sexta-feira, 7 de junho de 2013

Recursos podem ajudar adultos e idosos a usarem a internet

Há muitos estudos sobre a interação do
idoso com a Web, mas poucos sobre adultos
A dificuldade para usar a internet atinge tanto idosos (acima de 60 anos) quanto adultos de meia-idade (de 40 a 59 anos) em diferentes graus e aspectos, já que a Web não foi parte de seu processo de amadurecimento. Além disso, “muitas pessoas, com o passar dos anos, começam a sofrer de dificuldades sensoriais, motoras e principalmente com declínios da capacidade cognitiva, que podem comprometer o seu acesso à Web”, segundo a cientista da computação Silvana Maria Affonso de Lara. Ela é autora de uma tese de doutorado do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, que identificou os entraves que essas pessoas vivenciam ao acessar a internet e propôs modos de amenizá-los.

Com o intuito de facilitar que os adultos mais velhos usufruam dos serviços que a internet oferece, Silvana acompanhou esses usuários em aulas de informática para compreender as barreiras existentes na interação com a rede mundial de computadores. Além disso, questionários foram aplicados a usuários com visão comprometida e pessoas de meia-idade com mais experiência na Web.

A cientista da computação comprovou, durante a pesquisa, que os mais velhos frequentemente precisam de ajuda quando acessam a internet. Por isso, percebeu e propôs recursos que possam fazer o papel do apoio presencial a estas pessoas, visando “preservar sua autonomia e independência funcional na realização das suas tarefas diárias”. Nesta etapa, os protótipos de sites com novos elementos foram apresentados em questionários online divulgados via e-mail ao público-alvo como uma forma de teste.

As conclusões da pesquisa apontam necessidades diferentes entre o grupo de adultos de meia-idade e o de idosos. Alguns mecanismos, porém, foram prioridade para os pesquisados em geral, como a eliminação dos banners de propaganda das páginas. Os idosos, por comumente apresentarem problemas na visão, registraram o interesse por um recurso que disponibiliza áudios que expliquem as figuras da página, estando em quarto lugar entre os doze mais bem avaliados. Os formulários, usados principalmente para cadastro nos serviços oferecidos na internet, deveriam ser divididos em partes menores, segundo os idosos, para evitar a rolagem excessiva das páginas. Outra prioridade, para eles, era um apoio que esclarecesse as etapas de um procedimento online, como uma compra, por exemplo, por meio de balões explicativos.

Informações sobre a segurança dos links, bem como o endereço para o qual ele redirecionará deve aparecer de uma forma mais clara, segundo os usuários de meia-idade consultados na pesquisa. Este é o segundo recurso mais bem avaliado por eles, perdendo apenas para a omissão dos banners. Os formulários têm outra mudança como prioridade. Para os adultos de meia-idade, seria importante que houvesse, no início de uma página de cadastro, uma relação de documentos necessários para se ter em mãos ao preencher. Outra mudança proposta é que as cores dos links já visitados pelos internautas, atualmente no padrão roxo, sejam escolhidas pelos próprios usuários.

Acessibilidade 

A tese de doutorado Mecanismos de apoio para usabilidade e acessibilidade na interação de adultos mais velhos na Web, defendida em 2012, não só atenta os desenvolvedores de sites para as maiores necessidades da população mais velha, bem como dá parâmetros para que as diretrizes de acessibilidade de conteúdo na internet, a WCAG 2.0, atenda melhor estas pessoas.

Silvana também percebeu que já havia muitos trabalhos abordando o contato dos idosos com a rede mundial de computadores, mas muito poucos relativos aos adultos acima de 40 anos, que também não tiveram a internet presente durante seu amadurecimento mas, em geral, ainda estão atuando profissionalmente. Para ela, “os adultos de meia-idade sofrem atualmente as pressões sociais e do mercado de trabalho, tendo muitas vezes que realizar operações que envolvem valores, como compras e transações bancárias, se comunicar por meio de ferramentas de e-mail, participar de redes sociais, entre outras”, e também necessitam de apoios para se sentirem seguros e capazes de compreender tamanha quantidade de informações.

Por Lara Deus - lara.deus@usp.br - Agência USP de Notícias
Imagem: Marcos Santos / USP Imagens

Mais informações com Silvana de Lara pelo e-mail silvana@icmc.usp.br