Todos os atuais profissionais já passaram pela complexa etapa de decidir qual área ou curso pretendem seguir. Essa decisão influencia diretamente as opções de empregos e o estilo de vida, por isso é importante que seja tomada com base em afinidades pessoais e também em um bom conhecimento prévio sobre o perfil dos cursos e das instituições que os oferecem.
O Programa de Pré-Iniciação Científica, da Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), busca facilitar uma escolha como essa. O objetivo é trazer para a universidade alunos matriculados no ensino médio da rede pública, oferecendo acesso aos laboratórios de pesquisa, bem como a oportunidade de conhecer o método científico e de conviver com estudantes universitários e pesquisadores que possam despertar os seus talentos.
No Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP em São Carlos, a maior turma, cinco alunos da Escola Estadual José Juliano Neto, está sendo orientada pelo Prof. Dr. Fernando Santos Osório, membro também do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sistemas Embarcados Críticos (INCT-SEC) e um dos responsáveis pelo Laboratório de Robótica Móvel (LRM). O tema do projeto é Robôs Móveis Inteligentes: Conhecendo e Divulgando Pesquisas e Aplicações da Robótica Móvel.
Para a coordenadora do programa no ICMC, Profa. Dra. Roseli Aparecida Francelin Romero, “não há dúvida que o Brasil precisa aprimorar o ensino pré-universitário, que há décadas vem apresentando deficiências. Nesta direção, a USP ultrapassa a fronteira de seus muros e abre suas portas buscando uma integração efetiva com o Ensino Básico. O Programa está em sua segunda edição; espera-se que ao longo dos anos e com uma mais ampla divulgação possamos receber mais alunos da Rede Pública de Ensino”.
Robótica
Durante este ano, o ICMC vem orientando 11 alunos duas vezes por semana. No LRM, os estudantes têm a oportunidade de desenvolver diversas atividades relacionadas à área de robótica: conhecimento das pesquisas em desenvolvimento e equipamentos - chegando mesmo a aplicar questionário junto aos membros do laboratório -; programação básica de robôs e participação em minicurso preparatório para a Olimpíada Brasileira de Robótica, que será realizada em São João Del Rei, em Minas Gerais, da qual poderão participar.
Para Amanda Soares Souza, uma das alunas, essa é “uma oportunidade única porque duvido que alguém tenha noção de como é viver em uma universidade, como as pesquisas são feitas, se não vierem até a universidade. Essa experiência é diferenciada: não ficamos apenas lendo artigos, acompanhamos realmente como as coisas acontecem, fazemos os experimentos, é algo muito mais real”.
Osório explica também que está aproveitando essa oportunidade para “testar” o material e as atividades que futuramente deverão ser disponibilizadas em uma exposição de robótica, do INCT-SEC, junto ao Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da USP-São Carlos. As tarefas estão sendo divididas em três etapas: na primeira, os robôs são operados remotamente, por teleoperação, para percorrerem um trajeto (controle humano); na segunda, os alunos já programaram o robô, ajustando a trajetória a ser seguida (controle automático); e na terceira, o robô será capaz de tomar decisões sobre a melhor forma de agir a fim de cumprir uma determinada tarefa (controle inteligente). O que vem sendo um “teste excelente para ver como o público que veio de fora da área da robótica está entendendo e recebendo sua participação nesta atividade".
O que é um “teste excelente para ver como o público que veio de fora da área está entendendo e recebendo essa atividade. O que estamos apresentando aos alunos é uma visão privilegiada da robótica, graças às iniciativas do INCT-SEC, que permitiu montar uma boa estrutura que está sendo usada para ensino e extensão", ressalta Osório.
Todo material produzido pelos alunos, como fotos, filmes, textos, também está sendo colocado no site do laboratório de pesquisa da USP, uma experiência voltada para a área de Jornalismo Científico. Além disso, esses estudantes são considerados “embaixadores” junto a suas escolas, pois transmitem o conhecimento adquirido no ambiente universitário.
Essa difusão está sendo feita de diferentes formas: por meio de conversas informais, pelas quais os participantes incentivam outros alunos a fazerem parte de novos projetos semelhantes; apresentações formais para professores e alunos da escola de origem, que serão agendadas a partir de agosto; Feira de Inovações a ser realizada, em outubro, na Escola Estadual Álvaro Guião; elaboração de material que está sendo colocado no site da escola e apresentação em exposição final do projeto, explica a Profa. Dra. Gláucia Grüninger Gomes Costa, coordenadora junto à escola estadual.
Para Gláucia, “participar em projetos sempre traz ao aluno conhecimento, desenvoltura, e principalmente, sendo de escola pública, uma melhoria em sua auto-estima. Abrir caminhos de conhecimento é o papel que penso que todo professor deve buscar para seus alunos. Como sempre digo: eu abro a porta, vai deles entrarem e aproveitarem o máximo das possibilidades. E ter alunos que participam, é sempre incentivador para que outros busquem também participar, e isto está acontecendo”.
O ICMC ainda conta com outros projetos e coordenadores que integram o Programa de Pré-Iniciação Científica: Teoria Elementar dos Números via resolução de problemas – Prof. Dr. Herivelto Martins Borges Filho; Construção dos Números Reais e Introdução à Teoria da Medida – Profa. Dra. Márcia Cristina Anderson Braz Federson; e Introdução à Robótica – Profa. Dra. Roseli Aparecida Francelin Romero.
Mais informações:
Site: www.usp.br/prp
E-mail: imprensa@inct-sec.org e comunica@icmc.usp.br