Símbolo da longevidade, árvore foi escolhida para marcar a homenagem ao estudante que cursava Sistemas de Informação no ICMC
Família e amigos junto ao jequitibá-rosa, que está na área 2 do campus da USP em São Carlos |
A
muda de jequitibá-rosa irradia alegria, otimismo e determinação tal
como Rodrigo Navarro Lima. Ele era estudante do Instituto de Ciências
Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, e dá nome
agora a essa pequena árvore, que poderá atingir até 50 metros de altura.
“Ele
alçou um voo tão alto que deixou um rastro de luz para que possamos um
dia alcançá-lo”. Foi assim que sua mãe, Roseli Navarro Lima, definiu a
despedida de Rodrigo, que faleceu no dia 7 de julho de 2014, enquanto o
estudante fazia intercâmbio na Alemanha.
Plantado
na área 2 do campus da USP, com a colaboração das muitas mãos amigas
que participaram da homenagem, o jequitibá-rosa é considerado a maior
árvore nativa do Brasil. “Tão imensa e longeva é também a memória do
Rodrigo, que permanecerá conosco indefinidamente através das influências
e lembranças que deixou para nós”, afirmou o diretor do ICMC, Alexandre
Nolasco de Carvalho, durante a cerimônia realizada na última
quinta-feira, 21 de maio.
Diretor do ICMC relatou a trajetória de Rodrigo no ICMC |
Carinhosamente
chamado de Digão pelos colegas, Rodrigo sempre estava com um sorriso no
rosto, contou o colega de turma Cainã D’Ajuda. “Nós criamos uma família
de amigos aqui, chamada Toscos. O Rodrigo fazia parte dessa
família, era muito companheiro e atraiu muita gente para a nossa turma.
Sempre que chegava, ele nos abraçava e perguntava como nós estávamos. Se
alguém se atrasava, ficava logo preocupado”, revela Pamela Almeida, que
também começou a cursar Sistemas de Informação no ICMC em 2013 (veja o vídeo que a família Toscos fez em homenagem a Rodrigo).
“Lembro-me
da primeira vez que o encontrei, nesse mesmo auditório, para uma
palestra aos interessados no programa Unibral”, contou o professor
Adenilso Simão. O professor recorda-se que, naquela palestra, Rodrigo se
interessou muito pelo programa, mas achou que o estudante desistiria da
empreitada, já que sequer sabia alemão, uma das exigências para
participar do Unibral, programa financiado pela Capes no Brasil: “Mas
ele era diferente. Ele corria atrás do que queria e começou a aprender
alemão”. Logo, Rodrigo alcançou um nível de conhecimento razoável no
alemão e, somado a seu inglês avançado, obteve uma bolsa do programa.
Professor Adenilso Simão coordena o programa Unibral no ICMC |
O plano de Rodrigo
era ficar um ano na Alemanha, mas a Capes sempre recusava os pedidos dos
alunos do ICMC que desejavam permanecer lá mais do que um semestre.
Então, o estudante descobriu que o problema era uma carta que a
Universidade Leuphana, em Luneburg, enviava ao Brasil, escrita em
alemão. Na carta, lia-se que a matrícula na universidade alemã era
válida por seis meses e a Capes entendia que os estudantes só podiam
permanecer lá por esse período.
Persistente,
Rodrigo conseguiu uma nova carta da universidade e conquistou o direito
de ficar um ano no país, beneficiando, assim, também os estudantes que
futuramente participarão do programa. “De novo, Rodrigo correu atrás do
que queria e conseguiu. Lembro-me da alegria dele em uma das nossas
últimas conversas, logo depois de descobrir que poderia ficar lá por um
ano,” completou Simão.
“Com
certeza, existe a colaboração de cada um que aqui está no progresso do
Rodrigo. Vocês ajudaram a completar um pouco da pessoa que ele sempre
foi”, finalizou a mãe. A jornada do estudante pelo ICMC influenciou
também a irmã, Renata Navarro Lima, que ingressou este ano no curso de
Matemática e pretende obter tanto o grau de Bacharelado quanto o de
Licenciatura. Com certeza, o jequitibá-rosa iluminará Renata em seu voo.
Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP
Fotos: Reinaldo Mizutani - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP
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