A matemática que nos ajuda a compreender tudo o que podemos enxergar no planeta Terra será a mesma que nos leva a explicar como funciona o universo dentro dos átomos ou no interior de um buraco negro?
Você sabia que as ferramentas, os métodos e os conceitos matemáticos que são utilizados para explicar o mundo macroscópio – esse espaço e tempo onde se inserem todos os objetos que podemos enxergar a olho nu –, muitas vezes são inapropriados para compreendermos como funciona o mundo dentro dos átomos ou o que acontece dentro de um buraco negro?
Muitas pesquisas estão sendo realizadas por matemáticos e físicos no Brasil e no exterior em prol do desenvolvimento de novas ferramentas, métodos e conceitos matemáticos que possam conciliar e incorporar os conceitos do espaço-tempo da Relatividade Geral de Einstein com a física quântica, que só podemos acessar usando instrumentos especiais que enxergam fenômenos na escala dos átomos. Há muito para descobrir também sobre os locais do universo que têm características bem diferentes do planeta em que vivemos, tal como o interior dos buracos negros.
“O espaço-tempo quântico tem uma geometria própria. Sabemos apenas que os fenômenos que acontecem nesse mundo são completamente diferentes dos que ocorrem em nível macroscópico, mas não sabemos como esses dois mundos se relacionam”, explica o professor Paulo da Veiga, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.
Ele faz parte da comissão organizadora da II Escola Patricio Letelier de Física-Matemática, que está com inscrições abertas e reunirá pesquisadores brasileiros e estrangeiros no ICMC de 19 a 23 de fevereiro de 2018. “O diálogo entre físicos e matemáticos é muito profícuo: estimula que novos modelos matemáticos sejam desenvolvidos para compreender o que ocorre no nosso universo em constante expansão agora”, explica Veiga.
Durante o evento, serão oferecidos seis minicursos e quatro seminários avançados. Haverá também sessões de pôsteres e sessões para proposição de problemas abertos. Confira a programação completa no site do evento: http://eplfm2018.galoa.com.br.
Os estudantes de pós-graduação e pesquisadores interessados em participar da iniciativa podem se inscrever até 18 de janeiro de 2018. O valor da taxa de inscrição é de R$ 200, mas será oferecido um desconto (R$ 50,00) a quem se inscrever até dia 17 de dezembro pelo site.
Além do professor Veiga, participam do comitê organizador do evento os professores Samuel de Oliveira e João Pitelli, ambos da UNICAMP, e o professor Julio Fabris, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Entre as diversas instituições que apoiam a iniciativa está a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Na opinião de Veiga, o diálogo entre físicos e matemáticos é muito profícuo |
Quem foi Patricio Letelier – Ele estudou os buracos negros, o caos, os defeitos topológicos, as soluções exatas e aspectos matemáticos e físicos da Teoria da Relatividade Geral. Relevantes para todas essas áreas de pesquisa foram as contribuições científicas de Patricio Letelier, que foi professor no Departamento de Matemática Aplicada da UNICAMP até 2011, ano em que faleceu.
Sua extensa e diversificada lista de publicações bem como o grande número de estudantes que orientou e de colaboradores com os quais estabeleceu parcerias demonstram a influência que exerceu na ciência brasileira e mundial. Depois de se formar na Universidade do Chile, Letelier fez doutorado na Universidade de Boston e, em 1978, assumiu uma posição no Departamento de Física da Universidade de Brasília, onde ficou até 1988, ano em que se transferiu para a UNICAMP.
Além de homenagear o professor por meio do evento, o comitê organizador da Escola está buscando atribuir o nome de Letelier a um asteroide descoberto por um de seus orientados. “Ao reunirmos os especialistas da física e da matemática em um encontro como esse, podemos discutir juntos os problemas atuais e contribuir para sedimentar esse campo de pesquisa no Brasil”, afirma Veiga.
Vale lembrar que a física e a matemática sempre se desenvolveram em paralelo ao longo da história. Alguns especialistas afirmam que a matemática é a linguagem natural da física. Na história dessa relação, surgem a cada dia novas teorias físicas que requerem constantemente o desenvolvimento de ferramentas matemáticas cada vez mais complexas.
Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP
Mais informações
Inscrições e programação completa: http://eplfm2018.galoa.com.br
Seção de eventos do ICMC: (16) 3373.9622
E-mail: eventos@icmc.usp.br