quarta-feira, 22 de junho de 2011

Pré-Iniciação Científica: Alunos da rede pública vivenciam ambiente universitário no ICMC

Todos os atuais profissionais já passaram pela complexa etapa de decidir qual área ou curso pretendem seguir. Essa decisão influencia diretamente as opções de empregos e o estilo de vida, por isso é importante que seja tomada com base em afinidades pessoais e também em um bom conhecimento prévio sobre o perfil dos cursos e das instituições que os oferecem.

O Programa de Pré-Iniciação Científica, da Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), busca facilitar uma escolha como essa. O objetivo é trazer para a universidade alunos matriculados no ensino médio da rede pública, oferecendo acesso aos laboratórios de pesquisa, bem como a oportunidade de conhecer o método científico e de conviver com estudantes universitários e pesquisadores que possam despertar os seus talentos.

No Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP em São Carlos, a maior turma, cinco alunos da Escola Estadual José Juliano Neto, está sendo orientada pelo Prof. Dr. Fernando Santos Osório, membro também do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sistemas Embarcados Críticos (INCT-SEC) e um dos responsáveis pelo Laboratório de Robótica Móvel (LRM). O tema do projeto é Robôs Móveis Inteligentes: Conhecendo e Divulgando Pesquisas e Aplicações da Robótica Móvel.

Para a coordenadora do programa no ICMC, Profa. Dra. Roseli Aparecida Francelin Romero, “não há dúvida que o Brasil precisa aprimorar o ensino pré-universitário, que há décadas vem apresentando deficiências. Nesta direção, a USP ultrapassa a fronteira de seus muros e abre suas portas buscando uma integração efetiva com o Ensino Básico. O Programa está em sua segunda edição; espera-se que ao longo dos anos e com uma mais ampla divulgação possamos receber mais alunos da Rede Pública de Ensino”.

Robótica

Durante este ano, o ICMC vem orientando 11 alunos duas vezes por semana. No LRM, os estudantes têm a oportunidade de desenvolver diversas atividades relacionadas à área de robótica: conhecimento das pesquisas em desenvolvimento e equipamentos - chegando mesmo a aplicar questionário junto aos membros do laboratório -; programação básica de robôs e participação em minicurso preparatório para a Olimpíada Brasileira de Robótica, que será realizada em São João Del Rei, em Minas Gerais, da qual poderão participar.

Para Amanda Soares Souza, uma das alunas, essa é “uma oportunidade única porque duvido que alguém tenha noção de como é viver em uma universidade, como as pesquisas são feitas, se não vierem até a universidade. Essa experiência é diferenciada: não ficamos apenas lendo artigos, acompanhamos realmente como as coisas acontecem, fazemos os experimentos, é algo muito mais real”.

Osório explica também que está aproveitando essa oportunidade para “testar” o material e as atividades que futuramente deverão ser disponibilizadas em uma exposição de robótica, do INCT-SEC, junto ao Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da USP-São Carlos. As tarefas estão sendo divididas em três etapas: na primeira, os robôs são operados remotamente, por teleoperação, para percorrerem um trajeto (controle humano); na segunda, os alunos já programaram o robô, ajustando a trajetória a ser seguida (controle automático); e na terceira, o robô será capaz de tomar decisões sobre a melhor forma de agir a fim de cumprir uma determinada tarefa (controle inteligente). O que vem sendo um “teste excelente para ver como o público que veio de fora da área da robótica está entendendo e recebendo sua participação nesta atividade".

O que é um “teste excelente para ver como o público que veio de fora da área está entendendo e recebendo essa atividade. O que estamos apresentando aos alunos é uma visão privilegiada da robótica, graças às iniciativas do INCT-SEC, que permitiu montar uma boa estrutura que está sendo usada para ensino e extensão", ressalta Osório.

Todo material produzido pelos alunos, como fotos, filmes, textos, também está sendo colocado no site do laboratório de pesquisa da USP, uma experiência voltada para a área de Jornalismo Científico. Além disso, esses estudantes são considerados “embaixadores” junto a suas escolas, pois transmitem o conhecimento adquirido no ambiente universitário.

Essa difusão está sendo feita de diferentes formas: por meio de conversas informais, pelas quais os participantes incentivam outros alunos a fazerem parte de novos projetos semelhantes; apresentações formais para professores e alunos da escola de origem, que serão agendadas a partir de agosto; Feira de Inovações a ser realizada, em outubro, na Escola Estadual Álvaro Guião; elaboração de material que está sendo colocado no site da escola e apresentação em exposição final do projeto, explica a Profa. Dra. Gláucia Grüninger Gomes Costa, coordenadora junto à escola estadual.

Para Gláucia, “participar em projetos sempre traz ao aluno conhecimento, desenvoltura, e principalmente, sendo de escola pública, uma melhoria em sua auto-estima. Abrir caminhos de conhecimento é o papel que penso que todo professor deve buscar para seus alunos. Como sempre digo: eu abro a porta, vai deles entrarem e aproveitarem o máximo das possibilidades. E ter alunos que participam, é sempre incentivador para que outros busquem também participar, e isto está acontecendo”.

O ICMC ainda conta com outros projetos e coordenadores que integram o Programa de Pré-Iniciação Científica: Teoria Elementar dos Números via resolução de problemas – Prof. Dr. Herivelto Martins Borges Filho; Construção dos Números Reais e Introdução à Teoria da Medida – Profa. Dra. Márcia Cristina Anderson Braz Federson; e Introdução à Robótica – Profa. Dra. Roseli Aparecida Francelin Romero.


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