constrangido com o seu erro, os alunos não irão corrigi-lo. Por isso, eu sempre aviso meus alunos que vou errar”, acrescentou. Já a professora Maria Aparecida Ruas destacou outro aspecto apresentado por Irene: “Ela mostrou que é relevante estar do lado do aluno, a favor dele”. 

Na opinião de Sérgio Monari, há três dimensões que precisam ser consideradas na arte de ensinar: a organização, os aspectos didático-pedagógicos e a relação professor-aluno. Em relação à primeira dimensão, ele explicou que é preciso organizar os conteúdos curriculares que serão lecionados de forma clara: “Sempre me pergunto: qual o exemplo mais didático para explicar esse conceito?” Outra técnica empregada pelo professor é a apresentação de uma motivação aos alunos antes de iniciar a explicação sobre um novo conceito: “Tento começar lançando uma pequena provocação, um desafio, ou mostrando um fato curioso”.

Com relação à dimensão didático-pedagógica, Monari ressaltou o compromisso que os professores devem ter de cumprir 100% do conteúdo da disciplina. Para isso, precisam se preocupar com o planejamento inicial das aulas e a revisão desse planejamento, tendo em vista a ocorrência de imprevistos. Ao discorrer sobre a última dimensão, o docente disse que busca constantemente estimular a participação dos alunos durante suas aulas: “Às vezes, percebo que um estudante estava muito motivado e perdeu o entusiasmo com a matéria. Tento ir lá e conversar. Porque se um aluno percebe que o professor se preocupa com ele, normalmente, volta a ficar motivado”.

Monari tenta motivar os alunos antes de explicar um novo conceito

Essa busca por estimular  os alunos levou o professor Leandro Aurichi a testar uma nova metodologia em sala de aula chamada de aprendizagem por pares. “Identifiquei uma melhora significativa da postura dos estudantes com a nova técnica”, contou Aurichi. Segundo ele, agora, ao obter uma nota insatisfatória, menos alunos dizem que a prova foi difícil e mais estudantes admitem que estudaram pouco.

Para a professora Edna Zuffi, uma questão que precisa ser trabalhada em sala de aula no momento de se adotar uma nova estratégia de ensino é explicar para os alunos quais serão os novos papeis que cada um assumirá. “A gente não costuma explicitar o contrato didático e isso é muito importante, especialmente quando vamos propor algo diferente”, destacou.

Edna propôs a utilização da metodologia de estudo de aulas por pares

Durante o evento, Edna lançou uma proposta para os professores do Departamento: “Vocês gostariam de observar alguma aula de um colega? Gostariam que alguém observasse suas aulas?”. As perguntas referem-se à metodologia de estudo de aulas por pares (em inglês Lesson Study), a qual propõe que os professores aprendam a partir da observação das aulas ministradas pelos colegas e também por meio da construção de planos de ensino em conjunto e da reelaboração desse planejamento. "Uma primeira aproximação a essa metodologia, viável no ensino superior, seria começar com as observações por pares entre os professores que estivessem de acordo em participar desse processo", disse Edna.

“A proposta é muito interessante, pois a sala de aula não pertence ao professor”, enfatizou Farid Tari, que organizou o Training Day em parceira com a professora Edna. O evento contou também com uma palestra sobre teorias do desenvolvimento e da aprendizagem no ensino superior de matemática, ministrada pela professora Márcia Fusaro Pinto, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, além de discussões sobre regras de avaliação e sobre ementas detalhadas das disciplinas básicas.

O professor Farid Tari foi um dos organizadores do evento

Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

Mais informações
Departamento de Matemática: (16) 3373.9711
E-mail: sma@icmc.usp.br